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Kinds of Kindness: o que se sabe até agora sobre o filme de Yorgos Lanthimos

Novo longa ousado do diretor de Pobres Criaturas chamou atenção no Festival de Cannes

Yorgos Lanthimos é um dos diretores querididinhos do momento. Depois do sucesso com Pobres Criaturas (2023), o cineasta grego prepara mais um filme que promete dar o que falar. Com um elenco de peso e uma sinopse pouco reveladora, o longa pretende levar muitos curiosos ao cinema. Por isso, reunimos tudo o que sabemos sobre Kinds of Kindness.

Emma Stone e Joe Alwyn em Tipos de Gentileza
Foto: divulgação/Searchlight Pictures
Elenco conhecido, com pitadas de novidades

Kinds of Kindness conta com figuras brilhantes no elenco, que já trabalharam com Lanthimos em outras obras, como Pobres Criaturas. Entre elas, estão Willem Dafoe, Margaret Qualley, e claro, Emma Stone. A musa de Yorgos Lanthimos rouba a cena mais uma vez, e é um dos grandes destaques do novo filme.

O elenco também conta com Joe Alwyn (A Favorita, 2018) – sim, o ex namorado de Taylor Swift -, Jesse Plemons (Guerra Civil, 2024), Hunter Schafer (Euphoria, 2019-presente), Hong Chau (A Baleia, 2022) e Mamoudou Athie (Ameaça Profunda, 2020). Além disso, o diretor revelou que cada ator irá realizar um papel distinto nas três diferentes histórias que irão compor o filme.

Parte do elenco de Kinds of Kindness
Foto: divulgação/Searchlight Pictures
Enredo misterioso

A narrativa de Kinds of Kindness é um dos pontos de maior curiosidade entre os fãs. O que se sabe até agora é que o filme irá apresentar três histórias antológicas em seus 165 minutos (ou 2h45) de duração. O enredo gira em torno de um homem que tenta assumir o controle de sua própria vida, um policial cuja esposa parece uma pessoa diferente e uma mulher que procura alguém com uma habilidade especial.

Yorgos Lanthimos co-escreveu o roteiro com Efthymis Filippou, amigo de longa data do diretor. O roteirista já trabalhou com Lanthimos em outras produções, como O Lagosta (2015) e O Sacrifício do Cervo Sagrado (2017). Por conta disso, o novo filme não deve se distanciar muito da característica autoral dos cineastas.

Parte do elenco de Tipos de Gentileza
Foto: divulgação/Searchlight Pictures

Dessa forma, não espere aqui um Pobres Criaturas 2, e sim uma obra mais inclinada para o polêmico Dente Canino (2009), um dos primeiros filmes de sucesso de Lanthimos.

O parágrafo abaixo pode conter spoilers

Segundo a imprensa que assistiu ao filme em Cannes, uma das sequências mais alarmanetes de Kinds of Kindness conta com uma cena de sexo entre casais, além de um momento em que o personagem de Jesse Plemons incentiva Emma Stone a cortar o próprio fígado.

Emma Stone e Jesse Plemons em Tipos de Gentileza
Foto: divulgação/Searchlight Pictures
Dando o que falar em Cannes

Kinds of Kindness foi exibido na mostra competitiva do Festival de Cannes 2024. Segundo a Variety, o novo filme de Yorgos Lanthimos assustou os críticos presentes com uma antologia de histórias sobre cultos sexuais, canibalismo e libertinagem (em outras palavras, o puro suco de Lanthimos). De acordo com o crítico de cinema Dalenogare, o filme dividiu opiniões, mas não deixou de chocar os espectadores devido à história e às ações das personagens.

Kinds of Kindness foi ovacionado após a sessão, e recebeu quase cinco minutos de aplausos de pé. Além disso, Jesse Plemons conquistou o prêmio de Melhor Ator no festival. Ele, juntamente com Emma Stone, compõem a dupla de protagonistas nas três histórias antológicas. A atriz também ganhou muitos elogios pela atuação.

Jesse Plemons e Hong Chau em Kinds of Kindness
Foto: divulgação/Searchlight Pictures
Posters pra lá de curiosos

Se já não bastasse toda a estranheza gerada pelo enredo, os posters não ficam para atrás. Com um formato curioso, os primeiros cartazes lançados de Kinds of Kindness dão ênfase para cada personagem que compõe o filme. Os rostos ampliados são uma metáfora para as máscaras que cada ator usa, visto que interpretam histórias distintas.

Cartazes elenco Kinds of Kindness
Imagem: divulgação/Searchlight Pictures

Além disso, com o lançamento do teaser do filme para o Cannes, a produtora aproveitou para anunciar mais posters de Kinds of Kindness, que parecem ser ainda mais curiosos. Em um deles, mais alguns spoilers são notados, como elementos de destaque para cada história antológica. No outro, a menção às máscaras é novamente trazida, agora com todos os personagens ao mesmo tempo. É inegável que, com isso, a curiosidade sobre o filme só se torna ainda maior.

Poster oficial Kinds of Kindness Cannes
Imagem: divulgação/Searchlight Pictures
Trailers e mais trailers

Na última quarta (29), a Searchlight divulgou o trailer oficial de Kinds of Kindness. Desde então, o filme vinha ganhando teasers e movie clips, que já acumulam milhões de visualizações. Com cenas que variam entre preto e branco e colorido (traço visto em Pobres Criaturas), o novo filme de Lanthimos explora, mas não muito, a personalidade das personagens nos trailers.

Confira o trailer oficial, lançado na última quarta (29):

A música e os efeitos sonoros também são elementos que se destacam nos materiais de divulgação audiovisual de Kinds of Kindness. Yorgos Lanthimos convidou novamente Jerskin Fendrix para montar a trilha sonora do filme. Fendrix é o músico britânico responsável por dar vida à trilha sonora de Pobres Criaturas. Por isso, já é de se esperar que a música do novo longa tenha uma participação para lá de especial.

Confira o primeiro teaser de Kinds of Kindness:

Outros teasers e movie clips também podem ser assistidos no canal oficial da produtora no Youtube.

Kinds of Kindness estreia nos cinemas americanos dia 21 de junho. Infelizmente, o filme demorou para ganhar uma distribuição brasileira e, por isso, teve seu lançamento adiado para 22 de agosto nos cinemas do Brasil.

Willem Dafoe e Margaret Qualley em Kinds of Kindness
Foto: divulgação/Searchlight Pictures

E aí, já está com expectativas para o novo filme? Então conta pra gente nas redes sociais do Entretê (Instagram, Twitter e Facebook) e nos siga para ficar por dentro de tudo o que rola no mundo do entretenimento.

Leia também: O Diretor do Momento: saiba mais sobre Yorgos Lanthimos

 

Texto revisado por Thais Moreira

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Crítica | Às Vezes Quero Sumir

Longa com Daisy Ridley explora a lenta aprendizagem de socializar

Quem nunca esteve no meio de uma roda de conversa com pessoas super extrovertidas e falantes? Para alguns, isso pode ser o melhor dos mundos. Mas, para outros, é o pior pesadelo reencarnado. E com Fran (Daisy Ridley) não é diferente. Às Vezes Quero Sumir pode ter uma narrativa lenta, porém aborda as dificuldades de socialização com criatividade.

