Uma história sobre décadas de resistência do povo Krahô
Em 1940, duas crianças do povo indígenaKrahô encontram durante a noite um boi muito perto da aldeia em que moravam. Esse foi o presságio de um massacre que seria realizado pelos fazendeiros da região com o povo da aldeia.
Nos dias atuais, o povo Krahô continua sofrendo com ameaças, violência e desrespeito em suas terras, mas resistem e enfrentam os riscos de todas as maneiras que conseguem. O longa foi vencedor do Prêmio de Melhor Equipe da mostra Un Certain Regard, do Festival de Cannes 2023.
O povo Krahô – nativo do Tocantins – enfrenta há décadas a presença de invasores em suas terras, e o filme retrata a difícil realidade de roubo de animais e desrespeito que acontece na aldeia, mostrando as muitas formas de resistência que os indígenas colocam em prática ao longo dos anos.
A violência e o sentimento de ver suas aldeias serem invadidas começa a se tornar rotina, e até mesmo as crianças da aldeia passam a vigiá-la para que os cupe – os não indígenas – não consigam adentrar sem permissão.
O português João Salaviza e a brasileira Renée Nader Messora, diretores do longa, mostram as estratégias de fazendeiros e agricultores que querem impedir a demarcação das terras indígenas, a fim de usar a área para criação de gado e plantio que será comercializado.
A mescla entre passado e presente mostra que os Krahô enfrentam esses problemas há muito tempo e, além de ameaçados, também foram enganados com falsas promessas. Mas sobretudo, A Flor de Buriti mostra as transformações do povo indígena e a força em ir atrás de mudanças.
O ritmo do filme
Algo que talvez faça com que parte do público não consiga se conectar com o filme é a lentidão com que as coisas vão tomando forma, e por mais que alguns dos momentos relatados no longa sejam necessários para o contexto geral da narrativa, a sensação que fica ao final é de que algumas cenas não se conectam ao filme.
A alternância de tempo entre passado e presente tem o ponto positivo de dar contexto e maior intensidade à história que está acontecendo nos dias atuais, mas também faz com que tudo aconteça de uma forma arrastada.
Crowrã
A parte final do filme acompanha os Krahô durante a organização para irem a Brasília participar dos atos do Acampamento Terra Livre – maior encontro anual dos povos indígenas – no ano de 2022.
Aqui observa-se o dia a dia da aldeia, as conversas e tomadas de decisões entre eles, sobre o que podem fazer de maneira política para mudar a realidade difícil que estão enfrentando. A potência do evento, que reúne milhares de indígenas de todo o país, é apresentada de maneira real e simbólica.
O filme mostra que os atos de resistência com o passar das décadas mudaram: se antes a maior defesa desse povo era construir cercas que impedissem os invasores de entrar, hoje, munidos da internet que os permite acompanhar a política e aqueles que os representam, eles podem se unir para exigir seus direitos, mesmo que muitos insistam em tentar prejudicá-los.
Crowrã é a palavra, segundo a mitologia dos Krahô, que dá nome à flor da árvore de Buriti, conhecida por eles como a árvore da vida. E esse é um dos pontos principais que o filme retrata: a resistência e luta do povo indígena pelas suas vidas e a preservação da terra que foi primeiro habitada por eles.
A Flor de Buriti estreia hoje (4), nos cinemas nacionais.
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A artista conta como foi o processo de escrita do livro, além de falar sobre outros projetos
Atriz, comediante e autora, Ana Carolina Sauwen se destaca por suas diversas habilidades de demonstrar talento e contribuição para a arte. Nascida no Rio de Janeiro, a atriz foi finalista do prêmio Multishow de Humor, além de participar de produções como Vai na Fé (2023), A Grande Farsa (2015) e Meu Querido Zelador (2022).
Após se tornar mãe pela primeira vez durante a pandemia, Ana começou o processo de escrita do seu primeiro livro de poesias — A Mãe Desse Livro Não Sou Eu —, que tem previsão de ser lançado em breve. O livro aborda as dores, alegrias e momentos difíceis da maternidade da artista. Na obra, a atriz revela um lado diferente ao seu público, já acostumado a vê-la em papéis cômicos.
Aos 40 anos, recém-completados, Ana vive uma fase cheia de projetos, como a novela Pedaço de Mim, que estreia nesta sexta-feira (5), na Netflix, e o filme Cansei de Ser Nerd, longa de Gualter Pupo, ainda sem data de estreia.
Em conversa com o Entretetizei, a artista fala sobre seu primeiro livro e sobre como foi escrevê-lo, além de seus outros projetos. Confira:
Entretetizei: Você foi mãe durante a pandemia, o que tornou a experiência ainda mais desafiadora, e então surgiu seu livro de poesias. Como foi explorar essa sua versão escritora?
Ana Carolina: Na verdade, eu sempre escrevi. Essa versão escritora existe em mim até antes da atriz, da palhaça e da humorista. Bem novinha mesmo, eu ficava horas escrevendo, criando histórias, desaguando sentimentos. Tive uma infância difícil, morei em outro país, e já nessa época escrevia poesias que me ajudavam a processar tudo que eu estava vivendo. Só que era tudo muito simplório, obviamente. E acho que a escrita foi amadurecendo em mim ao longo dos anos, e é a primeira vez que eu produzi um material que eu achei que faria sentido transformar num livro.
E: Ainda sobre A Mãe Desse Livro Não Sou Eu, como se sentiu durante o processo de escrita? Um livro já estava nos planos, ou foi essa a sua forma de expor seus sentimentos naquele momento?
