Latinizei | Catarina Paraguaçu: a mãe de todas as mães brasileiras

Catarina Paraguaçu foi a primeira indígena a se casar formalmente com um explorador português, e fundou a família miscigenada brasileira

Catarina Paraguaçu fundou a família brasileira, mesmo que hoje, quando falamos de família brasileira, não tenhamos o costume de pensar na origem do termo ou no peso que ele carrega.

Ela foi uma indígena Tupinambá, católica fervorosa e fundadora da primeira família formalmente brasileira. Inclusive, justamente por isso você já pode começar a nos perdoar por esse Latinizei não ter fotos como costumamos fazer, mas ainda assim precisamos falar sobre a mãe do Brasil.

Catarina Paraguaçu teve uma vida digna de filmes da Disney, com uma paixão ao estilo Pocahontas e um encontro ao estilo Ariel. Hoje o Latinizei faz o que a Disney não fará, e te conta sobre essa mulher excepcional e forte, de extrema importância para a nação brasileira.

Tupinambá 

É impossível saber ao certo a data de nascimento de Catarina Paraguaçu, mas se sabe que ela foi uma indígena Tupinambá, que viveu no início do século XVI.

Nessa época, as explorações estavam chegando ao Brasil por navios europeus. Até então, o território brasileiro se dividia entre povos nativos de várias etnias diferentes, e entre elas existiam os Tupinambá, que vivia no Sul baiano, ali pelos lados de Ilhéus.

Catarina de Paraguaçu era conhecida por sua grande beleza e pelo seu nome ancestral, Paraguaçu, que significa Água Grande.

Sabemos também que ela era filha de um Morubixaba, que era o líder da sua aldeia.

Catarina Paraguaçu era o equivalente a nossa própria princesa da Disney, nascida de um povo conhecedor das artes da guerra e completamente apaixonado pela dança, e a sobrevivência deles era feita de caça, pesca e agricultura, já que a terra era fértil e moravam em áreas cheias de animais e com espaços de pescaria fácil.

Por ser mulher, Catarina Paraguaçu foi ensinada sobre artesanato, plantio e colheita, além de atividades como cozinhar e responsabilidades que atualmente respondem ao termo doméstica.

O povo ancestral

Antes de se pensar em como Catarina Paraguaçu fundou o primeiro casal formalmente miscigenado do Brasil, temos que lembrar da origem da cultura Tupinambá.

Quando falamos de uma comunidade Tupinambá, pode-se entender de duas formas diferentes, por duas especificações diferentes.

A primeira classificação engloba uma situação geográfica. Sendo assim, povos que viviam entre a margem direita do Rio São Francisco até o Recôncavo Baiano, e sobre quem viviam entre o Cabo de São Tomé (atual Rio de Janeiro) até São Sebastião (no estado de São Paulo). Mas o povo que vivia entre o atual Rio de Janeiro e o atual São Paulo é mais conhecido por Tamoio, portanto, quando falamos do berço de Catarina Paraguaçu, estamos falando sobre a região baiana.

Mas Tupinambá também pode se referir aos indígenas falantes de uma variação do Tupi Antigo, e na verdade, tanto os Tupinambás quanto os Tamoios.

Esses povos falantes de Tupi eram as comunidades mais populares e reconhecidas entre os exploradores europeus. Povos falantes do Tupi Antigo se classificavam entre Tupiniquins, Potiguaras, Tabajaras, Caetés, Tupinaés, Tamoios e os Tupinambás.

Atualmente os Tupinambás residem em Vila de Olivença, na Bahia, e perto do Baixo Rio Tapajós, no Pará.

Primeira família brasileira

Sempre lembrada como a primeira mãe brasileira, Catarina Paraguaçu se apaixonou e se casou com o explorador português Diogo Álvares Correia, e por isso foi responsável por formar o primeiro casal miscigenado do Brasil, formalmente falando.

Mas o curioso é como seu futuro marido chegou ao Brasil. Diogo foi o único sobrevivente de um naufrágio que ocorreu por volta de 1508 e 1509, e por uma consequência do destino, era o único português embarcado em seu navio.

