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Conheça Pelespírito, novo álbum de Zélia Duncan

Em Pelespírito, nos deparamos com canções que nos fazem sentir aconchegados, através dos sentimentos mais profundos da artista

Zélia Duncan apresenta Pelespírito, seu mais novo álbum, gravado 100% em home studios e que celebra as quatro décadas de ofício, além de marcar seu retorno à Universal Music. “Ele é um desejo de ser um pequeno documento meu. E eu adoraria que ele pudesse mapear um pouquinho o momento das pessoas também. Porque as músicas têm isso. Elas pertencem a quem as ouve, a quem se apodera delas”, disse a artista sobre seu novo projeto.

Zélia escolheu transformar suas dúvidas e dores em música, num momento inimaginável que o mundo está vivendo: o necessário distanciamento físico, a (compreensível) dificuldade de inspiração, a triste realidade do atual cenário político-social, as perdas, as inúmeras perdas… que se transformaram em um belo disco, composto por 15 canções emocionantes e que tocam o coração, no mais profundo sentimento.

Na imagem, está a capa de Pelespírito, em azul e vermelho
Capa de Pelespírito | Divulgação: Universal Music Brasil

 

Pelespírito é fruto de um encontro musical profundo com o poeta e produtor pernambucano Juliano Holanda, ao lado de quem Zélia compôs todas as faixas que figuram no disco. “Meu novo encontro com o Juliano foi um acaso. Eu compus com várias pessoas durante esse tempo. Parceiros amados e queridos, como Ana Costa, Xande de Pilares, Lucina, Marcos Valle, Ivan Lins… Tem sido incrível, mas, num certo momento, eu e o Juliano nos conectamos de uma maneira muito profunda, porque ele teve uma disponibilidade muito grande para mim e vice-versa. Esse álbum também é um diálogo meu com ele, que mora em Recife. A gente não se viu e começou a compor por WhatsApp e a coisa fluiu de uma maneira absurda”, revela Zélia.

Nessas 15 canções tão íntimas e confessionais, Zélia passeia por ritmos como folk e country (Viramos pó?), rock´n´roll (Nas horas cruas), sertanejo nordestino e pantaneiro (Tudo por nada) e blues (Sua cara tá grudada em mim). Além disso, no álbum a cantora propõe perguntas (Onde é que isso vai dar?, O que se perdeu?), faz declarações de amor (Nossas coisinhas e Sua cara), acenos e homenagens, com mensagens de empoderamento (Você rainha); e fecha o álbum deixando explícita a sua crença de que tudo vai ficar bem (Vai melhorar).

Zélia Duncan aparece sentada sorrindo em uma escada; ela veste camiseta preta e calça quadriculada
Divulgação: Denise Andrade

De fato, a escolha dos títulos e a maneira como o álbum “evolui”, se encontra com tudo o que estamos passando em nosso país, como se Palespírito fosse um verdadeiro abraço em todos os brasileiros e brasileiras que carecem de atenção e carinho em tempos tão sombrios.

Coletiva de imprensa com Zélia Duncan: inspirações, desafios e um bate-papo com a imprensa brasileira

Além desse lançamento especial, jornalistas brasileiros tiveram a oportunidade de conversar com Zélia Duncan, em um coletiva de imprensa virtual que aconteceu na tarde de terça-feira (25), com a participação da artista, profissionais de diversos veículos – entre eles, o Entretetizei – e representantes da Universal Music Brasil, companhia ao qual Zélia lançou discos como Sortimento (2001), Eu Me Transformo em Outras (2004), Pré Pós Tudo Bossa Band (2005), entre outros.

O print de tela mostra uma reunião virtual com Zélia Duncan e profissionais do jornalismo
Coletiva virtual com Zélia Duncan | Divulgação: Entretetizei

 

Durante o evento, Zélia conversou sobre variados temas relacionados ao novo álbum. Tivemos a oportunidade de questioná-la sobre os principais desafios enfrentados pela cantora, já que o álbum foi produzido em home studio, de uma forma bem caseira –  como vemos no clipe oficial de divulgação – e com pouco contato com outros profissionais. Zélia nos respondeu, contando que realmente foi um grande desafio, pois ela teve que aprender a manusear diversos equipamentos necessários para a produção de um disco, mas que, por outro lado, foi interessante, já que todo esse processo proporcionou que aprendesse algo novo.

Ainda assim, Zélia também nos contou que o processo de produção de cada canção foi como o ato de parir um filho – e chegou a comentar que, como mulheres, o Entretetizei entenderia muito bem, já que, apesar de doloroso e trabalhoso, “parir” seu álbum trouxe um novo sentido para sua vida, um novo “ser”, algo para seus fãs.

Conheça um pouco mais as canções de Pelespírito

Pelespírito vem acompanhado de canções que nos fazem voar, refletir e nos sentir aconchegados, por uma artista que expõe, através de palavras, seus sentimentos mais profundos.

A seguir, você conhece um pouco mais sobre cada faixa dessa poesia musical. Cada uma genialmente escritas:

  1. Pelespírito – É o nome do álbum e o nome da música que abre o disco. Essa letra foi feita num espasmo, de uma só vez, o que nem sempre acontece. Eu estava num momento especialmente difícil, física e emocionalmente. Eu sempre tenho à mão um lápis e um papel e quando comecei a escrever “Tô pele e espírito / tô por um fio dessa minha blusa”. E tudo o que eu escrevia era exatamente o que eu estava sentindo. Nenhuma vírgula foi mudada, nenhuma palavra. E assim a gente abre o disco, porque eu acho que essa música dá o tom do sentimento todo. E aí entra o Webster Santos, um músico muito sensível e que me conhece muito, que assina a produção comigo e o Juliano. O Webster foi muito especial nas suas intervenções, o que deixou a música toda sensorial.
  2. Onde é que isso vai dar? – Ela é explicitamente para esse momento. Mas tem uma particularidade que eu adoro. Ela é literalmente um diálogo meu com o Juliano. Foi muito intensa a nossa relação para construir essas músicas. Eu imprimi 15 nesse álbum, mas são muito mais do que isso. Um dia, a gente tinha feito uma música que a gente estava feliz de ter feito e ele me mandou uma mensagem dizendo que estava feliz de estar compondo e que isso estava sendo bom pra ele nesse tempo. E aí eu escrevi para ele: “Te digo o mesmo. Isso me provoca”. Ele me provoca e eu adoro desafios. O Juliano é também um poeta. Ele mandava umas frases para mim, eu devolvia com outras e isso ia virando coisas, estrofes… E assim a gente foi construindo o diálogo nessa música, que é tão especial para mim. Essa é umas das músicas que me fez querer fazer o disco.
  3. Tudo por nada – Essa foi a última música a ser gravada, aos 46 do segundo tempo. Porque nesse processo todo a gente não parou de fazer música. E aí apareceu essa. A letra, que é minha, surgiu primeiro. Na ocasião, eu estava assistindo na internet a Marcia Tiburi, uma amiga querida que admiro profundamente, que estava falando umas coisas tão interessantes. E ela começou a falar sobre como é importante que você sinta alguma coisa para poder ajudar os outros. Tem que começar em você esse sentimento. E aí, de novo, eu peguei o papel e comecei a escrever a letra, que diz “preciso doer pra te estender a mão / se eu não me vejo, te ignoro”. Fui seguindo nessa ideia e aquele sentimento ficou forte pra mim. Eu mandei para o Juliano, que entrou com uma melodia meio sertanejo nordestino, mas também ficou um pouco pantaneiro. O Webster fez uma viola que vem debaixo para cima. É uma faixa muito vistosa, com viola e violão, que eu não consegui deixar de fora. Mesmo porque o refrão dela diz: “quando eu digo ‘vem’, é porque eu também vou”. Acho que isso que afirma as coisas é a minha cara. Eu quero cada vez mais me comprometer com as coisas e achei que essa música era um pouco isso. E ela está logo no começo do disco porque eu quero dizer rapidamente.
  4. Vou gritar seu nome – Ela uma das três músicas “fofas” do disco. Curioso porque sempre tem uma pontinha de tristeza. Eu sempre acho que as coisas tristes não são necessariamente bonitas, mas quase sempre as coisas bonitas têm um pouco de tristeza, a meu ver. Nesses tempos então… esse é um disco onde sempre tem uma pontinha de tristeza para mim. Embora essa música tenha uma leveza, ela está falando do futuro (“Talvez o futuro nos espere com flores”). Esse é um desejo que parte de uma tristeza, mas vira um desejo bom. Tem uma coisa que eu adoro no começo dela é o acordeom do Léo Brandão. Eu tentei, pelo menos numa faixa, trazer esses músicos que estão comigo há tanto tempo e que são tão importantes para mim, como o Léo, que toca teclado e acordeom na minha banda. Já o violão é meu. Quase em todas as faixas começaram com a minha voz e o violão. Esse é o cerne do álbum. É uma música que tem a pretensão de ser um pouco um parquinho de diversões, um sonho. É mesmo um sonho.
  5. Nossas coisinhas – Essa é uma música absolutamente especial pra mim. Eu fiz para a Flavia, minha companheira. As músicas têm esse negócio de servir para todo tipo de situação se você se identifica com elas. Por exemplo, uma das primeiras pessoas para quem eu mostrei essa música foi uma querida amiga minha, que ficou ouvindo com a filhinha dela. E eu fiquei muito emocionada com isso, porque a música já estava se transformando, porque ela fala sobre “as nossas coisinhas de meninas”. E a minha amiga brinca com a filha quando elas estão sozinhas dizendo “vamos fazer as nossas coisinhas de meninas, vamos conversar, fazer o que a gente quiser”. E é sobre isso que a música diz também. No meio da pandemia, eu estava voltando de uma situação superdifícil e pensei: “Eu preciso tanto agradecer a essa pessoa que está aqui comigo, cuidando tanto de mim”. É muito pessoal. E quanto mais pessoal, mais é universal descobrir isso como compositora. Essa é uma faixa em que eu toco violão sozinha. Os meninos acharam que a melhor tradução para ela era essa. Ela emociona as pessoas, é muito amorosa. E a gente ama essa música.
  6. Viramos pó? – É a outra pergunta que tem no disco. Tem uma coisa importante que eu estou tocando violão e cantando, mas todo o arranjo dessa música foi feito pelo Christiaan Oyens, meu parceiro, meu compadre, meu amor, que hoje mora em Londres. Todos nós gravamos as nossas partes em nossas respectivas casas, sem podermos nos encontrar. E o Christiaan mandou de Londres as coisas e a gente se emocionou muito. Quando ele me mandou, ele disse que gravou muito emocionado. Sempre com o bom gosto dele, o Christiaan trouxe uma viagem diferente para o disco. Aliás, na faixa Onde é que isso vai dar?, você sente que tem uma viagem ali. E ele fez todos aqueles sons. Essa música também fala muito sobre esse momento, que tem essas perguntas pra fazer e que a gente espera poder responder. Ela é um country, que é bem a nossa cara. O disco está todo folk, de modo geral.
  7. Raio de neon – É outra das músicas “fofinhas”, gostosas do disco, acredito, que também tem um delicioso arranjo do Christiaan. Tem um solo de guitarra daqueles que eu adoro, que está te falando uma coisa. Não apenas um solo que está mostrando habilidade. Ele está contando uma história com a melodia. Essa é a única música que foi feita poucos dias antes de a gente fechar de vez e entrar em isolamento. Mas é interessante como ela já fala sobre essa situação. Porque já tinha um clima muito ruim no Brasil desde… nós sabemos quando (risos). Então já estava um clima muito difícil no país quando entramos nessa fase do vírus. A gente já estava contaminado com outros vírus. Vírus de ódio, de uma polarização muito perversa. E essa música fala disso também. Ela vem para aliviar, porque é uma música suave, mas também está falando de um momento um pouco triste. Mas ela é alegre.
  8. Nas horas cruas – É o rock´n´roll do disco, que também fala da situação mais explicitamente, que fala sobre ficar em casa. “Quais são as armas que usamos dentro de casa, nas horas cruas, sem nada?” Eu escolho o amor. E você?
  9. Sua cara – Outra música que nasce extremamente confessional e pessoal, porque eu a fiz para o meu pai. Perdi meu pai em dezembro de 2020. Meu pai morava em Rio Claro e eu estou em São Paulo. Então, fui de carro até a cidade dele algumas vezes. Numa dessas ocasiões, eu voltei e fiz essa letra, que diz “a sua cara tá grudada em mim”. Então, ela virou um blues. Eu também toco sozinha. Estou feliz de tê-la feito. É uma música emocionante do disco.
  10. Passam – Foi uma das primeiras músicas que eu fiz com o Juliano Holanda, ainda sem saber que ia virar disco. Quando a gente fez, eu senti um ‘pancadão’ e disse: “ importante essa música pra mim”. Foi num momento também difícil, que eu estava chateada com um monte de coisas, coisas que tinham falado, tanto que no final dela eu falo “Nos querem sem palavras / mas todos passam”. Essa é umas das músicas que chegaram para reforçar o fato de que eu comecei a desconfiar que aqui isso ia virar um disco.
  11. O que se perdeu? – Essa é uma música bem diferente do disco. Ela é esse diálogo meu com o Juliano. Eu fiz as letras muitas vezes pensando nele, na nossa conversa. “Seu remédio meu / Meu remédio seu / Sua cura, minha cura / O que se perdeu?”. Também tentando pensar onde que a gente adoeceu. Onde a gente adoeceu emocionalmente, no discurso, socialmente… por que é que estamos tão doentes assim? Por que para enfrentar uma doença a gente escolheu esse vazio todo, esse vazio de pensamento? Essa música começa numa conversa minha com o Juliano e termina numa música que quer falar pra todo mundo.
  12. Eu e vocês – É uma balada bem simples e que se propõe a ser bem simples mesmo. A gente estava tão agoniado que começamos a conversar sobre fazer uma música que acalmasse o nosso peito um pouco. E eu, como todos os meus colegas – tenho certeza – com essa abstinência do palco, de gente perto pra poder tocar, trocar, ouvir a reação das pessoas… É muito difícil essa parte. É a parte difícil das lives que a gente faz, porque é o nosso trabalho. Mas é uma coisa que nos deixa muito cansado de imaginar como seria se fosse. Eu estou fazendo 40 anos de carreira. São quatro décadas de contato com o público. E, de repente,  esse corte. Então, Eu e vocês fala também disso. Ela começa falando “Uma daquelas pra suavizar a alma / Uma tranquila / Pra reconquistar a calma”. E o refrão fala diretamente para o meu público: “Vontade de cantar / Num coro essa canção / Com voz de coração. Eu e vocês”. Nada substitui eu e vocês. Vocês e eu juntinhos. Antes de eu gravar essa música,  eu a mandei a para a Elba Ramalho. E pensei: “ossa, isso é a cara da Elba, que é uma mãezona!”. Ela ouviu e imediatamente se identificou. E ela batizou o álbum dela com os filhos de Eu e Vocês, que saiu bem antes do nosso, mas como um prenúncio de uma boa sorte para essa música, que é simples e que eu acredito que vai chegar muito fácil até as pessoas.
  13. Eu moro lá – Ela é um pouco diferente do resto do disco. O Webster Santos está tocando nela toda, é bem a praia dele, uma música suingada. E, outra vez, eu fiz essa música para o Juliano. Ele e a Mery (sua esposa) moram num lugar que tem uma vista incrível, aberta, tem mar… teve uma época em que eu vi algo na internet sobre o nordeste. Sou filha de baiano, sou nordestina também e tenho muito orgulho disso. E eu fiz essa música como uma declaração de amor pelo lugar de onde a gente vem. E eu estava pensando dele. “Eu moro lá porque tem o horizonte e um monte de céu pra olhar”. Só que aí eu comecei a pensar que eu falo de um rio. Não era o Rio de Janeiro exatamente. Eram os rios que nós temos nas nossas cidades. Mas como eu sou do Rio, é claro que isso vai ficar também marcado. Não me importo. Como eu me mudei para São Paulo, ficou parecendo que eu fiz essa música só para o Rio. Não foi isso, mas eu adoro pensar que também é. Na verdade, Eu moro lá, tem a ver com o Brasil. O Brasil que a gente quer, que não é esse em que nós estamos vivendo hoje. A gente quer um outro Brasil. A gente quer virar o disco pra recomeçar. O Brasil nunca foi um lugar justo, nunca foi um lugar igual. A gente sempre teve grandes problemas por conta de abismo social, principalmente. Mas o Brasil que a gente entrou é um Brasil que é pior e mais difícil ainda. Então, eu moro lá. Eu moro lá naquele Brasil que eu vou buscar. Eu vou buscar!
  14. Você rainha – É uma música muito delicada do disco, cuja letra eu fiz para as mulheres que sofrem na pandemia violência, para as que até morreram – que não foram poucas – para as que estão trancadas com seus algozes, para as que não conseguem pedir socorro. E para as que conseguem pedir socorro. Para que elas saibam que elas sempre terão uma saída. E que nós, juntas, somos muito fortes e podemos nos ajudar. É um sinal para essas mulheres, para que elas saibam que não estão sozinhas.
  15. Vai melhorar – O disco se encerra com essa música. Por motivos óbvios. É o que a gente deseja, é o que a gente espera. A gente está vivo, a gente quer melhorar. “Vai melhorar / vem melhorar comigo / contigo  eu consigo melhor”. Desde o primeiro dia, eu venho dizendo (eu e tanta gente) que a gente só vai sair dessa situação toda juntos. Não dá pra sair em partes. Por isso temos que nos vacinar juntos. É coletivamente que vamos conseguir fazer uma coisa melhor. Vai melhorar, se a gente for junto. Nessa faixa eu conto com a participação especial de Ézio Filho no contrabaixo e percussão. Ele é diretor da minha banda há muitos anos e meu amigo querido.