Fran é uma personagem introvertida em Às Vezes Quero Sumir

Sobre Às Vezes Quero Sumir

Fran (Daisy Ridley) é uma jovem adulta extremamente introvertida e com pensamentos suicidas. Ela trabalha em um escritório no meio de uma pequena cidade pacata e chuvosa. Um dia, a empresa recebe um novo funcionário: Robert (Dave Merheje), um homem extrovertido, alto-astral e apaixonado por conversa.

Em um momento inusitado no trabalho, Fran faz Robert rir através de um bate-papo on-line, o que acaba resultando em um inesperado romance. Só que, à medida que o relacionamento floresce, Fran precisa encarar uma luta interna entre a introversão e o desejo primitivo de se relacionar com os outros.

Fran e Richard de Às Vezes Quero Sumir
Foto: divulgação/Synapse Distribution
O retrato interno através da imagem

Não é à toa que o nome original do filme é Sometimes I Think About Dying: em tradução literal, às vezes penso em morrer. O longa aborda a subjetividade de forma muito poética, e os sentimentos depressivos e niilistas tomam conta total do cenário, com filtros azulados e espaços escurecidos. É como se o retrato da mente de Fran fosse externalizado para o ambiente.

O filme é baseado em uma peça teatral de Kevin Armento, Killers (2013). Por conta disso, há muita criatividade para interpretar os pensamentos suicidas da protagonista, e as cenas rápidas foram conduzidas com maestria. Grande parte delas – para não dizer todas – envolvem um aspecto lírico e quase que fantasioso sobre a morte.

Morte representativa em Sometimes I Think About Dying
Foto: divulgação/Synapse Distribution
Sobre diretoras e atrizes

Às Vezes Quero Sumir é dirigido por Rachel Lambert, e o longa é o primeiro trabalho da diretora distribuído no Brasil. Porém, o filme chamou a atenção da distribuidora principalmente por trazer no elenco a atriz que interpreta Fran: Daisy Ridley. A artista britânica é conhecida por dar vida à Rey na trilogia sequela de Star Wars.

E não é apenas com personagens de ficção científica que Ridley sabe trabalhar. A atriz faz o público se interessar pela protagonista. Mesmo com pouquíssimas falas, é possível absorver a profundidade dos sentimentos de Fran apenas pelos olhares e expressões faciais que ela demonstra.

Daisy Ridley em As Vezes Quero Sumir
Foto: divulgação/Synapse Distribution
Mas e aí?

Apesar de contar com momentos bem autorais e uma boa atuação da protagonista, Às Vezes Quero Sumir apresenta falhas no roteiro. Isso porque algumas situações parecem não ter uma cronologia que dá coerência à trama, como algumas decisões que Fran toma ao longo da narrativa.

Com isso, parece não ter havido uma linha de coesão entre as ações da personagem, fato que diminui a verossimilhança da obra com a realidade de uma pessoa que tenha o mesmo estado mental de Fran.

O roteiro também enfraquece em sua estrutura de três atos, mais especificamente no terceiro e último. É como se a história do filme não chegasse a uma conclusão, e quando o longa termina, cresce uma sensação de que as últimas cenas estão por aí, desaparecidas,  esperando serem encontradas.

Cena lírica do filme Sometimes I Think About Dying
Foto: divulgação/Synapse Distribution
Vale a pena assistir?

Em uma das cenas de diálogo entre Robert e Fran, o personagem afirma: “É difícil, não é? Ser uma pessoa”. Essa frase, mesmo que curta, expressa grande parte dos assuntos que o filme propõe discutir. Isso porque, para muitas pessoas, a interação com terceiros é um desafio diário que a sociedade as obriga a passar.

Mesmo com uma narrativa lenta, o longa traz uma história interessante e com takes criativos, longe das obras engessadas. Por isso, para quem curte um cinema mais autoral e quer assistir Daisy Ridley em outros papéis, o filme é uma boa aposta.

Às Vezes Quero Sumir estreia hoje, 23 de maio, nos cinemas.

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Texto revisado por Michelle Morikawa

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Filmes escondidos no streaming que valem a pena assistir

Confira opções de filmes bem avaliados e fora do radar que estão disponíveis nas plataformas de streaming

Sabe aquele momento em que você já está com cara de tédio de tanto procurar algum filme interessante para assistir, mas não consegue encontrar nenhum que desperte a atenção? Esta lista foi toda pensada para solucionar seu problema!

Confira abaixo uma lista com filmes excelentes, não tão óbvios e disponíveis nas plataformas de streaming, só esperando o seu play para serem descobertos.

Tully (2018)
Tully é um dos filmes escondidos no streaming
Imagem: reprodução/IMDb

O filme conta a história de Marlo (Charlize Theron), uma mãe de três filhos que vive uma vida atarefada e exaustiva. Um dia, ela ganha de presente do irmão uma babá que cuidará das crianças durante a noite. Mesmo hesitante, Marlo é surpreendida ao conhecer Tully (Mackenzie Davis), com quem dividirá noites em claro, choques geracionais e conversas difíceis.

Tully tem diálogos impactantes, um enredo realista e Charlize Theron (O Escândalo, 2019) entregando uma atuação incrível. O filme está disponível no Max.

A Garota Ideal (Lars and The Real Girl) (2007)
Ryan Gosling faz A Garota Ideal, filme escondido no Prime Video
Imagem: reprodução/Prime Video

Lars (Ryan Gosling) é um homem de meia idade extremamente tímido, que se sente incapaz de ter uma vida social. Por isso, seu irmão e sua cunhada ficam surpresos quando ele anuncia que tem uma nova namorada, a qual conheceu pela internet. 

Quando são apresentados, descobrem que ela é uma boneca de plástico, porém, Lars acredita que a namorada é uma pessoa real. A partir disso, por sugestão médica, a família e a comunidade acolhem a boneca como a companheira de Lars.

Ryan Gosling como vocês jamais viram! O filme tem uma premissa bem original, ótimas reflexões e uma atmosfera de estranheza e comicidade bem equilibrada. A Garota Ideal está disponível no Prime Video e na Mubi.

Três Anúncios para um Crime (Three Billboards Outside Ebbing, Missouri) (2017)
Filme escondido no streaming star plus
Imagem: reprodução/Star+

Mildred Hayes (Frances McDormand) é uma mulher inconformada com a ineficácia da polícia em encontrar o assassino de sua filha. Por isso, ela decide chamar a atenção para o caso alugando três outdoors em uma estrada muito pouco utilizada. A atitude repercute em toda a cidade de Ebbing, no Missouri, e as consequências afetam várias pessoas, inclusive Mildred e o delegado Willoughby (Woody Harrelson).

Um filme excelente, ganhador de muitos prêmios – como o Oscar de Melhor Atriz – mas que não é tão comentado entre o público. Com uma história bem estruturada e interessante do começo ao fim, o longa carrega belas atuações e momentos de revolta. Três Anúncios para um Crime está disponível no Star+.

