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Coreia do Sul | Seollal 2025: o Ano Novo Lunar e o que esperar da Cobra Azul

Muita comida gostosa, tradições familiares e um ano que promete ser cheio de mudanças, reviravoltas e aquelas decisões estratégicas que vão fazer toda a diferença

Se você acha que só existe um Ano Novo, está enganado! Na Coreia do Sul, o Seollal é tão (ou até mais) importante do que o 1º de janeiro. Muito além de uma simples virada de calendário, esse é um momento de honrar os ancestrais, fortalecer os laços familiares e começar o ano com boas energias. E, claro, tem também os rituais, os jogos e a tão esperada sopa de bolinho de arroz que ‘envelhece’ você!

Em 2025, o Seollal foi celebrado essa semana, na quarta-feira (29 de janeiro), e deu  início ao Ano da Cobra de Madeira Azul. Esse ciclo promete ser marcado por mudanças estratégicas, crescimento pessoal e um clima de mistério no ar. Mas antes de falarmos sobre as previsões para esse ano intrigante, bora entender melhor a história e as tradições do Seollal?

O que é o Seollal?

O Seollal não surgiu do nada — essa tradição tem mais de mil anos e vem lá dos tempos dos antigos reinos coreanos. Ele segue o calendário lunar (음력, eumnyeok), então a data muda todo ano, mas sempre cai entre o final de janeiro e meados de fevereiro. Mas, de onde veio essa tradição exatamente?

Acredita-se que o Seollal começou ainda na época dos Três Reinos da Coreia (삼국시대, Samguk Sidae), por volta do século IV. O reino de Silla (신라) já praticava rituais de homenagem aos ancestrais nessa época, algo que também era comum na China e acabou influenciando os costumes coreanos. Mas foi durante a Dinastia Goguryeo (고려, 918–1392) que a data ganhou força como uma celebração oficial, com cerimônias e festividades mais estruturadas.

Depois, na Dinastia Joseon (조선, 1392–1897), o Seollal virou um dos principais feriados do país. A nobreza fazia rituais elaborados de jeol (절) — aquele arco profundo de reverência — para honrar os ancestrais, enquanto o povo comum aproveitava a data para visitar parentes e trocar comidas tradicionais, como tteokguk (떡국), a sopa de bolo de arroz que simboliza um novo começo. Também foi nessa época que surgiram os jogos e brincadeiras típicas do Seollal, como o yutnori (윷놀이), um jogo de tabuleiro com gravetos, e o neolttwigi (널뛰기), um tipo de gangorra coreana onde as meninas pulavam bem alto.

 Seollal
Foto: reprodução/korea net

Mesmo depois de tantos séculos, o Seollal continua forte na cultura coreana, onde ele não é só um feriado, mas um dos momentos mais importantes do ano, quando milhões de pessoas voltam para suas cidades natais para reencontrar a família, prestar homenagens e, claro, ganhar um bom dinheiro dos mais velhos no Sebae (세배), aquele cumprimento tradicional que vem acompanhado de envelopes recheados. Afinal, tradição é tradição, mas um dinheirinho no bolso nunca faz mal!

Como comemorar o Seollal? A gente te conta!

O Seollal não é só um dia de festa — são três dias inteiros de celebração! Durante esse período, as famílias coreanas se reúnem para seguir tradições que existem há séculos e continuam vivas até hoje. E se tem uma coisa que não falta no Ano Novo Lunar, é comida boa, respeito pelos mais velhos e, claro, diversão! Olha só como eles comemoram:

 Charye (차례): o ritual para os ancestrais

O Seollal começa logo cedo com o Charye, um ritual onde a família monta uma mesa cheia de comidas especiais para prestar homenagem aos ancestrais. Esse costume vem da época da Dinastia Joseon e tem um significado profundo: agradecer aos antepassados pela proteção e pedir boas energias para o novo ano.

 Seollal
Foto: reprodução/ enkor stay

A mesa do Charye não é montada de qualquer jeito. Cada alimento tem um propósito: arroz para fertilidade, frutas para prosperidade, carne para força. Tudo é organizado de forma específica, seguindo regras tradicionais. Depois das preces e reverências, a comida é compartilhada entre os familiares — afinal, nada pode ser desperdiçado!

Sebae (세배): respeito e um dinheirinho extra 

Depois do Charye, vem um dos momentos mais esperados, principalmente pelas crianças e jovens: o Sebae! Eles se curvam profundamente diante dos mais velhos da família, desejando saúde, felicidade e sorte para o novo ano. Em troca, recebem o famoso Sebaetdon (세뱃돈), um envelope recheado de dinheiro!

 Seollal
Foto: reprodução/liberty in north korea

Dependendo da família, esse presente pode ser um valor simbólico ou uma verdadeira fortuna. Tem gente que passa o Seollal juntando uma grana boa! Mas, mais do que o dinheiro, o Sebae reforça um dos pilares mais importantes da cultura coreana: o respeito pelos mais velhos e pela tradição.

 Tteokguk (떡국): a sopa que faz você ‘envelhecer’

Se tem um prato que não pode faltar no Seollal, é o tteokguk, uma sopa quente feita com bolinhos de arroz cortados em fatias finas. Dizem que, ao comer um prato dessa sopa, você automaticamente envelhece um ano — por isso, muita gente brinca perguntando: “Quantas tigelas de tteokguk você já comeu?” em vez de “quantos anos você tem?”.

 Seollal
Foto: reprodução/korea net

O formato ovalado dos bolinhos lembra moedas antigas, simbolizando prosperidade e boa sorte. Além disso, a cor branca representa pureza e um novo começo. Ou seja, além de deliciosa, a sopa tem todo um significado especial para começar o ano com o pé direito.

Jogos? tem, e muitos!

Depois dos rituais e da comilança, é hora da diversão! Algumas brincadeiras tradicionais do Seollal incluem:

Yutnori (윷놀이) – Um jogo de tabuleiro antigo onde quatro gravetos substituem os dados. Parece simples, mas dá para apostar e fazer estratégias para ganhar.

 Seollal
Foto: reprodução/korea net

Yeonnalligi (연날리기) – Soltar pipas, principalmente entre as crianças. Antigamente, acreditava-se que as pipas levavam embora as más energias do ano anterior.

 Seollal
Foto: reprodução/korea net

Nolttwigi (널뛰기) – Um tipo de gangorra vertical onde as pessoas pulam para lançar a outra bem alto no ar. Muito popular entre as mulheres na época da Dinastia Joseon.

 Seollal
Foto: reprodução/korea net
Voltando pra cobra, o que o Ano da Cobra Azul traz para 2025?

Agora que você já sabe tudo sobre o Seollal, chegou a hora de falar sobre o novo ciclo que se inicia: o Ano da Cobra de Madeira Azul.