No dia 19 de junho, às 21h, será realizada a live de lançamento do álbum Pelespírito, comemorando os 40 anos de carreira de Zélia Duncan. A live acontecerá no Teatro Prudential (com transmissão online) e os ingressos podem ser adquiridos pelo Sympla. Parte da renda será doada a uma instituição social atuante no combate à fome.

Clique AQUI e ouça agora Pelespírito, já disponível nas plataformas de música.

Obrigada, Zélia, por trazer esse acalanto ao coração, num momento em que necessitamos de um abraço. Sem dúvidas, Pelespírito chega no momento certo.

O que você achou de Pelespírito? E qual sua música favorita da Zélia Duncan? Conte pra gente tudo isso nas redes sociais do Entretetizei – Insta, Face e Twitter.

 

*Crédito da foto de destaque: Divulgação: Universal Music / Denise Andrade

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Entrevista | Arlette Torres fala sobre sua trajetória artística, a importância da cultura e muito mais

A atriz venezuelana nos conta, com exclusividade, sobre seus projetos, a história de sua carreira e como foi interpretar, por duas vezes, um personagem LGBTQI+

Para leer la entrevista completa con Arlette Torres en español, haga clic AQUÍ.

Arlette Torres é uma artista que sempre esteve rodeada de arte. Influenciada pela família, que conta com um pai ator (José Torres), uma mãe jornalista e irmãos músicos, sempre esteve nos grupos de teatro da escola e mesmo muito jovem, já fazia suas próprias peças teatrais. “Quando eu tinha cerca de 6 ou 7 anos, criei e produzi minhas próprias obras teatrais com crianças que também moravam no meu bairro . Então eu poderia praticamente dizer que este foi, sem querer, meu primeiro ‘trabalho autônomo’ (risos)”, diz a artista.

A atriz venezuelana começou sua carreira em produções teatrais, como integrante do elenco fixo do Teatro Universitario para Niños El Chichón (Teatro para Crianças da Universidade El Chichón) e do grupo Escena de Caracas, e iniciou a carreira no audiovisual em novelas, até chegar ao cinema, no filme Maroa (2006), que guarda com muito carinho na memória.

Arlette Torres aparece sorrindo
Divulgação: Arlette Torres via Instagram

Embora atuar seja sua paixão, ela relata que, no início, não achava que iria continuar na carreira, como profissão, mas não tinha mesmo como escapar. “Achava que não ia me dedicar formalmente a isso (interpretação); Porém, em 2005 decidi prestar atenção na minha voz interior, ouvir a minha intuição e me dedicar a fazer o que eu realmente amo e me dedicar profissionalmente. Então, viajei para a Espanha para continuar treinando e abrir novos horizontes”, comenta.

Sendo assim, continuou interpretando vários personagens, de diferentes personalidades, descendências e orientações sexuais, como no filme Cenizas Eternas (2011), no qual interpretou Yanomami, uma mulher indígena da Amazônia. “Incorporá-la exigiu mudanças e desafios físicos e pessoais muito importantes, muita dedicação, respeito e confiança em mim e na minha equipe. Foi um trabalho lindo, do qual tenho ótimas lembranças”, afirma.

Arlette Torres aparece caracterizada de índia para o longa Cenizas Eternas
Arlette Torres em Cenizas Eternas | Foto: Divulgação

Além disso, é imprescindível comentar sobre o filme LGBTQIA+ Azul y No Tan Rosa (2012), de Miguel Ferrari, nomeado e vencedor, em 2014, dos Goya Awards – o mais importante prêmio do cinema espanhol, como Melhor Filme Ibero-americano, além da indicação de Melhor Performance Especial, por Arlette Torres, por sua personagem, Valentina. Também no filme El Embarcadero (2019), de Álex Rodrigo (La Casa de Papel e Vis a Vis), ela interpretou Keyla, uma mulher homossexual. “Considero muito importante e vital a representação na ficção nacional e internacional, além de outras áreas, de todas aquelas pessoas que historicamente foram marginalizadas, discriminadas ou oprimidas de alguma forma”, completa.

Conheça um pouco mais de Arlette Torres em nossa entrevista exclusiva, na qual ela nos conta sobre toda sua trajetória até chegar à Espanha, personagens, sua opinião sobre a cultura brasileira – ela gosta muito das nossas novelas e artistas– e os detalhes de como tem enfrentado a pandemia em seu país.

Leia a seguir:

Entretetizei: Olá! Eu gostaria de começar essa entrevista te perguntando como foi sua trajetória, desde a Venezuela, até chegar à Espanha.

Arlette Torres: Desde muito pequena, me vi imersa no meio artístico e cultural, por influência da minha família: um pai ator – muito conhecido também (José Torres), uma mãe jornalista e quatro dos meus sete irmãos, músicos. Sempre participei dos grupos de teatro da minha escola, el bachillerato e depois na universidade.

Ao mesmo tempo em que fazia meus estudos universitários em Comunicação Social, me formei como atriz na Companhia Nacional de Teatro da Venezuela. E tive a oportunidade de trabalhar em várias produções teatrais, fazendo parte do elenco fixo do Teatro para Crianças da Universidade El Chichón e do grupo Escena, de Caracas.

Iniciei no campo do audiovisual participando de algumas séries juvenis e da novela Calypso, na qual ganhei meu primeiro personagem fixo na televisão. No cinema, tive a maravilhosa oportunidade de fazer meu primeiro filme (Maroa) com Solveig Hoogesteijn, uma das mais importantes e renomadas cineastas da Venezuela. E depois, vários curtas-metragens, entre eles ¿Qué importa cuánto duran las pilas?, com o qual participamos e viajamos para o Festival de Cannes alguns anos depois.

É engraçado porque, apesar de já ter trabalhado em inúmeros projetos, até então via a atuação apenas como um hobby. Não achei que fosse me dedicar formalmente a isso; provavelmente por causa de algumas inseguranças pessoais que me afetaram na época e por causa do quão incerta essa profissão ou qualquer disciplina relacionada ao mundo da arte às vezes pode ser.

Porém, em 2005, decidi prestar atenção à minha voz interior, ouvir a minha intuição e me dedicar a fazer o que eu realmente amo e me dedicar profissionalmente. Por isso viajei para a Espanha, para continuar treinando e abrir novos horizontes.

E: Como você descobriu o amor pela atuação e como foi seu primeiro trabalho?

A: Além de crescer no seio de uma família de artistas, vendo como amavam e respeitavam (amam e respeitam) seus trabalhos, creio que meu amor pela atuação e pela arte em geral, veio com meu DNA.

Quando eu tinha uns 6 ou 7 anos, criava e produzia minhas próprias peças teatrais com outras crianças que também moravam em meu bairro. Então, eu poderia praticamente dizer que este foi, sem querer, meu primeiro ‘trabalho autônomo’ (risos).