AC: A escrita foi muito fluida, uma válvula de escape, um jeito de processar tudo que eu estava vivendo naquele período. Nos momentos que eu escrevia, ainda não tinha esse objetivo de virar um livro. Era somente uma maneira de processar; as frases iam aparecendo na minha cabeça enquanto eu dava de mamar. Botava meu filho para dormir, e eu ficava segurando elas para o momento em que tivesse a chance de sentar e escrever, registrar tudo aquilo. Só um bom tempo depois eu voltei a ler o material bruto, e vi que morava um livro ali. Então passei a me dedicar a uma nova etapa: a de reler, organizar, fazer escolhas, já pensando tudo aquilo como um futuro livro.
E: Agora que já é uma autora publicada, existem planos de uma próxima obra de poesia ou de outro gênero ?
AC: Eu tenho revisitado coisas que escrevi ao longo de muitos anos para diversas pessoas, e reescrito, reelaborado, pensando num livro sobre o amor chamado Todos Seus, que brinca com essa ideia do amor romântico, da pessoa única. À medida que ele é feito de uma colcha de experiências, sonhos, pessoas, paixões platônicas, inventadas ou vividas — por mim ou por outras mulheres — ao longo de muitos anos.
E: Um de seus novos trabalhos como atriz será em Pedaço de Mim, aguardada novela da Netflix. Pode nos falar um pouco sobre sua personagem?
AC: Infelizmente, a gente não pode contar nada ainda sobre Pedaço de Mim. Imagino que esteja todo mundo muito curioso, e eu também estou. Tenho certeza que tá um trabalho lindo, pelo que vi até agora; mas mais coisas, só depois que lançar.
E: Conseguimos conhecer diferentes versões suas como atriz, humorista e, agora, escritora. Você consegue conectar essas diferentes vivências em cada um dos seus trabalhos?
AC: A primeira coisa que eu acho que se conecta em todos os meus trabalhos é o desejo de estabelecer uma comunicação muito direta com as pessoas, em criar uma relação com quem tem contato com a obra. A minha poesia parte de situações muito corriqueiras: a visita ao mercado, a ida à farmácia, para tocar em pontos muito profundos de dor, melancolia, saudade; mas sempre a partir de imagens muito cotidianas, com as quais cada um pode se identificar.
Acho que o meu trabalho artístico tem isso, é fácil se identificar com o que eu trago. E, além disso, eu acho que em todas as linguagens existe o mesmo mergulho na dor, nos buracos que a gente carrega; e a partir deles, expressões artísticas completamente diferentes. São formas distintas de transformar tudo aquilo que dói na comédia, olhando de longe, controlando mais intelectualmente e conseguindo rir de tudo aqui, na literatura; se aproximando mais e deixando que a coisa toda mostre seu rumo.
E: Por fim, existe mais algum projeto em que vamos te acompanhar em breve?
AC: Sim! Em breve estreia no cinema o longa-metragem Cansei de Ser Nerd, de Gualter Pupo, no qual eu faço uma das vilãs. E em Agosto estreia no Sesc Copacabana o espetáculo Dicas para Sofrer em Paz, no qual assino a minha primeira direção e também a dramaturgia, junto com a Lulu Carvalho, idealizadora e atriz do espetáculo.
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A produção é o primeiro single de Moon Music, novo álbum da banda
A banda Coldplay lançou na última segunda (1°), o videoclipe de seu novo single feelslikeimfallinginlove. O clipe foi gravado em Atenas – diante do público convidado pelas redes sociais da banda – no deslumbrante Odeon de Herodes Atticus, que possui mais de 2 mil anos de história, e dirigido por Ben Mor, que anteriormente dirigiu o videoclipe Hymn For The Weekend, da banda com participação de Beyoncé.
Esse é o primeiro single do próximo álbum do Coldplay, Moon Music, que será lançado no dia 4 de outubro de 2024. O projeto pretende estabelecer novos padrões de sustentabilidade, com cada LP feito de garrafas plásticas 100% recicláveis.
O clipe é estrelado pela atriz e escritora Natasha Ofili, que também assina o roteiro e direção criativa. A atriz criou sua própria interpretação da música em Língua de Sinais Americana.
O vídeo também conta com membros surdos da seção de Língua de Sinais Venezuelana (LSV), do Coro de Manos Blancas (Coro das Mãos Brancas), do El Sistema Venezuela, um conjunto de artes performáticas de renome mundial de Barquisimeto, apoiado em colaboração com a Fundação Dudamel.
O lançamento do videoclipe de feelslikeimfallinginlove vem após a apresentação da banda no festival Glastonbury, no último sábado (29), que recebeu críticas de cinco estrelas de publicações como The Times, The Independent e The Telegraph que chamou a apresentação de “um dos grandes shows do Glastonbury“.
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Lançamento inédito para emo nenhum colocar defeito
Em uma colaboração histórica, NX Zero e The Used lançaram uma regravação ao vivo de On My Own, um dos maiores sucessos da banda norte-americana. A versão especial foi gravada durante o festival I Wanna Be Tour, em Belo Horizonte, em março de 2024.
Produzida por Gee Rocha, guitarrista e segunda voz do Nx Zero, On My Own já está disponível em todas as plataformas de música e no YouTube. O convite para essa colaboração partiu dos meninos da banda brasileira, que são fãs declarados do The Used e aproveitaram a oportunidade do encontro para estreitar laços e dividir o palco com seus ídolos.
O lançamento fica ainda mais especial porque, nessa semana, a banda americana celebra o aniversário de 22 anos do álbum The Used, do qual a música faz parte.
Gee Rocha comentou sobre a oportunidade de colaborar com a banda:“Tocar com o The Used foi um momento muito especial na história do NX, passou um filme na cabeça, lembrei muito do início, eu ouvia muito a banda e eles foram grandes influências. A gente já tinha se conhecido em 2017, mas dessa vez foi muito especial, porque ficamos muito amigos e acabamos convidando eles para tocarem no nosso show.”
O sucesso aborda temas como autodescoberta, que se mistura com os sentimentos de isolamento e a busca por conexão, questões que marcaram uma geração de adolescentes nos anos 2000.