Doente de Mim Mesma (Sick of Myself) (2022)
Doente de Mim Mesma é outro filme escondido na Mubi
Foto: reprodução/Mubi

Signe (Kristine Thorp) é uma jovem narcisista que está em um relacionamento doentio e competitivo com Thomas (Anders Danielsen Lie), um artista contemporâneo fraudulento em ascensão. Com inveja, Signe se esforça ao extremo para voltar a receber a atenção do namorado e de terceiros.

Doente de Mim Mesma é mais um filme que mostra o quanto o cinema norueguês conta com boas produções. O longa é uma comédia sombria sobre relacionamento tóxico e narcisismo, e merece a sua atenção. O filme está disponível no Mubi.

Vidas em Jogo (The Game) (1997)
The Game é um filme escondido no streaming Netflix
Foto: reprodução/IMDb

Nicholas Van Orton (Michael Douglas) é um banqueiro bem-sucedido, mas com uma vida monótona. Quando seu irmão distante Conrad (Sean Penn) retorna para o seu aniversário, traz para Nicholas uma estranha participação em um jogo da vida real, como presente.

O jogo inicia de forma inofensiva, mas se torna cada vez mais violento. A partir disso, Nicholas começa a temer por sua vida quando se vê preso em um esquema grandioso. Sem ninguém em quem confiar, o banqueiro tem que encontrar respostas por si mesmo.

Dirigido pelo talentosíssimo David Fincher (Clube da Luta, 1999), o filme é suspense do início ao fim. Vidas em Jogo é considerado um dos melhores thrillers das últimas décadas, mas não está na boca do povo. O longa está disponível na Netflix.

How to Have Sex (2023)
How To Have Sex está presente no streaming Mubi
Imagem: reprodução/IMDb

How to Have Sex acompanha as três adolescentes britânicas, Tara (McKenna-Bruce) Em (Enva Lewis) e Skye (Lara Peake), passando férias de verão juntas em Mália, na Grécia. Com madrugadas em boates carregadas de bebidas alcoólicas, o que deveria ser um dos melhores momentos de suas vidas, revela as complexidades da amizade feminina e da sexualidade adolescente.

Um filme obrigatório para todas as gerações de adolescentes e jovens adultos. How to Have Sex explora as esferas da pressão pela perda da virgindade, consentimento e autodescoberta. Premiado em Cannes, o longa lançou na surdina no streaming, mas merece atenção pelas temáticas que aborda. O filme está disponível na Mubi.

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Texto revisado por Thais Moreira 

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Crítica | Love Lies Bleeding – O Amor Sangra

Com romance, crime e fisiculturismo, filme estrelado por Kristen Stewart é chocante, mas tem final controverso

Em uma era de retorno ao fanatismo pelo shape perfeito, Love Lies Bleeding – O Amor Sangra traz a admiração do corpo sarado como templo. Mas não só isso. O filme também aborda um amor intenso, uma família envolvida em uma teia criminosa e até onde podemos ir para conseguir o que queremos. E surpreendentemente, o novo longa de Rose Glass (Saint Maud, 2019) equilibra todos os pontos com uma narrativa eletrizante.

Katy O'Brian como Jackie
Foto: reprodução/IMDb
Sobre Love Lies Bleeding – O Amor Sangra

A trama traz a história de Lou (Kristen Stewart), uma gerente de academia solitária. Um dia, ela conhece Jackie (Katy O’Brian), uma aspirante a fisiculturista que está de passagem do Novo México para Las Vegas, onde irá participar de uma competição. A partir do instante em que se conhecem, Lou e Jackie desenvolvem um amor fulminante que provoca uma reação violenta, e as duas se vêem presas na rede criminosa da família de Lou.

O filme é carregado por uma estética dos anos 1980 muito bem montada em todos os detalhes. Luzes neon, objetos de época e uma trilha sonora retrô compõem a ambientação de Love Lies Bleeding. Além disso, o figurino é uma dose extra ao estilo do longa. Por isso, o espectador se vê imerso na década de 1980 de forma bem potente, o que intensifica o envolvimento com a trama. Sem dúvidas, é um dos pontos de mais destaque na produção.

Love Lies Bleeding tem paixão queer
Foto: reprodução/IMDb
Atuações impecáveis

Um brinde para as atuações! Kristen Stewart (Spencer, 2021) entrega um de seus melhores trabalhos até o momento. A cada nova produção, a atriz tem provado que consegue sustentar papéis complexos. 

Além disso, Katy O’Brian (The Mandalorian, 2019-presente) mostrou um potencial enorme no papel de Jackie. Por mais que Lou seja a protagonista, a personagem de O’Brian é quem se torna a figura ativa que trará as reviravoltas do filme. Juntas, as duas precisam lidar com uma mescla de sentimentos muito distintos, como amor, ódio e vingança. Isso aprofunda as personagens, e as atrizes não nadam raso.

Vale destacar, também, que os personagens de apoio não são desperdiçados graças à teia do crime elaborada no longa, que se torna ainda mais interessante pelas atuações. Um salve para Ed Harris (Os Eleitos, 1983) no papel de Sr. Lou, Dave Franco (Truque de Mestre, 2013) como JJ e a engraçadíssima mas pouco conhecida Anna Baryshnikov (Manchester à Beira-Mar, 2016), que atua como Daisy.

Katy O'Brian e Kristen Stewart em Love Lies Bleeding
Foto: reprodução/IMDb
Final controverso

Certamente, o final do filme é capaz de dividir opiniões devido à liberdade autoral que Rose Glass tem. Isso porque os filmes da diretora, como Saint Maud (2019), costumam ter um cunho psicológico forte, e o novo longa não foge disso. Porém, Love Lies Bleeding se manteve em um espectro de realidade durante grande parte da narrativa. Por isso, a escolha de fechar o filme de tal maneira gera uma quebra de expectativa, negativa para alguns.

Mas esse ponto tem capacidade de tornar o novo longa ruim? Jamais! Na verdade, ter um final com um viés mais psicológico e quase surrealista, para muitos, torna a digestão do filme mais lenta, e a busca por explicações e finais entendidos vira uma tarefa proveitosa e com discussões bem interessantes.

Kristen Stewart como Lou
Foto: reprodução/IMDb
Vale a pena assistir?

Love Lies Bleeding é eletrizante do início ao fim. As atuações são impecáveis e transportam o arco narrativo de forma perfeita. O espectador se sente envolvido durante toda a duração do longa. Além disso, a paixão queer e o humor ácido na medida certa deixam a trama mais completa e chamativa para públicos diversos. Dessa forma, mesmo com um final que decai, o filme tem muito potencial para ser um dos destaques do ano.

Love Lies Bleeding estreia hoje (1) nos cinemas brasileiros.

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Texto revisado por Thais Moreira

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As principais estreias de maio no cinema

Imaculada, com Sydney Sweeney, e Love Lies Bleeding – O Amor Sangra estão entre os destaques

Maio está quase aí, e ele vem repleto de lançamentos nos cinemas brasileiros. Por isso, criamos uma lista das principais estreias nas telonas nesse mês. Confira abaixo os destaques de maio, com data de estreia, trailer e sinopse dos filmes.

