Lançado no Brasil há menos de um ano, o sucesso de ficção e fantasia sobrenatural mostra apenas uma parcela de como o mundo condena mulheres enquanto absolve homens
[Pode conter spoiler]
Lançado nos Estados Unidos em 2018, A Maldição do Mar (The Wicked Deep) é um livro escrito por Shea Ernshaw que chegou ao Brasil no início de 2021 pela editora Galera e, como uma onda, arrastou consigo muitos devotos leitores. Essa fantasia sobrenatural conta a história de três irmãs que, sendo consideradas bruxas, foram condenadas à morte.
Embora seus corpos físicos tenham morrido, seus espíritos permaneceram vivos e, verão após verão, voltam para se vingarem de todos os garotos possíveis, pois, há 200 anos, foram sentenciadas por homens como eles.
A Maldição do Mar
Há duzentos anos, Hazel, Aurora e Marguerite Swan foram acusadas de bruxaria pelos cidadãos da pequena cidade de Sparrow. Como punição, foram afogadas na baía.
Depois de suas mortes, do dia primeiro de junho até o solstício de verão, que no hemisfério norte ocorre em 21/06, as irmãs retornam para se vingar dos homens.
No primeiro dia do sexto mês, do oceano, uma canção começa a ser ecoada. Ela não cessa até que cada uma das irmãs Swan possua o corpo de uma garota local. No controle desses corpos, elas seduzem garotos até a baía, onde eles sempre são encontrados mortos.
Conspiração? Pacto suicida? Triste coincidência? O sobrenatural em sua forma mais pura? Cada um parece ter uma opinião, mas o que não é discutível é o fato de, ano após ano, garotos aparecerem mortos por afogamento na baía do dia 1° ao dia 21 de junho.
Penny Talbot sabe a verdade, mas guarda para si todos os segredos e tenta não ficar no caminho das irmãs Swan. Neste verão, porém, Penny conhece Bo Carter, um forasteiro pelo qual ela está disposta a enfrentar as irmãs.
Sobre a leitura
[Esta resenha reflete a opinião da redatora. O aconselhável é que você, caro leitor ou leitora, leia a obra e tire as suas próprias conclusões]
Logo no início da obra, percebemos que se trata de um livro daqueles que vai nos deixar com raiva da sociedade. As irmãs foram taxadas como bruxas por serem bonitas demais (insira aqui o meme sofro por ser bonita). Elas foram sentenciadas à morte por terem relações com os homens errados. Foram acusadas de tornar os pobrezinhos e indefesos homens (contém ironia) infiéis.
Há toda uma construção histórica e social que reflete como a sociedade – até hoje, me aventuro a declarar – pensa, que mulheres são monstros capazes de manipular e desvirtuar o mais fiel dos homens. E toda a trama é desenrolada em um contexto de vingança a esta sociedade misógina.
O livro é narrado em primeira pessoa por Penny Talbot. A garota odeia sua cidade por não ter se importado com o desaparecimento de seu pai. Penny parece saber de alguma coisa que os outros não sabem. Há nela muita convicção sobre as irmãs Swan, mas ela não compartilha o que sabe, apenas tenta manter distância de tudo relacionado à Temporada Swan.
As tentativas de distanciamento de Penny quanto às irmãs e seu ar de “eu sei de algo que vocês não sabem” são suficientes para nos manter interessados na obra e no que está por vir. Afinal, o que ela está escondendo?
Entretanto, um dos pontos negativos da leitura, na minha opinião, é o romance forçado construído entre Penny e o forasteiro misterioso Bo Carter (que esconde os motivos que o levaram até a pequena e aparentemente amaldiçoada Sparrow). Todo o relacionamento deles acontece de forma muito rápida, sem muito desenvolvimento.
Porém, mesmo o relacionamento dos personagens sendo importante para a trama, há outras coisas intrigantes acontecendo, e podemos nos apegar a elas para prosseguir a leitura.
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*Crédito da foto de destaque: Divulgação