Entrevista | Luiza Porto conta como foi dublar personagem da Disney e outros projetos

A atriz é a voz da personagem Faísca, protagonista da nova animação da Disney Pixar

Luiza Porto é o tipo de artista que não teme um novo desafio. Atriz de formação, ela ainda brilha nos palcos em musicais, oferece a voz para personagens como dubladora e também possui projetos como produtora e diretora.

Em seu mais recente trabalho na dublagem, Porto emprestou a voz para Faísca, personagem principal do filme Elementos, que acaba de entrar no catálogo do Disney+. Somando 15 anos de carreira, ela já participou de produções como Bridgerton, Elite, Anne com E, 13 Reasons Why, Avatar: O Caminho da Água, Glass Onion: Um Mistério Knives Out, Raya e o Último Dragão, Elena de Avalor, Monster High, Princesinha Sofia, Bia e Sou Luna.

Além disso, quando as cortinas abrem, a atriz, cantora, dubladora, produtora e diretora paulistana faz sucesso, já que ela se destaca nos teatros. No momento, está em cartaz com a peça Anjo de Pedra, em São Paulo. E nos cinemas, ela se prepara para a estreia do filme Mágico Di Ó, no qual é protagonista.

Ao Entretetizei, ela revelou como faz para se dividir em tantos talentos! Quer saber o que ela nos contou? Confira!

Como você descobriu sua paixão pela atuação, canto e dublagem? O que a inspirou a seguir essa carreira diversificada?

“Tem coisas que a gente só descobre quando está vivendo aquilo. Eu sempre busquei e me ‘joguei’ nas diversas oportunidades que o trabalho de interpretação me proporcionava e, quando me dei conta, estava estudando e trabalhando em diversas áreas de atuação.”

“A paixão é um elemento essencial para nos fazer  seguir nessa profissão, a cada trabalho que foi aparecendo no meu caminho me inspirava a seguir e continuar descobrindo diversos personagens através da dublagem, do canto, do teatro e do audiovisual. Fui uma jovem que assistia muito teatro e TV, com certeza fui, e ainda sou, impactada por muitos projetos e artistas que me inspiraram a desejar viver aquilo também.’’

Quais foram os primeiros passos que você deu para entrar no mundo da atuação e do entretenimento? Alguma experiência marcante na época?

“O primeiro passo foi conhecer e estudar, fiz muitos cursos, aulas, conheci muitos mestres e assisti muitos espetáculos, filmes e séries. Depois vieram: a produção de material, os agenciamentos, os testes, muitos nãos, alguns sins e continuar estudando o que tanto me inspirava.”

“Eu me lembro de um dia estar no INDAC (Escola de Atores) e no meio da aula receber a ligação de uma agência dizendo que eu tinha passado na minha primeira série como uma das protagonistas, Experimentos Extraordinários o primeiro live action no Brasil do Cartoon Network, eu não podia gritar, mas a sensação de uma nova aventura e a certeza de que estava no caminho em busca do meu sonho foi incrível. Eu pulava de alegria ao mesmo tempo de batia um ‘medão’ pelo desconhecido. Mal sabia eu que essa sensação ia me acompanhar para sempre.’’

Ao trabalhar em projetos de dublagem, como você aborda a tarefa de dar voz a um personagem? Qual é o processo criativo por trás desse trabalho?

“A dublagem tem uma característica que é a rapidez. A gente não sabe o que vai dublar até chegar no estúdio e o diretor te contar brevemente sobre o que é a personagem. Então a criação de voz vem em entender o que a atriz, o diretor e o que a obra é, para enfim colocarmos nossa voz em função de tornar a versão brasileira o mais próximo do que é o original.”

“Com a prática você vai deixando essa ferramenta rápida, conseguindo acessar um banco de vozes pessoal e escolhendo o que mais combina com o que o trabalho precisa. Eu sempre respeito muito o trabalho que foi feito antes de mim e tento absorver o máximo do que a atriz propõe, assim consigo adicionar a minha interpretação e criação como mais uma camada para a obra.”

Crédito da foto: Jonathan Wolpert

Você pode compartilhar detalhes sobre seu projeto de dublagem mais recente? Qual foi a sensação de dar vida a esse personagem?

“Para quem é ansiosa como eu a dublagem é uma tortura (risos), porque não podemos contar muito sobre o que estamos dublando e as vezes demora muito para o projeto estrear. Estou gravando projetos incríveis e não vejo a hora de compartilhar.”

“Recentemente estreou o filme da Disney & Pixar “Elementos”, nele eu faço a protagonista Faísca, uma jovem que é do elemento fogo que está se preparando para assumir a loja e o legado do pai, mas tem muita dificuldade em se conectar com os clientes, junto disso vive sua primeira paixão por um cara de um elemento oposto o Gota.”

“Esse foi um trabalho que marcou e ainda está marcando minha trajetória, não só pela grandeza do projeto, mas por me envolver na história e com a personagem. Durante as gravações fiquei muito emocionada com as cenas e foram inúmeros os desafios técnicos de interpretação para uma animação de cinema, mas valeu cada hora gravada.”

“Foram semanas gravando e meses ajustando para o filme ficar perfeito. Quando entrei no carro após o fim das gravações fui tomada por um choro de alegria e realização, eu sempre sonhei em dar a voz a um projeto como esse e foi mágico por vivê-lo tão intensamente.”

Crédito da foto: divulgação

Além da atuação, canto e dublagem, você também está envolvida na produção e direção. O que a levou a explorar essas áreas adicionais do entretenimento?