O vocalista do The Used, Bert McCracken, também falou sobre essa regravação: “Fazer a tour com o NX Zero foi a melhor experiência que já tivemos na América do Sul. Conhecemos os caras e nos tornamos amigos imediatamente. Ficamos honrados por ter tido essa incrível oportunidade.”
Todos os lucros desse lançamento serão destinados às vítimas das enchentes no Rio Grande do Sul, com os recursos enviados através da Legião da Boa Vontade (LBV).
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Novo projeto do rapper baiano aborda questões como a paixão e o desejo
O EP Fetiche, novo projeto de Baco Exu do Blues, tem sete faixas e estreou ontem (26) nas plataformas de música. Um curta-metragem dirigido por Camila Cornelsen, rodado em São Miguel do Gostoso em Alagoas, traduz ainda mais o conceito desenvolvido.
Segundo o cantor, enquanto seu último álbum QVVJFA? fala sobre a dificuldade de entender, receber e dar afeto, Fetiche é sobre paixão e desejo.“Somos vistos como seres hipersexualizados, mas não somos vistos como seres bonitos. É como se fisicamente fôssemos maiores e melhores, mas só nesse lugar. Um simples desejo carnal que é imposto pra gente. Este álbum é uma defesa contra isso”, define.
Fetiche é mais um trabalho para se aprofundar na obra de Baco Exu. Na capa idealizada pelo próprio artista, uma mulher está de costas, na cama, com uma imagem de Baco tatuada.
“Eu enxergo as únicas qualidades que a história nos deu como uma forma de castração de humanidade, como limitador do ser. Eu não aceito e nem quero abraçar isso. Não quero ter medo de ser desejado ou achar que isso não é um direito meu. Eu enxergo minhas qualidades e quero poder sentir que estou no imaginário alheio por mais de um motivo. Ocupando mais do que um único lugar e criando o meu próprio espaço”, afirma o cantor e compositor baiano.
Baco sempre se depara com opiniões sobre seu corpo e de ser desejado apenas pelo bom físico.“Minha defesa é sobre os outros lugares que me permeiam. Existe a beleza, o aspecto social por ter conquistado muitas coisas, tem o quesito da inteligência e da bondade. De ser mesmo uma pessoa boa e poder ter autoestima sobre isso. Não quero que as pessoas que pareçam comigo se limitem a apenas uma qualidade. Esse EP é a defesa sobre muitas qualidades que temos”, diz o cantor.
Um ensaio fotográfico sensual, um fashion film cheio de estilo e uma esquete dirigida por Leandro Ramos complementam a comunicação misteriosa de Fetiche. Nomes como José Loreto, Raphael Logam e Dum Ice participaram do vídeo. Já o EP conta com participações de Liniker e o rapper baiano Young Piva.
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Tudo Por um Pop Star 2 é inspirado nos livros da escritora Thalita Rebouças – que também é responsável pelo roteiro do filme – e acompanha três amigas que moram em Resende, interior do Rio de Janeiro, e planejam uma viagem para comemorar seus 15 anos de amizade.
Parte da comemoração é assistir ao último show da turnê de Diggy (Lucas Burgatti), que estudou com elas na adolescência e hoje é o cantor jovem mais famoso do Brasil.
O longa é protagonizado por Gabriella Saraivah, Laura Castro e Bela Fernandes, além de contar com nomes como: Maitê Padilha, Bárbara Maia, Hugo Gloss, Giovanna Lancellotti, Thalita Rebouças e grande elenco.
O novo filme, dirigido por Marco Antônio de Carvalho, é uma sequência de Tudo Por um Pop Star, sucesso lançado em 2018, e acaba de ter sua data de estreia confirmada para 10 de outubro nos cinemas de todo o Brasil, além da divulgação do trailer oficial.
E, no sábado, 22 de junho, o elenco do filme estará reunido em uma live no Instagram para contar as novidades dos seus personagens e da produção. A conversa acontece no perfil da plataforma das três protagonistas, Gabriella Saraivah, Bela Fernandes e Laura Castro, a partir das 19h.
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Em seu monólogo, a atriz aborda problemáticas do uso das redes sociais
A atriz e roteiristaCarolina Romano apresenta o monólogo Exausta, em Cena, onde aborda a influência das redes sociais na vida de todos que a usam, além de debater sobre a falsa sensação de aceitação que a internet é capaz de proporcionar.
A produção – criada, escrita e protagonizada pela atriz que ainda participa como produtora executiva – surgiu durante a pandemia, quando Carolina publicou um vídeo nas redes sociais sobre estar exausta e o filme viralizou. Ela então produziu outros curtas-metragens com a personagem, os quais também foram bem recebidos pelo público, que se identificava com a narrativa.
Carolina celebra sete anos de carreira, com dezenas de peças de teatro no currículo, mas foi a peça Caso Cabaré Prive que a fez alçar voos maiores. A produção, que foi exibida virtualmente entre os anos de 2020 e 2021, apresentava uma peça imersiva através do zoom, onde os atores usavam suas próprias casas como cenário e interagiam com o público que os assistia ao vivo. A obra ainda conquistou diversos prêmios, como Melhor Peça Jovem e Melhor Peça Online pelo APCA 2021.
A atriz consegue explorar as possibilidades que a internet pode oferecer para sua arte, e foi através dela que Carolina também protagonizou a série independente MANU, que contou com duas temporadas lançadas no Youtube, e Só Queria que Você Soubesse, uma série feita exclusivamente para o Instagram e Tiktok.
Em entrevista ao Entretê, a atriz conta sobre sua temporada com a nova peça, como é trabalhar com artes e audiovisual na internet e seus próximos projetos. Confira:
Entretetizei: Seus sete anos de carreira estão sendo comemorados em grande estilo com a estreia do monólogo Exausta, em Cena, que aborda temas importantes a respeito das redes sociais. Como atriz, como você vê a importância de trabalhar e falar sobre o tema?