Eu escrevia minhas próprias – e originais –  adaptações para o teatro de contos infantis que meus pais compraram para mim no Banco del Libro de Caracas. Veja só! Com 7 anos! Às vezes, inclusive, eu fazia umas mesclas de umas e outras histórias. E as produzia! Tirávamos os restos das fantasias de carnaval e com isso confeccionávamos as fantasias; Dividia os personagens, dirigia o elenco. E ainda cobrávamos do público os ingressos -algo simbólico- para cobrir “despesas de produção” e as quinquilharias que oferecíamos enquanto o público aguardava o início do show. Para mim foi um jogo. E adorei (e adoro) jogar.

A propósito, em inglês e francês, o verbo actuar é traduzido -respectivamente- como to play e joué, que também significa jogar.

E: Você já trabalhou em várias produções, desde curtas-metragens até TV e teatro. Existe alguma, em particular, que marcou sua vida? E por quê?

A: Todos os projetos dos quais participei foram especiais, cada um por diferentes motivos. No entanto, é verdade que alguns deixaram marcas importantes em mim. Sem dúvida, o curta La Línea del Olvido, dirigido por Gustavo Rondón, é um deles: foi um dos meus primeiros projetos cinematográficos profissionais e também tive a sorte de trabalhar com meu pai. Foi a primeira vez que trabalhamos juntos; Então, sim, está em um lugar especial no meu coração.

Além disso, o filme Cenizas Eternas tem um grande significado para mim; Foi um projeto que me fez crescer muito, tanto no nível pessoal, quanto profissional. Meu personagem, Maroma, é um indígena da etnia Yanomami, da Amazônia; então, encarná-la exigiu mudanças e desafios físicos e pessoais muito importantes, muita dedicação, respeito e confiança em mim e na minha equipe. Foi um trabalho lindo, do qual tenho lembranças maravilhosas.

E: O filme LGBTQIA+ Azul y No Tan Rosa, de Miguel Ferrari, foi indicado, em 2014, como Melhor Filme Ibero-americano, nos Prêmios Goya e, com sua personagem, Valentina, você foi indicada à Melhor Atuação Especial. Como foi trabalhar nesse projeto e receber a indicação?

A: O filme não somente foi indicado, como também foi o vencedor desse ano (2014) nessa menção. Foi uma alegria imensa para mim e para todas as pessoas venezuelanas que ganhássemos o primeiro Prêmio Goya para o nosso país. Trabalhar nesse filme me trouxe  muitas satisfações, começando por ter tido a alegria de ser dirigida por meu talentoso amigo Miguel Ferrari. Tive a oportunidade de atuar em outro idioma (o Japonês!), que, junto ao trabalho de sotaque, é algo que eu realmente gosto; além de ser apoiada por uma equipe incrível. Algo mágico ocorreu nesse projeto e dali nasceram grandes amizades que formam parte importante da minha vida hoje em dia.

Arlette Torres em Azul y No Tan Rosa
Arlette Torres em uma cena do filme | Divulgação: IMDb

E: Em El Embarcadero, você trabalhou com nomes conhecidos, como Verónica Sánchez, Irene Arcos e Álvaro Morte, além de Álex Rodrigo, conhecido por dirigir La Casa de Papel e Vis a Vis. Sua personagem, Keyla, tinha uma relação homossexual com uma de suas alunas e, em uma de suas cenas, essa relação, que era secreta, foi negada para não prejudicar seu trabalho. Para você, qual é a importância de interpretar um personagem LGBTQIA+, principalmente hoje em dia? E como foi a experiência?

A: Considero importantíssima e vital a representação na ficção nacional e internacional, além de outras esferas, de todas as pessoas que historicamente foram marginalizadas, discriminadas ou oprimidas de alguma forma por um sistema social que, infelizmente, hoje segue repudiando o  “diferente”: seja por causa de nossa etnia, origem, orientação ou identidade sexual, religião, capacidades diversas, etc. Devemos dar visibilidade a quem somos, ao que existimos, à realidade mundial da qual todas as pessoas fazem parte.

Para mim, foi um grande orgulho, uma honra e até um lindo presente ter tido a oportunidade de interpretar em minha carreira, além da Keyla, vários personagens que fazem parte da comunidade LGBTQIA+. Minha experiência, em particular, em El Embarcadero foi linda. Acho que precisamente o fato de ela ser socialmente forçada a negar seu relacionamento, por medo de retaliação por vários motivos, tornou-a uma personagem cativante. Independentemente de quem está assistindo ser capaz de concordar mais ou menos com suas decisões, elas eram “compreensíveis”.

É curioso, agora que penso. Atualmente, estão transmitindo na Espanha uma série chamada Señoras del (h)AMPA, em que também interpreto um personagem LGBTQIA+, mas dessa vez, diferente de Keyla, Raquel (como me chamo na série), defende com unhas e dentes seu ser, sua identidade, sua orientação e, inclusive, termina sua relação amorosa porque é sua parceira quem tem medo de se assumir. Tem sido também uma experiência preciosa.

E: Falando um pouco em teatro: você esteve em mais de 20 produções e claro que também aprendeu muito com elas, principalmente porque todo artista sempre diz que o palco é como uma escola de artes. Você pode nos contar um pouco sobre sua história com o teatro? Qual peça de teatro mais te marcou?

A: É minha base de atuação, foi onde comecei a treinar como atriz. Comecei a fazer teatro infantil e narração oral. Na verdade, este é um ramo que ainda gosto muito e ao qual me dediquei pouco nas coisas da vida nos últimos anos. Mais tarde, os meus estudos na Compañía Nacional  fizeram com que eu concentrasse mais as minhas energias na atuação, e que descobrisse que dedicar-me profissionalmente à interpretação era algo viável e realizável. Lá, também conheci muitas das pessoas com quem trabalhei, posteriormente, em vários projetos na área profissional, que também são grandes amizades até hoje.

Então, de fato, para mim, o teatro é uma parte essencial da minha carreira. Ainda que o meu grande amor e paixão pelo cinema e pelo audiovisual não sejam um segredo, o teatro apresenta-se para mim como indispensável: é o meu lugar de transe, onde me solto do corpo e me deixo sacudir por completo pela energia. Foi precisamente o que aconteceu comigo em Mackie, uma peça de criação coletiva de teatro físico em que trabalhei com  Escena de Caracas, e Romeo y Julieta, obra com a qual nos formamos na Compañía Nacional. Embora, reitero, todos os projetos em que trabalhei deixaram sua marca em mim.

E: Como somos do Brasil, queremos saber: você conhece um pouco da nossa cultura? Há algum artista daqui que você goste?

A: O Brasil me encanta e nunca tive a oportunidade de viajar para aí. Gostaria de conhecer um pouco mais da cultura de vocês. Minha mãe e minha avó gostavam muito das novelas brasileiras. Eu cresci assistindo a quase todas! A Escrava Isaura, Vale Tudo, Pantanal, Selva de Pedra, Vamp, Xica da Silva são minhas favoritas. Por outro lado, eu gosto muito da música brasileira (Vanessa da Mata e Caetano Veloso, por exemplo), o cinema brasileiro (O Beijo da Mulher Aranha ou Central do Brasil) e admiro uma maravilhosa atriz, com quem tenho a honra de dividir o nome: Fernanda Montenegro (Arlette Torres).

E: Se você pudesse atuar com qualquer ator ou atriz da América Latina, quem seria? E que tipo de personagem você gostaria de interpretar?

A: Gosto muito do Pedro Pascal, ele é um ator muito versátil e multifacetado, tanto fisicamente quanto a nível interpretativo. É algo que me interessa especialmente. Eu adoraria trabalhar com ele. E também com uma maravilhosa atriz venezuelana chamada María Cristina Lozada, das grandes ligas.

Eu gosto de interpretar todos os tipos de personagens, no final, é tudo sobre interpretar e descobri-los; sobre todos aqueles que me permitem desenvolver novas facetas, que me tirem da minha zona de conforto, que me desafiem (física, emocional e mentalmente) para construí-los. Tenho, em minha lista de pendentes, no cinema ou em uma série, uma vilã antagonista. É algo que eu realmente gostaria de fazer.

E: Como você tem enfrentado a Pandemia? Há algum conselho que nos possa dar?

A: Suponho que um pouco como todas as pessoas. Isso tem sido uma grande prova, para colocar em prática a paciência, a serenidade e a empatia. Não tenho me queixado (nem me queixo) de nada nesse sentido, porque tenho a consciência de que há muitas pessoas que têm passado (e segue passando) por muitas dificuldades. E sei que tenho a sorte de ter saúde, um teto e comida; e também minha família e afeto. Sendo assim, dou graças ao universo todos os dias. 

Acho que a gratidão é importante para a vida em geral. Faz você vibrar em uma energia de plenitude e não de carências. Não sou muito de aconselhar, embora pretenda partilhar, com base na minha experiência, o que me fez bem e que pode funcionar para outras pessoas. Pratico yoga e meditação há muitos anos e, para mim, ambos foram fundamentais (e ainda são) durante todo este processo, desde o confinamento até tudo o que veio depois. É vital para mim treinar para manter meu corpo, meu coração e minha mente saudáveis ​​e limpos, na medida do possível.

E: E como está a situação do entretenimento e de artistas no seu país?

A: Um pouco como tudo na Venezuela, na verdade. Tudo é tão difícil, quase como uma meta olímpica. A maior parte dos poucos projetos realizados são viabilizados por investimentos privados que, na Venezuela, como você pode imaginar, são muito poucos. Praticamente todas as instituições públicas são administradas por funcionários escolhidos a dedo pelo regime de governo que fazem e desfazem como querem e acham conveniente, de acordo com o que for conveniente.

Muitas produções, por exemplo, chegaram a ser vetadas e suas estreias e exibições proibidas, aludindo ao descumprimento de questões burocráticas, quando na realidade é devido à censura direta que lhes foi imposta. Sob essas circunstâncias, tudo se dificulta e muitos atores, atrizes, pessoas da equipe técnica, de produção, diretoria, roteiro, diretoria de fotografia, etc. foram embora do país, em busca de melhores condições de trabalho e de vida, assim como têm feito ass mais de 5 milhões de pessoas venezoelanas  e que têm tido que emigrar nos últimos anos.

Quem ainda está lá, tenta resistir e sobreviver em meio a essas condições tão precárias. Curiosamente, novas ideias sempre renascem das cinzas e aí, em meio a toda a crise social, econômica e política, lindos projetos continuam sendo criados – dentro do possível. A cultura, como em qualquer outro lugar, se recusa a morrer, porque é parte do que mantém vivas todas as pessoas.

E: Por fim, deixe um recado para todas as pessoas que lerem essa entrevista e acompanharem as notícias do entretenimento latino!

A: Muito obrigado a todas as pessoas que continuam apoiando a cultura e nosso trabalho. Sem vocês, seria impossível continuar. Estou muito feliz com esta entrevista e desejo muito sucesso para vocês sempre. Abraços a todo meu povo na América Latina!

Confira a seguir o trailer de Azul y No Tan Rosa, vencedor do Goya Awards 2019:

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* Crédito da foto de destaque: Divulgação / Instagram: Arlette Torres /Enrique Cidoncha

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Resenha | Selena: A Série retrata a vida da rainha da música texana e latina

Divididas em duas partes, você vai conhecer toda a trajetória de Selena Quintanilla, que construiu uma carreira admirável e até hoje é considerada como a Rainha da música latina

A série biográfica Selena, da Netflix, vem com dois objetivos: contar a linda – e triste – história da cantora Selena Quintanilla, considerada como a rainha da música texana – ou a Madonna mexicana – e mostrar a força da música latina no mundo. Divididas em duas partes, você vai conhecer toda a trajetória dessa artista que construiu uma carreira admirável e permaneceu, até o fim de sua vida, humilde e apaixonada pela vida.

Selena Quintanilla nasceu na cidade de Corpus Christi, localizada no Texas (EUA), país que faz fronteira com o México e, claro, conta com uma  fortíssima influência da cultura latina, entre elas a música texana (ou tejana), gênero musical da artista. No ano em que estreou no cenário musical (1981), pouco se falava de músicas em espanhol/latina, principalmente nos Estados Unidos e, com a chegada de Selena, ritmos como Cumbia e Ranchera, passaram a tocar com mais frequência nas rádios americanas.

Selena y Los Dinos: a sensação dos anos 90

Aos treze anos de idade, Selena lançou seu primeiro álbum, junto à sua banda, composta por seus irmãos mais velhos – A.B. Quintanilla III e Suzette Quintanilla: Selena y Los Dinos. A.B tocava baixo, produzia e compunha músicas para a banda – inclusive, aquelas que se tornaram os maiores sucessos da carreira de Selena, como Amor Prohibido y Como La Flor; já Suzette, irmã e melhor amiga de Sel, tocava bateria e acompanhava a irmã em todos os lugares.

