Latinizei | Frida Kahlo: latina, militante e PcD

Frida Kahlo é um ícone da cultura POP atual e além de militante, era uma pintora renomada de seu tempo, latina com orgulho e Pessoa com Deficiência

Talvez você conheça a figura de Frida Kahlo, que o feminismo atual reproduz em blusinhas, quadros e até fantasias. Frases da pintora e até mesmo alguns de seus quadros são constantemente lembrados em contextos atuais, e o Museu Frida Kahlo recebe visitantes do mundo todo há anos…

Mas você sabe quem foi Frida Kahlo para além da marca comercial que ela se tornou?

Se a resposta for não, tudo bem. A gente, aqui do Entretetizei, te apresenta as várias faces dela. E se a resposta for sim, você pode usar esse post para aprender ainda mais sobre essa figura incontestavelmente genial.

Pessoa com Deficiência

Foto: Divulgação

Frida Kahlo nasceu em 6 de Julho de 1907, e é habitual passar despercebido o fato de que ela se tornou uma Pessoa com Deficiência ainda na infância.

Com seis anos de idade, Frida foi acometida pela poliomielite e isso fez com que uma de suas pernas se tornasse mais curta e a garantiu um andar coxo que a acompanharia pelo resto da vida. Isso a afastou das outras crianças durante a infância por causa do bullying, mas nunca a impediu de ser exatamente quem queria ser.

Frida sofreu, aos 18 anos de idade, um terrível acidente de bonde que a mandou para o hospital em estado grave. Uma barra de ferro a atravessou ao meio e isso gerou problemas permanentes em sua vida. Mas foi justamente esse acontecimento que a  permitiu se tornar uma pintora genial.

Estimulada pelo pai, de quem era muito próxima, Frida começou a pintar ainda no hospital, acamada, com a ajuda de um cavalete especial e um espelho sobre sua cama.

Tanto a poliomielite da infância, quanto o acidente aos 18 anos, foram cruciais e determinantes para a aparência de Frida – que adotou grandes saias para esconder as pernas -, e para a sua importância de representatividade para todas as Pessoas com Deficiência, em seu tempo e nos dias de hoje.

Bissexual e livre de padrões femininos

Foto: Divulgação

Não é difícil ler sobre os comportamentos não binários de Frida Kahlo, e sendo reconhecida em algumas biografias como uma pessoa andrógina, é possível encontrar fotos de família no qual Frida se veste com os padrões de vestimenta masculinos de seu tempo.

Diferente do que se pode deduzir por questões de conduta da época, a família Kahlo não considerava estranho ou alarmante Frida fugir da figura socialmente aceita como feminina, e nunca houve retaliação pelo gosto dela em transitar entre os gêneros de forma espontânea.

Frida Kahlo também era bissexual, e vivia sua sexualidade com liberdade, inclusive sendo muito estimulada a manter relacionamentos com outras mulheres por parte de seu marido, Diego Rivera.

Apesar da chateação de Diego com casos envolvendo outros homens de Frida, a ideia de mulheres não o assustava, e mesmo sabendo que isso é só um machismo velado de progressão, já que a idade de duas mulheres é erotizada pelo sistema patriarcal, Frida tinha liberdade de usufruir de sua sexualidade igualmente fluída, sem nenhum tipo de pressão ou constrangimento familiar ou marital.

A aparência não binária de Frida pode ser vista em retratos de família e até mesmo em sua obra Autorretrato com Cabelos Cortados.

Militante

Foto: Divulgação

O casamento com Diego Rivera foi crucial para que Frida aprendesse ainda mais sobre direitos iguais e abraçasse a causa marxista para si.

Tendo tido o estímulo familiar para estudar cultura, política e filosofia, ensinada a manter a mente alerta, a apreciar seu povo e suas raízes, Frida encontrou em Diego Rivera mais do que o amor de sua vida, e um artista irreverente e popular. Diego era membro do partido socialista e incentivou Frida a aderir à causa.