Carolina Romano: Eu acredito que é um tema muito relevante para a nova geração de artistas. Sempre existe uma relação com as redes sociais – seja ela positiva ou negativa. Precisamos delas, precisamos nos divulgar, ser vistos, existir, contar que estamos trabalhando, que estamos em um projeto novo ou algo do tipo. Ao mesmo tempo que existe essa projeção de número de seguidores, de viralizar, de engajar. Existe aquele lugar cruel para o qual a internet nos joga, de precisar produzir constantemente, ou mesmo que você poste algo super relevante isso não vai chegar em ninguém.
Acredito que seja importante aprender a usar de maneira saudável, mas precisamos falar sobre isso, não adianta simplesmente achar ruim e continuar ali, entende? Eu acho que as redes sociais podem ser grandes aliadas das artes, contanto que a gente construa uma relação mais saudável com elas.
E: Ainda sobre Exausta, em Cena, como foi o processo de desenvolvimento da produção, já que você além de protagonizar ainda é responsável pela criação e roteiro?
CR: Eu queria fazer isso acontecer de qualquer jeito! Eu não tinha grana, mas tinha uma ideia, muita vontade de realizar e grandes parceiros. A peça se desenvolveu dentro do Pequeno Ato – um teatro aqui de São Paulo em que eu trabalho faz quase três anos já. E o diretor e dono do espaço, Pedro Granato, acreditou nesse projeto desde o início, me dando o apoio para eu poder ensaiar lá. A diretora entrou na mesma onda, ela acreditou muito no projeto e estava numa época que a grana não era o mais importante, e aí juntas, embarcamos nesse processo.
Eu fiz literalmente tudo para que essa peça acontecesse, fui de pessoa em pessoa apresentar o projeto, escolhi a equipe de produção, a equipe técnica, fiz a divulgação, chamei conhecido por conhecido para ir assistir, insisti mesmo para o negócio acontecer.
Eu não sou produtora, sou atriz, mas percebi que todo o projeto estava dentro de mim, da minha cabeça, ninguém sabia mais sobre ele do que eu. Portanto, ninguém tomava nenhuma decisão sem que isso passasse por mim, então assumi essa função pra mim e o que eu não sabia, eu aprendi! E aí, fui na fúria divulgar a temporada para poder dividir a bilheteria com todos os envolvidos. Eu trabalhei muito mesmo para que essa peça fosse realizada.
E: Sua história com as artes se iniciou ainda na infância, seu sonho sempre foi ser atriz?
CR: Sempre! Desde que eu tinha quatro ou seis anos de idade e minha mãe me levou para assistir uma peça do Castelo Rá-Tim-Bum. Eu nunca mais quis fazer outra coisa da minha vida que não fosse isso.
E: As redes sociais foram os veículos em que alguns de seus trabalhos ganharam vida, como MANU e Só Queria que Você Soubesse. Como é enquanto profissional levar sua arte através da internet e viralizar com ela?
CR: Eu amo a internet! Acho democrática, dinâmica. Chega em gente que eu nunca atingiria a não ser que eu fosse uma grande estrela e isso me encanta. Até porque é o lugar que você percebe que tem gente te acompanhando desde o comecinho, isso é muito legal!
E: Como foi participar do musical Caso Cabaré Prive que era apresentado de forma online? Existe algum plano de levar o espetáculo para o presencial?
CR: Foi muito divertido! É um dos espetáculos pelos quais eu mais tenho carinho na minha jornada. Como muitos, começamos no presencial, mas depois, não apenas adaptamos para o online, como montamos o roteiro em cima da plataforma do zoom. Ou seja, virou um espetáculo fruto do seu tempo, virou algo diferente, gosto até de chamar de vanguardista (risos).
Não é à toa que perdurou bastante durante a pandemia e que ainda ganhamos prêmios com ele e participamos de festivais ao lado de estrelas gigantes do nosso teatro. Não existe nada no horizonte para transformá-lo num espetáculo presencial, mas admito que eu ficaria muito feliz se a gente fizesse isso.
E: Quais objetivos você sonha em conquistar profissionalmente?
CR: O audiovisual. Acho que, com certeza, é meu sonho mais latente como atriz. Estar na tv, nos streamings, no cinema. Eu sempre quis pelo formato, mas hoje vai para além disso, o Brasil vem contando histórias maravilhosas das quais eu gostaria muito de fazer parte. E acredito que novas personagens, menos tradicionais, estão surgindo nessas histórias e que meu perfil rima muito com isso.
Quero também me manter no teatro, criar novas coisas, estar sempre em cena, trabalhar com gente nova, fazer coisas autorais e coisas não-autorais. Meu barato é estar no palco!
E: Por fim, quais seus projetos após finalizar as sessões de Exausta, em Cena?
CR: Para o segundo semestre, vou ensaiar um novo espetáculo chamado Peça Plástica. É uma personagem bem diferente do que tenho feito, e isso me anima bastante. Estou animada para esse projeto ganhar vida. Em termos autorais, comecei esse mês a escrever mais um espetáculo, não há nada muito concreto, mas posso dizer que envolve uma relação de mãe e filha e que já tenho a atriz que fará minha mãe.
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A produtora que vem revolucionando o cinema independente
Ao passar dos anos, diversos filmes produzidos pela A24 se tornaram sucesso de público e crítica, além de conquistarem os principais prêmios em eventos, como Oscar, Emmy e Globo de Ouro. A mesma é uma empresa americana de entretenimento que se destacou por sua abordagem inovadora na produção e distribuição de filmes.
Fundada em 2012, a produtora rapidamente se tornou sinônimo de cinema independente de alta qualidade, com filmes e séries aclamados em todo o mundo.