Na astrologia chinesa, que também influencia a Coreia, cada ano é regido por um animal e um elemento, e dessa vez é a cobra que dá as cartas. Mas não qualquer cobra! Combinada com a madeira e a cor azul, essa energia ganha um tom ainda mais interessante:

 Cobra (뱀 / Baem) – Símbolo de sabedoria, intuição e transformação. Um ano para agir com estratégia e confiar nos instintos.

Madeira (목 / Mok) – Representa crescimento e renovação. Ótimo momento para plantar novas ideias e projetos.

Azul (파랑 / Parang) – Ligado à tranquilidade e ao pensamento lógico. O segredo de 2025 será planejar bem antes de agir.

Se 2024 (o Ano do Dragão) trouxe uma energia intensa e expansiva, 2025 chega pedindo mais paciência, decisões calculadas e crescimento sustentável. É o momento de pensar grande, mas sem pressa — tudo no tempo certo.

O Seollal nos lembra que o passado e o futuro estão sempre conectados. Honrar as raízes, valorizar quem veio antes de nós e planejar bem os próximos passos são atitudes essenciais para um ano próspero.

Então, seja comendo um prato de tteokguk, jogando Yutnori com a família ou apenas refletindo sobre as lições da Cobra Azul, 2025 promete ser um ano de mudanças estratégicas e evolução pessoal. 

E aí, pronto para dar boas-vindas ao Ano Novo Lunar e fazer desse ciclo um dos melhores da sua vida? Conte pra gente e nos siga nas redes sociais do Entretetizei — Facebook, Instagram e X — para mais novidades sobre o mundo asiático.

Leia também: Conheça as Dinastias da Coreia

 Especial | 5 coisas que você não sabia sobre o Natal na Coreia do Sul

Texto revisado por Angela Maziero Santana

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Não dê uma de Karla Sofía Gascón: saiba o que não se pode fazer durante a corrida ao Oscar

Na corrida pelo Oscar, talento não basta — é preciso saber jogar conforme as regras, e Karla Sofía Gascón tem sido um exemplo do que não fazer

Ganhar um Oscar não é só uma questão de talento. A corrida até a estatueta é uma verdadeira maratona de campanhas, eventos e, claro, política. Para ser coroado pela Academia, não basta entregar uma performance impecável — é preciso também saber jogar conforme as regras.

Karla Sofía Gascón, indicada a Melhor Atriz por Emilia Pérez, tem sido um exemplo recente do que não fazer. Entre declarações polêmicas, tweets antigos controversos e um atrito desnecessário com Fernanda Torres, a espanhola viu sua campanha ser ofuscada por escândalos. Mas ela não é a primeira (e provavelmente não será a última) a cometer erros fatais durante a temporada de premiações.

Além disso, a campanha de Emilia Pérez tem um nome de peso nos bastidores: Lisa Taback, estrategista-chefe da Netflix. Taback já foi responsável por algumas das campanhas mais controversas do Oscar, incluindo a de Shakespeare Apaixonado (1998), que desbancou O Resgate do Soldado Ryan (1998) e, para os brasileiros, ficou marcada pela derrota de Fernanda Montenegro para Gwyneth Paltrow. Antes de se juntar à Netflix em 2018, ela trabalhou por 20 anos com os irmãos Weinstein, ajudando a garantir prêmios para nomes como Roberto Benigni, Kate Winslet e Quentin Tarantino. Ou seja, Gascón está sob a tutela de uma estrategista experiente, mas que também carrega um histórico de campanhas agressivas e polêmicas.

Se você quer entender como funciona o jogo e quais deslizes podem custar um Oscar (vai que isso te sirva de algo no futuro), aqui está o que não se pode fazer durante a corrida:

Ataques diretos (ou indiretos) a concorrentes são proibidos

A Academia é bem clara: qualquer campanha negativa contra outro indicado pode resultar em punições. Isso inclui entrevistas, postagens nas redes sociais e até declarações vagas que possam ser interpretadas como um ataque.

O caso de Karla Sofía Gascón ilustra bem esse ponto. Durante sua passagem pelo Brasil, a atriz disse não gostar das “equipes de redes sociais que trabalham ao redor dessas pessoas (Fernanda Torres) tentando diminuir o trabalho de outros como o meu ou o filme porque isso não leva a lugar algum.” O comentário gerou revolta, pois parecia insinuar que a equipe da brasileira estava jogando sujo. A repercussão foi tão negativa que Gascón precisou se retratar à Variety, dizendo que não falava de ninguém diretamente ligado a Fernanda.

O problema? O estrago já estava feito. E, no Oscar, quem fala o que quer pode acabar perdendo votos de membros da Academia que levam a ética da campanha muito a sério.

O passado nas redes sociais pode te assombrar

O Twitter (ou X, para quem se acostumou com o novo nome) é um arquivo vivo de arrependimentos. Se você já postou algo problemático, pode ter certeza: alguém vai desenterrar.

No caso de Gascón, tweets antigos ressurgiram, mostrando comentários xenofóbicos, islamofóbicos e até críticas ao próprio Oscar por ser “diverso demais”. Em um post de 2021, a atriz escreveu:

“Cada vez mais o Oscar parece uma cerimônia de filmes independentes e de protesto, eu não sabia se estava assistindo a um festival afro-coreano, a uma manifestação do Black Lives Matter ou ao 8M.”

Karla Sofía Gascón
Foto: reprodução/G1

Essa mentalidade não combina com os valores da Academia atual, que tem investido fortemente em diversidade e inclusão. Se há uma lição aqui, é: antes de entrar na disputa por um Oscar, faça uma limpa nas redes sociais e, principalmente, reflita sobre o que você já postou (isso vale pra vida, porque nunca é tarde pra começar a agir com consciência, né?!)

Não ignore um pedido de paz

Se o público já está dividido entre torcidas, a pior coisa que um indicado pode fazer é alimentar essa rivalidade. Gascón, ao invés de acalmar os ânimos, ajudou a criar uma tensão desnecessária entre os fãs brasileiros e sua própria campanha.

Quando começou a ser atacada por brasileiros, a atriz pediu publicamente que Fernanda Torres interviesse, dizendo: “Fernanda, me ajuda com a sua galera.” A brasileira, sempre elegante, respondeu com um vídeo pedindo para que ninguém atacasse suas concorrentes, destacando que todas as indicadas mereciam respeito.

Mas, surpresa: Gascón não compartilhou ou comentou o post. Esse silêncio só aumentou as especulações de que sua abordagem era, no mínimo, questionável. Na corrida pelo Oscar, humildade e respeito não são opcionais – e ignorar um gesto de fair play pode ser um tiro no pé.

Campanha é permitida, mas manipulação não

A Academia permite que estúdios e artistas promovam seus filmes com eventos, entrevistas e até anúncios pagos. Mas existem limites bem definidos.

Fazer campanha com estratégias duvidosas ou exageradas pode trazer problemas.

Em 2014, Bruce Broughton foi desclassificado da categoria de Melhor Canção Original por mandar e-mails diretamente a votantes pedindo que escolhessem sua música. Já em 2022, a campanha intensa para To Leslie, estrelado por Andrea Riseborough, quase gerou uma anulação de indicação por ter feito lobby excessivo.

