Resenha | The Rocky Horror Picture Show: um clássico cult

Musical protagonizado por Tim Curry é um clássico da discussão de gênero 

The Rocky Horror Picture Show é um musical de 1975, estrelado por Tim Curry e Susan Sarandon, e fala sobre gênero e sexualidade, além de criticar o puritanismo tradicional e trazer uma trilha sonora cheia de singularidade e força.

O filme começa com o casal Brad (Barry Bostwick) e Janet (Susan Sarandon) saindo de um casamento, e então Brad pede Janet em noivado. Ao aceitar, o casal decide ir visitar um amigo, responsável por uní-los, para contar a novidade.

No meio da estrada, com uma chuva torrencial, eles acabam em uma rua sem saída e com os pneus do carro furados.

Buscando por ajuda, Brad e Janet acabam parando na mansão de Dr. Frank-N-Furter (Tim Curry), um excêntrico desconhecido.

Gênero? Quem precisa de gênero?

Foto: Divulgação

Em 1975 as discussões de gênero não eram uma questão do grande público, e a própria comunidade homossexual era uma discussão difícil de engolir para a sociedade da época, que ainda era muito conservadora e tradicional. Fazer um filme sobre o universo queer era ainda mais problemático.

A discussão ao redor do filme foi tanta que a África do Sul censurou a produção logo depois da sua estreia no cinema (não que isso tenha impedido o consumo popular).

The Rocky Horror Picture Show é uma sátira sobre os filmes de terror e ficção científica que foram feitos entre os anos 1930 e 1960, e aí o próprio gênero do filme já se confunde, fazendo uma sátira ainda mais aguda aos padrões sociais da época.

Se você não sabe dizer o que o filme é, como dizer o que seus personagens são? O Dr. Frank-N-Furter tem a resposta: o filme é queer, e é para ser um representante dessa comunidade. Nada além disso.

Se autointitulando uma “doce travesti de Transexual, Transylvania”, Dr. Frank-N-Furter tem muito para oferecer em tempo de tela, e nem é pelo seu apelo sexual que parece pairar ao seu redor, mas sim pela representação que causa. As discussões sobre gênero já estavam ali, na cena musical inglesa.

Marginal e inspirador

Foto: Divulgação

Sendo tão censurável pela visão social de seu tempo, The Rocky Horror Picture Show é, na verdade, nada mais do que um filme considerado marginal em seu tempo, mas completamente cult nos dias de hoje.

A verdade é que a Inglaterra não tem uma história tão conservadora assim na cena musical, vide o caso do clipe (lançado quase 10 anos depois) da música I Want to Break Free, do Queen. Quando Freddie Mercury, Brian May, John Deacon e Roger Taylor  apareceram vestidos de mulher no clipe de uma música que parecia falar sobre liberdade sexual, o público – em especial o estadunidense – se viu contra a imagem de homens vestidos de mulher, quando as artes na terra da rainha já viam isso com mais tranquilidade (mas nem tanta assim).

Apesar da fama por parecer um filme marginal – e por ter sido muito marginalizado -, The Rocky Horror Picture Show teve sua lista de homenagens incontáveis na história da arte atual, mas a mais marcante para as novas gerações, sem dúvidas, é a menção no livro As Vantagens de Ser Invisível. Com a popularização do filme homônimo – estrelado por Logan Lerman, Emma Watson e Ezra Miller -, As Vantagens de Ser Invisível tem, tanto em livro quanto em filme, uma companhia jovem de teatro que faz interpretações do musical.

Para a cultura queer essa é uma referência ainda mais forte, e aos poucos o musical se tornou uma inspiração para toda a comunidade LGBTQIA+, dando espaço para debates em todos os âmbitos sociais possíveis.

“Cultural, histórica e esteticamente significativo”, foi como o filme foi reconhecido pelo National Film Registry, dos Estados Unidos.

Trilha sonora, cenário e personagens

Foto: Divulgação

Como se não bastasse tudo que o filme tem para abordar discussões de grande importância, a produção se tornou um clássico rápido e faz muita diferença não só por isso.

Os cenários são grandiosos e exibem figuras como estátuas de mármore, o que por si só já é uma ótima sátira sobre os ricos e tradicionais que iriam, incessantemente, criticar a existência de tal obra. Com uma permanente sombra por causa dos tons escuros nas cenas de maior tensão, os cenários usam de muito vermelho e preto, com maquiagens pesadas também, trazendo essas cores de forma majoritária para os personagens.

A trilha sonora é inteira feita com instrumentos mais pesados, remetendo ao rock e com elementos do movimento punk, que teve sua explosão e expansão na década de 1970, especialmente na cena inglesa, com a banda Sex Pistols, surpreendentemente formada em 1975.

The Rocky Horror Picture Show é um movimento cultural por si só, com referências de cenários underground e com tom de subversão.

Tudo em The Rocky Horror Picture Show é um chamariz contra estética, padrões morais e culturais e expectativa do público. E dá gosto de ver todas essas referências se mesclando e se transformando em algo inesperado e apaixonante.

O filme acabou ficando tão popular que é um dos trabalhos mais famosos da carreira de Tim Curry. Musical bom é assim: marca!

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*Crédito da foto de destaque: Divulgação

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