Emily Matte em ensaio fotográfico.
Foto: Rael Barja/Divulgação

Entrevista | Emily Matte celebra uma década de carreira nos holofotes e bastidores

A artista nos contou um pouco sobre suas origens, seus trabalhos e planos para o futuro

 

Não há nada de ordinário sobre a carreira de Emily Matte! A atriz, dançarina e cantora de 25 anos tem se destacado como uma artista multifacetada no cenário cultural latino, e sua trajetória está marcada por uma combinação impressionante de talento e versatilidade

Com dois papéis épicos na televisão, diversas peças teatrais e uma formação acadêmica diversificada, ela não se limita apenas aos holofotes. Em paralelo à dança e atuação, Emily está produzindo e protagonizando o longa-metragem Não Olhe Pra Trás, onde ela interpreta Bárbara, uma jovem dançarina em busca de seu lugar no mundo.

Agora, a artista não só enfrenta o desafio de trazer uma personagem complexa à vida, mas também de moldar a produção de um filme que reflete suas próprias paixões e experiências. E, para completar as celebrações de dez anos da carreira que começou na fronteira entre Brasil e Paraguai, Emily Matte falou com o Entretetizei sobre suas origens, seus trabalhos e, claro, os planos para o futuro. Confira a seguir!

Emily Matte em ensaio fotográfico.
Foto: Rael Barja/Divulgação

Entretetizei: São dez anos de carreira e, se você pudesse definir sua trajetória na música, na dança e na atuação em três palavras, quais seriam?

Emily Matte: Disciplina, respeito e coragem.

 

E: O balé está presente na sua vida nos holofotes e nos bastidores, qual é a influência que a dança tem no seu cotidiano? Há quanto tempo essa relação vem sendo construída?

EM: Comecei a dançar ballet clássico, dança folclórica paraguaia e jazz com apenas cinco anos, na escola de minha mãe no interior do Paraguai. Lá não tínhamos uma estrutura dos sonhos, então dancei em muitas salas e palcos improvisados, mas repletos de desejos. A dança exige muita disciplina, constância e respeito pelo grupo e professores. Exige também foco máximo, pontualidade absoluta e sobretudo muita determinação e responsabilidade para conseguir ser uma profissional de destaque. E foi assim que cresci: tendo essas virtudes como diretrizes em minha infância e adolescência.

A dança me moldou como pessoa porque esses preceitos precisavam ser seguidos. Comecei a competir muito nova, viajava sozinha para competições e provas desde cedo; aprendi a me maquiar sozinha e organizar meus figurinos com apenas seis anos. E claro, aprendi a perder em competições e aceitar as frustrações da derrota também, e isso é poderoso, com maturidade. Hoje, vejo que tenho essas características enraizadas dentro de mim, tanto em meu cotidiano como na vida profissional. Sou muito disciplinada em tudo, responsável e pontual até demais – e muito focada –, e tenho certeza que isso tudo veio da dança.

 

E: Quais foram os momentos mais marcantes da sua trajetória até agora?

EM: Minha estreia na televisão aberta na série Reis (2022) e agora gravar um filme meu, ao lado de Humberto Martins e tantos outros artistas incríveis. A estreia porque a televisão aberta foi meu primeiro contato com o audiovisual e onde me imaginava estar quando criança. A televisão brasileira tem esse poder de chegar em lugares inimagináveis e de atingir públicos diversos. As novelas chegaram até mim no Paraguai e me fizeram sonhar, então estrear em uma novela na televisão sabendo que tantas pessoas como a Emily criança poderiam estar me assistindo foi muito emocionante e especial — e, sem dúvidas, a certeza que está dando tudo certo.

Agora, atuar e produzir um filme ao lado do Humberto, não existem palavras para descrever. É um sonho acordada. Apenas digo que é um marco em minha carreira e um grande ponto de mudança, porque já sou uma outra profissional após esse filme e tenho certeza que Não Olhe Pra Trás terá uma vida longa pelos cinemas.

Emily Matte em ensaio fotográfico.
Foto: Rael Barja/Divulgação

E: De onde vem a inspiração para se tornar produtora de cinema?

EM: Prefiro dizer que não foi inspiração e sim uma vontade e necessidade. Cresci vendo minha mãe roteirizando peças e espetáculos, mas a produção cinematográfica nunca esteve presente. O fato é que tenho uma veia produtora dentro de mim, e sou uma ariana nata, gosto de criar, construir e colocar a mão na massa. Sempre estive à frente das produções teatrais em que participava, nunca fiquei apenas na posição de atriz, porque gosto de me envolver na produção, nos figurinos e na construção de cenários, porque isso me aproxima ainda mais daquilo que estou vivendo no palco. Mas a produção no cinema é algo muito maior e exige muito mais do que já havia feito.

A vontade de produzir no cinema sempre existiu dentro de mim, tanto é que comecei a faculdade de Cinema, mas acabei trancando por motivos pessoais. No entanto, demorei para ter a coragem e a maturidade suficientes para realizar. Foi após uma temporada estudando fora e sobretudo os diversos nãos em testes para filmes que decidi contar a história que gostaria. Decidi produzir para mostrar meu trabalho no cinema, dar oportunidades para outros artistas, me desafiar como pessoa e profissional e tem sido uma jornada absolutamente incrível. Nós, artistas, precisamos fazer acontecer se quisermos pertencer e adentrar o mercado, é essa a minha necessidade momentânea. Eu quero trabalhar no cinema, então decidi criar a minha oportunidade.

 

E: Ainda sobre a nova fase da carreira, como tem sido a rotina como produtora e protagonista de Não Olhe Pra Trás?