Fundação e primeiros anos
A A24 foi fundada por Daniel Katz, David Fenkel e John Hodges. Antes de decidirem começar essa parceria, Katz havia trabalhado na divisão de filmes independentes do banco de investimento Guggenheim Partners, Fenkel era co-fundador da distribuidora independente Oscilloscope e Hodges era chefe de produção e desenvolvimento na Big Beach Films.
Juntos, eles decidiram criar uma empresa com foco em filmes ousados e de qualidade que poderiam não ter a mesma oportunidade de distribuição nos grandes estúdios. O nome foi inspirado pela rodovia italiana A24, que um dos fundadores, Daniel Katz, estava passando de carro quando teve a ideia de criar a empresa.
O primeiro filme distribuído pela produtora foi A Glimpse Inside the Mind of Charles Swan III, de Roman Coppola, lançado menos de um ano após sua criação, em fevereiro de 2013. O longa acabou não atingindo grandes números, mas a A24 não demorou para começar a encontrar seu público com seus próximos lançamentos. Filmes como Spring Breakers (2013), dirigido por Harmony Korine, e The Bling Ring (2013), de Sofia Coppola, conquistaram a mídia e levaram o nome da produtora ao público.
Porém o início da ascensão começou com o lançamento do longa Ex Machina (2015), dirigido por Alex Garland. O filme foi um sucesso de crítica e público, ganhando o Oscar de Melhores Efeitos Visuais. Esse foi o primeiro dos muitos prêmios que a produtora viria a ganhar no futuro. No mesmo ano, o filme O Quarto de Jack (2015) foi lançado e se tornou um sucesso, além de receber diversas indicações ao Oscar 2016, como Melhor Filme, Melhor Roteiro e Melhor Direção, e render a Brie Larson o Oscar de Melhor Atriz.
Outros sucessos
A A24 é conhecida por apoiar filmes com uma visão artística não convencional, com roteiros que muitas vezes são rejeitados pelas grandes produtoras de Hollywood. Isso os levou a produzir filmes diferentes no mercado do audiovisual, trazendo histórias novas e muitas vezes ousadas. Além disso, o sucesso se deve a outros fatores, como a adaptação feita pela produtora para o cenário digital. Muitas de suas obras são distribuídas para diversas plataformas de streaming, com produções feitas exclusivamente com esse foco.
Após os primeiros sucessos no cinema, vieram também os sucesso na televisão, como a série Ramy (2019), vencedora do Globo de Ouro na categoria Melhor Ator em série de comédia ou musical para Ramy Youssef. Também em 2019, um dos maiores sucessos da produtora foi lançado, em parceria com a HBO. Euphoria se consagrou na TV com enorme aclamação de público e crítica, além de vencer diversos prêmios, como Emmy e Globo de Ouro.
Impacto na indústria
Nos últimos anos, o impacto da produtora é indiscutível. Acumulando prêmios, ótimos números e críticas positivas a cada lançamento, a A24 se torna uma produtora independente de enorme relevância no cenário atual de Hollywood.
Filmes estrelados por atores e atrizes consolidadas são cada vez mais frequentes, assim como indicações anuais às maiores premiações. O sucesso se dá também pelo gosto popular, já que muitas de suas produções recebem diversas críticas positivas não somente do setor especializado como do espectador. Ver um ou mais títulos da produtora em listas de melhores filmes dos últimos anos se torna cada vez mais comum.
A produtora investe em uma narrativa única, fugindo do mercado saturado de blockbusters que, muitas vezes, pensa somente no lucro. Com histórias diversas e para todos os públicos, entregam enredos desde o drama até o terror, além de não costumarem apostar em sequências ou roteiros repetidos.
Filmes para conhecer
Muitas produções da A24 recebem uma divulgação em massa, Títulos como Tudo em Todo Lugar ao Mesmo Tempo (2022), Fale Comigo (2023), Lady Bird (2017), Hereditário (2018) e o mais recente Guerra Civil (2024) se tornam quase impossíveis de não conhecer ou ter assistido. Porém, o que não falta para a empresa são títulos que entregam narrativas ótimas e bem feitas. Confira alguns filmes que merecem entrar para sua lista:
Close (2022)
O filme dirigido por Lukas Dhont gira em torno da amizade entre dois garotos de 13 anos, Léo e Rémi. Eles são inseparáveis e compartilham um vínculo muito próximo. No entanto, quando passam a estudar em uma nova escola, a proximidade entre os dois chama a atenção das outras crianças, que começam a questionar e insinuar coisas sobre o tipo de relação que os dois teriam.
Onde assistir: Netflix e Mubi
Sombras da Vida (2017)
O drama e fantasia, escrito e dirigido por David Lowery narra a história de um homem recentemente falecido (Casey Affleck) que retorna como um fantasma para a casa onde ele e sua esposa (Rooney Mara) viviam. O personagem passa todo o filme desde sua morte coberto por um lençol branco.
O fantasma observa enquanto o tempo avança e a vida segue em frente sem ele, testemunhando o luto de sua esposa, a passagem de novos moradores e as transformações da casa ao longo dos anos.
Onde assistir: Apple TV e aluguel na Prime Video
Amy (2015)
Documentário britânico que narra a vida e a carreira da cantora e compositora Amy Winehouse, utilizando imagens nunca antes vistas da artista. O filme mostra uma nova perspectiva sobre a trajetória de Amy, desde seus primeiros dias de sucesso até sua trágica morte em 2011.
A produção também explora a ascensão da cantora com seu álbum de sucesso Back to Black (2006), além de abordar sua luta contra o vício em drogas e álcool. A narrativa foca não apenas no talento e estilo únicos da cantora, mas também nos aspectos e dificuldades de sua vida pessoal.
Onde assistir: Apple TV
Joias Brutas (2019)
O filme, estrelado por Adam Sandler em um papel aclamado pela crítica, retrata Howard, um joalheiro simpático, mas viciado em apostas, que trabalha principalmente com diamantes de Nova York. A trama segue Howard enquanto ele se envolve em diversas situações perigosas, muitas delas por consequência de seu vício.