Quatro músicos posam com Selena Quintanilla (Christian Serratos) em um palco
Selena y Los Dinos, na série | Divulgação: Netflix

Sem dúvidas, a base familiar de Selena foi um dos grandes motivos pelo qual a artista fez o sucesso que fez. Seu pai, Abraham Quintanilla, de ascendência mexicana, era o produtor musical da banda e sempre fez questão de manter todos os negócios da família entre a família. Sua mãe, Marcela Samora, era uma mulher simples, que sempre fazia o possível para manter a família unida e, como ambos vinham de famílias de imigrantes latinos, sabiam muito bem que a vida nos EUA como latino não era nada fácil – e mesmo assim, lutaram até o fim para que a filha fosse uma verdadeira estrela (e conseguiram).

Quatro atores estão abraçadas e sorrindo: A.B. Quintanilla III, Abraham Quintanilla, Selena, Marcela Samora e Suzette Quintanilla, na fase inicial da série
(Da esquerda para direita) A.B. Quintanilla III, Abraham Quintanilla, Selena, Marcela Samora e Suzette Quintanilla na fase inicial da série | Divulgação: Netflix

Sendo assim, Selena y Los Dinos se consolidou como uma banda de sucesso nos anos 90, principalmente nos países latino-americanos. Ainda nos anos 90, Selena chegou a ser indicada ao Billboard como a Melhor Artista dos anos 90 e a melhor artista latina da década, provando sua força e talento, ainda muito jovem.

O sucesso da música texana, o preconceito e o machismo

O preconceito com os latinos é um tema muito conhecido até hoje e que perdura, principalmente nos Estados Unidos e, se hoje em dia a música latina ainda luta para conquistar seu espaço, imagine só como era antigamente.

Com uma voz única, potente e emocionante, Selena encantava por onde passava, mas se engana quem pensa que foi fácil chegar ao topo e ser considerada como a Rainha da Música Latino-Americana: além de cantar um gênero – tejano – que até então, era dominado por homens, Selena teve que enfrentar os empresários, que se recusaram, por muitas vezes, a marcar concertos pelo Texas, justamente por não acreditarem em seu potencial.

Uma mulher latina canta ao microfone, dentro de uma estúdio
Christian Serratos como Selena | Divulgação: Netflix

Tratando-se de uma mulher, em meio a um mercado já “dominado” por homens, podemos considerar então, que Selena Quintanilla também foi imensamente importante para a inclusão da mulher na música latina, pois abriu caminho para as futuras artistas da música que – óbvio – tiveram e têm que lutar – mas certamente encontraram um mercado muito mais aberto após a presença de Selena.

O segredo do sucesso: o amor

Você já percebeu que Selena era mesmo uma estrela. Mas o que, de fato, fez com que, com apenas 23 anos, ela fosse TÃO grande? Eu diria que foi um conjunto de fatores: o trabalho em família, que ajudou a artista a nunca perder sua essência e humildade (além de ser como uma barreira, contra empresários e pessoas interesseiras) – você vai ver que o pai da artista era uma pessoa completamente difícil e rígida.

Juntamente com a união familar, a persistência em meio à dificuldade também é algo a se destacar, já que a família não tinha muitas condições financeiras e, por muitas vezes, teve que se virar para construir seus equipamentos, figurinos e até mesmo o transporte para outras cidades e por último, a paixão de Selena pela arte e pela vida (estava SEMPRE sorrindo). Tudo isso resumido em uma palavra: o amor.

Selena era uma artista completamente conectada com sua família e com as pessoas. Inocente, fazia questão de ouvir e dar atenção a todos, sem exceção. Fãs, das mais simples e pequenas cidades, sabiam que ela seria atenciosa com o público. Ela recebia abraços, presentes e sempre devolvia com muita gratidão.

Três artistas posam sorrindo, com Christian Serratos no meio, como Selena
Selena e seus irmãos na série | Divulgação: Netflix

Do mesmo modo que era muito focada na música, Selena se apaixonou perdidamente pelo guitarrista de sua banda, Chris Pérez (Jesse Posey) – o qual, no princípio, foi difícil conseguir manter uma relação, já que ambos sabiam que o pai da artista não aceitaria o namoro dos dois – e seguiu assim, apaixonada, até o fim de sua vida. Os dois se casaram em segredo, sem conseguirem realizar uma cerimônia oficial para os amigos e família, mas foram muito, muito felizes.

Um casal anda de braços dados e felizes
Chis (Jesse Posey) e Selena (Christian Serratos) | Divulgação: Netflix

A verdade é que Chris foi o grande amor da vida de Selena. Apesar de terem vivido poucos anos juntos, construíram um relacionamento saudável, eram companheiros e quase como melhores amigos. Por muitas vezes, Selena se encontrava um pouco perdida e era Chris quem a ajudava a pisar no chão e decidir a coisa certa. 

Na série, Christian Pérez é interpretado por Jesse Posey, que deu vida ao personagem de forma muito sincera e verdadeira. Junto à Christian Serratos (Selena), conseguiram passar para o espectador a conexão e amor que ambos sentiam pelo outro.

Selena, os fãs e uma amizade que terminou em tragédia

Quem olhava para Selena via que era uma menina sincera e realmente muito pura, não via maldade em ninguém. Deixava sua marca por onde passava e estava sempre rodeada de fãs. Mesmo num mundo completamente diferente do que temos hoje, no sentido digital, já era possível adquirir discos, pôsteres e produtos dos artistas para colecionar. Colecionar esses produtos (pôster, CD, etc.)  era muito comum entre os jovens dos anos 90 a 2000, afinal, não tínhamos esse contato “direto” com os artistas como hoje em dia, com as redes sociais e notícias imediatistas.

Juntamente com esse amor pelos fãs e a paixão pela moda e a costura, Selena inaugurou sua boutique, onde pode expor seus incríveis trabalhos de design de moda, além de produtos oficiais de sua marca. Esse foi o início do fim.

A atriz Christian Serratos desfila em um episódio de Selena
Selena em um de seus desfiles | Divulgação: Netflix

A boutique tinha tudo pra dar certo e no princípio, realmente era sucesso, mas Selena fez uma péssima escolha, ao selecionar uma fã para assumir seu fã-clube e, posteriormente, gerenciar alguns de seus negócios. Yolanda Saldívar era uma fã alucinada por Selena Quintanilla e a acompanhava desde o início de sua carreira, lá nos anos 80, quando já a visitava no camarim e sempre era muito insistente para que sua equipe a deixasse trabalhar para Selena. Yolanda sempre usava a desculpa de que, antes de ser enfermeira, obteve experiência em administração de empresas.

Com o passar dos anos, Yolanda continuou a acompanhar a artista e, nos anos 90, finalmente conseguiu o que queria: assumiu os negócios de Selena e ficou responsável pelas boutiques. Todo o seu fascínio e admiração por Selena, se transformou em obsessão, inveja e loucura. A menina se mostrava sempre insatisfeita quando via Selena sendo simpática e agradável com outros fãs e até mesmo com seu marido. O que Selena não imaginava, é que havia virado melhor amiga de sua própria assassina.

Atriz que interpreta Yolanda em uma captura com semblante sério
Yolanda segue na cadeia até os dias de hoje | Divulgação: Netflix

Essa parte da história da artista é, literalmente, devastadora. Para ela, ter suas boutiques era uma liberdade, um sonho e tudo foi por água abaixo. Não há como não chorar no fim da série. No auge de sua carreira, após cantar no estádio Astrodome (Houston, Texas) para um público de 60.000 pessoas e já se preparando por completo para lançar Dreaming Of You, seu álbum em inglês; e após ser indicada ao que seria seu último Grammy, Selena Quintanilla foi assassinada por Yolando Saldívar, em 31 de março de 1995.

Yolanda estava desviando dinheiro da família Quintanilla, além de não entregar milhares de perfumes, jóias e outros objetos oficiais para os fãs de Selena. O pai da artista descobriu e Yolanda se vingou da pior maneira possível.

Infelizmente, o lançamento da Rainha do Tex Mex no mercado norte-americano não aconteceu, pois Selena havia gravado apenas quatro músicas do álbum. Na série, vemos, através da personagem, como esse era um sonho se tornando realidade, afinal, todo artista latino sonha em ter um disco em inglês.

O legado de Selena Quintanilla para a música latina e para o mundo

O fato é que assistir à série nos traz muita alegria, pois nos deparamos com uma artista consciente, madura e ao mesmo tempo modesta, ao mesmo tempo que terminamos a parte 2 em prantos. É impossível não se emocionar com o final, com Selena a ponto de alavancar sua carreira, mas impedida por uma mulher gananciosa, que ultrapassou os limites de ser fã e tirou a vida de uma pessoa honesta e cheia de vida pela frente – e que ainda poderia estar por aí, cantando para o mundo.

Casal se abraça junto a um carro vermelho
Selena, seu famoso carro vermelho & seu grande amor em um dos episódios | Divulgação: Netflix

Em suma, é essencial conhecer a carreira de Selena Quintanilla, principalmente você, que acompanha os artistas e a música latina. A atriz Christian Serratos simplesmente entregou tudo nessa personagem, principalmente na segunda parte, numa fase mais glamurosa de Selena – shows e premiações – de forma que todos os movimentos, gestos e coreografias nos remetem à verdadeira Selena.

O legado de Selena é eterno. Tanto é que, em 2021, 26 anos após seu falecimento, seguimos aqui, contando sua história e ouvindo suas músicas, que certamente foram fundamentais para os artistas que vieram depois. O Grammy 2021 fez uma linda homenagem à Selena, reforçando sua importância até os dias de hoje. Suas canções seguem sendo atuais, principalmente no coração dos fãs, que jamais a esquecerão e guardam no coração uma Selena cheia de vida, de sonhos e muito amor para dar.

Fotografia de Selena Quintanilla no estádio Astrodome
A verdadeira e única Selena Quintanilla | Divulgação: E!

Selena: A Série foi criada por Moisés Zamora, dirigida por Hiromi Karnata e Katina Mora e conta com Abraham Quintanilla e Suzette Quintanilla, pai e irmã verdadeiros de Selena, como produtores executivos. A série é protagonizada por Christian Serratos e tem Jesse Posey (Chris Perez), Noemí Gonzalez (Suzette Quintanilla), Gabriel Chavarria (A.B Quintanilla), Ricardo Chavira (Abraham Quintanilla), Julio Macias (Pete Astudillo) e Seidy López (Marcela Quintanilla) no elenco. 

Confira a seguir uma comparação entre a cena do show de Selena no estádio Astrodome, em 1995, e a apresentação oficial:

https://www.youtube.com/watch?v=qT2NAP92uQw

Você já conhecia a história de Selena Quintanilla? O que achou da série? Conta pra gente nas redes sociais do Entretetizei – Insta, Face ou no Twitter. Até a próxima!

 

*Crédito da foto de destaque: Divulgação / Netflix Brasil

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Produzido e estrelado por Manu Gavassi, Me Sinto Bem Com Você ganha data de estreia

O longa Me Sinto Bem Com Você vai contar histórias de pessoas em meio ao isolamento social, que fazem de tudo para se manterem próximas

O longa brasileiro Me Sinto Bem com Você ganhou data de estreia no Amazon Prime Video: 20 de maio, exclusivamente no streaming. Dirigido por Matheus Souza e estrelado pela cantora e atriz Manu Gavassi, que também atua como produtora associada, o filme conta cinco histórias de amor em tempos de quarentena.

No enredo, um casal de ex-namorados troca mensagens pela primeira vez desde o término. Duas jovens que acabaram de se apaixonar vivem o medo da relação esfriar pela distância. Irmãs que se afastaram pré-pandemia tentam retomar a amizade e redescobrir a importância da família. Dois ficantes em um “relacionamento sem rótulos” exploram meios de sobreviver à ausência do toque. E um casal que não se aguenta mais tenta lidar com a obrigação da convivência 24 horas por dia. Resumidamente, trata-se de uma história de pessoas, em meio ao isolamento social, fazendo de tudo para se manterem próximas. Essas são as histórias de Me Sinto Bem Com Você.

