Capa de Névoa Prateada | Crítica Entretetizei
Foto: divulgação/Bitelli Films

Crítica | Névoa Prateada

Longa da diretora Sacha Polak tem personagens envolventes, mas amarrações confusas

Névoa Prateada (silver haze) é o nome dado a uma espécie de cannabis utilizada para uso medicinal e recreativo. Usada para trazer bem-estar e relaxamento, ela também aumenta a euforia do usuário. Em Névoa Prateada (2023), a diretora holandesa Sacha Polak (Dirty God, 2019) traz as sensações da silver haze para contrastar com as realidades cruas dos subúrbios londrinos.

Sobre o que fala Névoa Prateada?

O filme apresenta a história de Franky (Vicky Night), uma jovem de 23 anos que trabalha como enfermeira e vive com a família no leste de Londres. Há 15 anos, Franky sofreu um acidente traumático que queimou parte de seu corpo e, por isso, ela é obcecada em encontrar os culpados. Além disso, a jovem sofreu com o abandono parental na infância, e se vê incapaz de criar relacionamentos com alguma profundidade.

Filme já está em cartaz nos cinemas de Brasília e São Paulo
Foto: divulgação/Bitelli Films

Em um dia de trabalho, Franky conhece Florence (Esmé Creed-Miles), que está internada no hospital depois de uma tentativa de suicídio falha. A partir disso, as duas rapidamente se apaixonam e são expulsas da casa de Franky por homofobia. Dessa forma, elas passam a viver com a família adotiva de Florence, na esperança de conseguirem algum acolhimento.

Elenco impecável

As atuações de Névoa Prateada são a preciosidade do longa. Vicky Night interpreta a protagonista Franky com tanta profundidade que, recentemente, recebeu o Prêmio do Júri do Teddy Award do Festival de Berlim. Porém, os coadjuvantes também são bem desenvolvidos e com histórias envolventes, como é o caso da irmã de Franky, Leah, e de Alice, a avó de Florence. Na verdade, o filme se desenrola a partir das histórias das personagens, que não se acomodam na superficialidade.

Esmé Creed-Miles como Florence
Foto: divulgação/Bitelli Films

A figura de Florence é, talvez, uma das mais complexas do enredo. A jovem lida com muitos problemas psicológicos, e o peso disso recai em Franky e aos outros de seu círculo social. Porém, Névoa Prateada não se propõe em expor abertamente o passado de Florence, e esse fato pode ter custado um pouco na criação de empatia com a personagem.

Por conta disso, é praticamente impossível não se irritar com as atitudes de Florence ao longo do filme. Inclusive, ela consegue se tornar quase que insuportável em momentos específicos da trama, o que prejudica o envolvimento com o longa.

Temas da atualidade

O filme abraça muitas questões contemporâneas para desenvolver o roteiro. Assuntos como o abandono parental, homofobia, relações familiares e abusos no relacionamento são temáticas que a diretora utiliza para contar a história. 

Além disso, é possível visualizar o amadurecimento de Franky ao longo da trama, visto que a protagonista precisa lidar não apenas com os problemas internos, como a autoestima e a obsessão por vingança, mas também passa a abraçar as complicações dos outros ao seu redor.

Vicky Night é Franky em Névoa Prateada
Foto: divulgação/Bitelli Films

Embora as atuações e temáticas de Névoa Prateada sejam ótimas, o filme deixa a desejar nas amarrações das personagens. Isso se deve porque Polak propõe histórias belíssimas para as figuras, mas não as finaliza, deixando ao espectador mais dúvidas do que o normal. É como se a diretora construísse um roteiro que não chegasse a lugar algum, ou talvez não queira chegar. No fim, é tudo sobre propostas e interpretações.

Vale a pena assistir a Névoa Prateada?

O filme, vencedor do Dinard British Film Festival, conta com ótimas atuações, histórias profundas e ângulos de câmera alternativos. Além disso, ele debate temas bem atuais e diversos, o que gera mais aproximação com o público. Por fim, a mensagem nos últimos momentos do longa, apesar de dura, é bonita ao proporcionar um crescimento da protagonista.

Névoa Prateada é o novo filme de Sacha Polak
Foto: divulgação/Bitelli Films

Para quem gosta de filmes europeus, com temáticas LGBTQIA+ e que se desprende da fórmula de começo, meio e fim do cinema hollywoodiano, o longa de Polak se encaixa perfeitamente.

Névoa Prateada está em cartaz nos cinemas de São Paulo e Brasília.

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Texto revisado por Kalylle Isse

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