O joalheiro acredita que encontrou a solução para todos os seus problemas financeiros, no entanto, nada sai como planejado quando seus negócios não funcionam e ele se vê afundado em dívidas.
Onde assistir: Netflix
A Despedida (2019)
Com direção de Lulu Wang, esse filme que mistura drama e comédia é centrado em Billi (Awkwafina), uma jovem sino-americana que descobre que sua avó foi diagnosticada com câncer terminal e tem poucos meses de vida.
No entanto, em vez de contar a verdade à idosa, a família decide manter o diagnóstico em segredo, organizando um casamento improvisado como desculpa para reunir todos em uma despedida sem que ela saiba o real motivo. Billi lida com a decisão de esconder a verdade, sentindo-se dividida entre a honestidade e a proteção emocional da família.
Onde assistir: Prime Video
Projeto Flórida (2017)
A história se passa em um motel de Orlando, Flórida, próximo ao Walt Disney World, em que acompanhamos a vida de Moonee (Brooklynn Prince), uma menina de seis anos cheia de energia, que vive com sua mãe.
O gerente do motel, interpretado por Willem Dafoe, é um homem rígido, mas de bom coração, que demonstra uma preocupação pelo bem-estar de Moonee e das outras crianças que vivem ali e passam dificuldades com suas famílias.
Onde assistir: MAX e Prime Video
O Farol (2019)
Filme de terror psicológico, dirigido por Robert Eggers, narra a história de dois homens, Thomas (Willem Dafoe) e Ephraim (Robert Pattinson), que são escolhidos para trabalhar em um farol numa ilha isolada da Inglaterra.
À medida que os dias passam, a convivência entre os dois homens fica cada vez mais complicada e intensa. Isolados do resto do mundo, eles começam a enfrentar não só os desafios das condições climáticas, mas também as consequências psicológicas do isolamento.
Onde assistir: para aluguel na Prime Video
Aftersun (2022)
O filme acompanha a história de Sophie (Frankie Corio) enquanto relembra sua infância, revisitando as memórias de uma viagem à Turquia que fez com seu pai, Calum (Paul Mescal), quando ela tinha 11 anos.
Durante essas férias, pai e filha passam um tempo juntos tentando fortalecer uma conexão que foi perdida após o divórcio e afastamento de Calum, que lida com seus problemas psicológicos e a pressão de proporcionar uma boa viagem para Sophie, apesar das dificuldades financeiras e emocionais que está passando em silêncio.
Onde assistir: Netflix
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O ator, que interpreta Cláudio na novela Tudo em Família, comemora os 20 anos de carreira com diversas produções prestigiadas
Natural de Garanhuns, no Pernambuco, Robson Torinni faz sucesso por onde passa. Nos palcos do teatro, ele realiza produções como o sucesso argentino A Sala Laranja, que lotou sessões no Rio de Janeiro.
Também podemos acompanhá-lo em rede nacional, na novela Família é Tudo da Rede Globo. O ator interpreta o vilão Cláudio, um skatista que é chamado para acompanhar Max (Caio Vegatti, um jovem skatista em treinos para competições. Cláudio então, acaba retornando a um antigo conflito com o publicitário e ex-skatista Tom (Renato Góes).
Comemorando os vinte anos de carreira, Robson se dedica ao audiovisual desde a adolescência. Ele se formou em teatro e, além de atuar, também é responsável por produzir peças de sucesso, como Tebas Land, espetáculo teatral que produziu e estrelou pela primeira vez em 2018 e que voltou aos teatros neste ano de 2024.
Essa produção, que aborda a relação entre um presidiário e um jornalista, se tornou um sucesso e rendeu a Robson o Prêmio Botequim Cultural de Melhor Ator, além de ter sido indicado como melhor ator no Prêmio CESGRANRIO e no Prêmio Cennyn. Após as diversas sessões esgotadas da peça, em julho deste ano Tebas Land participará do Festival de Teatro de Avignon, na França.
O ator também pode ser visto como protagonista da série Entre Longes, uma produção da TV Brasil, além de marcar presença da previsão de estreia no longa Ruas da Glória, que estreia ainda este ano.
Os projetos dos quais Robson Torinni escolhe participar costumam abordar temas pesados e de maior impacto, como a premiada Tráfico, peça que ficou em cartaz por um ano no Rio de Janeiro e que retrata a vida de um garoto de programa.
Em conversa com o Entretê, o ator falou sobre as diversas produções deque participou ao longo da carreira e contou quais são os planos para os próximos anos. Confira a entrevista na íntegra.
Entretetizei: Em 20 anos de carreira, olhando para trás, qual o momento que o deixou mais feliz em seus trabalhos? Como foi a trajetória até os dias de hoje?
Robson Torinni: Todos os meus trabalhos me deixaram feliz. Ao refletir sobre a minha trajetória, sinto um profundo orgulho. A cada dia, percebo que estou trilhando o caminho que sempre desejei, dedicando-me ao que amo. Tenho certeza de que cada escolha que fiz moldou a pessoa e o ator que sou hoje.
E: Já havia tido a chance de interpretar um vilão? Como está sendo dar vida ao vilão Cláudio, em Família é Tudo?
R: Nunca. No início foi bem desafiador porque o personagem, além de ser vilão, anda de skate, e eu nunca tinha andado. Bateu aquele frio na barriga. Mas logo que comecei a fazer aulas com o professor Fernando, acabei me surpreendendo, foi mais fácil do que imaginava. E hoje consigo até fazer algumas manobras. Estou curtindo muito fazer o Cláudio e sou muito grato ao Daniel Ortiz, o autor, pela oportunidade.
E: Natural de Pernambuco, no Nordeste do país, região que recebe pouco incentivo cultural — como surgiu o interesse de entrar para o mundo das artes?
