Entrevista | Paula Pimenta revela quais são as suas autoras favoritas e como é a relação com fãs

Em entrevista ao Entretetizei, a autora revela suas maiores inspirações e como começou a escrever

Paula Pimenta é uma das escritoras brasileiras de infantojuvenil mais proeminentes da atualidade. No final de 2023, ela lançou Minha Vida Fora de Série 5 (ed. Gutenberg), quinto livro da saga homônima, seis anos após a última publicação. Nele, o leitor acompanha as aventuras da jovem Priscila, que após passar por um término de namoro conturbado, vai para Nova Iorque em busca de novos aprendizados.

Me inspiro muito na minha própria vida”, afirma a autora, ao ser questionada de onde saem as ideias para as suas histórias. Pimenta, que acumula 24 livros publicados, costuma retratar temas comuns à adolescência, como o primeiro amor, problemas com os pais e amizades. “Isso geralmente faz com que as pessoas se identifiquem com os atos dos personagens”, comenta.

Em entrevista para o Entretetizei, a escritora revela qual o seu processo de escrita, como iniciou na carreira e quais são as suas maiores referências literárias. Confira!

“Me motiva a escrever cada vez mais”

Não é segredo que a autora tem um relacionamento forte com os seus leitores. Além de sempre atrair seguidores fiéis em lançamentos ou em eventos literários, Pimenta ainda mantém uma relação estreita com os seguidores nas redes sociais. “Eu me sinto muito feliz por ter essa ligação com eles [leitores]. Porque eu tento ficar próxima, exatamente para saber o que estão achando das minhas histórias, o que esperam para as próximas”, explica.

Além disso, ela diz que o afeto que recebe dos fãs é um incentivo a mais para continuar a escrever. “O carinho deles também me motiva a escrever cada vez mais. Saber que eles gostam tanto dos meus personagens e das coisas que eu escrevo”, pontua.

“O escritor tem uma lente de aumento”

Boa parte dos romances de Paula Pimenta possuem um tema em comum: a adolescência. Segundo a escritora, uma de suas maiores fontes de ideias são os próprios diários que preenchia em sua juventude. “Na adolescência eu fazia diários e ainda tenho todos eles. Então volta e meia eu recorro a esses meus antigos escritos e lembro de acontecimentos que eu vivi”, aponta.

E é assim, com base nessas reminiscências, que a autora elabora novas histórias. Embora não escreva as situações exatamente como elas ocorreram, as utiliza como ponto de partida para encontrar a narrativa ideal. “Me inspiro naquilo. Crio uma história nova em cima. O escritor tem uma lente de aumento também, então eu sempre pego um pequeno acontecimento e crio algo bem grande”, diz.

A jornada da Fani

A série Fazendo Meu Filme é composta por cinco livros e três HQ’s. Nas obras, o leitor percorre a jornada de Fani, uma menina de 16 anos que ama cinema e que possui grandes paixões, típicas da idade. Essa história já foi adaptada para os cinemas e entrará no catálogo do Prime Video dia 14 de fevereiro.

Segundo Pimenta, uma de suas maiores inspirações para escrever o primeiro livro foi a sua própria experiência. Tal qual a personagem, a autora fez intercâmbio na Inglaterra. Porém, ao iniciar a redação, a ideia era que o enredo se desenrolasse em um único livro.

“Inicialmente eu não tinha ideia que seria uma série, comecei a escrever para ser um livro único. Me baseei em coisas que eu vivia, também fiz intercâmbio, gostei de um professor meu. E, além disso, na época do meu intercâmbio eu gostava do meu melhor amigo”, explica.

O primeiro livro da série, que também é o primeiro romance da autora, foi publicado em 2008. Foi a partir de então que a escritora passou a ser reconhecida na rua. O desejo de criar uma série surgiu porque a escritora desenvolveu um apego emocional aos personagens.

“A Fani é como se fosse uma parte de mim. Escrever a história dela foi voltar lá na adolescência e sentir como se eu tivesse vivendo tudo aquilo novamente. E aos poucos ela foi desenvolvendo a personalidade dela e os outros personagens também. Eu passei a ser apenas a guia deles ali. Na hora que eu terminei o livro um, eu vi que eu não ia conseguir viver sem eles [os personagens]. Foi aí que eu resolvi fazer uma série”, revela.

“Eu fui uma adolescente muito apaixonada”

Além dos romances, Paula Pimenta também se desdobra no terreno do conto, da crônica e da poesia. Aliás, ela conta que os primeiros textos foram poemas, que escreveu ainda na adolescência. O livro Confissão (ed. Gutenberg) de 2001, é uma coletânea de poesias, incluindo as que estão em Fazendo Meu Filme e Minha Vida Fora de Série. 

“Eu gostava de colocar no papel o que que eu estava sentindo. Eu fui uma adolescente muito apaixonada, tinha grandes paixões platônicas. Com o poema foi assim, e até hoje eu escrevo poemas, mas na voz dos meus personagens. É muito gostoso escrever assim, gosto da rima. E os meus personagens adoram isso, então atualmente os meus poemas são para a voz deles”, aponta.

Quando já estava na universidade, Pimenta entrou em contato com a crônica e logo se encantou pelo gênero. Os livros Apaixonada por Histórias e Apaixonada por Palavras reúnem uma série de crônicas da autora.