Karla Sofía Gascón
Foto: reprodução/The NY Times

No caso de Gascón, ela pode não ter infringido regras explícitas da campanha, mas seu comportamento nas redes sociais e na mídia pode afetar seu desempenho entre os votantes. Afinal, a reputação de um indicado conta tanto quanto sua performance na tela.

Tentar comprar votos (direta ou indiretamente) é um erro fatal

O Oscar permite campanhas, mas não permite subornos. Isso significa que qualquer tentativa de oferecer brindes, jantares luxuosos ou até mesmo favores pode resultar em desclassificação.

O produtor de O Leitor, Nicolas Chartier, foi barrado da cerimônia do Oscar em 2010 porque enviou e-mails pedindo votos contra Avatar. Em 2017, a campanha de O Caso Spotlight foi investigada por oferecer eventos luxuosos demais para membros da Academia.

Karla Sofía Gascón
Foto: reprodução/The Herold

Se um filme ou artista for pego tentando influenciar votantes de maneira imprópria, pode ser eliminado na hora.

Criticar a Academia ou o Oscar pode ser um tiro no pé

O Oscar tem suas falhas, mas morder a mão que pode te premiar nunca é uma boa ideia. Karla Sofía Gascón já reclamou publicamente da diversidade na premiação no passado, e isso definitivamente não ajuda sua imagem dentro da Academia.

Em 2011, Bret Easton Ellis, roteirista de Meninos Não Choram, praticamente enterrou sua carreira em Hollywood ao criticar abertamente o Oscar. Se você quer ganhar uma estatueta, no mínimo, precisa demonstrar respeito pelo prêmio.

Karla Sofía Gascón
Foto: reprodução/O Globo
Escândalos pessoais podem acabar com sua campanha

A Academia tem ficado cada vez mais rígida em relação a polêmicas envolvendo preconceito, assédio ou comportamento antiético.

Em 2017, Casey Affleck quase perdeu sua indicação a Melhor Ator por Manchester à Beira-Mar por acusações de assédio sexual. Em 2022, Will Smith foi banido do Oscar por 10 anos após dar um tapa em Chris Rock ao vivo.

No caso de Gascón, suas postagens antigas carregadas de preconceito foram um grande problema. Embora ela tenha sido indicada, a imagem pública conta muito, e isso pode afetar suas chances de vitória – e até mesmo seus trabalhos futuros.

O que aprendemos com tudo isso? Que um Oscar pode ser perdido antes mesmo da cerimônia

O caminho até a estatueta dourada é cheio de armadilhas. Um candidato pode ser brilhante na atuação, mas se errar no comportamento, pode perder votos preciosos e até ser eliminado da disputa.

Se tem uma lição na trajetória de Karla Sofía Gascón durante essa temporada de premiações, é que a postura fora das telas importa tanto quanto a performance dentro delas. No Oscar, ética, respeito e estratégia são essenciais, e isso vale para TODOS (pode ter certeza que ficaremos de olho – ainda mais – daqui pra frente!)

Se um dia você estiver concorrendo, lembre-se: jogue limpo, respeite seus concorrentes e, principalmente, pense duas vezes antes de postar qualquer coisa na internet. Afinal, um tweet errado pode custar um Oscar.

 

E aí, o que você acha disso tudo? Conte pra gente e nos siga nas redes sociais do Entretetizei — Facebook, Instagram e X — para mais novidades sobre o mundo do entretenimento.

Leia também: Crítica: Emilia Pérez – Uma história de redenção

Texto revisado por Karollyne de Lima

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Precisamos falar sobre a americanização da música internacional

Como o mercado dos Estados Unidos está engolindo identidades culturais e transformando artistas globais em produtos genéricos

A música sempre foi um reflexo da cultura de onde ela nasce. Das batidas tradicionais da África às influências do samba no Brasil, passando pelo pop sul-coreano que domina o mundo hoje, a música tem o poder de carregar em si histórias, valores e identidades. Mas, em um mercado musical globalizado, onde o sucesso parece depender de conquistar o público norte-americano, artistas de várias partes do mundo estão se dobrando às regras dos Estados Unidos. E, com isso, não só eles perdem parte de sua autenticidade, mas nós, como público, também perdemos a chance de experimentar algo verdadeiramente novo e diverso.

O mercado americano é o novo Padrão Ouro? Spoiler: não deveria ser

A obsessão por entrar no mercado americano não é novidade. Desde sempre, alcançar sucesso nos Estados Unidos tem sido visto como o equivalente a “ter chegado lá”, como se esse fosse o ápice do reconhecimento artístico. E é inegável que estamos falando de um mercado gigantesco, com um poder econômico impressionante e uma influência cultural que alcança praticamente todos os cantos do planeta. 

Filmes, músicas, moda, tecnologia — tudo o que sai dos EUA parece ter um peso maior, uma espécie de legitimidade automática que outros mercados, mesmo relevantes, dificilmente conseguem alcançar. Mas será que precisamos continuar alimentando essa narrativa? Será que a busca pelo American Dream artístico não tem um custo alto demais?

O problema de enxergar o mercado americano como um Padrão Ouro está no molde imposto por essa ideia. Não é apenas sobre querer chegar lá, mas sobre as renúncias necessárias para que isso aconteça. Para artistas internacionais, essa conquista geralmente vem acompanhada de uma série de ajustes que vão muito além do natural. 

Se você é um artista latino, por exemplo, é quase inevitável sentir a pressão para cantar em inglês, como se sua língua materna não fosse suficiente para conquistar audiências globais. Músicos europeus enfrentam algo semelhante, muitas vezes precisando abandonar elementos culturais únicos de suas tradições em favor de uma sonoridade genérica e comercial, que se encaixe nos padrões americanos de pop ou rock.

Artistas asiáticos, embora tenham conquistado maior visibilidade nos últimos anos, ainda precisam trabalhar com estratégias calculadas para se alinhar às expectativas do mercado ocidental, moldando suas produções, suas letras e até sua estética para atender aos gostos americanos.

O resultado disso é uma padronização perigosa, que muitas vezes sufoca a autenticidade e a inovação cultural. Em vez de expandir o horizonte artístico global, essa busca por aceitação no mercado americano pode restringir a diversidade, transformando a arte em um produto homogêneo feito para agradar a um único público dominante. Não é raro vermos artistas que, ao tentar se adaptar a esse padrão, acabam perdendo a essência que os torna únicos em seus mercados de origem. 

E mais preocupante ainda é o fato de que essa adaptação não é uma escolha criativa, mas uma exigência da indústria, que prioriza o lucro e a familiaridade em vez de correr riscos com o novo e o diferente. Essa dinâmica não só reduz as possibilidades de inovação cultural, mas também reforça uma hegemonia americana que, no longo prazo, empobrece a arte enquanto ferramenta de expressão universal.