R: Desde criança sempre falei que seria ator e que viajaria o mundo. Quando comecei a me entender por gente, logo entrei no grupo de teatro do colégio em que estudei, em Garanhuns. Acho que já nasci com as artes dentro de mim. E aqui estou: ator, e já viajei para mais de 40 países.
E: A peça Tebas Land, que você produz e atua, foi um sucesso. Agora você viaja para uma temporada na França; como se sente vendo seu trabalho se tornar internacional?
R: O Tebas Land é um filho que só me traz alegrias. Foi o espetáculo onde as pessoas começaram a me olhar com outros olhos. E retomar o espetáculo depois de 4 anos, com casa lotada, foi um presente.Ainda mais no Teatro Poeira, um dos teatros mais charmosos e de prestígio do Rio de Janeiro.
Está sendo muito especial levá-lo para a França, e de uma responsabilidade muito grande, já que seremos os únicos brasileiros no Festival de Avignon, um dos Festivais mais importantes do mundo. Estou com o coração batendo a mil. Mas tenho certeza de que faremos uma temporada linda, assim como foi no Brasil.
E: Outro sucesso no qual você não só atuou, mas produziu, é a peça Tráfico, que recebeu diversos prêmios e indicações. Como foi o processo nos bastidores de uma produção que aborda esse tema ?
R: Comecei meu processo de criação assistindo a filmes, lendo livros, indo a museus, entrevistando psicólogos, psiquiatras, sociólogos, agentes penitenciários, garotos de programa, usuários de droga, e tive contato com vários jovens periféricos que estão presos. Confesso que foi bem desafiador.
Não foi fácil me deparar com uma realidade de muitos que estão à minha volta, mas que não é a minha. Por muitas vezes tive que parar o meu processo de pesquisa, não conseguia digerir tantas realidades duras que eu até imaginava que existiam, mas nunca tinha me deparado com elas. Além disso, sempre ouvia dizer que fazer monólogo era um processo muito solitário, mesmo tendo um diretor e toda uma equipe te guiando. E, na minha trajetória na peça, eu pude constatar tudo isso.
É um abismo que te causa medo e que por várias vezes te faz querer desistir. Eu quis. Ainda bem que tive como diretor o Victor Garcia Peralta, a quem sou muito grato, que não me deixou baixar a bola por nenhum minuto. E como resultado, tivemos um espetáculo que nos trouxe muitas alegrias. E que continuará por muito tempo rodando pelo Brasil.
E: Também sobre o pouco incentivo cultural no Nordeste, você acha que esse é o fator que mais prejudica os artistas nordestinos, ou a falta de visibilidade para esses profissionais tem maior impacto? Como foi lidar com tudo isso?
R: Quando me mudei para São Paulo, enfrentei muitos preconceitos por ser nordestino, especialmente na indústria da publicidade, que exigia um sotaque “neutro”. Felizmente, hoje essa realidade tem mudado progressivamente, e o ator nordestino está sendo reconhecido de uma forma muito mais positiva. Podemos dizer que estamos vivendo um dos melhores momentos nesse sentido.
E: Um de seus próximos projetos é o filme Ruas da Glória. Pode nos contar mais sobre seu personagem na produção?
R: Estou muito feliz por ter participado desse filme e ter tido a oportunidade de trabalhar com o Felipe Sholl, o diretor do longa. Não posso contar muita coisa, mas o meu personagem é um homofóbico, e tenho certeza que muitos se identificarão com ele.
E: Para finalizarmos, quais são seus próximos projetos e metas profissionais?
R: No longo prazo, continuar fazendo os meus projetos no teatro, começar a produzir cinema e ganhar o Oscar. Para 2024, além de saúde, desejo rodar com os meus espetáculos pelo Brasil e pelo mundo.
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Existem filmes nacionais incríveis e apoiar o cinema brasileiro é o primeiro passo para que mais obras assim sejam produzidas
Hoje (19), é comemorado o Dia do Cinema Brasileiro. A data foi escolhida em homenagem ao que se estima ter sido o primeiro dia de filmagens de uma produção cinematográfica no Brasil, em 1898.
As imagens, que ficaram conhecidas como Os Beijos e capturaram a Baía de Guanabara no Rio de Janeiro, foram gravadas a bordo de um navio pelo italiano Afonso Segreto,que trouxe seus equipamentos para o Brasil. No entanto, alguns historiadores contestam o fato de que Afonso tenha sido o primeiro a fazer imagens cinematográficas no país, já que segundo eles filmetes podem ter sido gravados em Petrópolis em 1897.
A chegada ao Brasil
As primeiras máquinas a produzirem imagens em movimento – chamadas de cinematógrafo – que foram usadas no cinema surgiram apenas na segunda metade do século XIX, sendo Thomas Edison e os irmãos Lumière responsáveis pelas máquinas mais famosas daquele momento.
Paschoal Segreto, irmão do já citado Afonso Segreto, foi um grande empresário de entretenimento, que rapidamente se interessou pela sétima arte e foi responsável por criar a primeira produtora de filmes – e a primeira revista especializada no assunto – no Brasil.
Ainda no início do século XX, os irmãos Segreto produziram diversos filmes e se tornaram pioneiros do ramo cinematográfico no Brasil. Algo que foi acompanhado nos anos seguintes por nomes como Humberto Mauro, que se destacou nos anos 1930 por lançar filmes como Ganga Bruta (1933) e Alô, Alô Carnaval (1936), que se tornaram um sucesso e levaram o gênero chanchada – musicais que misturavam comédia com elementos de ficção científica e perseguições policiais – a nível popular.
Nas décadas seguintes, os primeiros estúdios profissionais foram criados no país. Já entre 1960 e 1970, o cinema brasileiro passou por uma grande evolução criativa com o chamado Cinema Novo, que apontou nomes de cineastas que entraram para a história como: Joaquim Pedro de Andrade, Ruy Guerra, Nelson Pereira dos Santos e Glauber Rocha.