Foto: Divulgação | Atômica Lab
Foto: Divulgação | Atômica Lab

Juntamente com Manu Gavassi, o filme também conta com Souza, Richard Abelha, Amanda Benevides, Thuany Parente, Clarissa Müller, Gabz e Isabella Moreira no elenco, com Victor Lamoglia e Thati Lopes como atores convidados.

“É um projeto despretensioso feito por amigos e para exercitar nossa saúde mental durante a pandemia. Tem um texto atual, sensível e que acredito. Matheus é um grande amigo e quando ele me mandou o filme eu tive vontade de participar”, comentou Manu Gavassi.

Foto: Divulgação | Atômica Lab

Me Sinto Bem Com Você conta com produção de Gustavo Baldoni e Mário Peixoto, da Delicatessen Filmes, é dirigido por Matheus Souza e tem Manu Gavassi e Seiva TV como produtoras associadas e Papaki Fimes na coprodução. Souza também assina o roteiro com colaboração de Gavassi, Amanda Benevides e Gabz. Camila Cornelsen é responsável pela direção de fotografia, Ana Arietti pela direção de arte, Carol Roquete pelo figurino, Paula Vidal pela maquiagem e Rodrigo Daniel Melo pela edição.

Confira o trailer oficial:

 

Já está tudo pronto para se emocionar com essas histórias de amor? Conta pra gente sua expectativa e acompanhe as notícias do mundo do entretenimento em nossas redes sociais: InstaFace e Twitter.

 

*Crédito da foto de destaque: Divulgação / Atômica Lab

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desAMORfosis: conheça o novo álbum da estrela latina Thalia

A cantora, vencedora de vários prêmios, leva seus fãs por uma jornada comovente de crescimento emocional enquanto revela alguns de seus sentimentos mais profundos

A superestrela global e latina Thalia permanece na vanguarda da indústria da música e acaba de lançar seu mais novo álbum, intitulado desAMORfosis. Em suas músicas, a cantora leva seus fãs por uma jornada de crescimento emocional e revela alguns de seus sentimentos mais profundos. O álbum está disponível em todas as plataformas de streaming digital.

desAMORfosis leva esse nome como uma combinação de três palavras que descrevem os principais estágios do romance: “desamor”, “amor” e “metamorfose”. A fusão dessas palavras revela o significado do amor em todas as suas formas e a viagem emocionante que as pessoas enfrentam ao vivê-lo. A partir dos momentos de rejeição e solidão, aos de atração emocional e sexual, até a evolução e desenvolvimento de um novo caráter pessoal.

Foto: Divulgação

O álbum conta com 14 novas músicas que se interligam para contar uma história, que detalha a transformação e o crescimento do romance por meio dos sentimentos representados nas composições e ritmos de cada música. Thalia trabalhou na produção do álbum ao lado de alguns dos produtores mais inovadores da atualidade, incluindo Tainy, Edgar Barrera, Maffio e Trooko.

desAMORfosis é composto por sons distintos que fundem diferentes gêneros, desde as melodias cativantes das baladas pop aos ritmos dançantes do reggaeton e da música eletrônica. A artista também colaborou com artistas de destaque da nova geração da música latina, como a Banda MS de Sergio Lizárraga, Farina, Jhay Cortez, Mau y Ricky, Myke Towers e Sofia Reyes.

 

Mais sobre desAMORfosis e o lançamento de Mojito

Sempre conectada e perto de seus fãs, Thalia já havia dado aos seus ouvintes alguns vislumbres dos sons de seu novo álbum. Seu single Tick Tock, com Farina e Sofia Reyes, se tornou um sucesso instantâneo, estreando no Top Global Music Videos do YouTube e chegando ao Top 20 da parada Latin Pop Airplay da Billboard. Da mesma forma, sua colaboração Ya Tu Me Conoces com Mau y Ricky alcançou as paradas Latin Digital Song Sales e Latin Pop Airplay da Billboard.

Foto: Divulgação

Recentemente, a cantora surpreendeu o mundo com a estreia de seu último single, Mojito, que conquistou plataformas de música digital e estreou seu videoclipe durante o The Tonight Show, estrelado por Jimmy Fallon. “Cuando te vi nunca pensé que ibas a ser azuquita’ pa’ mi coctel. Cuando te vi, ay, yo no sé, pero me fui moviendo al ritmo de tus pies”, diz a letra. Confira o videoclipe:

 

Além disso, Thalia participou do evento Celebra Ellas Y Su Música, do Grammy Latino, que também contou com a participação da brasileira Anitta. Thalia não apenas impressionou milhares de espectadores como apresentadora, mas também fez uma incrível performance ao vivo de Mojito pela primeira vez e apresentou um medley de alguns dos maiores sucessos de sua carreira, incluindo Amor A La Mexicana; Arrasando; No Me Recuerdo; Piel Morena e A Quien Le Importa.

Foto: Divulgação | Instagram

 

Juntamente com todo esse sucesso, Thalia interagiu com seus fãs por meio de uma live especial para o lançamento de desAMORfosis, tornando-a a primeira artista mexicana a participar de uma afterparty do YouTube Premium. O álbum já está bombando em diversos países, incluindo o Brasil:

 

 

Para ouvir o novo álbum de Thalia, clique AQUI.

 

Qual sua música favorita da Thalia? E o que achou de desAMORfosis? Entre nas redes sociais do Entretetizei – Insta, Face e Twitter – e conta pra gente!

 

*Crédito da foto de destaque: Divulgação 

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6 vezes em que Anahí entregou tudo e um pouco mais na era pós-RBD

No aniversário da artista mexicana, preparamos uma sequência de seis apresentações icônicas de Anahí durante sua carreira solo – após o fim do RBD

 

Dia 14 de maio é um dia em que as fadas da música latina ficam mais alegres, porque uma artista muito especial completa 38 anos. Ela mesma, Anahí Giovanna Puente Portilla, ou apenas Anahí. Nossa eterna Mia Colucci, nascida no signo de touro, é uma mulher forte, que iniciou sua carreira quando era apenas uma criança e com o passar dos anos, se tornou tão famosa, que chegou a ser comparada com nova Thalía, outra diva mexicana.

A verdade é que Anahí não precisa ser comparada com ninguém, porque ela sozinha já é um sucesso. A prova é que, mesmo sem lançamentos inéditos, Anahí se encontra na 4° posição entre as artistas mexicanas de música pop que mais receberam streams no Spotify em 2021 até o momento. A música Sálvame, solo da cantora no RBD, é considerada um hino e ultrapassou 50 milhões de reproduções no Spotify, sendo a única canção da banda a alcançar essa marca (dados oficiais do Twitter Anahi On Charts). No Spotify, a artista mexicana conta com 3.712.879 ouvintes mensais (dados de 13 de maio) – número que aumenta a cada dia.

Foto: Divulgação | Twitter

Para comemorar todo esse sucesso e, claro, seu aniversário, o Entretetizei separou um Top 6 com apresentações inesquecíveis e icônicas. Sua carreira solo foi tão, mas TÃO exitosa, que chega a parecer um surto coletivo o que vimos essa artista entregar nos palcos. Numa época em que ainda se falava pouco em lutas LGBTQIA+ e causas femininas, Anahí se mostrava sempre muito à frente de seu tempo.

UniversoAnahi | TESTE ANAHI +

Quer a prova? Confira a seguir 6 vezes em que Anahí entregou tudo e um pouco mais na era pós- RBD, também conhecida como Era Mi Delirio:

 

1 – El Me Mintió – Viña del Mar, Chile (2010)

Começando o festival – simplesmente – mais cobiçado, até hoje, pelos cantores latinos:o Viña del Mar, no Chile. Lá, já passaram nomes como: Luis Miguel, Roberto Carlos, Paulina Rubio, Thalía, Sandy e ela: Anahí.

Foto: Divulgação | R7

El Me Mintió en Viña foi um show à parte. Com um figurino de noiva, Anahí entregou atuação, crítica à violência contra a mulher e muita voz numa apresentação que ficou marcada como uma das mais memoráveis de sua carreira. É impossível assistir e não se encantar. O ano era 2010 e ela já tocava em temas importantes para a mulher. Obrigada por isso, Any!

 

2 – Libertad, em parceria com Christian Chávez, Brasil (2011)

Libertad foi uma música lançada com o também RBD, Christian Chávez, e que tocou muitos corações. “Liberdade, liberdade. Não vou abandonar meus sonhos. Liberdade, liberdade. É tempo de viver sem medo”, diz a letra. Com uma letra e clipe fortes e importantes para a luta LGBT, não tinha como não ser um sucesso.

Anahí e Christian em São Paulo | Divulgação: Band Entretenimento

E para ficar ainda melhor, Anahí se juntou a Christian, no Brasil, numa performance descrita por quem estava presente como: “Eles surgem… As luzes do palco se acendem e podemos ver Anahí e Christian prontos para cantar seu hino à liberdade. Ao entrarem no palco, os dançarinos da Anahi, juntamente com os do Christian, fizeram uma ótima apresentação. Sem dúvida, o que tirou mais a atenção dos fãs, é que ao mesmo tempo, no telão, passava o clipe inédito de Libertad. Para onde olhar? O que ver? […] O desempenho de Libertad foi marcante. Não sei explicar se foi porque foi a primeira vez que não víamos os dois cantando juntos algo do RBD, ou se foi porque a música era nova. Mas foi muito marcante.”

Veja a seguir:

 

3 – Mi Delirio – Cabaret Versión, São Paulo (2011)

Voltamos àquelas apresentações de Anahí em que ficamos boquiabertos. O que dizer de quando ela cantou o lead single Mi Delirio em uma versão Cabaret? Pura sensualidade e entrega, numa interpretação lenta e que nos faz ficar hipnotizados pelo o que vemos.

Divulgação: Twitter

A apresentação foi realizada em São Paulo, durante a turnê Go Any Go. Confira:

 

4 – Te Puedo Escuchar – Premios Juventud  (2010)

A música Te Puedo Escuchar é uma das canções mais emocionantes do álbum Mi Delirio. Isso porque foi dedicada a um amigo de Anahí, Juan Pablo, que faleceu em 2007. Toda vez que Any cantava essa música ao vivo, era pura emoção e não foi diferente nos Premios Juventud, em 2010. Com sua voz angelical, descendo de uma lua cenográfica, que estava suspensa no ar, viajamos com sua apresentação, delicada e cheia de emoção.

Foto: Divulgação | RBD Fotos

Confira:

 

Extra: confira o vídeo do ensaio de Anahí pra essa apresentação:

 

5 – Rumba – Premios Juventud (2015)

O que dizer de Rumba? A música em si já é um marco latino na carreira de Anahí, parceria com Wisin e faixa número 7 do álbum Inesperado, de 2015. Nesse mesmo ano, tivemos a surpresa de ver um regresso de Anahí aos palcos, após anos sem aparecer em nenhum lugar. E foi novamente nos Premios Juventud que os fãs do mundo inteiro puderam ver esse poder em forma de voz e mulher, cantando mais uma vez ao vivo.

Uma verdadeira diva latina! | Divulgação: RBD Fotos

Veja abaixo:

 

6 – Amnesia – Premios Juventud (2016)

Fechando nosso top 6 com uma das apresentações mais lindas que – a redatora aqui – já viu na carreira solo de Anahí. Mais uma vez, nos Premios Juventud, Any apresentou Amnesia, particularmente considerada como uma música bem importante, por conter uma letra e significado muito fortes e especiais – quem sabe… sabe. Essa apresentação contou com uma Anahí que já não víamos muito – entregue, comovida, artista e com aquela emoção que sentimos de longe.

Apresentação de Anahí nos Premios Juventud 2016 | Divulgação: RBD Fotos

Até hoje, assistir a essa apresentação é de arrepiar tudo e mais um pouco. Eu diria que os fãs foram abençoados com essa apresentação, porque depois… não vimos mais Anahí em carreira solo. Fiquem com esse presente em forma de apresentação:

 

Falar de Anahí e de sua carreira, em geral, é fácil, por ser uma artista latina que marcou mesmo a história da música, mas ao mesmo tempo, é difícil, porque muitas perguntas sobre sua vida e carreira permanecem, até hoje, sem respostas. Sabemos que sua vida tomou um rumo um pouco diferente da que todos esperavam. Afinal, sua carreira estava no auge e, sem sombra de dúvidas, muitas coisas ainda estavam por vir, mas é preciso entender  que todo artista tem uma vida e, muitas vezes, é preciso fazer escolhas pessoais que não vão agradar os fãs. 