Måneskin e o preço do sucesso global

Pegue o exemplo de Måneskin. A banda italiana explodiu no Eurovision 2021 com Zitti e Buoni, uma música carregada de identidade, cantada em italiano e cheia de atitude europeia. Eles eram frescos, diferentes, e isso fez o mundo inteiro prestar atenção. Só que, ao buscar consolidar esse sucesso global — leia-se americano —, a banda passou por uma transformação evidente.

americanização da música
Foto: reprodução/Billboard

Agora, grande parte de suas músicas são em inglês, o visual parece mais uma releitura estilizada do glam rock americano, e o som perdeu um pouco daquela ousadia que fez deles uma sensação inicial. Além disso, o vocalista Damiano David, se lançou atualmente como uma versão fajuta de Harry Styles, mudando completamente o seu estilo e o de sua música.

americanização da música
Foto: reprodução/Hollywood Reporter

Será que precisamos de mais uma banda de rock em inglês? Ou será que o mundo teria mais a ganhar se Måneskin continuasse a representar a efervescência cultural da Itália? E isso não é uma crítica à escolha deles, mas à necessidade imposta pela indústria: se você quer ser grande, precisa soar universal, e o universal, nesse caso, é apenas um sinônimo para americano.

A fórmula do sucesso mata a diversidade! 

Essa americanização, no fundo, é uma fórmula industrial. As gravadoras e os executivos acreditam que, para vender um artista, é preciso torná-lo compreensível e acessível ao público dos Estados Unidos. Isso significa limpar sotaques, mudar línguas e transformar a sonoridade em algo que não incomode ou exija esforço de quem escuta.

O resultado? Músicas que poderiam trazer novas perspectivas acabam sendo encaixadas em padrões previsíveis. Artistas que têm tudo para serem inovadores e desafiadores, muitas vezes, soam genéricos. O público fica preso em um ciclo de consumir versões diferentes do mesmo produto, enquanto verdadeiras revoluções culturais são limitadas a nichos ou esquecidas.

O preço de trocar a autenticidade pelo mainstream 

Mas o que acontece quando artistas trocam autenticidade por mainstream? Eles podem ganhar números — streams, prêmios, seguidores. Mas perdem algo que nenhum gráfico do Spotify pode medir: a conexão real com suas próprias raízes e com públicos que buscam autenticidade.

Rosalía, por exemplo, é frequentemente celebrada por misturar flamenco com pop e reggaeton, mas mesmo ela já foi criticada por abraçar um som mais genérico em suas tentativas de alcançar um público maior.

americanização da música
Foto: reprodução/Billboard

No entanto, artistas que insistem em manter suas características únicas, como BTS ao cantar majoritariamente em coreano mesmo com um público global, mostram que é possível atingir um sucesso gigante sem abandonar quem você é. Ainda assim, a pressão está sempre ali.

americanização da música
Foto: reprodução/Weverse
O problema vai além dos artistas: é também nosso!  

A americanização não é só culpa da indústria. Nós, como público, temos uma parcela de responsabilidade. Quantas vezes olhamos para artistas estrangeiros esperando que eles se encaixem nas nossas expectativas em vez de nos abrirmos para o que eles têm a oferecer? Aceitamos músicas em outras línguas, mas só quando se tornam virais no TikTok. Celebramos a diversidade, mas consumimos apenas o que é embalado e vendido de forma confortável.

@jainmusic

À vous de jouer! #posingideas #festival

♬ Makeba – Jain

@movieminglerecs

Rumänische Musik >> #shurakule #fyp #gönndochfy #gönnabodukek #spotifysonglyrics

♬ Originalton – Spotifymusikempfehlung

Enquanto público, precisamos parar de exigir que a música internacional seja traduzida — literalmente ou não — para que a gente possa entendê-la. Parte da magia da música é justamente ser um portal para outras culturas, para outros mundos.

É hora de redefinir sucesso e quebrar o monopólio cultural 

O sucesso global não deveria depender de agradar um único mercado. Chegou a hora de redefinir o que significa ser um artista de impacto mundial. Chegou a hora de derrubar a ideia de que o mercado americano é o único que importa.

Se quisermos um futuro musical que realmente reflita a pluralidade do mundo, precisamos apoiar artistas que se recusam a apagar suas raízes. Precisamos consumir músicas em outros idiomas sem achar que elas precisam de uma versão em inglês para funcionarem. E, acima de tudo, precisamos valorizar a autenticidade como o verdadeiro diferencial em um mundo onde o genérico está sempre na moda.

A música internacional tem o poder de conectar o mundo. Mas, para isso, precisa ser verdadeira — não uma sombra de um molde americano.

 

 

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Leia também: Prêmio Lo Nuestro 2025: Anitta, Karol G e Shakira estão entre as indicadas

 

Texto revisado por Kalylle Isse

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Crítica | 2ª temporada de Com Carinho, Kitty: como destruir uma série promissora em apenas uma temporada

Spin-off decepciona com uma trama superficial, uma protagonista insuportável e o desperdício de tudo que funcionou na primeira temporada 

Se você viu a primeira temporada de Com Carinho, Kitty (2023) e achou que estava prestes a acompanhar uma série divertida e cheia de charme, a segunda temporada chega como um balde de água fria. Sinceramente, não é só decepcionante – é irritante. A série, que tinha potencial para se consolidar como uma das queridinhas do gênero adolescente, joga fora tudo o que construiu de bom. O resultado? Uma bagunça apressada, mal escrita e difícil de engolir.

Vamos começar pelo maior problema: Kitty (Anna Cathcart). Se na primeira temporada ela já dividia opiniões, aqui a situação fica insustentável. A personagem, que deveria ser o coração da série, se transforma em uma pessoa fútil, confusa e, acima de tudo, irritante. Sua indecisão sobre quem ela quer, o que sente e o que está fazendo da vida poderia ser uma jornada interessante de autodescoberta, mas acaba sendo uma repetição cansativa. A cada episódio, a gente se pergunta: por que eu ainda estou assistindo isso?

Kitty
Foto: reprodução/Netflix

E não para por aí. O roteiro simplesmente não sabe o que fazer com os outros personagens. Histórias promissoras, como o romance de Dae (Choi Min-yeong), que é muito mais interessante do que qualquer coisa envolvendo Kitty, são jogadas de lado ou atropeladas. O elenco – que claramente tem talento – é completamente desperdiçado em tramas rasas e corridas. Não há espaço para explorar personagens ou criar momentos memoráveis. Parece que tudo foi escrito com pressa, sem cuidado ou profundidade.

Mesmo os clichês, que poderiam trazer um toque de nostalgia ou charme, falham miseravelmente. A série tenta misturar elementos dos dramas adolescentes coreanos e americanos, mas faz isso de forma tão preguiçosa que nada funciona de verdade. Em vez de gerar conforto ou diversão, os clichês só reforçam a falta de originalidade e a superficialidade do roteiro.