Sucessos
Desde então a indústria cinematográfica brasileira passa por constante evolução, entregando contribuições significativas para o cenário mundial, alguns exemplos de sucesso nacional e internacional são:
Cidade de Deus, lançado em 2002 e dirigido por Fernando Meirelles, recebeu quatro indicações ao Oscar: Melhor Direção, Melhor Roteiro Adaptado, Melhor Fotografia e Melhor Montagem.
Central do Brasil, de 1998, recebeu indicações ao Oscar de Melhor Filme Estrangeiro e Melhor Atriz para Fernanda Montenegro.
Tropa de Elite, lançado em 2007, se tornou um sucesso de bilheteria faturando mais de 20 milhões de reais – o que foi incrível para um filme nacional naquela época – além de conquistar no ano seguinte o prêmio Urso de Ouro no Festival de Berlim.
A franquia Minha Mãe é uma Peça é uma das produções nacionais de maior sucesso de todos os tempos, arrecadando ao todo mais de 500 milhões de reais em todo Brasil.
Falta de incentivo
A falta de incentivo no Brasil abrange a cultura como um todo, o cinema em específico sofre com a desvalorização e pouca divulgação quando comparado a uma estreia internacional. Exemplo disso ocorre nas salas de cinema, já que um lançamento de Hollywood ocupa mais do que o dobro de horários quando comparado a uma produção nacional, que em média é exibido em dois horários por dia.
Ano após ano a participação de filmes nacionais na indústria e na bilheteria vem diminuindo. Em 2019, a participação de mercado foi de 13.3%, durante e após a pandemia os números caíram para 4,2% em 2022 e 1,4% em 2023, de acordo com a Agência Nacional do Cinema (Ancine).
No entanto, mesmo antes da Covid-19 fechar as salas de cinema, o audiovisual brasileiro já passava por ações de desincentivo, como a extinção do Ministério da Cultura e a não renovação em 2021 da Cota de Tela – lei que determina que as empresas devem exibir obrigatoriamente filmes nacionais em todo Brasil –, mas a iniciativa voltou a ativa em 2024.
Ainda existe a Lei Federal de Incentivo à Cultura, mais conhecida como Lei Rouanet, que funciona com empresas que destinam parte de seus impostos de renda para a cultura. Assim, todos aqueles que desejam contribuir para o setor cultural nacional podem se beneficiar.
O cinema e audiovisual no Brasil não recebem a divulgação que merecem, por isso não alcançam grande parte da população que muitas vezes nem ao menos sabe que aquela obra foi lançada, ou o filme sequer chega às salas de cinema. Então, muitas vezes a produção não atinge nível nacional, se concentrando no eixo Rio – São Paulo.
Obras indispensáveis
O cinema brasileiro é rico e diverso, existem obras que formam opiniões, fazem o espectador pensar, criticar e discutir não só a sociedade mas o papel que cada um exerce dentro dela. Além de abordar gêneros diversos, entregam narrativas bem feitas e histórias que emocionam. Confira algumas produções s que mostram o melhor dos filmes nacionais:
Bacurau (2019)
Dirigido por Kleber Mendonça Filho e Juliano Dornelles, o filme se passa na cidade fictícia de Bacurau, no interior do sertão nordestino. A trama mostra a resistência e luta dos moradores da cidade.
O longa se tornou uma das maiores revelações do cinema nacional dos últimos anos, sendo aclamado pelo público e pela crítica, chegando a entrar para a lista de filmes preferidos de 2020 do ex-presidente Barack Obama.
Macunaíma (1969)
Baseado no livro de mesmo nome de Mário de Andrade, o filme mistura crítica social com fantasia e comédia. Na história conhecemos Macunaíma, que nasceu um homem negro mas de repente se transforma em um homem branco.
A obra se tornou um marco no Brasil. Na época de lançamento, recebeu prêmios no Festival de Brasília e no Festival Internacional de Mar Del Plata, na Argentina, além de entrar para a lista de 100 melhores filmes da Abraccine.
Estômago (2007)
No longa conhecemos a história de Nonato, um homem nordestino que se muda em busca de oportunidades melhores de vida. Ele então começa a trabalhar em uma lanchonete e descobre que tem ótimos dons para a culinária. Nonato se apaixona pela garota de programa Iria e a partir de então sua vida toma novos rumos.
Um dos filmes de maior sucesso do diretor Marcos Jorge, foi elogiado por juntar humor e suspense em uma crítica social. Além disso, uma continuação da história estreia ainda em 2024.
Carandiru (2003)
Baseado no livro Estação Carandiru (1999), do médico Drauzio Varella, o filme dirigido por Hector Babenco mostra a difícil realidade enfrentada por aqueles que vivem atrás das grades na Casa de Detenção São Paulo, mais conhecida como Carandiru. Considerada a maior penitenciária da América Latina, foi o lugar onde um massacre que assassinou 111 presos em 1992 aconteceu.
A narrativa acontece a partir das memórias do Dr. Drauzio, que trabalhou no local como médico voluntário durante muitos anos. O diretor do longa ganhou o Prêmio do Público e o Prêmio Especial do Júri no Festival Internacional de Cinema de Havana.
Deus e o Diabo na Terra do Sol (1964)
Na obra do cineasta Glauber Rocha acompanhamos Manoel e Rosa, um casal que leva uma vida cheia de dificuldades no interior do sertão. Após passar por uma injustiça, Manoel toma atitudes que o obrigam a fugir com Rosa. Os dois passam então a morar com um grupo religioso que luta contra injustiças.
O filme gravado no interior da Bahia é considerado um clássico nacional, tendo representado o país no Festival de Cannes e no Oscar na época de seu lançamento.
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