Love Lies Bleeding – O Amor Sangra (2024)

Lou (Kristen Stewart) trabalha em uma academia em uma cidade pacata no interior dos Estados Unidos. Um dia, ela conhece Jackie (Katy M. O’Brian), uma fisiculturista ambiciosa a caminho de Las Vegas, e logo as duas se apaixonam. Porém, o amor delas leva a uma série de eventos violentos quando elas são puxadas para dentro da teia criminosa da família de Lou.

Love Lies Bleeding – O Amor Sangra conta com ótimas atuações de Kristen Stewart (Spencer, 2021) e Katy M. O’Brian (The Mandalorian, desde 2019), e é repleto de paixão queer, fisiculturismo e crime. O filme estreia nos cinemas em 1 de maio.

O Dublê (The Fall Guy) (2024)

O dublê Colt Seavers (Ryan Gosling), depois de anos fora dos sets devido aos ferimentos causados pela profissão, volta à ação quando uma estrela de cinema desaparece de repente. À medida que o mistério se aprofunda, Colt se envolve em uma trama sinistra que o leva à beira de uma queda mais perigosa do que qualquer uma de suas atuações.

Estrelado por Ryan Gosling, o filme é repleto de ação e comédia, e vem conquistando elogios da crítica. O Dublê estreia dia 2 de maio nos cinemas.

Belo Desastre – O Casamento (Beautiful Wedding) (2024)

A sequência de Belo Desastre (2023) traz Abby (Virginia Gardner) e Travis (Dylan Sprouse) que, após uma noite de muita loucura em Las Vegas, descobrem que estão casados! Para não desperdiçarem o matrimônio, eles continuam casados e ainda vão aproveitar a lua de mel no México com os amigos e familiares.

Uma comédia romântica que tem tudo para ser no estilo de Todos Menos Você (2024) traz Dylan Sprouse (Zack e Cody: Gêmeos em Ação, 2005-08) e Virginia Gardner (A Queda, 2022) como um casal super divertido e irreverente. Belo Desastre – O Casamento estreia nos cinemas dia 9 de maio.

Planeta dos Macacos: O Reinado (2024)

Quase 300 anos após os eventos de Planeta dos Macacos: A Guerra (2017), civilizações de macacos emergiram do oásis para o qual César (Andy Serkis) conduziu seus companheiros, enquanto os humanos regrediram a um estado selvagem e primitivo. Quando o líder dos macacos, Proximus Caesar (Kevin Durant), propõe escravizar outros clãs em busca de vestígios de tecnologias humanas, Noa (Owen Teague), um chimpanzé comum, embarca em uma viagem angustiante ao lado de uma jovem humana para determinar o futuro dos macacos e dos humanos.

O diretor Wes Ball revitaliza a franquia e traz uma nova história que promete ser repleta de ação. Planeta dos Macacos: O Reinado chega dia 9 de maio nos cinemas.

Amigos Imaginários (IF) (2024)

Amigos Imaginários conta a história de Bea (Cailey Fleming), que descobre que pode ver os amigos imaginários de todo mundo. A partir disso, ela embarca em uma aventura mágica para reconectar amigos imaginários esquecidos.

A comédia fantasiosa é dirigida por John Krasinski (The Office, 2005-2013) e tem Ryan Reynolds (Deadpool, 2016) no elenco. Amigos Imaginários estreia nos cinemas em 16 de maio.

De Repente, Miss! (2022)

Mônica (Fabiana Karla) é muito apegada pela filha Luiza (Giulia Benite), e lamenta ter perdido a antiga conexão entre elas depois que a filha se tornou uma jovem influenciadora digital. Porém, em uma viagem de família no verão, Mônica decide encarar um concurso de beleza promovido somente entre os hóspedes, para reconquistar a atenção da filha. Mas ela precisará enfrentar uma conhecida concorrente (Danielle Winits) e vencedora. Será que vai dar certo?

Estrelado pela talentosíssima Fabiana Karla (Uma Pitada de Sorte, 2022), a comédia brasileira promete tirar boas risadas do público. De Repente, Miss! estreia em 16 de maio.

Back to Black (2024)

O filme é a biografia de Amy Winehouse, e narra a carreira sombria da artista, que em 2011 morreu aos 27 anos de idade por intoxicação alcoólica. Durante sua curta e marcante jornada profissional, Amy produziu dois álbuns: Frank e Back to Black, o último dos quais lhe rendeu seis prêmios Grammy. Até hoje, ela é considerada uma das grandes lendas da música soul e R&B.

Marisa Abela (Barbie, 2023) interpreta a cantora, e o filme pretende abordar o relacionamento conturbado de Amy e Blake Fielder-Civil, que a inspirou a escrever e gravar o álbum. Back to Black chega aos cinemas em 16 de maio.

Fúria Primitiva (Monkey Man) (2024)

Kid (Dev Patel) é um jovem anônimo que ganha a vida em um clube de luta underground. Usando uma máscara de gorila, ele é espancado por lutadores mais populares por dinheiro. Após anos de raiva reprimida, Kid descobre uma maneira de se infiltrar no enclave da elite sinistra da cidade, e ele desencadeia uma campanha de vingança explosiva para acertar as contas com quem tirou tudo dele.

Com uma atuação primorosa de Dev Patel (O Cavaleiro Verde, 2021), Fúria Primitiva já é considerado um filme aclamado pelo público. O longa estreias nos cinemas dia 23 de maio.

Furiosa: Uma Saga Mad Max (2024)

A jovem Furiosa (Anya Taylor-Joy) cai nas mãos de uma grande horda de motoqueiros liderada pelo senhor da guerra Dementus (Chris Hemsworth). Varrendo Wasteland, eles encontram a Cidadela, presidida pelo Immortan Joe (Tom Burke). Enquanto os dois tiranos lutam pelo domínio, Furiosa logo se vê em uma batalha ininterrupta para voltar para casa.

O prelúdio de Mad Max: Estrada da Fúria é protagonizado por Anya Taylor-Joy (A Bruxa, 2016) e promete trazer uma das sequências mais longas da história do cinema. O filme chega às telonas em 23 de maio.

Às Vezes Quero Sumir (2023)

Fran (Daisy Ridley), que gosta de pensar em morrer, faz o novo colega de trabalho rir, o que leva a um namoro e muito mais. Agora, a única coisa que está no caminho deles é a própria Fran. Para contornar isso, ela precisará se reinventar para embarcar na aventura de viver.

Estrelado por Daisy Ridley (Star Wars: O Despertar da Força, 2015), o filme não vem sendo muito comentado, mas tem bastante potencial para reflexões. Às Vezes Quero Sumir chega aos cinemas em 23 de maio.

Imaculada (2024)

Cecilia (Sydney Sweeney), uma jovem religiosa, se torna freira em um convento isolado na região rural italiana. Após ficar grávida misteriosamente, Cecilia é atormentada por forças malignas, enquanto confronta segredos sombrios e horrores do convento.