Kitty
Foto: reprodução/Netflix

E a trilha sonora? Essa poderia ter sido a salvação, mas foi outro desastre. Apesar de ótimas músicas, elas aparecem nos momentos errados, de forma tão aleatória e forçada que ao invés de enriquecer as cenas, tornam tudo cansativo. É como se os produtores estivessem desesperados para preencher os buracos do roteiro com música – spoiler: não deu certo.

No fim das contas, Com Carinho, Kitty se perdeu completamente. Esqueça todas as críticas positivas e indicações calorosas sobre a série. A segunda temporada não só falha em ser boa, como destrói o que a primeira construiu. Uma protagonista insuportável, uma história rasa e uma produção que parece não se importar em entregar algo decente transformaram o spin-off em uma experiência decepcionante. Se você ainda não assistiu, economize seu tempo. Tem muita coisa melhor por aí.

 

E aí, você chegou a assistir a temporada? Conte pra gente e nos siga nas redes sociais do Entretetizei — Facebook, Instagram e X — para mais novidades sobre o mundo asiático.

Leia também: Crítica | Sejamos honestos com Angelina Jolie: Callas não é a melhor atuação de sua carreira

Texto revisado por Larissa Suellen

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6 maneiras de arrasar com a Cor do Ano da Pantone, Mocha Mousse, inspiradas nos seus idols favoritos

Descubra como a cor queridinha de 2025, o Mocha Mousse, pode transformar seu estilo com inspirações incríveis direto dos looks dos idols de K-pop

Inspirada pelos conceitos de conforto, conexão e harmonia, a cor do ano de 2025 da Pantone é a rica e suave Mocha Mousse. Um tom de marrom sutil que combina com praticamente todo mundo, perfeito pra dar aquele up no seu estilo este ano. Quer ideias de como usar? Dá uma olhada nesses looks incríveis dos nossos idols preferidos:

Huening Bahiyyih, do Kep1er

Rainha das trends antes mesmo de serem trends, Huening Bahiyyih já estava arrasando com Mocha Mousse como protagonista no visual. O tom frio de marrom deixa o look aconchegante sem cair no cinza sem graça. E o detalhe final? A sombra combinando, que é simplesmente tudo!

Mocha Mousse
Foto: reprodução/Instagram @hiyeahhh_
Sakura, do LE SSERAFIM

Se a ideia não é gastar muito no guarda-roupa, mas você quer entrar na vibe do Mocha Mousse, Sakura tem a solução perfeita: usar a cor no cabelo! Esse tom natural e terroso dá um toque sutil, mas cheio de personalidade, bem no estilo docinho como um mocha.

Mocha Mousse
Foto: reprodução/Instagram @39saku_chan
Jay, do ENHYPEN

Jay mostra outra forma prática de incorporar o Mocha Mousse no dia a dia: acessórios em destaque. A bolsa de couro grandona que ele usa é um statement por si só, mas o melhor é que a cor combina com quase qualquer look. É aquele tipo de peça que continua útil mesmo depois que a tendência passar.

Mocha Mousse
Foto: reprodução/Instagram @enhypen
Winter, do aespa

Quer usar Mocha Mousse mas tá com medo de errar na composição? Se joga na inspiração da Winter! Apostar na paleta de marrons e pretos deixa o look super harmônico, sem ficar básico demais. Ah, e o contraste da make rosada dela dá um toque de vida que faz toda a diferença!

Mocha Mousse
Foto: reprodução/Instagram @imwinter
Haerin, do NewJeans

Se você prefere algo mais discreto, Mocha Mousse também brilha nos pequenos detalhes. Haerin mostra como a cor funciona perfeitamente na maquiagem. O blush e o batom em tons quentes mantêm o visual vibrante e natural, deixando o esfumado em Mocha Mousse ser o centro das atenções.

Mocha Mousse
Foto: reprodução/Instagram @newjeans_official
Beomgyu, do TXT

Por último, mas com certeza não menos importante, temos Beomgyu! Se você é loira natural e não quer se jogar de cabeça numa coloração total, um tonalizante frio pode dar aquele efeito Mocha Mousse nos fios sem precisar pintar tudo. O resultado? Um visual sofisticado e descomplicado, como o dele.

Mocha Mousse
Foto: reprodução/Instagram @bamgyuuuu

Agora que você já viu essas ideias maravilhosas, qual vai ser o seu jeito de usar Mocha Mousse este ano? Conte pra gente e nos siga nas redes sociais do Entretetizei — Facebook, Instagram e X — para mais novidades sobre o mundo asiático.

Leia também: 12 idols de K-pop com nomes artísticos únicos e cheios de significado

 

Texto revisado por Alexia Friedmann

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2ª temporada de Com Carinho, Kitty estreia com trilha sonora recheada de hits de K-pop

A trilha sonora da nova temporada traz uma seleção incrível de músicas, incluindo grandes hits de K-pop e artistas internacionais de peso

Finalmente chegou o dia! A 2ª temporada de Com Carinho, Kitty estreou hoje (16), e os fãs já estão surtando com a trilha sonora incrível que acompanha a nova fase desse spin-off de Para Todos os Garotos que Já Amei (2018). Baseada nos livros de Jenny Han, a série continua entregando romance, drama e muitas vibes adolescentes – agora embalados por uma playlist de respeito.

Logo no dia 14 de janeiro, a revista Rolling Stone havia revelado a lista oficial das músicas que compõem a trilha da temporada, e a seleção não decepcionou. Além de nomes como Chappell Roan, Charli XCX e Troye Sivan, a série trouxe um verdadeiro banquete para os fãs de K-pop. IVE, aespa, ENHYPEN, LE SSERAFIM, BIBI, CRAVITY, cignature e AIMERS são apenas algumas das estrelas que brilham na trilha.

A trilha sonora perfeita para o caos romântico de Kitty

Nesta temporada, Kitty (Anna Cathcart) volta a navegar pelas confusões de sua vida amorosa enquanto tenta conciliar seus estudos e amizades – e a trilha dá o tom exato para cada momento. Com I AM do IVE e Drama do aespa, a energia está lá em cima, enquanto Got Me Started de Troye Sivan e FEARLESS do LE SSERAFIM garantem aquela vibe confiante que a protagonista tanto precisa.

Além disso, temos a contribuição especial de ENHYPEN com XO (Only If You Say Yes), uma música que parece ter sido feita sob medida para o enredo da série. A faixa equilibra emoção e melodia, funcionando como uma espécie de hino não oficial da temporada.

Confira a tracklist completa:

IVEI AM

BIBIBIBI Vengeance

CRAVITYOver & Over

Chappell RoanPicture You

cignatureNun Nu Nan Na

Charli XCXB2b

LE SSERAFIMFEARLESS

aespaDrama

ENHYPENXO (Only If You Say Yes)

Troye SivanGot Me Started

AIMERSColors

Se você ainda não deu play na nova temporada, prepare-se para muitas surpresas – tanto na história quanto na trilha. Com Carinho, Kitty continua a entregar uma mistura de humor, romance e boas doses de K-pop, o que torna impossível não se apaixonar.

