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Junho: Mês do orgulho LGBTQIA+; confira história e produções

A história do mês do orgulho LGBTQIA+ e algumas produções para você assistir!

Texto Renata Rodrigues e Anna Mellado

 

É celebrado durante todo o mês junho o orgulho LGBTQIA+, sigla para Lésbicas, Gays, Bissexuais, Transsexuais, Queer, Intersexo, Assexuais, Agêneros e simpatizantes. A data, que vem ganhando cada vez mais apoio popular nos últimos anos, faz referência a uma série de manifestações que aconteceram nos EUA, no dia 28 de junho 1969 contra a homofobia, praticada por policiais aos membros da comunidade LGBTQIA+ e simpatizantes.

Até o início da década de 1960, a homossexualidade era considerada crime nos Estados Unidos. O movimento de resistência à homofobia ficou conhecido como Revolta de Stonewall e é considerado o evento que deu início aos protestos sequentes de lutas pelos direitos LGBTs, como as paradas que acontecem pelo mundo todo geralmente em junho. Em 1950 e 1960, poucos lugares recebiam homossexuais abertamente. Nessa época, o Stonewall Inn era propriedade de um grupo mafioso e conhecido por ser popular entre as pessoas mais pobres e marginalizadas da comunidade gay, consagrando-se assim, como um símbolo de luta do grupo.

A frente do bar Stonewall Inn. Foto: Johannes Jordan/Wikimedia Commons

Em pesquisa sobre o local, encontramos um antiga imagem com os seguintes dizeres em uma placa na janela (setembro de 1969): “Nós, homossexuais, advogamos, com nossa comunidade, a manutenção da conduta pacífica e calma nas ruas do Village—Mattachine.”

Aqui no Brasil, a Parada LGBT de São Paulo, é considerada uma das maiores do mundo. Entretanto, sua primeira edição só aconteceu em 1997. Esse acontecimento tardio explica o porquê a criminalização da homofobia ainda é uma conquista muito recente para os brasileiros. De acordo com a BBC Brasil, somente no ano passado a justiça determinou que a discriminação por orientação sexual e identidade de gênero fosse considerada um crime.

O Brasil foi 43º país a criminalizar LGBTQIA+fobia. Em 13 de junho de 2019, o STF enquadrou a homofobia e a transfobia na lei do Racismo (7.7716/89). De acordo o portal G1, praticar, induzir ou incitar a discriminação ou preconceito em razão da orientação sexual da pessoa poderá ser considerado crime e a pena será de um a três anos, além de multa. Se houver divulgação ampla de ato homofóbico em meios de comunicação, como publicação em rede social, a pena será de dois a cinco anos, além de multa.

Protesto contra a ‘Cura Gay’ em São Paulo. Foto: El País

Em 2020, devido a pandemia da covid-19, muitos desses eventos e protestos estão tendo que ser reinventados. A Parada de São Paulo terá sua primeira edição totalmente online. No dia 14 de junho, a partir das 14:00h, através do canal no YouTube ParadaSP. Vários artistas farão suas apresentações. O tema dessa edição é solidariedade e o objetivo é arrecadar doações para o projeto Rede Parada Pela Solidariedade, que apoia uma parcela da população LGBT em situação de vulnerabilidade, conforme informa o Catraca Livre.

Ainda neste mês, outro evento muito importante também acontecerá online: o Global Pride 2020 – em 27 de junho. Segundo o site Catraca Livre, mais de 800 marchas de todo o mundo se reunirão online, durante 24 horas consecutivas. A transmissão vai contar com a participação de líderes globais, popstars e drag queens, incluindo a brasileira Pabllo Vittar.

Mesmo cinquenta e um anos depois de Stonewall, a luta por mais direitos e contra intolerância continua tendo extrema relevância para a comunidade e seus apoiadores. Segundo o levantamento realizado pela Ilga (Associação Internacional de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Trans e Intersexuais), divulgado pelo Nexo Jornal, quase um quarto da população mundial, cerca de 23%, vive em países onde relações homoafetivas são proibidas. Na Síria, por exemplo, a legislação prevê 8 anos de prisão. Em outros países é imposto até pena de morte. Os dados são tristes e por isso precisamos apoiar a luta LGBTQIA+.

A representação da cultura LGBT+ no Cinema
Elenco de Sense8 na Parada Gay em São Paulo em 2016. Foto: Netflix

Sabemos que o Cinema tem uma importância social significativa e, apesar de se existir uma luta por mais espaço na indústria, o relatório anual do grupo ativista GLAAD (Aliança de Gays e Lésbicas Contra Difamação) divulgou que dos 109 lançamentos de 2017, dos sete maiores estúdios de cinema, apenas 14, ou seja, 12,8%, incluíam personagens LGBT.

É claro que o espaço na mídia para tratar do tema aumentou, assim como discussões e manifestações, porém, ainda falta representatividade, já que, a maioria das produções retrata o homossexual branco e do sexo masculino. Outra parte também agrega o sexo feminino, também branco, com estereótipos já definidos. Em geral, os personagens são rasos, com conflitos voltados apenas para a sexualidade.

Em se tratando da homossexualidade feminina, a sexualização por parte do patriarcado – os que normalmente produzem esses filmes e séries – precisa ser mais explorada. “O cerne do problema não está só na construção, no entanto, mas também na inclusão dessa minoria no mercado audiovisual. E não apenas na atuação, mas no roteiro, direção, fotografia e outras áreas da equipe técnica são necessárias pessoas que tenham vivência para compartilhamento de tais experiências”, diz o jornal ‘História do Cinema V’, na plataforma Medium.