“Comecei a escrever na época da faculdade. Eu queria ser jornalista porque eu gostava de escrever, mas quando eu mostrei os textos para os meus professores eles começaram a me falar que eram crônicas, literatura”, lembra.

Como salienta Pimenta, são nestes textos que ela fala sobre assuntos cotidianos, situações que ela passa de forma rotineira.

“Acho que os meus livros mais autobiográficos são os meus livros de crônicas. Porque são acontecimentos que eu vivo no dia a dia. Atualmente eu escrevo muito sobre a Mabel, sobre maternidade. Meu próximo livro de crônicas vai ser muito voltado para esse tema”, explica.

Para onde vamos? 

A maioria dos romances se passam em Belo Horizonte, cidade natal de Paula Pimenta. No entanto, os personagens também se aventuram em outros lugares, como a Inglaterra, Estados Unidos e Canadá.

Eu sempre falo que a gente tem que escrever sobre o que a gente conhece. Os meus livros frequentemente são passados em Belo Horizonte porque eu morei lá a vida inteira. Mas eu gosto muito quando os personagens viajam. Eu acho rico isso, conhecer outras culturas. E eu tento inserir lugares que eu já fui, que eu conheça bem”, diz. 

Se os personagens visitaram, significa que a autora visitou também. Ela comenta que conhecer e pesquisar sobre determinado destino é o que traz mais veracidade aos textos. 

Quando eu estava escrevendo Fazendo Meu Filme 4, eu não conhecia [o cenário] Então o pessoal da editora me deu uma semana em Los Angeles para eu fazer pesquisa. Acho que é por isso que o livro saiu tão grosso, porque eu me inspirei tanto. São lugares que eu fui, que eu conheço bem e isso é muito bom para eu não me perder no meio da história”, pontua. 

Outro elemento que desempenha um grande papel em seus livros é a música, que, conforme Pimenta, é a sua maior paixão, lado a lado à escrita. Sejam elas composições dos personagens, ou canções importantes para a autora. 

“Antes de ser escritora, eu trabalhei com música, dei aula de violão, de técnica vocal. Desde criança eu sempre cantei e toquei”, diz.

A escritora conta que faz questão de escrever com uma melodia no fundo, de modo a propiciar um clima para o capítulo que está escrevendo. Atualmente, ela ainda disponibiliza a trilha sonora dos livros no Spotify. 

“No Minha Vida Fora de Série 5, até avisei para os leitores que leiam escutando a música que está no topo de cada capítulo, a história fica muito mais emocionante”, salienta.

“Para mim eles existem”

Criar personagens autênticos, os quais o público possa se relacionar, nem sempre é tarefa fácil. Paula Pimenta especifica que, para ela, eles realmente existem.

“Eu sonho com eles, eles existem. Eu sou cada um deles quando eu estou escrevendo. Eu sinto que estou vivendo e passando as situações que eles passam. Eu choro quando eles choram, dou risada quando eles estão felizes”, elucida.

Personagens como a Priscila, a Fani, o Leo e o Rodrigo, portanto, ganham um aprofundamento maior na visão da escritora.

 “Me envolvo tanto com eles, que é como se eu estivesse escrevendo a história de amigos meus ali, de pessoas que eu conheço e que são muito queridas para mim”, explica.

Referências

Meg Cabot e Martha Medeiros são as autoras que mais influenciaram a escrita da autora. 

A primeira, por conta da série O diário da Princesa: “Quando eu li o livro eu vi que os meus diários tinham muita coisa para contar. Antes disso eu ficava tentando ir muito na imaginação, já tinha vários romances iniciados que não iam pra frente. Então quando eu li o livro, eu falei gente, isso parece a minha vida, parecem os meus diários”, relembra.

A segunda, por sua vez, foi por conta das crônicas. “Foi ao ler os textos dela que eu quis escrever daquele jeito também”, comenta. 

Fora das páginas 

Se pudesse escolher qualquer personagem para sair das páginas e ser sua amiga na vida real, a autora afirma que escolheria Samanta, de Minha Vida Fora de Série. Ela brinca dizendo que não escolhe nenhum dos personagens masculinos porque não daria certo: se apaixonaria por eles.

Então das meninas, seria muito bom ser amiga da Samanta. Porque a Samanta é aquela que dá os melhores conselhos, que dá aquela sacudida na hora que a gente precisa, que fala, faz isso, faz aquilo, pensa direito. Seria muito bom ter uma Samanta ao meu lado”, aponta.

Aventuras típicas de um seriado

A vida da personagem Priscila, de Minha Vida Fora de Série, acaba de ganhar mais um capítulo. No primeiro livro, lançado em 2011, a garota tinha 13 anos e passava por transformações comuns à idade. Agora, com 20, tem ainda mais desafios a enfrentar. Os leitores também passaram por tal crescimento, e é justamente isso o que gera aproximação.

A gente acompanha ela desde os 13 anos e vê que ela erra várias vezes. A Priscila é uma personagem muito real, quando a gente é adolescente a gente cai e levanta várias vezes. Adolescência é uma fase de vários começos”, elucida.

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*Crédito da foto de destaque: reprodução/Instagram/Paula Pimenta 

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