“A produção entrou na minha vida como uma ferramenta para realizar o que eu acreditava e me gerar oportunidades em outros tipos de personagens. Hoje eu vejo que produzir me ensinou a também ser uma atriz melhor, em entender a importância de cada criativo e equipe dentro de um projeto, em como me conectar com o público e poder levar assuntos que acho relevantes.”

“Agora no projeto do novo musical original do Vitor Rocha com músicas do Gui Leal e realização do Instituto Brasileiro de Teatro (IBT), faço a direção geral do projeto junto do Vitor Rocha e do Oliver Tibeau, ou seja, participo da criação, desenvolvimento e realizações do projeto todo, alinhando, planejando e conduzindo minha equipe.”

“Tenho certeza que o público irá se apaixonar por essa história e pelo projeto todo, logo mais divulgaremos mais informações sobre a temporada, mas por hora posso dizer que esse outubro ficará para a história.”

Quais são os desafios únicos ao desempenhar papéis em diferentes mídias, como filmes, séries, teatro ou animações? Como você se adapta a cada uma delas?

“Acho que o que liga todos esses trabalhos é o trabalho de interpretação, a ferramenta de atuação e o que diferencia é a forma como você vai contar a história. Contar uma história no teatro é completamente diferente de contar numa animação e assim por diante.”

“Então para mim o maior desafio é entender os universos e fazer uma interpretação que ‘sirva’ melhor com o que o projeto precisa. É como se você fosse ‘virar a chavinha’ para cada trabalho, mas ao mesmo tempo muita coisa serve para a outra. Ser imbuído de diferentes referências é enriquecedor.”

“Acho que ao longo do tempo fui aprendendo a me adaptar e não carregar as questões de um lugar para o outro e ‘virar a chavinha’ com leveza e não me exigir vir com algo pronto e perfeito nas primeiras horas, trabalhar com criação requer uma absorção do universo, relações e questões de cada personagem. É meio esquizofrênico às vezes (risos), mas eu amo poder me comunicar e interpretação em diferentes mídias, me dá mais possibilidade de trabalho e descobertas.”

Ao longo de sua carreira diversificada, você teve alguma figura inspiradora ou mentor que a ajudou a crescer como artista? Alguma lição valiosa que aprendeu?

“Tive muitos mestres ao longo desses anos, artistas incríveis que admiro e carrego seus ensinamentos. Inês Aranha foi minha mestra durante minha formação no INDAC, lembro de uma vez estarmos fazendo um exercício de interpretação com monólogos de Shakespeare e no fim do semestre faríamos a apresentação do exercício. Eu estava agoniada pelo tamanho do desafio que era compreender e colocar na boca aquela poesia tão complexa, e perguntei pra ela o que iria fazer se não ficasse pronto até a apresentação!”

“Ela me olhou e disse: não faremos, to pouco me importando em apresentar. Lá eu entendi que a ansiedade por resultar em algo bom, matava qualquer caminho de aprofundamento de um processo.”

Crédito da foto: Jonathan Wolpert

Com tantos talentos diferentes, como você encontra equilíbrio entre todas as suas atividades criativas? Existe algum aspecto que você considera como sua maior paixão?

“O equilíbrio vem da organização pra mim, eu me preparo muito e estudo minha semana todo domingo. Sempre coloco as demandas de trabalho, algumas atividades pessoais e luto pelos momentos de descanso. Até porque  para se criar você precisa estar com a mente fértil e ter tempo. Minha maior paixão é poder ter presença nos trabalhos, estar entregue para a criação sem a preocupação de resolver outras demandas.”

Falando sobre futuros projetos, você pode nos dar um vislumbre do que o público pode esperar ver de você nos próximos anos? Alguma novidade emocionante?

“Estou vivendo um projeto emocionante… A convite do Instituto Brasileiro de Teatro eu e o Vitor Rocha somos responsáveis pela criação, desenvolvimento e realização como direção geral do primeiro projeto incentivado do Instituto.  Será um espetáculo musical inédito e autoral com texto do Vitor Rocha, composição de Gui Leal, direção de Duda Maia no Parque da Água Branca de graça para mais de 2000 pessoas com todos os tipos de acessibilidade em todas as sessões.”

“Além da direção geral, estou como atriz nessa jornada dupla para trazer a potente história de Mundaréu de Mim. Está sendo uma experiência emocionante e muito desafiadora. É uma equipe gigante e artistas muito envolvidos na nossa causa de levar teatro a todos. Com estreia em 6 de outubro.”

Por fim, que conselho você daria a jovens aspirantes que desejam seguir uma carreira tão versátil e bem-sucedida no mundo do entretenimento? Quais são os passos importantes a serem tomados?

“Para quem almeja seguir a interpretação como carreira eu diria que estudar, ter referências, disciplina e ser um excelente profissional é o mínimo para se ter qualidade. Perseverança é necessário para continuar no caminho e não desistir no primeiro não ou na falta de incentivo que vem de todo lado.”

“Experimente todas as possibilidades que a ferramenta de interpretação te possibilita, ser ator não é apenas estar na próxima novela, mas poder dar voz a muitas histórias e projetos. Num mercado inconstante ter várias frentes pode te ajudar a sobreviver da arte que acredita.”

“Carreira a gente faz no dia dia e nas pequenas escolhas, seja fiel ao que acredita, mas saiba que é uma profissão com trabalhos que nem sempre te representam na totalidade, mas que é sua responsabilidade como profissional executar da melhor forma possível. Pé no chão e cabeça nas estrelas.”

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*Crédito da foto de destaque: Jonathan Wolpert

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