Empoderada, a atriz interpreta Mazikeen na série Lúcifer, da Netflix
Lesley-Ann Brandt nasceu na África do Sul e tem orgulho de dizer que é uma imigrante nos Estados Unidos. Empoderada e talentosa, a atriz vem se destacando cada vez mais na TV, principalmente por interpretar a personagem Mazikeen, na série Lúcifer.
A série conta a história do entediado Senhor do Inferno – Lúcifer – que decide tirar férias em Los Angeles e acaba criando laços com os humanos, principalmente com a Detetive Chloe. Junto deles, sua fiel protetora, Maze (Lesley), uma demônia que está sempre preparada para defender os que estão à sua volta. Ela só não imaginava que teria que lidar com tantos sentimentos ao chegar à terra.
Ao longo das temporadas, Maze se mostra cada vez mais vulnerável e aberta às emoções. A demônia mais badass da TV cria laços familiares e sentimentais que mudarão para sempre a sua vida, como com o que acontece entre ela e Trixie, filha da detetive. A menininha se torna uma grande amiga e Maze começa a cuidar da criança como se fosse sua sobrinha. Ah, não podemos deixar de citar o fato de que Maze adora um caso amoroso (sem compromisso) e, quando conhece Eva (sim, a Eva, de Adão e Eva), descobre que o amor gera sentimentos bons, mas também pode machucar.
Personagem com personalidade forte e com sentimentos reais
Toda a trajetória da personagem fez com que ela amadurecesse e se tornasse uma das mais queridas pelo público. Ver uma mulher negra, independente e empoderada interpretando um personagem que muitos imaginam como exclusivamente masculino – já que, quando pensamos em um demônio, logo imaginamos a figura de um homem – foi inovador e trouxe mais personalidade à história. Maze mostrou que está tudo bem ser uma pessoa durona e vulnerável, assim como na vida real.
Em entrevista ao Entretetizei, Lesley comentou sobre sua personagem e disse que, apesar de ser violenta, ela aproveita a oportunidade para crescer e aprender, assim como qualquer ser humano. A atriz também comentou sobre a próxima temporada, que estreia no próximo dia 21 (sexta) e sobre a importância de estar em um programa inclusivo e repleto de representatividade.
Confira a seguir a entrevista completa:
– A minha primeira pergunta é: E agora? Como a Maze vai se sentir depois que a Eva foi embora e o Lúcifer voltou para o inferno? Queremos saber boas notícias sobre a temporada 5!
Você viu os episódios? Ela está definitivamente chateada e meio perdida, então eu acho que quando você a conhece, como quando pegamos o episódio 1 desta nova temporada, ela, Chloe e Linda se envolvem como amigas e fazem as coisas juntas. As histórias são meio paralelas e ela tem sentimentos muito fortes sobre o Lúcifer indo embora e ela não ser avisada do que estava acontecendo, sabe?
Se você pensar sobre a 2ª temporada, quando Eva estava tipo: “eu prometo que nunca vou te deixar”, sabe o que quero dizer? Tudo está meio assim, o jeito que ela está se sentindo, relembrando todas aquelas conversas e a briga que tiveram. Esses personagens têm uma longa, longa história, então acho que ela se sente traída.
– Agora eu gostaria de falar um pouco sobre a representatividade da Mazikeen, já que ela interpreta um demônio e, quando pensamos em um, logo imaginamos a figura de um homem. A Maze está sempre disposta a defender quem ela ama, como você se sente interpretando esse personagem que é violento, mas também tem sentimentos?
Eu penso nela de uma forma muito humana, para ser honesta com você. Acho que a forma como ela lida com as coisas é obviamente diferente. Ela luta e é muito violenta, mas acho que, como qualquer ser humano, ela cresce e aproveita a oportunidade para crescer e aprender, então eu realmente admiro isso nela, e também amo o fato de que ela é uma mulher que pode ver o mundo e a política.
