Emma Stone como Bella Baxter
Foto: reprodução/IMDb

Crítica | Pobres Criaturas e a dura jornada do tornar-se mulher

Filme do diretor grego Yorgos Lanthimos (A Favorita – 2019) soma 11 indicações ao Oscar 2024

Pobres Criaturas (2023) conta a história de Bella Baxter, uma jovem trazida de volta à vida por um cientista (Willem Dafoe). Com sede de descoberta, ela foge com um advogado (Mark Ruffalo) e viaja pelo mundo em uma jornada de descobertas. O filme é uma adaptação do livro homônimo escrito por Alasdair Gray, de 1992.

Filtro em preto e branco para corresponder ao aprisionamento da protagonista
Foto: reprodução/IMDb

Yorgos Lanthimos já é conhecido por trazer grandes obras ao cinema. O diretor de O Sacrifício do Cervo Sagrado (2017) toma Emma Stone como sua musa e constrói uma produção impecável, em que cada detalhe é milimetricamente pensado. Cada gesto, cenário e diálogo tem um sentido para conquistar o destaque na câmera.

Nos primeiros momentos do filme, Bella está na fase inicial da vida, reclusa dentro de casa. Aqui, Emma Stone já encanta em atuação  —  e é só o começo. A partir disso, quando Bella decide fugir para descobrir o mundo, vemos o filtro preto e branco dando lugar para cenários surrealistas exuberantes, que reforçam o contraste do anterior aprisionamento da jovem. O que se inicia, agora, pode ser entendido como a ousadia de descobrir o mundo — e a si mesma.

Cenários surrealistas em Pobres Criaturas
Foto: reprodução/IMDb
Não se nasce mulher, torna-se

Mas nem tudo são flores. Crescer é cruel, e para mulheres é um fardo. E não é diferente para Bella Baxter. Mesmo desvendando o mistério dos saltos furiosos ou do divertimento próprio, a sexualidade feminina é colocada em cheque, e geram reflexões sociológicas que tanto Bella quanto o público não estavam acostumados.

Ainda sobre, Lanthimos toma a palavra ousadia como a chave do filme. Por isso, para alguns, Pobres Criaturas é demais. Mas o que o diretor quer é justamente o sentimento de desconforto. Afinal, descobrir a própria intimidade é uma tarefa desconcertante. Não espere, aqui, algo fácil.

Formato de lente utilizada por Lanthimos para trazer estranheza à Pobres Criaturas
Foto: reprodução/IMDb
I am Bella Baxter!

O roteiro do filme tem um primeiro ato frenético, fato que ocasiona um desenrolar mais lento perto do final. Mesmo assim, Pobres Criaturas fecha de forma vibrante. É interessante, inclusive, observar como a personagem de Emma Stone  —  já ganhadora do BAFTA pela atuação no filme  —  se desenvolve ao longo do enredo. Isso porque toda essa construção é visualizada no andar, nas falas e na própria subjetividade de Bella. Nesse momento, é possível perceber como as experiências são primordiais na formação de um ser humano pensante.

A mais nova obra de Lanthimos é belíssima. O descobrimento paralelo de Bella Baxter em relação ao mundo é o ponto-chave do filme. Ao mesmo tempo em que Bella descobre o mundo afora, ela desvenda o mundo dentro de si. E essa fusão de pensamentos e experiências é algo que precisa ser visto.

Bella Baxter admirando céu
Foto: reprodução/IMDb

Pobres Criaturas está indicado a 11 categorias no Oscar 2024, incluindo Melhor Filme e Melhor Direção.

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Texto revisado por Doralice Silva.

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