EM: Não Olhe Pra Trás é uma produção minha com a Tower Filmes, uma produtora com mais de dez anos de trabalho. Protagonizar e produzir um filme requer cuidado e atenção o tempo todo, afinal são inúmeras funções exercidas e nenhuma delas pode atrapalhar a outra. Por isso, quando decidi embarcar nesse desafio, escolhi as pessoas certas que estariam ao meu lado, que é o caso da Tower. Eles são parceiros únicos de trabalho e a construção do filme foi em equipe e com calma, o que me deixou muito segura para entregar um trabalho interessante como protagonista durante as gravações. É um desafio maravilhoso, estou aprendendo muito como produtora e afinando ainda mais a minha interpretação.

No fim, quando estou atrás das câmeras e assistindo aos outros atores em cena, tenho um olhar diferente, e não apenas o de atriz, isso tem me ensinado muito e tenho certeza que vou entrar em cena nos próximos trabalhos com uma outra postura. Além disso, atuar ao lado de Humberto Martins, Roberto Birindelli e Regiana Antonini, que são artistas com tanta experiência e talento, é um grande presente para mim. Tenho aprendido muito como atriz, mas também como produtora; afinal, eles são artistas com uma estrada longa no fazer acontecer e cada palavra ou experiência vivida é uma enciclopédia de aprendizados. Tem sido um desafio riquíssimo, mas o tanto que estou aprendendo e evoluindo é inexplicável.

 

E: No seu currículo constam duas novelas na Record, Reis (2022) e Rainha da Pérsia (2024), como foi a sua preparação para seus papéis nas novelas épicas?

EM: Em ambas as produções parti do primordial, li algumas vezes os livros da Bíblia que fazem parte da história para entender todo aquele cenário em que minhas personagens entrariam. Em Reis, Keren é esposa de um personagem real da bíblia, então o aprofundamento bíblico foi fundamental. Já em A Rainha da Pérsia, Aria não existe na Bíblia, mas é filha de um importante personagem histórico grego – nesse caso, me aprofundei ainda mais na história mundial e nas guerras daquele tempo.

Além disso, nas duas produções minhas preparadoras Nara Marques, Rosana Garcia e a coreógrafa Dani Cavanellas foram absolutamente primordiais e essenciais para o meu entendimento da história e na construção de minha personagem dentro de uma época tão distante e distinta da minha. Elas me deram todo o suporte e o eixo que deveria seguir. Fazer uma novela épica exige cuidado em todos os detalhes, já que as palavras, a forma de se portar, as reverências, os trejeitos, as vestimentas, tudo é muito diferente do que vivemos hoje, então demanda uma atenção especial. Mas, para mim, isso é maravilhoso de se criar e aprender, pois é um grande desafio e eu adoro sair da minha zona de conforto.

 

E: Nessa década de carreira, você reuniu 15 peças teatrais em seu currículo. Entre tantos papéis, existe algum que você repetiria? E, também, algo que você ainda gostaria de fazer nos palcos?

EM: Cada personagem no teatro tem um peso diferente e mexeu com partes e momentos únicos em minha vida. Se fosse escolher uma personagem para interpretar novamente seria a Abigail Williams em As Bruxas de Salem, porque ela me marcou de uma forma diferente. Sem dúvidas alguma, foi um estudo e uma construção de personagem marcante porque foi muito desafiador.

Abigail é uma personagem clássica da literatura americana, e foi escrita por Arthur Miller de forma muito ousada para a época. Dentro dela existem inúmeras camadas e comportamentos instigantes, complexos e por vezes condenáveis que evocam no público um misto de sentimentos. E esse desafio é o que me faz sentir viva, sabe? Então construir novamente a Abigail seria um sonho para mim. Além disso, tenho dois grandes desejos nos palcos, estrelar um grande musical (Hamilton seria o ápice) e interpretar Ofélia de Shakespeare.

Emily Matte em ensaio fotográfico.
Foto: Rael Barja/Divulgação

E: Como é representar seus países, Brasil e Paraguai, no mundo das artes? Existe uma diferença entre a Emily que participa de projetos nacionais e a Emily dos projetos internacionais?

EM: É muito especial. Crescer em duas culturas e com dois idiomas diferentes é muito poderoso como artista, e levar isso para o mundo me deixa muito orgulhosa. O Brasil tem sua cultura e suas produções conhecidas mundialmente , já o Paraguai, não. Poucas pessoas sabem de sua cultura riquíssima, afinal é um país com poucas oportunidades artísticas ainda, e é até por isso que saí de lá para estudar teatro.

Então quando estou em um projeto internacional, tento sempre deixar o Paraguai em evidência, mostrando minha fluência no espanhol e falando mais sobre a cultura e as oportunidades que poderiam ser criadas lá. Justamente por ser um país pouco observado artisticamente, quando tenho a oportunidade, prefiro deixá-lo em primeiro plano, afinal meu grande desejo é que o Paraguai seja visto como uma grande potência cultural. Essa é a única diferença, em questão de interpretação, sou a mesma Emily tanto brasileira quanto paraguaia.

 

E: Para finalizar, como você vê a sua carreira daqui a dez anos?

EM: Em dez anos pretendo estar com uma carreira já consolidada no Brasil, expandindo ainda mais projetos no exterior e alavancando as produções no Paraguai. Quero representar o Brasil e o Paraguai no audiovisual mundo afora, principalmente atuando nos Estados Unidos e na Espanha. E como sou uma pessoa que sonha grande, em dez anos quero estar com alguns prêmios no currículo, um “pezinho” no Oscar e produzindo mais filmes em minha produtora.

 

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Texto revisado por Kalylle Isse.

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