Era uma vez o romance nos livros infantis

O influxo nas relações afetivas na infância pode determinar um romance real?

OPINIÃO

Então lhe aparece um lindo príncipe, montado em seu cavalo branco. A moça estava à espera do beijo que lhe salvaria. E o que acontece depois de um beijo que parecia apaixonado? Vivem felizes para sempre. Fim. 

Quantas histórias com desfecho assim você já leu ou assistiu nos filmes? Cresci ouvindo, lendo e consumindo o universo perfeito das histórias. Para muitos, normal. Estranho seria se as crianças, assim como um dia fui, não vivessem a idealização dos contos de fadas e do faz de conta. 

O que me incomoda em todas essas histórias é o desfecho. Tudo é perfeito, padronizado e romantizado. Sempre nos contos de fadas, quando há um problema, a solução que os autores encontram é de terminar em casamento, felicidade, uma história de amor. 

A criança interior

Foto: Reprodução/Shutterstock

A realidade destoa das histórias, isso é um fato. Então, você deve estar se perguntando: qual é a relevância desse discurso? Pois bem, Freud, em seus estudos sobre a psicanálise e primeira infância, diz que as vivências e aprendizados quando ainda criança influenciam os comportamentos e a forma de se relacionar. Ou seja, inconscientemente todas as nossas ações são resultado de vivências e emoções que foram de algum impacto ainda na meninice. 

Amores reais

O influxo das histórias infantis nos relacionamentos e nos padrões comportamentais segue uma linha saudável de percepção? Até que ponto é seguro deixar seduzir por uma narrativa que é distorcida do mundo real? Crianças reais não deveriam experimentar e ouvir histórias mais reais? Será que algum dia vai existir um príncipe perfeito montado em seu cavalo fazendo juras eternas de amor? 

Sabemos que a perfeição é uma utopia. Viver um amor real e saudável sem se espelhar na padronização e perfeição dos livros é algo possível. A obice aparece quando um relacionamento real é frustrado por não atender a ilusão que os contos de fadas manifestam.

Foto: Reprodução/Getty Images

O “viveram felizes para sempre” não é e não será para todos. A solução dos problemas não necessariamente terminará numa história de amor. Os relacionamentos não são um padrão de felicidade que será eterno. Existem começos, meios e fins. Respeitar a si  e fugir do romance dos livros pode ser o primeiro passo para determinar a sua própria jornada de felicidade.

Por mais amores reais e por menos romantização nas relações afetivas. 

 

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*Crédito da foto de destaque: divulgação

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