Com Sydney Sweeney (Euphoria, 2019-presente) entregando mais uma atuação belíssima, Imaculada vem ganhando os holofotes ao exibir um horror visceral. O filme estreia dia 30 de maio nos cinemas.

Os Estranhos: Capítulo 1 (2024)

Jovens e apaixonados, Maya (Madelaine Petsch) e Ryan (Froy Gutierrez) pegam a estrada em busca de uma vida fora da cidade. No meio do caminho, o carro enguiça e eles precisam parar próximos à uma pequena cidade. Enquanto aguardam o conserto, eles decidem alugar uma casa, em um lugar lindo e isolado. Porém, eles mal imaginam que se tornarão reféns de uma gangue de assassinos mascarados que atacam sem aviso.

O filme é um reboot da clássica franquia de terror, e será o primeiro longa de uma nova trilogia. Os Estranhos: Capítulo 1 chega aos cinemas em 30 de maio.

Meu Sangue Ferve Por Você (2020)

Em 1979, Sidney Magal (Filipe Bragança) é um dos artistas mais populares e celebrados do país e segue a rotina de ensaios e compromissos em Salvador. Durante um programa de TV, ele conhece a deslumbrante Magali (Giovana Cordeiro) e se apaixona de forma inédita e avassaladora. Para conquistá-la, ele precisa vencer a resistência de Jean Pierre (Caco Ciocler), seu empresário passional, além da desconfiança da família, amigos e da própria Magali.

A nova cinebiografia brasileira de Sidney Magal contará a história do encontro entre o cantor e Magali West, com quem é casado desde 1980. Meu Sangue Ferve Por Você estreia dia 30 de maio nos cinemas.

E aí, ficou faltando algum filme na lista? Então conta pra gente nas redes sociais do Entretê (Instagram, Twitter e Facebook) e nos siga para ficar por dentro de tudo o que rola no mundo do entretenimento.

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Texto revisado por Doralice Silva

 

 

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Crítica | Névoa Prateada

Longa da diretora Sacha Polak tem personagens envolventes, mas amarrações confusas

Névoa Prateada (silver haze) é o nome dado a uma espécie de cannabis utilizada para uso medicinal e recreativo. Usada para trazer bem-estar e relaxamento, ela também aumenta a euforia do usuário. Em Névoa Prateada (2023), a diretora holandesa Sacha Polak (Dirty God, 2019) traz as sensações da silver haze para contrastar com as realidades cruas dos subúrbios londrinos.

Sobre o que fala Névoa Prateada?

O filme apresenta a história de Franky (Vicky Night), uma jovem de 23 anos que trabalha como enfermeira e vive com a família no leste de Londres. Há 15 anos, Franky sofreu um acidente traumático que queimou parte de seu corpo e, por isso, ela é obcecada em encontrar os culpados. Além disso, a jovem sofreu com o abandono parental na infância, e se vê incapaz de criar relacionamentos com alguma profundidade.

Filme já está em cartaz nos cinemas de Brasília e São Paulo
Foto: divulgação/Bitelli Films

Em um dia de trabalho, Franky conhece Florence (Esmé Creed-Miles), que está internada no hospital depois de uma tentativa de suicídio falha. A partir disso, as duas rapidamente se apaixonam e são expulsas da casa de Franky por homofobia. Dessa forma, elas passam a viver com a família adotiva de Florence, na esperança de conseguirem algum acolhimento.

Elenco impecável

As atuações de Névoa Prateada são a preciosidade do longa. Vicky Night interpreta a protagonista Franky com tanta profundidade que, recentemente, recebeu o Prêmio do Júri do Teddy Award do Festival de Berlim. Porém, os coadjuvantes também são bem desenvolvidos e com histórias envolventes, como é o caso da irmã de Franky, Leah, e de Alice, a avó de Florence. Na verdade, o filme se desenrola a partir das histórias das personagens, que não se acomodam na superficialidade.

Esmé Creed-Miles como Florence
Foto: divulgação/Bitelli Films

A figura de Florence é, talvez, uma das mais complexas do enredo. A jovem lida com muitos problemas psicológicos, e o peso disso recai em Franky e aos outros de seu círculo social. Porém, Névoa Prateada não se propõe em expor abertamente o passado de Florence, e esse fato pode ter custado um pouco na criação de empatia com a personagem.

Por conta disso, é praticamente impossível não se irritar com as atitudes de Florence ao longo do filme. Inclusive, ela consegue se tornar quase que insuportável em momentos específicos da trama, o que prejudica o envolvimento com o longa.

Temas da atualidade

O filme abraça muitas questões contemporâneas para desenvolver o roteiro. Assuntos como o abandono parental, homofobia, relações familiares e abusos no relacionamento são temáticas que a diretora utiliza para contar a história. 

Além disso, é possível visualizar o amadurecimento de Franky ao longo da trama, visto que a protagonista precisa lidar não apenas com os problemas internos, como a autoestima e a obsessão por vingança, mas também passa a abraçar as complicações dos outros ao seu redor.

Vicky Night é Franky em Névoa Prateada
Foto: divulgação/Bitelli Films

Embora as atuações e temáticas de Névoa Prateada sejam ótimas, o filme deixa a desejar nas amarrações das personagens. Isso se deve porque Polak propõe histórias belíssimas para as figuras, mas não as finaliza, deixando ao espectador mais dúvidas do que o normal. É como se a diretora construísse um roteiro que não chegasse a lugar algum, ou talvez não queira chegar. No fim, é tudo sobre propostas e interpretações.

Vale a pena assistir a Névoa Prateada?

O filme, vencedor do Dinard British Film Festival, conta com ótimas atuações, histórias profundas e ângulos de câmera alternativos. Além disso, ele debate temas bem atuais e diversos, o que gera mais aproximação com o público. Por fim, a mensagem nos últimos momentos do longa, apesar de dura, é bonita ao proporcionar um crescimento da protagonista.

Névoa Prateada é o novo filme de Sacha Polak
Foto: divulgação/Bitelli Films

Para quem gosta de filmes europeus, com temáticas LGBTQIA+ e que se desprende da fórmula de começo, meio e fim do cinema hollywoodiano, o longa de Polak se encaixa perfeitamente.

Névoa Prateada está em cartaz nos cinemas de São Paulo e Brasília.

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Leia também: Crítica | Guerra Civil

 

Texto revisado por Kalylle Isse

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Crítica | Guerra Civil

Longa com Wagner Moura aborda o papel do jornalismo em tempos de guerra

Quantas fotos valem a vida de um jornalista? Em momentos de conflitos em todo mundo, Guerra Civil chega para aproximar a zona de combate ao público. O filme não se acomoda em mostrar cenas de crueldade e expõe de forma dura o cenário apocalíptico que uma guerra pode gerar. No meio disso tudo, a figura do jornalista se destaca ao buscar registros da verdade, a qualquer custo.

A personagem Lee no filme Guerra Civil
Foto: reprodução/IMDb
Sobre o que fala Guerra Civil?