Apesar disso, Anahí segue sendo uma estrela e, se depender de seus fãs, sabe quando vai se apagar? Nunca. Nunca, porque sua voz permanece sendo um sucesso – os números são a prova disso – e seu legado é eterno.

Uma verdadeira ARTISTA | Divulgação: RBD Fotos

 

Desejamos a essa estrela um aniversário repleto de saúde, paz e muita, mas muita luz pra sua vida – e que o universo conspire!

¡Feliz Cumpleaños, Any!

 

crystal gifs, ahh pena, então, eu gostaria de pedir da Anahi :)...

 

Clique AQUI e confira nosso especial sobre a carreira da Anahí.

 

Qual sua música favorita da Anahí? E qual dessas apresentações mais te marcou? Entre nas redes sociais do EntretetizeiInsta, Face e Twitter – e conta pra gente!

 

*Crédito da foto de destaque: Divulgação / RBD Fotos 

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Resenha | El Baile de los 41 é um espetáculo de detalhes, tristeza e poucas palavras

El Baile de los 41 retrata a vida de homens homossexuais em 1901 e conversa com o público através dos sons, numa mistura de sentimentos e profunda tristeza

O longa mexicano El Baile de los 41 estreou ontem (12), na Netflix de 190 países – o Brasil não está incluído – e já está no Top 10 dos mais assistidos. Mas não é por qualquer motivo: trata-se de um filme político, sobre um escândalo que talvez seja um dos mais tristes da história do México, envolvendo 42 homens que apenas queriam ser livres

O enredo se passa nos anos 1901, durante o Porfiriato, ou seja, período de 30 anos em que Porfírio Diaz estava no poder, sendo conhecido como um político extremamente conservador. Nessa época, ainda não se falava de relacionamentos homossexuais e muito menos da luta LGBTQIA+, ou seja, ser homossexual era considerado uma aberração e totalmente condenado pelo governo – ainda mais se você fizesse parte da família presidencial, como foi o caso de Ignacio de la Torre y Mier, que, no longa, é interpretado pelo brilhante Alfonso Herra. Ignacio se encontrava, secretamente, com outros 41 homens, que somente queriam ser livres para amar e serem amados, no que podemos descrever como uma festa gay da elite mexicana. 

Foto: Divulgação | RBD Fotos

 

Quem era Ignacio de la Torre y Mier e por que há tanta tristeza?

Ignacio de la Torre era um deputado que tinha como objetivo se tornar governador do Estado do México. Sendo um homem sério e de poucas palavras, notamos logo que é uma pessoa comprometida com o seu trabalho, mas o casamento com a filha do Presidente da República, Amada Díaz, nos leva a conhecer quem ele era de verdade. Entendemos que, na verdade, ele era um homem triste. E é isso que sentimos durante todo o filme: tristeza.

Ignacio frequentava, todas as noites, uma sociedade onde os homens podiam ser quem queriam. Lá, ser gay era um orgulho, uma liberdade. As cenas no local são fortes, contém exposição, mas continuam sendo tristes. Vemos pessoas desesperadas e na busca pelo amor, onde essa procura é representada pelo exagero de uma sequência de cenas, em que pouco se fala, mas muito se sente e se entende. Vemos homens de todas as idades desesperados por, finalmente, sentirem o prazer de se sentirem amados. A própria trilha sonora nos dá essa sensação, uma mistura de desespero, com prazer e empatia.

Foto: Divulgação | RBD Fotos

Voltando ao termo tristeza, é agoniante como todos eram tristes. Digo isso  porque nem Ignacio, nem Amada e nem os demais 41 homens foram felizes, já que tinham uma vida dupla, frequentavam uma sociedade que já estava na cara que seria descoberta e tinham que se esforçar para esconder tudo de suas famílias.

Sobre o casamento, é triste para os dois lados: ela gostava do marido e tinha o sonho de ter filhos. Como seu marido não podia satisfazer seus desejos, vivia em casa, sozinha e frustrada. Ele era quase como duas pessoas diferentes, porque, durante o dia, tinha que exercer seu papel de político e trabalhar no mesmo ambiente que o amor de sua vida, Evaristo Rivas (Emiliano Zurita) – além de enfrentar o sogro e a mulher, o qual claramente não sentia nenhuma atração – e à noite era…. o Ignacio. 

Foto: Divulgação

Um filme que fala nos detalhes e no não-diálogo

El Baile de los 41 é um filme que conversa com o espectador através do íntimo, das cenas sem falas e nos detalhes. Chega a ser um pouco perturbador ouvir cada passo e cada movimento feito pelos atores, que nos transmitem – tudo – o que estão sentindo. Em muitos momentos, a sensação é de estarmos dentro das cenas, ao lado dos atores.

Quem conhece bem a história da política mexicana, sabe que estamos falando de um dos Estados mais conservadores da América Latina e, se hoje em dia ainda é difícil falar da luta LGBTQIA+ no país, quando voltamos à 1901, nem é preciso comentar que o nível de conservadorismo era muito, mas muito pior – e isso fica bem claro ao assistirmos o longa.

Foto: Divulgação | Forbes México

Citando alguns exemplos, percebemos a  posição da mulher em relação aos homens: não vemos mulheres na política e Amada Díaz (Mabel Cadena) nos mostra como era solitário ser mulher naquela época. Em casa e sozinha, ela chega a adotar um filhote de bode para cuidar, como se fosse seu filho – já que seu esposo não lhe daria um.

Foto: Divulgação

Acompanhamos então o desenvolvimento dessa personagem, que se casou numa cerimônia fechada, sem poder convidar sua mãe, que era indigena e, ao descobrir que seu marido estava se relacionando com outro homem, se revolta ao descobrir cartas de amor ao marido.

Todas as cenas foram muito bem roteirizadas e interpretadas. A opção de mostrar mais do que falar foi genial e incrivelmente bem transmitida para quem está vendo.

 

Um final trágico e a importância do filme para a comunidade LGBTQI+

Ao passo que vamos entendendo a história, precisamos falar da cena final, que vai desde o baile, até a tortura daqueles homens – a mais chocante e dolorosa. Após ser descoberto, Ignacio é levado de volta para casa – ainda travestido – e os demais 41 são expostos à público, da mesma forma como foram encontrados: alguns maquiados, outros travestidos e todos direcionados a mostrar que estamos errados.

Ser homossexual, é representado ali como uma aberração, como um exemplo à população do que não pode ser feito. Quando nos deparamos com o estado em que cada um se encontrou, após serem chutados, xingados e torturados, é dolorosa a sensação de desprezo e dor. Uma dor que ficou marcada para sempre na história de cada um e na história da comunidade LGBTQIA+.

Foto: Divulgação | Twitter

O filme termina com Ignacio recebendo a informação que seu amado faleceu, e a única reação que teve, foi uma onda de choro e de profunda tristeza, que nos leva a sentir, lá dentro, o que ele estava sentindo – e, mais uma vez, Alfonso Herrera nos prova que é mais que um ator, é um artista tomado pelos sentimentos e que transborda emoção.

Sobre Alfonso Herrera e seu personagem, o próprio diretor do filme, David Pablos, comentou, em entrevista, sobre o personagem não ser um herói nem um exemplo, mas sim, uma vítima questionável. “Ignacio foi vítima de uma circunstância, mas, ao mesmo tempo, era alguém que buscava poder, era ambicioso, alguém que cometeu muitas ações questionáveis, então, para mim, a aposta principal com o personagem do Alfonso foi fazer alguém, um personagem, que não fosse virtuoso, que é mal sucedido e que, inclusive, o público pode testar o que esse personagem faz”, disse.

Foto: Divulgação | Twitter

De fato, é um filme perturbador. Digo isso porque não é uma produção fácil de se assistir, já que lidamos com sentimentos reais, histórias reais e que incomodam. Incomoda ver a forma como esses homens viviam, escondidos, como se estivessem fazendo algo errado e, depois tratados como se não pertencessem à sociedade. 

Apesar disso, é importante ressaltar a importância do longa, que abre nossos olhos para a importância de defender a luta LGBTQIA+, uma luta que carrega consigo muita dor, mortes, torturas e tristezas que nada, nem mesmo um filme como El Baile de los 41 pode explicar, de verdade, o que eles sentiram.

 

E o que podemos tirar de lição?

Que já avançamos muito, mas que ainda há muito o que lutar. Saber que El Baile de los 41 foi exibido nos cinemas mexicanos e chegou a ganhar outdoors pelas ruas é sim motivo de comemoração, afinal, num país que discrimina e abomina homossexuais até hoje, vê-los enfrentando os agressores nos dá esperança de que podemos sim ajudar nossa sociedade a buscar o diálogo e a inclusão de temas antes ignorados, para formarmos futuros cidadãos conscientes de que, o que aconteceu no dia 20 de novembro de 1901 JAMAIS pode se repetir; e que cada ser humano tem o direito amar e viver da maneira que achar melhor para si mesmo.

 

Apesar de ser um filme mexicano-brasileiro, com apoio da Ancine, Telecine e Canal Brasil, o longa não estreou no Brasil, mas isso não quer dizer que não falaremos sobre ele aqui, afinal, por mais triste e doloroso que seja, muitas vezes, a dor precisa ser sentida para que a luta não termine – nunca. O filme conta também com Fernando Becerril, Rodrigo Virago, Sergio Solís e Fernanda Echevarría no elenco, com direção de David Pablos e roteiro de Monika Revilla

 

Confira a seguir a entrevista com o diretor David Pablos, sobre a preparação do longa, dos personagens e muito mais:

 

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*Crédito da foto de destaque: Divulgação 

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Entrevista | David Pablos fala sobre El Baile de los 41, protagonizado por Alfonso Herrera

Dirigido por David Pablos, o longa vai contar, de forma bem fiel à história, sobre o que é considerado até hoje como um dos maiores escândalos políticos do México

Quando David Pablos dirigiu o filme El Baile de los 41, certamente ele sabia de sua importância social e política. O longa, que estreou em 2020 nos cinemas mexicanos, chega no próximo 14 de maio à Netflix e promete cenas fortes e importantes do que é considerado, até hoje, como um dos maiores escândalos políticos do México.

Protagonizada por Alfonso Herrera e Mabel Cadena, a história se passa em novembro de 1901, numa confraternização de 42 homens que se travestiam e celebravam a vida – secretamente. Um desses homens era Ignacio de la Torre y Mier, genro do então presidente da República, Porfírio Diaz. Por fazer parte da família mais importante do México, o Presidente obrigou que trocassem o numeral 42 para 41, tirando assim o nome de seu genro. O ocorrido tornou-se um escândalo nacional, principalmente porque, além de tudo, Ignacio era um homem casado com uma mulher e ainda não havia abertura para discutir-se esse tema, considerado um absurdo e uma vergonha para a família.

Divulgação: Variety

Em entrevista ao Entretetizei, o diretor David Pablos comentou que o fato foi um marco na história da luta LGBTQI+ e uma abertura à discussão de homossexualidade, já que era a primeira vez que os meios de comunicação da época tocavam no assunto. “Por isso El baile de los 41 é importante, porque esse momento foi considerado um escândalo. Foi tão, tão escandaloso, que o número 41 ficou estigmatizado, ou seja, durante muito tempo, as pessoas evitavam o número 41, nas ruas, não queriam que suas casas tivessem o 41, no exército, nas escolas.. e a pessoa que tocasse no número 41 era objeto de piada, então é um acontecimento que, de certa maneira, ainda segue no imaginário atual, disse o diretor.

Apesar de El Baile de los 41 ter acontecido há anos atrás, é curioso ver como os anos se passaram e pouca coisa mudou. É claro que, se tratando especificamente da luta LGBTQI+, não há como negar que, atualmente, a forma como o tema é abordado, tanto nas escolas, quanto na sociedade e na mídia, é muito mais aberta e livre, mas ainda há um longo caminho pela frente. “Para mim, algo que me comove muito e que me dói muito, é que muitos desses homens, que estiveram nesse grupo dos 42, infelizmente, tenho certeza que a maioria teria preferido não ser homossexual. Por isso insisto: todo esse conceito do orgulho gay, do coletivo LGBT, é uma construção da segunda parte do século 20 e ainda há um grande caminho a percorrer”, completou David Pablos. 