 

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Texto revisado por Alexia Friedmann

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Cultura asiática Música Notícias Séries

Jisoo agita fevereiro com comeback solo e romance em K-drama de zumbis!

 A cantora vai conquistar corações com novo single no Dia dos Namorados coreano e sua estreia em Newtopia, um K-drama cheio de amor, ação e mortos-vivos

Fevereiro vai ser todinho da Jisoo! A diva anunciou que seu comeback solo chega no dia 14, bem no Dia dos Namorados na Coreia do Sul. O teaser misterioso, divulgado hoje (13), já deixou os fãs contando os dias. Esse será o primeiro lançamento solo dela desde o álbum ME (2023) e o smash hit FLOWER, que bombaram em 2023.

Mas calma que tem mais! Uma semana antes do comeback, Jisoo estreia como protagonista do K-drama Newtopia, que promete muito romance, tensão e… Zumbis! 

A história traz Young-joo (Jisoo), uma garota determinada a reencontrar o namorado, Jae-yoon (Park Jung-min), em meio a um apocalipse zumbi. Ele é um soldado apaixonado, ela é uma namorada corajosa, e juntos vão fazer de tudo para ficarem lado a lado enquanto o caos toma conta de Seul.

As cenas divulgadas mostram o início do romance – com momentos cheios de nervosismo e confissões fofas – até a fase apaixonada, com os dois brincando de mandar coraçõezinhos um para o outro, mesmo com o mundo acabando ao redor. A química dos dois já está chamando atenção. 

Jisoo
Foto: reprodução/Soompi
Jisoo
Foto: reprodução/Soompi

Na coletiva de imprensa, Park Jung-min disse que adorava como Jisoo sempre estava sorrindo no set e que aprendeu muito com ela. Jisoo retribuiu, contando sobre uma cena de ligação onde ele apareceu no set só para ajudá-la, mesmo sem estar escalado no dia.

Com estreia marcada para o dia 7 e o comeback, no dia 14, fevereiro vai ser um mês histórico para Jisoo. Marca aí pra não perder nada, porque vem muita coisa boa!

 

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Texto revisado por Bells Pontes

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Cinema Notícias

Cinema brasileiro sem legendas: por que ainda excluímos quem tem deficiência auditiva?

Filmes nacionais sem legendas são um obstáculo para milhões de brasileiros; é hora de tornar o cinema realmente acessível

Se você já foi ao cinema no Brasil, provavelmente notou que a maioria dos filmes nacionais não tem legendas. É até comum a gente reclamar disso quando o som não está lá essas coisas. Mas e para quem tem deficiência auditiva? A exclusão é gigantesca. 

Em um país onde a acessibilidade é sempre deixada para depois, isso é mais um exemplo de como ainda temos um longo caminho para tornar o cinema realmente inclusivo. E, convenhamos, o momento para isso agora seria perfeito, já que temos produções como Ainda Estou Aqui (2024), O Auto da Compadecida 2 (2024) e Chico Bento e a Goiabeira Maraviosa (2025) em cartaz.

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Foto: reprodução/Alile Dara Onawale
Um público ignorado

De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) – dados de 2022 –, mais de 10 milhões de brasileiros têm algum grau de deficiência auditiva. Isso é muita gente! Mas, mesmo assim, as salas de cinema não oferecem legendas nos filmes nacionais para esse público. E o mais irônico? Muitos filmes estrangeiros vêm legendados, mas a nossa própria produção fica inacessível para uma parcela enorme da população.

O que custa colocar uma legenda? Além de facilitar para quem tem deficiência auditiva, ainda ajudaria quem não entende direito alguns diálogos por causa de falhas de som ou sotaques regionais. Seria um win-win total, mas a desculpa sempre gira em torno de custos e logística.

O impacto na cultura e na inclusão

Filmes brasileiros refletem nossa cultura, nossos sotaques, nossas histórias. Eles ajudam a criar um senso de identidade, mas como é que as pessoas surdas ou com deficiência auditiva vão se conectar com isso se elas sequer conseguem assistir? Sem legendas, é como se dissessem que elas não são parte do público-alvo.

Isso também impacta diretamente a representatividade. Não adianta fazermos filmes que discutem inclusão, diversidade e acessibilidade se o próprio acesso a esses filmes é restrito. É como pregar algo que a indústria não pratica.

Soluções existem, falta é vontade

Outros países já avançaram muito nesse quesito. Em lugares como os Estados Unidos e o Reino Unido, há sessões específicas com legendas, além de opções para todos os públicos. No Brasil, iniciativas como o uso de aplicativos de acessibilidade existem, mas ainda são pouco divulgadas e mal implementadas.

O ideal seria que todas as exibições tivessem legendas opcionais, sem depender de um aplicativo ou de eventos pontuais. E, claro, isso não vale só para cinema. Plataformas de streaming, que já dominam o mercado, também têm um papel fundamental. A legenda tem que ser padrão, não exceção.

Pressão do público pode fazer a diferença

Se o mercado não se mexe sozinho, cabe a nós, como público, cobrar essa mudança. Afinal, o cinema é um reflexo da sociedade, e é mais do que hora de refletirmos sobre a inclusão de verdade. Boicotes, petições e campanhas em redes sociais têm poder, e talvez seja isso que a indústria precisa para finalmente entender a importância de tornar o cinema acessível para todos.

Afinal, o cinema brasileiro já enfrenta tantos desafios para atrair o público… Será que deixar milhões de pessoas de fora faz algum sentido?

 

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Leia também: Opinião | Cinema, viralatismo, Ainda Estou Aqui e representatividade

 

Texto revisado por Bells Pontes

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Cultura asiática Notícias Séries

10 K-dramas de 2015 que merecem um rewatch em 2025

De romance a mistério, essas histórias continuam emocionando fãs ao redor do mundo

Em 2015, o universo dos K-dramas foi presenteado com produções que marcaram época e conquistaram o coração do público. Algumas trouxeram temas profundos, outras arrancaram boas risadas, mas todas se destacaram por suas histórias únicas e personagens inesquecíveis. Passados 10 anos, esses dramas ainda merecem um lugar especial na sua lista de maratonas.

Seja você fã de romances, mistérios psicológicos ou até fantasias históricas, a lista a seguir é uma viagem nostálgica que vai te fazer lembrar por que 2015 foi um ano tão icônico para os K-dramas. Confira:

Kill Me, Heal Me – Sete personalidades, um único amor

Imagine interpretar sete personagens completamente diferentes, com personalidades únicas e complexas. Foi exatamente isso que Ji Sung fez em Kill Me, Heal Me, entregando uma performance histórica como Cha Do-hyun, um herdeiro com transtorno dissociativo de identidade. Ao lado de Hwang Jung-eum, que interpreta a psiquiatra Oh Ri-jin, ele nos guia por uma jornada emocionante de cura, amor e autodescoberta.

