Viajar em busca do romance perfeito pode virar um verdadeiro pesadelo com golpes, sequestros e tráfico sexual — que são ameaças reais — não caia nessa!
Se você, assim como muitas fãs de K-dramas e dizis, já se pegou imaginando como seria viver um romance na Turquia ou na Coreia do Sul, é bom ficar ligada! Embora seja muito fácil se encantar pelos protagonistas dessas séries, a vida real pode ser bem mais complicada. Infelizmente, não são poucas as histórias de quem foi atrás desse amor perfeito e acabou vítima de golpes, sequestro e até tráfico sexual. Aquele sonho fofo pode se transformar em pesadelo de uma hora para outra.
Nos últimos anos, com o boom das novelas turcas e dos dramas coreanos, criou-se uma fantasia romântica, onde muita gente acredita que, ao viajar para esses países, vai encontrar um amor digno de novela. Só que as notícias de gente sendo enganada ou sequestrada durante essas viagens não param de crescer. A realidade pode ser bem dura, e o amor à la K-drama/dizis pode trazer muitos perigos quando a gente ignora que a vida real é bem diferente do que vemos nas telas.
Muitas pessoas se jogam nessa busca de viver aquele romance dos sonhos, e a tentação de encontrar esse amor de novela é enorme. Mas as histórias de quem foi atrás disso e só encontrou frustração são mais comuns do que você imagina. E o pior: traficantes e golpistas sabem direitinho como mexer com as emoções de quem está carente e em busca desse conto de fadas.
Expectativa X Realidade: romances de TV podem ser enganosos
Você já suspirou por um mocinho de K-drama todo atencioso e apaixonado, ou pelo herói protetor de uma novela turca? Quem nunca, né? Mas é bom lembrar que esses personagens são criados pra mexer com a nossa cabeça e nos fazer sonhar. Na vida real, as pessoas são bem mais complicadas. Viajar esperando encontrar o príncipe encantado da ficção pode não só te decepcionar, mas também te colocar em situações bem perigosas.
Os roteiristas sabem muito bem como nos fazer suspirar por esses caras perfeitos, mas fora das telas as pessoas têm falhas, e depositar tanta expectativa em alguém que você mal conhece pode te deixar frustrada. Relacionamentos reais não têm o brilho e a perfeição dos dramas, e isso é algo que muita gente só descobre quando é tarde demais.
Existem várias histórias de fãs que viajaram atrás de um amor de novela e se deram mal. Muitas acabaram envolvidas com pessoas que estavam mais interessadas em explorar suas vulnerabilidades do que em construir uma conexão de verdade. O resultado? Relacionamentos abusivos, decepções e, em alguns casos, situações de exploração emocional.
Quando você busca alguém que encaixe no seu ideal de romance, isso pode acabar afastando a chance de um relacionamento genuíno. A idealização exagerada não deixa você enxergar a pessoa real, com todas as suas qualidades e defeitos. Relacionamentos de verdade são muito mais complexos do que qualquer roteiro de TV. Quem espera uma cópia fiel dos personagens fictícios tende a sair bem frustrada.
“A saúde emocional da grande maioria dos homens é uma porcaria nesse país (Coreia do Sul). Aqui, eles não sabem expressar sentimentos, pensamentos ou controlar comportamentos. Falta muita maturidade emocional, e isso não é incentivado. Complicated.” – Débora Dias, brasileira influencer e designer que atualmente estuda e mora na Coreia do Sul.
Quando a fantasia vira armadilha: golpes e sequestros
Se você pensa que está segura porque “comigo isso não acontece”, é hora de abrir o olho. Viajar esperando viver um romance de novela não só te deixa emocionalmente vulnerável, como também pode te transformar em um alvo fácil para golpes e crimes. Já vimos muitos casos de turistas que caíram em armadilhas criadas por pessoas que fingem ser o amor perfeito, mas, na verdade, estão envolvidas em esquemas de exploração sexual ou sequestro.
“Eu acredito que a popularidade que as novelinhas turcas tomaram, com aquele romance de ser sempre um homem muito cavalheiro, um homem muito zelador, no sentido de cuidar muito das mulheres, acabou impactando no sentimental e no psicológico de muitas mulheres que estão com esses dois lados fragilizados. Às vezes, são mulheres que estão em uma carência e acreditam naquela cenas, naquela história da novelinha, achando que são cenas de vida real. Acreditam que, se ela encontrar um [homem turco/árabe], ela vai ter aquela vida que ela viu da atriz da novela tal, da história tal e, na verdade, a realidade não é assim. A novelinha mostra essas coisas para ganhar visualização e conquistar o telespectador, com aquelas histórias de amores que são fora da realidade. São histórias fantasiosas para atrair o público. E quem é o público que acaba sendo atraído? E acaba se envolvendo e querendo um relacionamento com turcos? Outras nacionalidades, né? A mesma coisa com os doramas. São mulheres carentes. Mulheres que não estão encontrando esses sentimentos no Brasil e acabam querendo buscar, num turco, achando que o turco vai ser aquele ‘gentleman’, que a sogra turca vai ser aquela coisa, que viver lá vai ser mil maravilhas e um conto de fadas, que só existem na novelinha mesmo. Porque a realidade do dia a dia, de conviver com uma cultura tão diferente, inclui muitas dificuldades. Tanto ao sair da sua casa com o vizinho, com um membro da família, com o próprio companheiro com quem você vive, com colegas… são dificuldades que a gente vai enfrentar e não é mostrado na novelinha. Então eu acredito que muitas pessoas que estão com o emocional fragilizado, até mesmo o psicológico, acreditam nesse conto de fadas, fantasiam isso para a vida delas e acabam querendo atrair isso. Muitos casos acabam em situações que outras pessoas têm que socorrer: as brasileiras que estão lá, de meninas que caem em golpes. Infelizmente, o final da história dessas pessoas, que estão fragilizadas, é triste”. – Rafa Lopes, brasileira criadora de conteúdo, casada com turco e recém-chegada da Turquia.