A mulher é forte, a mulher é digna. Ela pode fazer coisas – coisas incríveis com seus corpos, como dar à luz e dar vida, uma vida de crescimento, uma vida alimentar e eu acho que ela, como mulher, é muito inspiradora, porque ela não tem medo de errar, mas também não tem medo de falar e defender aquilo que acredita e de proteger aqueles que ela ama e se preocupa. Então eu acho que o mundo pode aprender muito com essa personagem.
– Você se inspirou em alguém para interpretar a Mazikeen? Ela é poderosa e nós amamos essa personagem.
Duas mulheres em particular: Eartha Kitt e Grace Jones. São essas mulheres que eram muito poderosas, mas às vezes também eram vulneráveis, ousadas e corajosas. Eartha para mim era tão… no que diz respeito aos homens, aos relacionamentos, à vida, aos negócios e aos desafios que elas enfrentaram como mulheres negras nos negócios. Então fui procurada por mulheres que me faziam sentir como… eu simplesmente aproveitei muita coisa que aprendi sobre elas, nos vídeos e entrevistas que vi, dessas mulheres lindas e complicadas, do jeito que a Mazikeen é.
– Lucifer é uma série que apresenta diversos tópicos e é bem inclusiva. Personagens e atores LGBT, negros, latinos, sul-africanos (como você), por exemplo. Qual a importância de trabalhar em um programa com tanta diversidade?
É muito importante que, nós [atores], ao longo dos anos, representemos [cada vez mais] a audiência que assiste à série, mas eu ainda penso que há um grande caminho pela frente. Isso me dá alegria. Eu interpreto a Mazikeen como uma imigrante e eu sou uma imigrante – ela é uma imigrante do inferno e eu sou uma imigrante da África do Sul [risos], então não está tão distante assim encontrar coisas que você tem em comum com uma pessoa.
Uma personagem como ela, mesmo que ela seja um demônio, [é interessante porque] ter essas meninas e meninos sul-africanos e negros vendo o Amenadiel na TV [por exemplo]; ter meninos e meninas latinas vendo o Dan e a Ella… ter essas pessoas vendo elas mesmas refletidas [na TV] é muito importante.
Ninguém questiona as raças desses personagens. Todos nós existimos e eu sinto que é isso. Nós existimos e nos sentimos humanos melhores na forma como lidamos com o outro – mas nunca questionamos como o Amenadiel e o Lúcifer são irmãos.
O foco está nos irmãos, no vínculo do relacionamento [entre eles], não na raça. Então eu amo isso em nosso programa. Nós, no fim das contas, lidamos com assuntos que, na verdade, todos pensam/questionam, mas acho que fazemos de uma forma que não seja de confronto, mas desafiamos o nosso público a pensar fora do que ele acredita que possa ser.
Eu lidei com pessoas me seguindo [nas redes sociais] que são homofóbicas e elas amaram a Maze. É por isso que amo essa personagem. Me deixa muito orgulhosa, como atriz, que uma personagem como ela, num programa como o nosso, possa causar isso.
– Para terminar, você pode deixar uma mensagem para todos que te acompanham? O que você pode dizer ao mundo?
Eu quero dizer para o mundo: por favor, por favor, por favor, sejam gentis uns com os outros. Nós passamos por muitas dificuldades e sofrimentos. Sorria e ame a ponto de não custar nada nem a ninguém.
Todos estamos passando por um tempo de muita dificuldade com a Covid – e economicamente. As pessoas estão lutando tanto. Beirute, Zimbábue… coisas trágicas estão acontecendo no mundo e eu sei que o Brasil está sendo muito atingido pela Covid e envio meu amor, porque o Brasil é um país incrível. Mas eu diria: por favor, tentem ser gentis uns com os outros. Não temos essa vida por muito tempo e tantas pessoas perderam suas vidas este ano. Então eu acho que devemos nos apegar ao que nos preocupa: nossa família, amigos, nossa fé, nossa comunidade e nossa cultura.
Abaixo você confere o áudio da entrevista:
Todas as temporadas de Lúcifer estão disponíveis na Netflix. Fique com alguns stills da temporada 5:
