Dia: 28 de junho de 2024

Os jovens guerreiros foram essenciais para o crescimento cultural da Coreia

Quando pensamos em guerreiros lendários, nossas mentes podem ir direto para samurais japoneses ou cavaleiros medievais europeus. Mas a Coreia tem seu próprio grupo de elite que combina coragem, beleza e uma filosofia de vida única: os Hwarang. Vamos embarcar nessa viagem pelo tempo e conhecer esses fascinantes guerreiros da antiguidade coreana.

Quem eram os Hwarang?

Os Hwarang, traduzido como Cavalheiros Flor ou Cavaleiros Flor, eram um grupo de jovens aristocratas treinados tanto em combate quanto em cultura e artes. Eles surgiram no Reino de Silla (57 a.C. – 935), um dos três reinos que existiram na Coreia antes da unificação. Imagine uma academia de guerreiros, onde os alunos são não apenas treinados em artes marciais, mas também em música, poesia e filosofia confuciana e budista. Legal, né?

Os Hwarang não eram apenas guerreiros habilidosos, mas também líderes sociais e culturais. Eles eram selecionados entre os filhos da nobreza e recebiam uma educação completa, que incluía tanto disciplinas acadêmicas quanto treinamento físico rigoroso. Essa formação abrangente tinha como objetivo criar indivíduos equilibrados, capazes de liderar tanto em tempos de paz quanto em tempos de guerra.

Além disso, os Hwarang seguiam um código moral estrito, inspirado pelo budismo e pelo confucionismo. Eles praticavam a lealdade ao rei, a piedade filial, a fidelidade entre amigos, a coragem em batalhas e a justiça. Esse código, conhecido como Sesok O-Gye (Os Cinco Mandamentos de Seondo), ajudou a moldar a ética e os valores não apenas dos Hwarang, mas também da sociedade de Silla como um todo.

Um pouco de História

O Hwarang foi fundado no século VI pelo rei Jinheung de Silla (534 – 576). A ideia era criar um grupo de jovens que fossem ao mesmo tempo habilidosos guerreiros e exemplos de moralidade e cultura. Eles eram escolhidos entre a nobreza, e a formação incluía treinamento físico rigoroso, aprendizado das artes e desenvolvimento espiritual.

Durante a unificação dos Três Reinos da Coreia, os Hwarang desempenharam um papel crucial nas campanhas militares de Silla contra Goguryeo (37 a.C. – 668) e Baekje (18 a.C. – 660). Eles eram conhecidos por sua bravura e habilidade no campo de batalha, o que ajudou a garantir a vitória de Silla e a eventual unificação da península coreana. Essa unificação foi um marco importante na história coreana, estabelecendo as bases para o desenvolvimento cultural e político do país.

Um dos Hwarang mais famosos foi Kim Yushin (595 – 673), um general que liderou muitas das campanhas militares de Silla. Sua habilidade estratégica e liderança foram fundamentais para as vitórias do reino, e ele é lembrado como um dos maiores heróis da história coreana. A história de Kim Yushin e outros Hwarang continua a ser celebrada na Coreia, tanto em livros de história quanto em representações culturais modernas.

 O treinamento

O treinamento dos Hwarang era intenso. Eles praticavam diversas artes marciais, incluindo habilidades com espadas, arco e flecha e combate corpo a corpo. Mas, além disso, eles também aprendiam caligrafia, música, dança, e poesia. A filosofia por trás disso era que um guerreiro verdadeiramente eficaz precisava de uma mente afiada e um espírito equilibrado, além de força física.

Os Hwarang frequentemente treinavam em ambientes naturais, como montanhas e rios, para fortalecer seus corpos e mentes. Essas práticas ao ar livre não apenas melhoravam suas habilidades físicas, mas também os conectavam com a natureza, um aspecto importante da filosofia Hwarang. Eles acreditavam que a harmonia com a natureza ajudava a alcançar um estado de equilíbrio e paz interior, essencial para um guerreiro.

Além do treinamento físico e cultural, os Hwarang também realizavam rituais religiosos e meditações para desenvolver sua espiritualidade. Eles visitavam templos budistas e participavam de cerimônias religiosas para fortalecer sua conexão com o divino. Essa combinação de treinamento físico, cultural e espiritual fazia dos Hwarang guerreiros completos, capazes de enfrentar qualquer desafio com coragem e sabedoria.

Os cinco mandamentos dos Hwarang

Os Hwarang seguiam um código moral conhecido como Sesok O-Gye (Os Cinco Mandamentos de Seondo), que orientava suas ações e comportamentos. O primeiro mandamento era lealdade ao rei. Os Hwarang juravam defender e servir o monarca com toda a sua força e habilidades, colocando o bem-estar do reino acima de tudo.

O segundo mandamento era obediência aos pais. A piedade filial era um valor central na sociedade coreana, e os Hwarang honravam seus pais e ancestrais, seguindo seus ensinamentos e mantendo suas tradições. A fidelidade aos amigos, o terceiro mandamento, destacava a importância de lealdade e confiança nas relações pessoais, fortalecendo os laços dentro do grupo Hwarang.

O quarto mandamento, nunca recuar em batalha, enfatizava a coragem e o dever de enfrentar os inimigos sem medo, mesmo em situações de perigo extremo. Finalmente, o quinto mandamento, nunca matar sem motivo, refletia a importância da justiça e da ética no combate, assegurando que a força fosse usada de maneira responsável e moralmente correta.

Os Hwarang tiveram um impacto significativo na unificação dos Três Reinos da Coreia. Eles foram fundamentais nas campanhas militares que levaram Silla a derrotar Goguryeo e Baekje, resultando na primeira unificação da Península Coreana sob o domínio de Silla. Esse período de unificação foi crucial para o desenvolvimento cultural e político da Coreia, e os Hwarang foram uma parte essencial desse processo.

Além do campo de batalha, os Hwarang também influenciaram a cultura coreana de maneira profunda. A sua filosofia e ética moldaram muitos aspectos da sociedade de Silla, incluindo a literatura, a arte e a política. Os valores de lealdade, coragem e justiça dos Hwarang foram incorporados à cultura coreana e continuam a ser reverenciados até hoje.

Nos dias de hoje, a lenda dos Hwarang continua a cativar a imaginação das pessoas.O K-drama Hwarang: The Poet Warrior Youth (2016) trouxe uma versão romantizada e dramática desses jovens guerreiros, misturando fatos históricos com ficção para contar uma história cheia de ação, romance e intriga. Esse drama e outras representações na mídia ajudaram a revitalizar o interesse pelo passado glorioso dos Hwarang, mostrando como suas histórias ainda são relevantes e inspiradoras.

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Texto revisado por Bells Pontes