Golpes emocionais não são raros em lugares turísticos associados ao romance, como Turquia e Coreia do Sul. Mulheres que viajam em busca desse amor idealizado acabam virando alvo fácil de criminosos que sabem exatamente como jogar com as expectativas delas. O que começa como uma troca de mensagens cheia de promessas pode virar uma armadilha bem perigosa quando você está em um lugar que não conhece.
Casos de tráfico sexual envolvendo turistas desavisadas não são coisa de filme. É real.
Muitas vítimas foram atraídas por promessas de amor e, ao chegarem ao país, descobriram que estavam presas em redes de exploração. Esses crimes continuam acontecendo, e a falta de conhecimento sobre a cultura local e os sinais de alerta só facilitam a vida dos criminosos.
Por isso, é fundamental entender os riscos antes de se jogar em uma viagem dessas. Além do perigo físico, a vulnerabilidade emocional te deixa exposta a todo tipo de manipulação, tanto emocional quanto financeira. Ao invés de idealizar um romance perfeito, é essencial manter os pés no chão e ficar atenta aos perigos reais que envolvem essas viagens em busca de amor.
Diferenças culturais: a vida real não é um drama de TV
Além dos perigos óbvios, muitas vezes a gente subestima as diferenças culturais. As normas sociais da Coreia e da Turquia, principalmente nos relacionamentos, podem ser bem diferentes do que estamos acostumadas. Nos K-dramas, os relacionamentos são cheios de gestos românticos, com homens que fazem de tudo pela amada. Nos dizis, tem aquela paixão intensa e proteção extrema. Mas, fora das telas, a realidade é bem mais complicada e exige muito mais paciência e adaptação do que a TV mostra.
Nos dramas, tudo parece fácil e direto. As cenas de declarações de amor intensas e homens prontos para enfrentar o mundo por você são lindas na tela, mas não acontecem com tanta intensidade na vida real. Na Coreia, por exemplo, os encontros são bem mais conservadores do que nas séries. Já na Turquia, as pressões familiares e sociais podem ser um choque para quem acha que vai viver um amor livre e sem complicações.
“Eles (coreanos) conhecem a fama deles e sabem que essa é a propaganda que passam para o mundo: que são românticos e gostam de fazer coisas fofas. Eles usam muito essa tradição dos doramas para conquistar alguém. Porém, o que percebi foi que ele tinha muitos relacionamentos com estrangeiras, porque podia fazer coisas que com coreanas ele não fazia. Para se divertir, eles ficam com estrangeiras, mas para apresentar à família, ele disse que só iria apresentar uma coreana.” – Anne Oliveira, brasileira auxiliar de oftalmologia que passou três meses na Coreia do Sul
Além disso, a barreira da língua é algo que pesa mais do que a gente imagina. Muitas turistas que vão atrás desse tipo de experiência romântica acabam enfrentando grandes problemas de comunicação. Não saber o idioma local pode transformar um pequeno mal-entendido em uma grande confusão. E, nesse cenário, fica fácil continuar idealizando um romance que, na prática, não existe.
Outro ponto importante é que a cultura de namoro nesses países é bem diferente da nossa. Esperar que um relacionamento na Turquia ou na Coreia se desenrole como nos dramas é um erro que pode te deixar bem frustrada. As tradições locais e os papéis de gênero são muito mais rígidos do que imaginamos, e é essencial entender essas diferenças antes de se aventurar em busca desse amor.
Desce das nuvens: amor real é BEM diferente do que você vê na TV!
A vida real não tem um roteiro, e o amor verdadeiro é muito mais complexo do que qualquer drama de TV. Se você está pensando em fazer uma viagem em busca de um romance inspirada pelos K-dramas ou dizis, vá com os pés no chão. O amor pode acontecer em qualquer lugar, mas tem que ser baseado no respeito mútuo e na realidade — não em fantasias idealizadas.
Se proteja, use o bom senso e, acima de tudo, vá com o coração e a mente abertos para conhecer a pessoa de verdade, e não aquele personagem perfeito que você vê na TV. K-dramas e novelas turcas são uma delícia de assistir, mas a vida real, com suas imperfeições e surpresas, é muito mais interessante — desde que você saiba navegar nela sem cair em armadilhas.
Você conhece alguém que tenha se decepcionado ao se relacionar com algum estrangeiro? Conte pra gente e nos siga nas redes sociais do Entretetizei — Facebook, Instagram e Bluesky — para mais novidades sobre a cultura asiática e turca.
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Texto revisado por Cristiane Amarante