Uma nova pesquisa divulgada com exclusividade pela Netflix em parceria com a GLAAD do Brasil constatou que alguns programas estão ajudando a criar empatia entre os espectadores. Cerca de 80% dos brasileiros que não se identificam como LGBTQ+ disseram que séries como Elite e Sex Education – e personagens como Casey de Atypical e Robin de Stranger Things – ajudaram a melhorar o relacionamento com pessoas LGBTQ+ em suas próprias vidas. A maioria dos participantes LGBTQ+ sente que o entretenimento reflete sua comunidade com mais precisão agora do que há dois anos.

Séries colaboram para um melhor relacionamento com pessoas LGBTQ+. Foto: Netflix

Isso mostra a importância das séries, filmes, documentários e demais produções audiovisuais em nossa sociedade. Muitas vezes, pessoas que nunca se entrosaram com o assunto, aprendem lições que jamais serão esquecidas. “Dada toda a polarização do mundo hoje, a representação nas telas importa mais do que nunca. A Netflix e os criadores de todo o mundo têm a oportunidade de aumentar a aceitação da comunidade LGBTQ+ por meio do entretenimento”, disse Monica Trasandes, diretora de mídia latinx e representação em língua espanhola da GLAAD.

O Entretenimento, em todo o mundo, ainda está em processo de mudança, isso nós temos certeza. É preciso fazer campanhas e cobrar por mudanças, pois é necessário mostrar à sociedade que o homossexualismo, a transsexualidade, a não identificação de gênero e afins não são ameaçadoras como muitos pensam e sim, a realidade de uma grande parcela da sociedade que quer e precisa ser ouvida e se sentir representada.

O Entretetizei celebra todos os tipos de amor, todas as raças, todas as crenças, culturas, gêneros e identificações. Entendemos que é importante apoiar causas LGBTs sempre. Para isso, selecionamos algumas produções imperdíveis e atemporais que trabalham a temática LGBTQIA+ para você assistir durante todo o ano.

Produções com temática LGBTQIA+ para você assistir
Pose. Foto: FX

Pose se passa na Nova York dos anos 1980, época marcada pela ascensão da cultura do luxo e surgimento dos bailes LGBT. A primeira temporada está disponível na Netflix.

Na comédia Grace e Frankie, duas famílias que acabam de descobrir que seus maridos são apaixonados e viveram mais de 20 anos escondendo o romance. Seis temporadas estão disponíveis na Netflix.

Em Transparent, conhecemos Mort, um homem com três filhos adultos que decide reunir a família para anunciar que deseja se assumir transgênero. As quatro temporadas estão disponíveis no Prime Vídeo.

Grace and Frankie. Foto: Skydance Productions

Todxs Nós é uma produção brasileira que conta a história de Rafa, uma jovem pansexual, que se identifica como não-binária e acaba de se mudar para São Paulo. Disponível no streaming da HBO.

Em Sense8, oito desconhecidos de nacionalidades diferentes que possuem uma misteriosa conexão mental e estão sendo caçados por uma instituição que os vê como ameaça. As três temporadas estão disponíveis na Netflix.

Queer Eye é um Reality Show em que um grupo de cinco Gays realizam incríves e emocionantes transformações na vida de homens e mulheres com baixa autoestima. O reality tem cinco temporadas na Netflix.

Elisa Y Marcela. Foto: Netflix

Tomboy é a história de uma menina de dez anos que se passa por garoto para fazer amizade com as crianças da vizinhança. O filme está disponível no streaming do Telecine.

Ambientada na Europa de 1910, Elisa y Marcela recria a primeira união homossexual do continente. Produção disponível no streaming da Netflix.

Disposto a buscar direitos iguais e oportunidades para todos sem discriminação sexual, Harvey Milk acaba se tornando o primeiro gay assumido a alcançar um cargo público de importância nos EUA. Milk: A voz da Igualdade está disponível no Telecine.

Milk: A Voz da Igualdade. Foto: SDN

Uma mulher rica casada e uma balconista embarcam em um verdadeiro carrosel de emoções ao se envolverem em um romance proibido na década de 1950. Carol, está disponível na Netflix.

O documentário A Morte e Vida de Marsha P. Johnson, disponível na Netflix, conta a história de Marsha, uma mulher trans, e importante ativista da causa LGBT nos EUA.

Aos 17 anos, Simon sofre por esconder um grande segredo: sua homossexualidade. E tudo fica mais complicado quando ele se apaixona por um dos colegas de classe, anônimo, na internet. Com amor, Simon está disponível no Youtube e Google Play Filme.

A Morte e a Vida de Marsha P. Johnson. Foto: Netflix

Em Moonlight: Sob a Luz do Luar, Black trilha uma jornada de autoconhecimento enquanto tenta escapar do caminho fácil da criminalidade e do mundo das drogas de Miami. Moonlight está disponível na Netflix.

Em “Nasci Gay: A Descoberta”, o ícone da música pop Olly Alexander, vocalista da banda Years & Years, que conta sobre as vulnerabilidades da comunidade gay e fala abertamente sobre sua depressão. Disponível no Globosat Play para assinantes de TV paga.

Esperamos que, através dessa matéria, todes possam entender a importância da luta contra a homofobia. É sobre ser humano, ser livre.

Nasci Gay, a Descoberta. Foto: Divulgação
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