Sequência com Naomi Scott não traz novidades, mas é frenético do início ao fim
O sucesso de bilheteria de filmes de terror pode não ser sinônimo de uma produção de qualidade, mas sem dúvidas faz brilhar os olhos e os bolsos dos produtores para uma possível sequência. E foi o que aconteceu com Sorria, o longa de 2022 que chegou às telonas dividindo opiniões do público e da crítica.
Apesar de alguns defeitos, o primeiro filme agradou grande parte dos espectadores, e agora ganha uma sequência que ousa explorar o gore, um subgênero caracterizado por cenas violentas, com muito sangue, vísceras e restos mortais, com mais intensidade, se tornando mais psicológico. Porém, Sorria 2 se sente tímido em criar algo totalmente novo e independente.
Sinopse de Sorria 2
A sequência acompanha a cantora pop mundialmente famosa Skye Riley (Naomi Scott), recém saída da reabilitação e ainda se recuperando de um acidente sofrido há um ano. Prestes a começar uma turnê, Skye passa a experienciar acontecimentos bizarros e sem explicação.
Se sentindo cada vez mais pressionada pela escalada de horrores e pela fama, a artista precisa lidar com pesadelos do seu passado para tentar recuperar o controle da própria vida, antes que ela perca completamente a noção de realidade.
Atmosfera de suspense em Sorria 2
Com uma abertura frenética, a sequência mostrou que veio com um propósito. Iniciando pouco tempo após o encerramento do primeiro longa, a sequência constrói uma trama que alcança a protagonista, uma artista super famosa e, portanto, inacessível, de forma inteligente. Os efeitos sonoros também criam uma atmosfera de tensão magistral, que torna qualquer elemento na cena digno de desconfiança.
Além disso, todo o suspense também é sustentado pelo ótimo controle de câmera, com ângulos desconcertantes, que viram do avesso e deixam um espaço à espreita, como a pulga atrás de uma orelha. Dessa vez, Sorria 2 propõe um mergulho na insanidade da protagonista, e tudo o que compõe a cena parece acompanhar esse pensamento.
Naomi Scott afundada na loucura
A atriz e cantora britânica tem seu talento duplo explorado nessa sequência, e também ajuda a compor a trilha sonora do filme — que, por sinal, está com músicas autorais impecáveis e já disponíveis nas plataformas de streaming. Em Sorria 2, a protagonista vivida por Scott tem a percepção de realidade colocada à prova quando eventos insanos começam a acontecer, e ela precisa encontrar um ponto de equilíbrio para diferenciar o real do ilusório.
Por isso, a sequência explora o terror psicológico ao máximo, e a narrativa se torna um elemento subjetivo que caminha com a protagonista de acordo com suas confusões mentais, paranoias e dissociações da realidade. Portanto, em alguns momentos a trama se torna confusa, e parece se perder na imensidão de informações e linhas de raciocínio criadas pela cabeça perturbada de Skye Riley.
E, Naomi Scott entrega o que foi destinado à ela e à sua personagem. O filme trata mais profundamente a ideia do que é o mal ao redor, mas com a permanente dúvida de um possível estado de loucura de Skye, em especial por conta da pressão psicológica vivida por uma pessoa famosa, como perseguição de stalkers e agendas lotadas. Por conta disso, é possível até mesmo se distanciar da psique da protagonista por alguns instantes e perceber que ela está totalmente fora de si, mas por um motivo plausível.
Equilíbrio entre psicológico e gore
Se no primeiro filme o público já é recepcionado com cenas de muito sangue, rostos cortados e mutilação, a sequência não deixa barato e testa os limites do cinema de terror mainstream mais uma vez. O gore está ainda mais intenso, com cenas gráficas e muito bem feitas. Além disso, o filme brinca com cenas explícitas e o uso do som, que desperta agonia mesmo quando mandíbulas quebradas não estão expostas na tela.
Inclusive, essa mescla do terror sobrenatural, psicológico e gore é uma característica do primeiro filme muito bem reaproveitada em Sorria 2. Parker Finn, diretor dos dois longas, entende o que fez sucesso e traz esses elementos em um enredo diferenciado com um quê de crítica social aos stalkers e à pressão que uma figura pública, à la Taylor Swift e Billie Eilish, sofrem da mídia e dos fãs.
Finn conseguiu desenvolver um bom enredo, mas faltou criatividade em alguns pontos da trama, em especial aquelas que repetem os mesmos erros do primeiro longa, e se tornaram motivo para alguns espectadores reprovarem o filme. Portanto, a sequência não é para todo mundo, tanto na questão das cenas gráficas, quanto pela recepção da primeira obra.
Vale a pena assistir a Sorria 2?
Prometendo ser um dos destaques do terror de 2024, Sorria 2 traz consigo muitas cenas agonizantes, jumpscares bem montados, um enredo atual e uma protagonista com presença de tela. Repaginando todo o elenco, o filme apostou em atores pouco conhecidos e se manteve em um certo conforto ao repetir elementos já presentes no universo de Sorria.
Apesar disso, Sorria 2 é ainda maior que o primeiro. E isso não apenas pelo cenário de caos instaurado no filme, mas também pela intensidade das cenas e pela profundidade psicológica que a trama escolhe seguir. Tudo é mais alucinante e visceral. Uma sequência exemplar que consegue o raro feito de ser ainda melhor que o original.
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Texto revisado por Angela Maziero Santana