David Pablos é o diretor do longa | Divulgação: Instagram

Leia a seguir a entrevista completa, transcrita da conversa exclusiva que tivemos com o diretor de El Baile de los 41, o mexicano David Pablos, que nos contou sobre a história do filme, seus gostos em relação ao Brasil, a preparação dos personagens, além de grandes elogios aos protagonistas, Alfonso Herrera, que interpreta Ignacio de la Torre, e Mabel Cadena, que intreperta Amada Díaz, filha do presidente Porfírio Diaz.

 

Entretetizei: Eu gostaria de começar essa entrevista te pedindo para que me explique um pouco sobre a história de El Baile de los 41. Estamos muito ansiosos para assistir e quero saber mais sobre!

David Pablos: Começo te contando sobre o que é o El Baile dos 41. O Baile de los 41 é um feito histórico importante aqui no México, que aconteceu em 1991 e basicamente foi um baile onde se descobriu 42 homens, homossexuais, a metade vestidos de mulher e, nesse grupo, se encontrava o genro do Presidente do México, Porfírio Díaz. Porfírio pede para que o nome de seu genro seja apagado da lista e passa a ser 41 ao invés de 42. E isso teve relevância porque, 1: estava envolvido alguém que pertencia à família presidencial e 2: porque é a primeira vez que se falava sobre a homosexualidade nos meios (de comunicação), nos jornais e isso significou uma espécie de “saída do armário” da comunidade (LGBTQI+) em nosso país. Por isso El baile de los 41 é importante, porque esse momento foi considerado um escândalo. Foi tão, tão escandaloso, que o número 41 ficou estigmatizado, ou seja, durante muito tempo, as pessoas evitavam o número 41, nas ruas, não queriam que suas casas tivessem o 41, no exército, nas escolas… e a pessoa que tocasse no número 41 era objeto de piada, então é um acontecimento que, de certa maneira, ainda segue no imaginário atual.

 

E: seu filme acaba de ser pré-nomeado ao Premios Platino. Como você está se sentindo?

DP: Estou agradecido! [O filme] está na pré-seleção e tomara que se abra caminho… e além dos prêmios, estou feliz pela experiência que foi fazer o filme, feliz pelo resultado final e feliz porque já estamos há [poucos] dias para que o filme saia na Netflix.

 

E: Você disse uma vez que sua intenção era justamente retratar, de uma maneira diferente, o que se passou emo 20 de novembro de 91. Como foi o desafio de criar uma nova versão da história, mas com mais verdade e claro, com mais humanidade?

DP: Totalmente de acordo. É que eu acho que o ponto referência para esse filme é o pouco que existe da época, o pouco que se sabe, o pouco que os jornais publicaram e a maneira como esses homens foram exibidos, expostos… foi a partir da provocação, do desprestígio e o “fazer menos” desse grupo de homens, e para mim, me parece importante contar essa história desde o ponto de vista deles ou, no caso desse filme, desde o ponto de vista de Ignacio de la Torre e mostrar um grupo de homens diverso, mostrar um grupo de homens onde há todo tipo de masculinidade, todo tipo de idades, todo tipo de fenótipos e de personalidades. Para mim era importante mostrar uma comunidade diversa e organizada.

[…] No meu país, no México, seguem representando assim essas pessoas. Me parece que há um preconceito que segue vigente e a imagem do homossexual, parece que tendem a caricaturizar e o que eu queria fazer era justamente apresentar o diverso que pode ser a homossexualidade, como pode haver todo tipo de homens. 

 

E: Vou perguntar agora mesmo sobre a imprensa, porque quando falamos sobre esse tema, estamos falando de uma época em que a imprensa, principalmente a mexicana, não tinha nenhum respeito com os LGBT’s. Como você vê a evolução da imprensa em relação a esses temas?

DP: Te digo que há coisas da imprensa que não mudaram tanto desde 1901, pelo menos aqui no México. Segue tendo muito preconceito e condenação e segue existindo esses rótulos e creio que não deveria nem haver um catálogo, não deveria importar… simplesmente há uma diversidade. […] Sinto que, em relação aos meios de comunicação, eles seguem fazendo de uma maneira muito similar como faziam há anos. Não nego os ganhos que houveram…. […] É fascinante ver como mudam as coisas. Justamente na época em que se passava o filme, a ideia do orgulho gay não existia. Para mim, algo que me comove muito e que me dói muito, é que muitos desses homens, que estiveram nesse grupo dos 42, infelizmente, tenho certeza que a maioria teria preferido não ser homossexual. Por isso insisto: todo esse conceito do orgulho gay, do coletivo LGBT, é uma construção da segunda parte do século 20 e ainda há um grande caminho a percorrer. 

 

E:  Você pode me contar um pouco como foi a preparação dos personagens? Nós os veremos de uma forma diferente da que conhecemos quando lemos sobre na internet, por exemplo, ou não?

DP: Vocês vão ler a mesma história que vão ver (no filme), não terão surpresas nesse sentido. A preparação dos personagens foi muito importante. Eu creio que esse filme, de todos os filmes que eu fiz, foi o que mais ensaiei. Trabalhei muito com os atores e parecia importante que tivesse uma relação entre eles, que se tornassem cúmplices, que houvesse confiança, porque há muitas cenas no filme que não são fáceis no sentido de atuação. Não são fáceis porque podem ser incômodas. Há cenas de sexo que sempre podem ser incômodas, então, para mim, o objetivo principal era alcançar a cumplicidade, uma equipe onde os atores se sentissem cômodos – falo principalmente dos protagonistas, mas também do grupo dos 41. Por exemplo, com Alfonso Herrera e com Mabel Cadena ensaiamos muito. Mabel Cadena é quem será sua esposa, Amada Díaz. Eles ensaiaram muito por essas serem as cenas mais complicadas de todo o filme. Essas são as cenas mais demandantes – do ponto de vista da atuação.

[…] Então a única maneira de fazer bem as coisas era ensaiando. E felizmente, Alfonso e Mabel são atores incrivelmente generosos, disciplinados e entregues, então não foi um tema, pelo contrário, eles ensaiavam mais do que eu pedia e como não há tanta informação desses personagens, existe muito pouco do que podemos exceder. Lemos alguns livros, que foram escritos sobre a família de Porfírio Diaz, sabemos coisas importantes de Ignacio de la Torre e creio que a decisão fundamental que tomamos em conjunto, tanto a roteirista, quanto eu, como diretor, incluindo Alfonso, como ator, foi não apresentar uma imagem dulcificada de Ignacio. Ignacio não era um personagem exemplar, não era um herói e também não era um mártir. Ignacio foi vítima de uma circunstância, mas, ao mesmo tempo, era alguém que buscava poder, era ambicioso, alguém que cometeu muitas ações questionáveis, então, para mim, a aposta principal com o personagem do Alfonso foi fazer alguém, um personagem, que não fosse virtuoso, que é mal sucedido e que, inclusive, o público pode testar o que esse personagem faz. 

E: Você acha que ainda podemos encontrar personagens como o do filme hoje em dia? Porque a política mexicana ainda segue sendo um tema difícil, pesado – eu acompanho – e até hoje é difícil falar da política (mexicana). O que você pensa disso?

DP: Absolutamente. No mundo da política mexicana, a homosexualidade segue sendo um grande tabu. De alguma maneira, quando estávamos fazendo a roda de imprensa nos cinemas mexicanos, em novembro de 2020, eu disse em algumas entrevista que, de alguma maneira, a história de El Baile de los 41 podia ter se repetido no presente. Digo, não necessariamente aconteceria um linchamento, não necessariamente os receberiam dessa maneira, mas sei que seria o mesmo escândalo se estivéssemos falando desses níveis de poder, sei que haveria esse encobrimento, sei que haveria essa condenação, não haveria talvez um linchamento físico, mas sim um linchamento midiático, nas redes sociais, então para mim, umas das reflexões mais importantes foi ver que, tanto no momento de estudar a história para preparar o filme e depois, já na hora de sair para apresentá-la, foi ver quantos paralelos existiam e ver como eu ainda poderia contar a história de El Baile de los 41 de maneira similar.

 

E: Você acredita que, de alguma maneira, seu filme vai mudar a maneira de discutir esses temas, discutir a política, principalmente entre os jovens? Porque muitos jovens que acompanham os atores, por exemplo, o meu público que acompanha muito o Poncho (Herrera) e todos esses atores… o que você acha? 

DP: Eu acredito que, pedir que um filme mude um panorama social e político é muito complicado. Eu creio que o filme não tem tanto poder – adoraria que sim, mas creio que não. O que eu acredito que o filme faz é, o que eu acho que o cinema faz, é mostrar as histórias através dos rostos, de seus personagens, desde um lado humano, um lado íntimo. Porque pra mim sempre fica muito claro como é muito diferente ler um tema e vê-lo através dos olhos de quem vive essa situação. Eu acredito que o cinema, uma das coisas que ele permite é a empatia. O cinema te permite se colocar no lugar de outra pessoa. E eu acho que o que o filme pode fazer é apresentar uma situação de muitos pontos de vista, pode falar com muita gente que não necessariamente pertence à comunidade LGBT.

[…] Eu acredito que esse filme transcende os marcos da comunidade LGBT e eu gostaria que as pessoas, que não são dessa comunidade, também o assistisse, porque mais uma vez, eu insisto: apela à muitas pessoas, de diferentes lados. Eu creio que o que a visibilidade gera é essa possibilidade de que haja diálogos e que haja reflexões. E olha, para mim foi o suficiente quando estreamos o filme no México, ter as publicidades nas ruas, onde se viam Alfonso e Emiliano abraçados, a ponto de se darem um beijo ou onde se via a proposta do filme, o grupo dos 42, vestidos de mulher e ver isso nas ruas… fez toda a diferença, porque as coisas se tornam um tabu quando não falamos delas, quando se ignora ou não querem ver, então, isso não vai impedir que esteja aí, não vai impedir que exista e creio que, quando algo é visível, quando como vemos dois homens abraçados ou ver homens travestidos, quando algo é visível, por um lado, deixa de ser um tabu e passa a ser absorvido como algo do cotidiano, da cultura popular e para mim é importante que as crianças que estejam crescendo hoje em dia vejam isso desde cedo, se acostumem a ver que homens podem namorar homens e mulheres podem namorar mulheres.

 

E: Eu sei que você já falou sobre o Poncho, mas tenho que perguntar mais uma vez, porque o Poncho é MUITO querido aqui no Brasil e tem uma conexão muito forte com o Brasil e quero saber como foi para você trabalhar com o Alfonso. O que podemos esperar de sua atuação?

DP: Como foi pra mim trabalhar com Alfonso… incrível. É um grande ator e um grande ser humano. Tem as duas partes. É uma pessoa disciplinada, empática, é um grande aliado, um grande companheiro. Só tenho coisas boas pra dizer sobre o Alfonso. Além disso, para ele era muito importante esse projeto, esse papel. Ele sabia do que se tratava…fazer o personagem de Ignacio de la Torre, do que se tratava esse filme, e para mim, me emociona, me comove ver sua entrega. Nos tornamos bons amigos graças ao filme, porque vemos o cinema da mesma maneira, nos entendemos desde o aspecto humano, temos os mesmos interesses e somos iguais de intensos. Creio que uma vez ele disse, não sei foi dando entrevistas, mas disse que eu e ele poderíamos ficar duas horas conversando no telefone falando do filme, do que pensamos do personagem e compartilhamos essa intensidade, então isso nos faz sermos grandes aliados e, para mim, fica muito claro que Alfonso seguirá trabalhando, com quem quer que seja, não há dúvidas.

 

Ei:  Para você, qual é a melhor coisa de ser um diretor de cinema? Você tem alguém que seja uma referência?

DP: Bom, um dos meus diretores favoritos… acaba de chegar pra mim sua coleção (Ingmar Bergman). Chegou para mim a coleção de todos os seus filmes, então nas duas próximas semanas, estarei assistindo ao cinema de Ingmar Bergman. Com ele eu aprendi muito. É alguém que experimentou muito no cinema. Seus filmes nunca são iguais. Ia explorando e explorando e para mim ele é uma grande referência, desde que sou estudante de cinema. Eu creio que o melhor de ser um diretor de cinema é… muitas coisas. Eu amo meu trabalho. Amo o que faço e, eu gosto de muitas coisas, mas creio que minha parte favorita é isso, tem a ver com o que mencionou uma vez Alfonso: como você chega para fazer parte de um processo criativo que tem a ver com o ser humano. Você trabalha com pessoas e seu instrumento principal de trabalho é a vida, são as histórias e, para mim, isso significa um constante processo de aprendizagem. Eu, a todo tempo, estou aprendendo coisas novas, conhecendo gente nova, fazendo novas amizades e também, o trabalho de dirigir um ator é um trabalho muito íntimo, muito belo, é um trabalho de aprendizagem, tanto para o ator quanto para o diretor. É um ato criativo e esse ato criativo me dá energia, me enche de vida e me revitaliza e é como um ciclo permanente de aprendizagem, de ir mais além e quero seguir explorando.