No longa de Alex Garland (Aniquilação, 2018), uma guerra civil acaba de ser instaurada nos Estados Unidos. Com isso, quatro jornalistas de guerra viajam pelo país registrando a dimensão das situações e dos cenários violentos que rapidamente tomaram as ruas. Porém, o trabalho de documentação se transforma em uma luta pela sobrevivência quando a equipe também se torna o alvo.

No filme, Kirsten Dunst interpreta Lee, uma fotojornalista de guerra consagrada e assombrada pelas atrocidades que visualizou durante a carreira. Em contraponto, Jesse é uma jovem de 23 anos aspirante a fotógrafa de guerra, que tem em Lee uma das suas grandes inspirações. Esse contraste entre o entusiasmo de uma nova carreira e o atordoamento de quem já presenciou tudo traz um duro choque de realidade ao longo da trama.

Cailee Spaeny e Kirsten Dunst no filme Guerra Civil
Foto: divulgação/A24

Com isso, o roteiro constrói a figura de Jesse para se igualar a do público. Afinal, esse desejo de ver mais não é só da jovem, mas nosso. E ao longo do filme, ambos caem em uma realidade pavorosa e visceral. Inclusive, a narrativa do filme foi muito bem construída ao propor trazer a guerra para um cenário conhecido pela audiência: a estrada. Isso porque, em Guerra Civil, você não precisa estar nas trincheiras para presenciar a guerra.

Precisamos falar sobre ele: Wagner Moura

O brasileiro interpreta Joel, que compõe a equipe de jornalistas e tem o objetivo de conseguir uma entrevista com o presidente dos Estados Unidos, antes que a oposição chegue a Washington, D.C. O personagem de Wagner Moura é responsável por quebrar a tensão em momentos certeiros do filme, com um humor na medida.

Porém, após um tempo, é possível visualizar que o tom satírico da personalidade de Joel é na verdade, apenas uma máscara que ele usa para proteger toda a angústia que um jornalista de guerra acumula ao longo da vida. No fim, estão todos fadados ao trauma.

Wagner Moura é Joel no filme
Foto: reprodução/IMDb

Além disso, a trilha sonora é quase como um personagem a mais. Ela é tão essencial e presente, que é impossível passar despercebida ao longo da trama. Em muitos momentos, ela contrasta com o cenário hiper violento que é mostrado em cena, com músicas que não exaltam positivamente a guerra. Em outros casos, a trilha chega como um respiro para todo o clima de tensão construído no filme.

O papel do jornalismo

O filme discute o valor do jornalismo em tempos de guerra. Trazer a informação e os registros ao público pode custar muito, mesmo que isso seja pago com vida ou integridade do profissional. 

Guerra Civil mostra que o jornalista não tem divisão entre pessoal e profissional. O jornalista vive o jornalismo o tempo inteiro. A todo momento, a equipe perpassa por assuntos como os princípios éticos do registro, a imparcialidade e o valor da documentação. Ao mesmo tempo em que o repórter tem a liberdade de ver tudo, ele precisa ver tudo.

Guerra Civil discute o papel do jornalismo em tempos de guerra
Foto: reprodução/IMDb

Além disso, a falta de posicionamento político tem gerado algumas críticas em relação ao novo longa de Garland. Porém, ele mata a charada em uma cena importantíssima onde Lee conversa com Jesse. No diálogo, ela afirma que os jornalistas não podem fazer questionamentos, senão é só ladeira abaixo.

Por isso, os questionamentos devem ser guardados para o público. O filme é centrado na figura dos jornalistas, e dessa forma o foco político não é tão essencial. Portanto, a mensagem de Garland é que o jornalismo não toma lado. O jornalismo registra.

Um distanciamento (des)medido

É pensando nesse distanciamento que o diretor foi certeiro ao colocar o Texas – um estado tradicionalmente conservador – e a Califórnia – conhecida pelo seu viés progressista – como aliados e na busca pela derrubada do presidente americano. 

Mesmo assim, o filme tem uma pequena falha ao não explicar para o público de forma mais clara o que realmente acontece no país. Dessa forma, a falta de embasamento e a pouca explicação dos grupos aliados pode gerar confusão no andamento do roteiro. Inclusive, a A24 divulgou recentemente um mapa do território dos EUA com as divisões da guerra civil. Veja abaixo:

Mapa do filme Guerra Civil disponibilizado pela A24
Imagem: reprodução/Substack

Por fim, o terceiro ato é avassalador. É difícil não sentir o peso da vida do jornalista, e soa quase como algo injusto. Inclusive, você pode até estranhar ou sentir raiva das últimas cenas do filme, e se perguntar se ele realmente foi bem escrito. Mas as páginas finais do roteiro só reforçam a discussão desenvolvida acima.

Vale a pena assistir?

Guerra Civil não só é digno de um ingresso no cinema, como é um filme obrigatório. Conversando diretamente com o cenário mundial, o longa aborda o papel do jornalista e a sua importância para trazer a verdade. Com cenas de violência e uma atmosfera de tensão constante, a maior estreia da história da A24 cria arcos perfeitos que dão ao público uma dose de realidade, e mostram que o cenário distópico do filme não está pra lá de tão distante.

Guerra Civil estreia hoje (18) nos cinemas.

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Leia também: MaXXXine, sequência de X e Pearl, ganha primeiro trailer

 

Texto revisado por Thais Moreira

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Filmes para quem está na crise dos 20 (ou 30!) e poucos anos

Confira produções que falam sobre errar e amadurecer

Indecisão na carreira, conflitos com os pais, desilusões amorosas, problemas financeiros…a crise dos 20 ou 30 e poucos anos chega para todo mundo. Por isso, aqui vai uma lista de filmes para quem está na crise dos 20 e poucos ou dos 20 e muitos. Bora maratonar?

A Pior Pessoa do Mundo (2021)
A Pior Pessoa do Mundo é um filme aclamado sobre a crise dos 20
Foto: reprodução/IMDb

A produção norueguesa tem conquistado fãs no mundo todo por contar a história de Julie (Renate Reinsve), uma jovem na casa dos 20 que tem dificuldade em escolher um caminho na carreira e, enquanto isso, passa por uma crise no relacionamento ao conhecer um homem em uma festa.

O filme é dividido em capítulos, e acompanha Julie na sua jornada de amadurecimento e autodescobrimento ao longo dos anos, ao passo em que lida com os problemas da vida adulta. A Pior Pessoa do Mundo está disponível no Prime Video.

O Rei de Staten Island (2020)
Pete Davidson interpreta si mesmo nesse filmes da crise dos 20
Foto: reprodução/IMDb

O roteiro do filme é escrito por Pete Davidson (Morte, Morte, Morte – 2022), que baseia-se em sua própria história de vida para compor o enredo e as personagens. O longa apresenta Scott, um cara de 20 e poucos anos que ainda mora com a mãe e é visto como preguiçoso por todos. Depois que ela começa a namorar um bombeiro, mesma profissão de seu falecido pai, Scott precisa se recompor e descobrir quem é na vida.