 K-dramas
Foto: reprodução/Rolling Stone India

Além do roteiro envolvente, a série destacou temas sensíveis como traumas e saúde mental, equilibrando momentos de comédia com passagens profundamente tocantes. Com atuações inesquecíveis e enredo que não para de surpreender, Kill Me, Heal Me é o tipo de K-drama que merece ser revisitado – ou descoberto – dez anos depois de sua estreia.

She Was Pretty – Amor, autoestima, risadas garantidas (e um pouquinho de Super Junior)

Hwang Jung-eum e Park Seo-joon brilharam em She Was Pretty, uma comédia romântica cheia de charme e reviravoltas. A trama segue Kim Hye-jin, uma mulher que era linda na infância, mas que cresceu enfrentando desafios relacionados à sua aparência e autoestima. Quando reencontra seu primeiro amor, Ji Sung-joon, agora um homem de sucesso, ela decide esconder sua identidade real.

 K-dramas
Foto: reprodução/Netflix

O que torna o drama tão memorável é o equilíbrio perfeito entre emoção e humor, com destaque para Choi Siwon como o hilário Shin Hyuk, um dos personagens mais queridos pelos fãs. She Was Pretty nos ensina que o verdadeiro valor de uma pessoa vai muito além da aparência, e sua mensagem continua sendo poderosa até hoje.

Oh My Venus – Superação e romance com química perfeita

So Ji-sub e Shin Min-a formaram um dos casais mais queridos dos K-dramas em Oh My Venus. A trama acompanha Kang Joo-eun, uma advogada que perdeu sua autoestima e busca recuperar a confiança com a ajuda de Kim Young-ho, um personal trainer renomado. A série é mais do que um romance: é uma história sobre crescimento pessoal e amor próprio.

 K-dramas
Foto: reprodução/Amino

Com diálogos leves e uma química que salta da tela, Oh My Venus equilibra momentos de comédia com cenas profundamente emocionantes. É impossível não torcer pelo casal enquanto eles se ajudam a superar desafios internos e externos, transformando suas vidas para melhor.

Cheese in the Trap – Relações complicadas e segredos obscuros

Baseado no webtoon de sucesso, Cheese in the Trap nos leva ao mundo universitário com uma história repleta de mistério e tensão emocional. Kim Go-eun interpreta Hong Seol, uma estudante que tenta sobreviver aos desafios da faculdade enquanto lida com Yoo Jung, vivido por Park Hae-jin, um colega aparentemente perfeito, mas com um lado sombrio.

 K-dramas
Foto: reprodução/Medium

O drama destaca as complexidades das relações humanas e aborda temas como manipulação, confiança e amizade. Embora tenha gerado controvérsias sobre seu final, Cheese in the Trap deixou uma marca profunda no público, graças à sua narrativa única e personagens complexos.

The Producers – Amor, trabalho e os bastidores da fama

Com Kim Soo-hyun, IU, Gong Hyo-jin e Cha Tae-hyun no elenco, The Producers foi um dos dramas mais aguardados de 2015. A série mergulha nos bastidores das produções televisivas coreanas, com um olhar cômico e romântico sobre a vida de quem trabalha nos programas que amamos assistir.

 K-dramas
Foto: reprodução/Amino

Além do humor afiado e da química entre o elenco, The Producers é uma homenagem à indústria do entretenimento e às pessoas que dedicam suas vidas a criar magia para o público. Dez anos depois, continua sendo uma referência para quem quer entender mais sobre os bastidores desse mundo fascinante.

Sassy Go Go – A amizade acima de tudo

Também conhecido como Cheer Up, Sassy Go Go é um drama escolar que conquistou fãs ao abordar temas como amizade, pressão acadêmica e superação. Jung Eun-ji brilha como Kang Yeon-doo, líder de um clube de dança que se une ao time de líderes de torcida, liderado por Kim Yeol (Lee Won-keun), para enfrentar os desafios impostos pela escola e suas rigorosas normas.

 K-dramas
Foto: reprodução/Soompi

O drama explora as dificuldades enfrentadas por estudantes em um ambiente extremamente competitivo, mas também ressalta o poder da amizade e da união em tempos difíceis. Sassy Go Go é um lembrete nostálgico de que, mesmo diante das pressões da vida, os laços que criamos são fundamentais para nos manter de pé.

Hello Monster – Entre o amor e o mistério

Hello Monster combina mistério, romance e um toque de thriller psicológico em uma trama que prende do começo ao fim. Seo In-guk interpreta Lee Hyun, um perfilador criminal que retorna à Coreia para investigar uma série de assassinatos. Jang Na-ra vive Cha Ji-an, uma detetive determinada a descobrir os segredos por trás do passado de Lee Hyun.

 K-dramas
Foto: reprodução/Amino

Com atuações intensas e um roteiro que mantém o público na ponta do sofá, o drama também trouxe Park Bo-gum como o misterioso Jung Sun-ho, entregando uma performance que se destacou e ajudou a consolidar sua carreira. Hello Monster é a escolha ideal para quem gosta de um K-drama com suspense, emoção e personagens bem construídos.

Scholar Who Walks the Night – Fantasia e romance histórico

Misturando elementos de fantasia e drama histórico, Scholar Who Walks the Night é uma obra visualmente deslumbrante. Lee Joon-gi interpreta Kim Sung-yeol, um vampiro que protege o reino ao mesmo tempo em que luta contra sua própria natureza. Lee Yu-bi brilha como Jo Yang-sun, uma jovem comerciante que se disfarça de homem para sobreviver e acaba se envolvendo na vida do vampiro.

 K-dramas
Foto: reprodução/Kokowa

A série é uma montanha-russa emocional, com cenários de tirar o fôlego e uma narrativa cheia de reviravoltas. Dez anos depois, Scholar Who Walks the Night permanece como uma das produções mais memoráveis de fantasia nos K-dramas, conquistando tanto os fãs do gênero histórico quanto os de romance.

Warm and Cozy – Uma fuga para Jeju

Warm and Cozy nos leva até a paradisíaca Ilha de Jeju para acompanhar o romance entre Baek Geon-woo (Yoo Yeon-seok) e Lee Jung-joo (Kang So-ra). Ele, um chef sonhador que abriu um restaurante em Jeju, e ela, uma mulher realista que busca uma nova vida após perder tudo em Seul.

 K-dramas
Foto: reprodução/Netflix

A série se destaca por seu tom leve e sua ambientação deslumbrante, que funciona quase como um personagem à parte. Warm and Cozy é perfeito para quem quer relaxar e se apaixonar por um romance simples, mas cheio de charme e calor humano.

Orange Marmalade – Entre humanos e vampiros

Baseado em um webtoon popular, Orange Marmalade traz um toque de fantasia à clássica história de amor proibido. Seolhyun interpreta Baek Ma-ri, uma jovem vampira tentando viver uma vida normal em meio a humanos, enquanto Yeo Jin-goo dá vida a Jung Jae-min, o garoto humano por quem ela se apaixona.

 K-dramas
Foto: repodução/Viki

A série não só aborda o romance entre espécies diferentes, mas também faz uma crítica social ao preconceito e à intolerância. Orange Marmalade é um drama único, com uma abordagem sensível e uma trilha sonora que ainda ressoa com os fãs uma década depois.