Em 1937, o casal Rivera chegou a receber Leon Trotsky e sua esposa, Natália, em sua casa. Eles vinham ao México procurando asilo, já que Trotsky era um revolucionário comunista perseguido em sua terra natal, a Rússia.

Mas antes de receber o casal Trotsky e de pensar em ter um caso com Leon, Frida já era parte do partido comunista mexicano e levantava a bandeira da igualdade entre os gêneros e as classes. E ainda antes disso, Frida Kahlo se via diretamente ligada às constantes batalhas civis de seu país.

Tendo vivido uma infância no México que vivia em revoluções por conta da Guerra de Independência, Frida Kahlo era uma revolucionária militante por natureza e adorava ir contra o costumeiro silêncio feminino típico de seu tempo.

Surrealista? Feminista?

Foto: Divulgação

É impossível falar sobre Frida Kahlo e não falar sobre feminismo ou sobre surrealismo. Os ismos eram um marco indiscutível na vida da artista.

Chamada para participar e integrar o meio artístico de seu tempo, incentivada a dividir espaço artístico com os grandes artistas do movimento surrealista, que não só tinha força em seu tempo, como também tinha concentração criativa na boêmia Paris dos anos 20. Frida Kahlo chegou a ir à Europa, mas recusou a ideia de igualar sua obra com o que encontrou no movimento surrealista.

As pinturas de Frida eram sempre sobre o realismo psicológico que ela tinha em sua vida pessoal, e obras como A Coluna Partida e Hospital Henry Ford (ilustrada acima), são provas indiscutíveis disso para que Frida se permitisse ser vista como surrealista.

Hospital Henry Ford é uma obra que explora a perda de uma mãe que sonha com um bebê que não pode ter. Incapacitada de ser mãe biológica por causa do acidente de bonde sofrido aos 18 anos, Frida teve abortos dolorosos e traumáticos, e jamais realizou o sonho da maternidade.

Até mesmo a lesma em sua tela tem um significado, explicado por ela mesma alguma vez: é uma referência à lentidão do aborto.

E falar sobre seu relacionamento abusivo, suas dores causadas pelo acidente de bonde e seus abortos, fez de Frida Kahlo uma mártir feminista. Apesar de nunca ter levantado a bandeira feminista diretamente, é compreensível que ela tenha sido sim uma militante da causa.

E por que não ver suas obras como um grito de guerra para nós, feministas do século XXI?

Frida Kahlo na arte atual

Foto: Divulgação

Pessoa com Deficiência, bissexual, militante, educadora, pintora, ícone fashion, feminista, livre e, sem dúvida, uma sobrevivente da própria vida. Frida Kahlo é uma das maiores provas de que a mulher latina é mais do que a visão eurocêntrica e preconceituosa que o mundo tem sobre todas nós.

Frida Kahlo foi um ícone em todos os sentidos e ainda hoje é retratada em espaços culturais e lembrada em diferentes meios de arte.

O filme Frida (2002) é uma ode a existência de Frida Kahlo e é, sem dúvida, a forma mais rápida e educativa para se conhecer um pouco mais da biografia da artista. Mas não é só de conteúdo complexo vive a memória da pintora…

No longa da Pixar, Viva – A Vida É uma Festa (2018), é possível encontrar uma Frida Kahlo pensada para o público infantil, mas sem perder o encanto cru de quem a pessoa real foi em vida.

 Agora conta para a gente: você já sabia tudo isso sobre Frida Kahlo? E também queremos saber quem mais você quer ver aqui no Entretê… Nos conta lá nas nossas redes sociais: Twitter, Insta e Face.

*Crédito da foto de destaque: Divulgação

plugins premium WordPress

Nós usamos cookies e outras tecnologias semelhantes para melhorar a sua experiência em nossos serviços, personalizar publicidade e recomendar conteúdo de seu interesse. Ao utilizar nossos serviços, você concorda com tal monitoramento. Acesse nossa política de privacidade atualizada e nossos termos de uso e qualquer dúvida fique à vontade para nos perguntar!