 

E: Você já veio ao Brasil alguma vez? O que você acha da nossa cultura e dos nossos artistas?

DP: Sim. O Brasil me encanta. Já fui ao Rio de Janeiro e à São Paulo e a fotógrafa desse filme – de El Baile de los 41 e do meu filme anterior – é brasileira, se chama Carolina Costa. 

 

E: Vou pesquisar sobre ela!

DP: Sim, é uma grande amiga. E o que te digo? Eu já conhecia o Brasil antes de conhecer a Carolina e de trabalhar com ela e, através dela… porque além de fotógrafa, é uma grande amiga também… através dela eu acompanho ainda mais o Brasil e me encanta, me parece ser um país extraordinário e, provavelmente muita gente já te disse isso, mas, São Paulo e a Cidade do México são como cidades irmãs. Há muita similaridade entre elas. Eu, quando estive em São Paulo, algo como três vezes, sempre me senti em casa, em alguns momentos senti que estava na Cidade do México. Há algo na energia, há algo na forma das cidades que as fazem irmãs. 

 

E: E para terminar, quero muito que você deixe uma mensagem a todos os que vão assistir essa entrevista, à audiência brasileira. É seu espaço.

DP: Bom, quero agradecer por essa entrevista, para falar de um filme, de um trabalho que…. ufa, foi complexo. Um filme de época sempre leva muito tempo, muito dinheiro e planejamento e o único que eu diria seria que, tomara que possam tirar um tempo para ver o filme, para vivê-lo, para se abrir a ele. Mesmo que seja um filme de época, ele fala muito da atualidade. Há coisas que não mudaram por completo. É um compromisso com todas as pessoas envolvidas, por parte dos atores, de toda a equipe criativa e eu sempre creio que, o que e como se vive durante uma filmagem, de alguma maneira, se transforma em um filme e creio que, nesse filme, pode-se ver esse compromisso, todo esse amor que tivemos ao fazer esse projeto, além do especial que foi fazer esse filme. Foi uma experiência muito bonita, que todos recordamos com muita nostalgia, que recordamos de uma maneira muito íntima. 

 

Para conhecer um pouco mais da história de El Baile de los 41, clique AQUI.

 

Fique a seguir com a entrevista completa em vídeo:

 

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*Crédito da foto de destaque: Divulgação / Perú 21

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Anitta participa de ensaios para o Dia das Mães e apresenta Girl From Rio ao vivo

A cantora brasileira está entre os artistas convidados para o Ellas y Su Música, evento do Grammy Latino que prestigia mulheres na música 

A cantora e empresária brasileira Anitta participou, nessa semana, dos primeiros ensaios para o evento Ellas y Su Musica (Elas e Suas Músicas, em português), uma homenagem às mulheres na música: a música através delas. Apresentado por Becky G, Luis Fonsi e Thalia, o especial vai ao ar no domingo, 9 de maio, Dia das Mães.

Anitta ensaiando para o Latin GRAMMY Ellas y Su Musica | Créditos: The Latin Recording Academy/John Parra/Getty Images

Além de Anitta, personalidades lendárias, assim como novos artistas, se reunirão para reconhecer aqueles que abriram caminho e inspiraram novas gerações, com apresentações musicais inesquecíveis e histórias pessoais nunca contadas. Essa é a primeira vez que a Academia Latina de Gravação e a Univision celebrarão a experiência das mulheres na música.

O evento é um especial do Grammy Latino e contará com grandes nomes da música latina, como Sofía Reyes, Gloria Estefan, Vicky Carr, Alejandra Guzmán, Cazzu, Chiquis, Aida Cuevas, Lila Downs, MIlly Quezada, Raquel Sofía, Olga Tañon e Yuri.

Backstage do evento | Créditos: The Latin Recording Academy/John Parra/Getty Images

Anitta e a carreira internacional: Girl From Rio é apresentada ao vivo no programa Jimmy Kimmel

A carreira internacional de Anitta vem se consolidando cada vez mais e, com o lançamento de Girl From Rio, a artista apresenta ao mundo um Rio diferente do que normalmente é apresentado, com diversidade de cores, corpos e gostos. 

Divulgação: PapelPop

 

Ainda falando de Girl From Rio, a canção foi apresentada pela primeira vez ao vivo, no programa The Today Show, apresentado por Jimmy Kimmel. Anitta foi muito elogiada na TV americana e conversou um pouco sobre o lançamento. “Rio é minha cidade. A música vem com um sample de Garota de Ipanema, uma faixa brasileira incrível e muito famosa. A ideia é trazer o máximo possível de minha cultura e do meu país, porque é muito especial pra mim”, comentou a cantora. 

 

https://www.instagram.com/p/COdbV7Hg7Kv/

 

Com um refrão que diz “as garotas de onde venho não se parecem com modelos”, Anitta busca trazer o empoderamento feminino e diferentes tipos de beleza. Afinal, nosso país é assim, repleto de variedades culturais e mulheres empoderadas.

Confira a seguir a apresentação icônica, onde a artista entregou tudo com seu talento, inteligência e bom gosto:

https://www.youtube.com/watch?v=HRYz1kCLYXM&feature=emb_logo

Clique aqui e confira mais detalhes de Girl From Rio.

 

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*Crédito da foto de destaque: Divulgação / Twitter / @FonteAnittaBR

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Vila dos Pássaros: Ricardo Bacelar e Cainã Cavalcante apresentam novo single

O cantor nordestino, que já gravou com Belchior, lança Vila dos Pássaros, primeiro single do novo álbum, intitulado Paracosmo

 

Chega hoje (30) às plataformas digitais, Vila dos Pássaros, música de Ricardo Bacelar e Cainã Cavalcante. A faixa integra o repertório do álbum de inéditas Paracosmo, primeiro projeto dos dois músicos, que tem lançamento no próximo dia 28 de maio.

“A Vila dos Pássaros nasceu de um encontro com o Cainã, meu amigo, que fez comigo a música e estamos dividindo o disco juntos. Nós somos amigos há muitos anos, mas nunca tínhamos tocado juntos. Eu inaugurei o estúdio, ele veio pra cá e, em dois dias fizemos sete músicas”, comentou Ricardo Bacelar.

Juntamente com a faixa, os dois músicos também fazem a estreia de seu respectivo videoclipe, dirigido por Lucas Dantas, que foi gravado no Jasmin Studio. Confira:

 

“As inspirações foram as mais diversas. Esse nome, Vila dos Pássaros, eu elaborei com o Cainã porque no lado externo do estúdio têm muitos pássaros que voam e pousam… eles ficam cantando e é lindo. E tem uma coisa nordestina na Vila dos Pássaros também. É um baião, então tem a referência do nordeste”, comentou Ricardo ao ser questionado sobre suas inspirações.

Créditos: Davi Távora

 

Eleita como o primeiro single do álbum, Vila dos Pássaros é um baião que se funde com um belo solo de violão, remetendo ao nordeste do Brasil. “O tema traz um clima de muita alegria. É a mistura do regional com uma sofisticada sonoridade contemporânea, valorizando a música instrumental brasileira”, diz Ricardo Bacelar.Vila dos Pássaros é um lugar onde a esperança mora, onde se celebra o encontro, a espontaneidade, a partilha e, sobretudo, a vida”, completa Cainã Cavalcante.

O single é o primeiro lançamento do selo Jasmin Music, de Ricardo Bacelar. A iniciativa do selo destina-se a gravar e lançar discos com música de qualidade, tendo como foco o mercado brasileiro e internacional. Para isso, foi montado um estúdio de gravação que vem se tornando referência na América Latina pela tecnologia, equipamentos e acústica – o Jasmin Studio.

Créditos: Davi Távora

O projeto acústico e de design é da empresa americana WSDG Walters-Storyk Design Group, de autoria de Renato Cipriano. A direção técnica e concepção do estúdio é de Daniel Reis, com o uso de áudio por rede Dante e o sistema Dolby Atmos, com a tecnologia de áudio 3D.

Sobre o estúdio, Ricardo comenta que o projeto se tornou uma obra-prima, com piano de cauda e bons equipamentos e detalhou como foi gravar Paracosmo. “Nesse disco com o Cainã, eu toquei todas as percussões, porque ficou só eu, o Cainã e o técnico no estúdio – todos de máscara para não se contaminarem – e como eu toco teclado e piano, toquei todas as percussões do disco, porque não queria chamar mais ninguém para dentro do estúdio”.

Além disso, Ricaro já nos adiantou que pretende fazer outros disco. “Eu pretendo fazer vários discos. Acabei de terminar o Paracosmo, terminei o Vila dos Pássaros com o Cainã e já estou fazendo outras músicas. Só não estou gravando por conta da pandemia. […] Eu quero fazer encontros com outras pessoas. Já encontrei o Cainã e acho que é muito bom esse tipo de residência, porque como o estúdio fica na minha casa, a pessoa fica hospedada aqui, a gente já grava e sai pronto. Mas estou esperando vir a vacina para começar a trabalhar com vários produtos”, comentou.

Créditos: Davi Távora

 

Também o questionamos sobre suas parcerias – que são muitas – mas definitivamente a que mais marcou o artista foi Belchior. “Eu produzi um disco dele em 96 e foi muito marcante, porque ele ainda estava por aqui, então o diretor da gravadora queria fazer um disco de intérprete, nós fizemos uma música que batizou o disco, chama-se Vício Elegante e eu gravei essa música há mais ou menos três anos e meio. Relancei a música cantando com orquestra de corda, então acho que a parceria que tenho marcado – tenho muitas outras – mas talvez foi a que mais me emocionou, inclusive porque meu parceiro foi pra outro plano e pra mim foi um eco muito triste. Era um bom amigo”, completou.

 

Sobre o novo álbum

Paracosmo é um álbum de composições dos músicos brasileiros Ricardo Bacelar e Cainã Cavalcante. Amigos há alguns anos, eles nunca tocaram ou gravaram juntos. Foi de um encontro casual que nasceu o projeto, que será lançado em formato físico e digital no dia 28 de maio, no Brasil, Estados Unidos e Japão. O disco traz sete composições instrumentais inéditas, que foram gestadas em sessões ininterruptas de gravação.

 

Sobre Ricardo Bacelar

Ricardo Bacelar é pianista, compositor e produtor de discos. Durante muitos anos, integrou o grupo  carioca Hanoi Hanoi, com amplo sucesso comercial. Em sua carreira solo, lançou cinco discos e gravou com grandes nomes da música, como Belchior, Erasmo Carlos, Luiz Melodia, Adriana Calcanhoto, Ednardo, Lulu Santos, Amelinha e outros. Por duas vezes, esteve entre os artistas mais executados nas rádios de jazz dos Estados Unidos e já excursionou fazendo shows na Europa e Japão. Lançou cinco discos solo. Seus dois últimos trabalhos, Sebastiana (2018) e Ao Vivo no Rio (2020), entraram na parada do Top 50 de execução das rádios de jazz dos EUA. É membro votante do Grammy Latino e do Grammy Awards (Grammy Pro).

 

Sobre Cainã Cavalcante

Cainã Cavalcante é violonista e compositor nascido em 1990, na cidade de Fortaleza. Hoje com oito álbuns lançados, é considerado um prodígio do violão brasileiro. Participou de diversos concertos pelo Brasil e Europa e gravou com grandes nomes da música, como Plácido Domingo, Dominguinhos, Belchior, Fagner, Maria Gadú, Elba Ramalho, Chico César, Yamandu Costa, Hamilton de Holanda, Roberta Sá, entre muitos outros. Cainã se prepara para o lançamento do seu novo trabalho, Sinal dos Tempos, no qual interpreta a obra de Aníbal Augusto Sardinha, o Garoto (1915 – 1955), genial músico e compositor brasileiro, considerado um pilar da música brasileira por Tom Jobim, Radamés Gnatalli, Raphael Rabello e outros. 

 

Acompanhe essa e outras as novidades do mundo do entretenimento no perfil do Entretetizei no Insta, Face e no Twitter.

 

*Crédito da foto de destaque: Divulgação / Créditos: Davi Távora

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