 

Qual desses você já assistiu e assistiria de novo? Conte pra gente e nos siga nas redes sociais do Entretetizei — Facebook, Instagram e X — para mais novidades sobre o entretenimento asiático.

Leia também: 5 K-dramas com advogadas que você precisa assistir se ama mulheres poderosas

Texto revisado por Laura Maria Fernandes de Carvalho

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Cinema Destaques Notícias

Opinião | Cinema, viralatismo, Ainda Estou Aqui e representatividade

 Fernanda Torres faz história no Globo de Ouro, mas o Brasil ainda luta contra o seu próprio reflexo cultural

A primeira atriz brasileira a ganhar um Globo de Ouro na categoria de Melhor Atriz em Filme de Drama deveria ser motivo de orgulho nacional. Fernanda Torres, com uma carreira consolidada no cinema e na televisão brasileira, recebeu o prêmio por sua atuação arrebatadora no filme Ainda Estou Aqui (2024), dirigido por Walter Salles

No entanto, ao invés de unanimidade, o que vimos foi parte da internet reagindo com ceticismo e críticas infundadas, diminuindo tanto a vitória quanto o impacto da obra.

Por que insistimos em deslegitimar nossas próprias conquistas? Esse comportamento não é novidade e tem nome: o viralatismo cultural, uma síndrome enraizada na sociedade brasileira que nos faz acreditar que o que vem de fora é sempre superior, enquanto o que é produzido aqui nunca é bom o suficiente.

Ainda Estou Aqui
Foto: reprodução/AdoroCinema
Fernanda Torres e a vitória histórica no Globo de Ouro

Fernanda Torres não apenas brilhou no papel de Eunice Paiva em Ainda Estou Aqui, mas entregou uma performance de extrema complexidade emocional. Eunice é uma mulher que carrega o peso de um luto duplo: o desaparecimento brutal de seu marido, Rubens Paiva, durante a ditadura militar, e a perda gradual de suas memórias devido ao Alzheimer.

No filme, Fernanda divide a personagem com Fernanda Montenegro, que interpreta Eunice em sua fase mais avançada de vida. Juntas, elas criam uma jornada de dor, força e resiliência que transcende a tela. 

A interpretação de Fernanda Torres foi amplamente aclamada por críticos internacionais, que destacaram sua sensibilidade ao capturar tanto a fragilidade quanto a força da personagem em meio às adversidades.

Quando seu nome foi anunciado no Globo de Ouro, foi um momento histórico para o cinema brasileiro. Pela primeira vez, uma atriz brasileira foi reconhecida em uma das premiações mais prestigiadas do mundo. E, ainda assim, parte do público preferiu apontar críticas ao filme e à legitimidade da conquista.

O peso do viralatismo cultural

Essa reação não é um caso isolado. O viralatismo cultural é uma questão que atravessa décadas no Brasil. Ele se manifesta na constante desvalorização da nossa cultura, arte e conquistas. Quando algo ou alguém do Brasil alcança sucesso internacional, é comum vermos comentários que minimizam ou questionam o mérito dessa conquista.

Essa mentalidade tem raízes históricas. Durante muito tempo, fomos ensinados a enxergar o que é produzido no exterior como padrão de qualidade e relegar o que vem daqui a um segundo plano. O problema é que esse complexo de inferioridade muitas vezes nos impede de celebrar nossas vitórias.

No caso de Ainda Estou Aqui, o viralatismo se manifestou de forma particularmente cruel. Ao invés de aplaudirmos o reconhecimento internacional de uma obra tão relevante, parte da sociedade se apressou em deslegitimá-la, questionando desde a escolha da narrativa até o fato de Fernanda Torres ser uma mulher branca.

A questão da representatividade e o filme Ainda Estou Aqui

É verdade que o debate sobre representatividade no cinema é necessário e urgente. O Brasil é um país diverso, e isso precisa estar refletido nas telas. Porém, deslegitimar uma conquista histórica como a de Fernanda Torres no Globo de Ouro não contribui para essa luta – pelo contrário, ela a enfraquece.

Ainda Estou Aqui é uma obra profundamente pessoal e política. Baseado no livro de Marcelo Rubens Paiva, o filme aborda a história de Eunice Paiva, uma mulher que perdeu o marido para o regime militar e enfrentou anos de luta para criar seus filhos e preservar a memória de Rubens. Ao mesmo tempo, o filme também retrata o impacto do Alzheimer na vida de Eunice, que começa a perder as memórias que tanto lutou para manter vivas.

A crítica de que a obra foca em uma família branca e de classe média ignora o contexto maior: a história de Eunice Paiva é um símbolo de resistência contra a repressão da ditadura militar. A dor da personagem representa a de muitas famílias que sofreram com a violência do regime, independentemente de cor ou classe social. 

Além disso, é importante entender que a vitória de Fernanda Torres não exclui outras narrativas. Pelo contrário, ela abre portas para que mais histórias brasileiras sejam contadas e reconhecidas internacionalmente.

Por que não conseguimos comemorar nossas vitórias?

Essa dificuldade em celebrar conquistas nacionais também está ligada à polarização política e cultural que vivemos. Cada vitória é analisada através de uma lente de críticas ideológicas, em vez de ser vista pelo que realmente é: um motivo de orgulho.

No caso de Fernanda Torres, ela foi atacada por representar uma narrativa que alguns consideraram privilegiada demais. Mas essa crítica ignora o mérito de sua performance e o impacto que a obra tem ao expor um dos períodos mais sombrios da história do Brasil.

O problema do viralatismo é que ele não apenas nos impede de comemorar nossas conquistas, mas também afeta como o resto do mundo nos enxerga. Quando desvalorizamos nossos próprios artistas e produções, estamos mandando a mensagem de que não levamos a sério a nossa cultura.

No fim das contas

A vitória de Fernanda Torres no Globo de Ouro deveria ser motivo de celebração, não de controvérsia. Ela é uma prova de que o cinema brasileiro tem qualidade e relevância para competir no cenário internacional. Mais do que isso, é um lembrete de que precisamos valorizar nossas próprias histórias e conquistas.

Ainda Estou Aqui é uma obra que fala sobre memória, resistência e o impacto de um período que o Brasil ainda luta para enfrentar. É um filme que merece ser visto, debatido e reconhecido pelo que é: uma narrativa profundamente brasileira, mas com apelo universal.

Que possamos aprender a celebrar nossas vitórias e, ao mesmo tempo, continuar lutando por mais espaço para narrativas diversas. Porque o sucesso de uma mulher brasileira como Fernanda Torres no Globo de Ouro não é apenas dela – é nosso. É a prova de que, apesar do viralatismo, ainda estamos aqui.

 

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+ Retrospectiva 2024: relembre os melhores momentos do entretenimento

+ Conheça a história real por trás do filme Ainda Estou Aqui

Texto revisado por Bells Pontes

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