Resenha | Crianças ao Sol: concorrente ao Oscar é comovente, reflexivo e crítico

Concorrendo ao Oscar de 2022, Crianças ao Sol estreia amanhã – 22 de outubro – e fala sobre amizade, esperança e sociedade

Protagonizado por crianças locais em situação de rua, o filme Crianças ao Sol conta a história do jovem Ali (Roohollah Zamani) e seus amigos. Para sobreviver e sustentar as suas famílias, eles vivem entre bicos e pequenos furtos. Ao descobrirem a existência de um tesouro escondido dentro de um túnel, eles decidem fazer de tudo para conseguirem o que querem, inclusive se matricular em uma escola.

E é aí que a situação começa a ficar interessante e tensa ao mesmo tempo. Ao se matricularem, coisas surpreendentes acontecem com os quatro amigos  e levanta a ideia de que existem adultos que querem mesmo o bem dessas crianças marginalizadas.

Com cenário nas ruelas iranianas, Crianças ao Sol tem muita capacidade para levar a estatueta para casa e merece atenção para o ator principal no futuro.

Personagens

Foto: Divulgação

Com um quarteto principal que rouba a cena, Crianças ao Sol intercala quatro narrativas distintas sobre o presente e o futuro imaginável para meninos em situação de rua e com histórico marginalizado. Ali, o cabeça do grupo, tem uma história em aberto e nos faz sonhar com a possibilidade de um futuro brilhante e promissor depois de todo o seu trabalho e empenho em tentar conseguir o tesouro para mudar de vida.

Reza, o amigo mais silencioso, é o primeiro a conseguir uma boa oportunidade de um futuro próspero logo depois de se matricular na escola. Com a ajuda de um professor realmente dedicado ao ensino das crianças, esse é o amigo que melhor se coloca em um futuro que o público sorri ao imaginar.

Mamad, o amigo guarda-costas do quarteto, logo perde a oportunidade de estudar, quando seu pai violento e dependente o tira da escola depois de um incidente, disposto a levá-lo até um novo trabalho forçado para ajudar em  casa. Para Albofaz, o caçula e mais inocente dos quatro, resta a volta para o país de origem, o que faz o público apenas deduzir como pode ter tido um futuro triste, por vir de uma família de refugiados do Afeganistão.

Suas narrativas são emocionantes e impactantes, refletem o desespero de uma sociedade marginalizada e ferida, nos faz refletir o senso de coletivo e nos implica sobre como cada criança de rua é sim uma responsabilidade social.

Irã x Afeganistão

Foto: Divulgação

Em algumas rápidas discussões muito bem entrelaçadas ao enredo, a crítica ao tratamento com os refugiados afegãos entra em cena e nos faz repensar as condutas dos países mais próximos em relação à situação  política atual. Seriam essas crianças obrigadas a viver na marginalidade, sendo a sombra da sociedade por falta de espaço em seu próprio país?

Colocados em cena, é fácil entender que as crianças são incentivadas a usar o termo afegão como uma ofensa direta aos refugiados e que nem mesmo a igualdade da condição social os impede de se colocarem como mais inteligentes que os outros, unicamente por frequentarem a escola há mais tempo.

O debate racial atinge outro patamar de discussão quando a pena para crianças afegãs que são pegas trabalhando de forma ilegal, para ajudar em casa, é mostrada ao público. O professor é o primeiro a levantar a bandeira de defesa contra adultos que penalizam essas crianças por pura maldade.

Ali também é uma vítima do sistema, mesmo sendo iraniano, mas sua bondade é demonstrada em suas interações incansáveis com a pequena Zahra, irmã de Albofaz, por quem Ali nutre uma nítida paixão juvenil.

Conclusão

Foto: Divulgação

A narrativa de Crianças ao Sol é comovente e exemplar, usa de temas polêmicos e revitaliza a fé em um mundo melhor. A atuação de crianças que estão mesmo em condição de rua permite que o filme crie uma veracidade agonizante e nos faz querer dar mesmo a estatueta para o diretor.

É importante lembrar que gerar uma linha direta entre as narrativas desses países e dos países mais abastados pode gerar emprego e melhora de vida, e mesmo que saibamos que essa não é uma questão tão simples, vale a esperança de ver alguns desses atores ganhando destaque e usando sua voz para cobrar ajuda para as pessoas marginalizadas de seus países.

O ator principal, o jovem Roohollah Zamani, rouba toda a cena e merece conquistar público e trabalhos, e quem sabe, não ser o próximo ator de Hollywood a lutar contra a xenofobia e a incentivar a colaboração política.

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*Crédito da foto de destaque: Divulgação

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