Com uma ótima atuação de Davidson, o filme é profundo e debate temas como o real propósito de estar no mundo, enquanto aborda assuntos como relações familiares e luto. O Rei de Staten Island está disponível para aluguel em plataformas de streaming.

Shiva Baby (2020)
Shiva baby é um filme cômico e irreverente
Foto: reprodução/Mubi

O primeiro filme da diretora Emma Seligman (Clube da Luta para Meninas) chegou com tudo, e conta a história da universitária Danielle (Rachel Sennott) que, em um shivá – um período de luto no judaísmo – passa por uma série de eventos constrangedores. Entre eles, estão a aparição da ex-namorada e a presença do seu daddy secreto junto com a esposa e o filho.

O longa é carregado de humor ácido e cenas que doem a espinha de tanta vergonha alheia. Mesmo assim, o filme traz uma protagonista vista como a ovelha negra da família, e debate questões como o sucesso e o fracasso na vida adulta. Shiva Baby está disponível na Mubi.

Frances Ha (2012)
Frances Ha retrata perfeitamente a crise dos 20
Foto: reprodução/IMDb

Escrito pela diretora e protagonista do filme, Greta Gerwig (Barbie, 2023), o filme retrata a história de Frances, uma mulher chegando na casa dos 30 que se dedica totalmente aos próprios sonhos, mesmo que isso a deixe bem pobre. Mesmo com as complicações da vida, Frances a leva com alegria e leveza.

O longa é muito profundo e fala sobre pessoas sozinhas e perdidas no mundo – especialmente mulheres – e que fazem de tudo para realizar seus sonhos e conquistar o próprio espaço. Frances Ha está disponível na Mubi.

Cha Cha Real Smooth – O Próximo Passo (2022)
Cha Cha Smooth é um dos filmes que retratam a crise dos 20
Foto: reprodução/IMDb

Produção pouco conhecida, mas com ótimo enredo, o filme conta a história de Andrew (Cooper Raiff), um jovem que acabou de se formar na faculdade e percebeu que não era a carreira que queria para a vida. Sem o emprego dos sonhos, ele volta para a casa dos pais, encontra um trabalho inesperado e se vê envolvido com uma mulher quase 10 anos mais velha.

O filme é carregado de leveza, mas sem deixar de lado questões como o ato de se encontrar no mundo, as expectativas que carregamos pelos outros e as inseguranças que isso pode gerar. Cha Cha Real Smooth – O Próximo Passo está disponível na Apple TV+.

Palm Springs (2020)
Palm Springs é um dos filmes que retratam a crise dos 20
Foto: reprodução/IMDb

Super alto astral, o filme narra a história de Sarah (Cristin Milioti), uma mulher perdida na fase adulta, que se prepara para o casamento da irmã. Em uma noite, ela e um outro convidado, Nyles (Andy Samberg), ficam presos em um loop temporal, e passam a viver o mesmo dia repetidamente. Enquanto isso, começam um novo romance.

O filme debate as típicas crises existenciais dos quase 30, bem como discute a seriedade exagerada do sucesso ou fracasso pessoal. Palm Springs está disponível no Star+.

Enquanto Somos Jovens (2014)
Enquanto somos jovens é um retrato da crise dos 30, um dos melhores filmes
Foto: reprodução/IMDb

Protagonizado por Ben Stiller (Zoolander, 2001) e Naomi Watts (O Impossível, 2012), o filme acompanha um casal que acabou de passar da casa dos 30 e se vê em uma crise existencial por não ter o emprego dos sonhos e nunca ter tido filhos. Por isso, eles decidem passar mais tempo com um casal mais novo e aparentemente mais feliz, e se sentem influenciados pelos gostos das gerações mais jovens.

O filme discute a famosa crise da meia idade. Além disso, expõe o mito da juventude, as expectativas impostas pela sociedade e a falsa noção de felicidade. Enquanto Somos Jovens está disponível na Netflix.

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Texto revisado por Karollyne de Lima

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Crítica | Ghostbusters: Apocalipse de Gelo

Mesmo com momentos nostálgicos, filme tem narrativa preguiçosa

Ghostbusters: Apocalipse de Gelo reforça que vivemos na era dos re: remakes, reboots, revivals e muitos outros termos que dizem apenas que uma franquia está de volta às telonas. A nostalgia é sempre um artifício coringa para Hollywood, que todo ano gera milhões (ou bilhões?) de dólares trazendo públicos de diferentes gerações ao cinema.

E com Os Caça Fantasmas, isso não muda. A franquia de filmes com início em 1984 ganhou um novo longa com novos personagens que, apesar de ser confuso, conquistou boa bilheteria. Ghostbusters: Mais Além (2021) traz atores como Finn Wolfhard (no papel de Trevor Spengler), Mckenna Grace (como Phoebe Spengler) e Paul Rudd (como Mr. Grooberson).

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Foto: reprodução/IMDb
Sobre o novo filme

Agora, o longa de 2021 ganhou uma nova sequência. Ghostbusters: Apocalipse de Gelo (2024) traz novamente a família Spengler no clássico quartel de bombeiros do filme original, em Nova York. Quando a descoberta de um artefato antigo desperta uma força maligna, os novos e antigos caça-fantasmas precisarão se unir para salvar o mundo de uma segunda era glacial.

Mais uma vez, a franquia utiliza de recursos nostálgicos para satisfazer um público mais velho. A trilha sonora característica, ambientada no cenário clássico dos primeiros filmes e com aparições dos personagens originais. Ghostbusters: Apocalipse de Gelo acertaria em cheio se somasse todos esses elementos com uma nova história forte, em que o bastão seria, enfim, passado para a nova geração. Mas não é isso que acontece.

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Foto: reprodução/IMDb

Os protagonistas do novo filme se tornam desinteressantes ao não conquistarem cenas que desenvolvam bem sua personalidade. E, quando conquistam, conseguem se tornar ainda mais desinteressantes. Aqui, as únicas exceções são Paul Rudd (Homem-Formiga, 2015), que traz seu carisma da Marvel para fazer um par super divertido ao lado de Callie Spengler (Carrie Coon), e Kumail Nanjiani, que interpreta Nadeem.

Além disso, o enredo do longa deixa a desejar. Começamos com toda a energia que um filme dos Caça-Fantasmas apresenta, para sermos tomados por um segundo ato lento, sem ameaças reais à equipe e com diálogos que, apesar de contribuírem para o entendimento da trama, não despertam a atenção. Diferente de outros filmes da franquia, em Ghostbusters: Apocalipse de Gelo, os acontecimentos não tem profundidade, e é quase como se todos eles levassem ao clímax, sem ramificações.

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Foto: reprodução/IMDb

E chegamos ao clímax. O momento mais esperado do longa apresenta um vilão intimidador e sombrio, mas que, assim como os novos personagens, é desperdiçado. Apesar de aparentar ser forte, o auge do filme acaba em um piscar de dedos. Além disso, é nessa parte que os antigos personagens ganham destaque e desempenham seu esperado fan service. Dessa forma, é legal ver Bill Murray (Peter), Ernie Hudson (Winston), Dan Aykroyd (Ray) e até Annie Potts (Janine) de uniforme, novamente.