A lenda conta que ele foi encontrado no atual bairro do Rio Vermelho, por um grupo indígena, caído entre algumas pedras.

Na época, Diogo tinha por volta dos 18 anos e, ao ser encontrado, recebeu o nome indígena de Caramuru, pois foi comparado a um peixe de mesmo nome. O tal Caramuru é um peixe elétrico que vive entre as pedras.

Foi Diogo quem aplicou a ideia de monogamia na comunidade que foi acolhido, pois o povo Tupinambá vivia em um sistema poligâmico. Apaixonado demais pela indígena Paraguaçu, Diogo não tinha interesse em outras mulheres da comunidade.

Apesar disso, Diogo chegou a seguir a cultura local e teve relações com outras mulheres, tal como filhos nascidos dessas relações. Mas foi com Catarina Paraguaçu que Diogo morou junto e se estabeleceu como família, e viveram perto do bairro da Graça.

A Graça 

Mãe, esposa e católica fervorosa, Catarina Paraguaçu foi a responsável pela construção da Igreja da Graça, na região baiana.

Pouco depois da construção do templo, em 1524, uma expedição francesa em busca de pau brasil chegou à costa. No comando dela estava Girolamo Verrazano, e financiada por Jean Ango, um francês milionário que – supostamente – financiou a mesma expedição naufragada que trouxe Diogo Álvares Correia ao Brasil.

Jacques Cartier também estava no comando da expedição, e era um dos maiores navegadores franceses. Cartier foi responsável por descobrir o Canadá e fundar Quebec e Montreal. Mas vamos dar uma pausa para lembrar que Jacques Cartier foi responsabilizado pela descoberta do Canadá, mas entre aspas sem fim, e apesar de esse não ser o tema do nosso Latinizei, temos que lembrar desse fato histórico sobre Cartier, pois foi ele o responsável por levar à Europa o casal Diogo e Catarina Paraguaçu, ainda em 1524.

Foi justamente por causa dessa viagem que o casal oficializou a relação nos termos europeus, e nasceu, então, o primeiro casal miscigenado do Brasil.

Para o casamento, a indígena Paraguaçu teve que se batizar com um nome europeu, e passou a ser chamada de Catarina Paraguaçu, em homenagem à esposa de Jacques Cartier, Catherine des Granches, que foi a madrinha de batismo de Paraguaçu e também madrinha de casamento do casal, ao lado do marido, Cartier.

Naquele momento nascia Catarina Paraguaçu Álvares, a mãe de todas as mães brasileiras, já que Paraguaçu foi a primeira mulher das Américas a se casar com um fidalgo na igreja.

Falência e declínio

Foto: divulgação

Catarina Paraguaçu faleceu na década de 1580, muitos anos depois do marido. Em testamento, que resistiu ao tempo e ainda existe, Paraguaçu deixou bens físicos para o Mosteiro de São Bento, que foi o primeiro Mosteiro Beneditino da América, fundado em 1582.

Ela foi enterrada ao lado do marido, na igreja Nossa Senhora da Graça, perto de onde viveram quase a vida toda.

Mas antes de deixarem esse mundo, o casal que havia vivido no esplendor e servido de referência para os viajantes europeus que desembarcavam no Brasil, teve que ver a terra sendo explorada e segregada.

Em diversos tipos de explorações europeias, o casal foi despejado de sua terra no bairro da Graça e ganhou um terreno em uma área mais afastada, além de serem jogados nos esquecimento social depois de tantas capitanias e domínios das novas terras brasileiras, que eram exploradas e comandadas por europeus gananciosos.

O que resta em seu legado, hoje, é a simples igreja da Graça, na Bahia, e sua história de amor com seu português náufrago, além da numerosa família do casal.

Essa foi Catarina Paraguaçu, a mãe de todas as mães brasileiras, dona de uma história interessante e maravilhosa, e senhora de um destino romântico e trágico.

Mas não queremos que a história de Catarina Paraguaçu acabe aqui… Vem conversar com a gente, nas redes sociais – Twitter, Insta e Face -, sobre essa mulher genial. Estamos te esperando por lá!

*Crédito da foto de destaque: divulgação

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