Vale a pena assistir?

É errado dizer que o filme não é divertido. Cenas clássicas, como a aparição do Geleia, e o clima alto-astral do personagem de Paul Rudd, assim como o de Kumail, sustentam a comédia da trama. Além disso, os recursos nostálgicos guardam momentos do filme em um lugar de conforto no coração dos fãs.

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Foto: reprodução/IMDb

Mesmo assim, Ghostbusters: Apocalipse de Gelo não se desenvolve muito em uma nova narrativa, que aparentava ser promissora. Além disso, não dá espaço para os novos personagens assumirem o posto e criarem personalidades fortes, que fazem o público esperar por mais filmes exclusivamente da nova geração. Às vezes, a nostalgia não é capaz de manter tudo de pé.

Ghostbusters: Apocalipse de Gelo estreia hoje (11) nos cinemas brasileiros.

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Leia também: Resenha | Evidências do Amor e o hino atemporal

 

Texto revisado por Thais Moreira 

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Carrie (1976) e a representação do estranho feminino

Clássico dirigido por Brian De Palma expõe como características femininas são vistas com estranheza

[Contém spoiler]

Você pode não ter assistido, mas com certeza já ouviu falar do filme Carrie, a Estranha (1976). O longa é uma adaptação do livro homônimo do famoso autor de horror Stephen King, e de cara aparenta ser mais um filme de terror comum, com adolescentes e coisas sombrias. Porém, a produção se destaca ao abordar questões mais profundas e por trazer à tona a representação do feminino como uma figura monstruosa.

O roteiro conta a história de Carrie White, uma adolescente tímida que sofre bullying dos colegas na escola e tem uma mãe fanática religiosa. Quando Carrie,de forma inesperada, tem sua primeira menstruação, ela passa a desenvolver poderes telecinéticos, que geram consequências sombrias e violentas.

Com o filme, é possível analisar como algumas questões ligadas ao ser mulher são representadas no cinema, como a menstruação, a sexualidade e o misticismo.

O filme Carrie, a estranha expõe sobre o feminino como estranho
Foto: reprodução/True Myth Media
A repulsa pela menstruação

Logo no início da trama, Carrie menstrua pela primeira vez, e muitas situações do enredo se desenrolam a partir desse ponto-chave. No filme, a jovem desconhece a menarca, e acredita estar morrendo quando vê o sangue. Suas colegas de classe, ao perceberem o desespero de Carrie, praticam bullying, jogando absorventes e dando risadas, até que a professora de educação física intervém e acalma a jovem, explicando sobre a menstruação.

Após, a mãe de Carrie, Margaret, é avisada sobre o ocorrido e se dirige ao colégio para buscar a filha. Quando chegam em casa, o tratamento maternal em relação à menstruação não é tão diferente. Isso porque Margaret é uma fanática religiosa fundamentalista, que utiliza a Bíblia como forma de reprimir seus desejos e os de Carrie. Por conta disso, Margaret culpa violentamente a filha e a condena pelo pecado original de Eva.

Carrie tendo sua primeira menstruação, sinônimo de estranho
Foto: reprodução/IMDb

O aspecto da menstruação aparece durante todo o filme. Aqui, é quase como se todas as personagens do longa vissem a menstruação de forma pejorativa. Mas não se limita a isso, visto que é a partir da primeira menstruação que Carrie desenvolve seus poderes sobrenaturais, fato que a aproxima da representação do monstro feminino.

A monstruosidade feminina

O corpo feminino sempre foi alvo de dúvidas em relação à sua forma e suas características. E esse grande fascínio está muito relacionado ao fato de haver diferenças em relação ao masculino, aspectos que desenvolveram noções de sensualidade e misticismo sobre a subjetividade das mulheres.

Carrie no baile de formatura, como uma figura monstruosa e estranha
Foto: reprodução/Loomer

No filme, se nota essa estranheza através do desenvolvimento da protagonista. Ao longo da narrativa, vemos Carrie com características ingênuas e frágeis, mas, gradativamente, percebemos quando ela ganha poderes violentos.

Tudo isso graças ao elemento já discutido aqui: a menstruação. Por ser um acontecimento exclusivamente feminino, ele se torna algo não só repugnante, mas capaz de transformar mulheres em seres perigosos. Afinal, um homem escreve Carrie, a Estranha e, depois, um homem adapta.

Além disso, a cena do baile de formatura é o auge da monstruosidade feminina. É o momento em que Carrie assume completa autonomia sobre o próprio corpo e, por isso, se torna um monstro capaz de matar todos. Quando a jovem é anunciada forjadamente como rainha do baile, e então sangue de porco é derramado sobre si, um sentimento visceral de raiva cresce em Carrie. Aqui, também se torna interessante pensar como o sangue ainda está presente, mesmo que o não menstrual.

Cena clássica de Carrie a Estranha, como figura de estranheza feminina
Foto: reprodução/Buzzfeed
Aversão à sexualidade

Grande parte dos filmes no cinema conversam ativamente com o contexto político e social do país em que são produzidos. E com Carrie, a Estranha, isso não é diferente. Sua obra e adaptação são de meados dos anos 1970, momento em que os Estados Unidos são palco de fortes embates políticos.

Após o boom da contracultura nos anos 1960, a década seguinte foi palco de uma transição reacionária do conservadorismo e do surgimento de uma nova direita, que colocou em risco algumas liberdades conquistadas antes, como a autonomia sexual feminina. Dessa forma, esses preceitos passaram a ecoar nas produções hollywoodianas.

Após o baile de formatura, o filme reflete o estranho feminino em Carrie
Foto: reprodução/Prime Video

Por outro lado, é nesse mesmo período que acontece a expansão do cinema de horror, em especial do subgênero slasher, com o lançamento de clássicos como O Massacre da Serra Elétrica (1974), Halloween (1978) e, mais tarde, Sexta-Feira 13 (1980).

Dessa forma, não é uma coincidência que o roteiro-base desses filmes seja um assassino em série que executa jovens de maneira violenta, principalmente mulheres, que possuem uma vida sexual ativa. Inclusive, se você olhar ainda mais de perto, as chamadas final girls são justamente aquelas que não têm relações carnais ao longo do filme.

Filme Halloween, de 1978
Foto: reprodução/IMDb

Carrie, a Estranha se encaixa nesse cenário, ao colocar as vilãs iniciais do filme como as jovens que praticam bullying contra Carrie. Não é à toa que, dentre todas as colegas da escola, aquelas que assumem o arquétipo de vilã são exatamente as meninas com namorados e vida sexual ativa. Em contrapartida, até ganhar autonomia sobre o corpo, Carrie representa um ser angelical, que contrasta com as colegas malvadas.

Já assistiu o clássico Carrie, a Estranha? Conta pra gente nas redes sociais do Entretê (Instagram, Twitter e Facebook) e nos siga para ficar por dentro de tudo o que rola no mundo do entretenimento.

Leia também: A Persistência do Whitewhashing: a representação de atores negros por atores brancos

 

Texto revisado por Michelle Morikawa

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