El Baile de los 41 retrata a vida de homens homossexuais em 1901 e conversa com o público através dos sons, numa mistura de sentimentos e profunda tristeza
O longa mexicano El Baile de los 41 estreou ontem (12), na Netflix de 190 países – o Brasil não está incluído – e já está no Top 10 dos mais assistidos. Mas não é por qualquer motivo: trata-se de um filme político, sobre um escândalo que talvez seja um dos mais tristes da história do México, envolvendo 42 homens que apenas queriam ser livres.
O enredo se passa nos anos 1901, durante o Porfiriato, ou seja, período de 30 anos em que Porfírio Diaz estava no poder, sendo conhecido como um político extremamente conservador. Nessa época, ainda não se falava de relacionamentos homossexuais e muito menos da luta LGBTQIA+, ou seja, ser homossexual era considerado uma aberração e totalmente condenado pelo governo – ainda mais se você fizesse parte da família presidencial, como foi o caso de Ignacio de la Torre y Mier, que, no longa, é interpretado pelo brilhante Alfonso Herra. Ignacio se encontrava, secretamente, com outros 41 homens, que somente queriam ser livres para amar e serem amados, no que podemos descrever como uma festa gay da elite mexicana.
Quem era Ignacio de la Torre y Mier e por que há tanta tristeza?
Ignacio de la Torre era um deputado que tinha como objetivo se tornar governador do Estado do México. Sendo um homem sério e de poucas palavras, notamos logo que é uma pessoa comprometida com o seu trabalho, mas o casamento com a filha do Presidente da República, Amada Díaz, nos leva a conhecer quem ele era de verdade. Entendemos que, na verdade, ele era um homem triste. E é isso que sentimos durante todo o filme: tristeza.
Ignacio frequentava, todas as noites, uma sociedade onde os homens podiam ser quem queriam. Lá, ser gay era um orgulho, uma liberdade. As cenas no local são fortes, contém exposição, mas continuam sendo tristes. Vemos pessoas desesperadas e na busca pelo amor, onde essa procura é representada pelo exagero de uma sequência de cenas, em que pouco se fala, mas muito se sente e se entende. Vemos homens de todas as idades desesperados por, finalmente, sentirem o prazer de se sentirem amados. A própria trilha sonora nos dá essa sensação, uma mistura de desespero, com prazer e empatia.
Voltando ao termo tristeza, é agoniante como todos eram tristes. Digo isso porque nem Ignacio, nem Amada e nem os demais 41 homens foram felizes, já que tinham uma vida dupla, frequentavam uma sociedade que já estava na cara que seria descoberta e tinham que se esforçar para esconder tudo de suas famílias.
Sobre o casamento, é triste para os dois lados: ela gostava do marido e tinha o sonho de ter filhos. Como seu marido não podia satisfazer seus desejos, vivia em casa, sozinha e frustrada. Ele era quase como duas pessoas diferentes, porque, durante o dia, tinha que exercer seu papel de político e trabalhar no mesmo ambiente que o amor de sua vida, Evaristo Rivas (Emiliano Zurita) – além de enfrentar o sogro e a mulher, o qual claramente não sentia nenhuma atração – e à noite era…. o Ignacio.
Um filme que fala nos detalhes e no não-diálogo
El Baile de los 41 é um filme que conversa com o espectador através do íntimo, das cenas sem falas e nos detalhes. Chega a ser um pouco perturbador ouvir cada passo e cada movimento feito pelos atores, que nos transmitem – tudo – o que estão sentindo. Em muitos momentos, a sensação é de estarmos dentro das cenas, ao lado dos atores.
Quem conhece bem a história da política mexicana, sabe que estamos falando de um dos Estados mais conservadores da América Latina e, se hoje em dia ainda é difícil falar da luta LGBTQIA+ no país, quando voltamos à 1901, nem é preciso comentar que o nível de conservadorismo era muito, mas muito pior – e isso fica bem claro ao assistirmos o longa.
Citando alguns exemplos, percebemos a posição da mulher em relação aos homens: não vemos mulheres na política e Amada Díaz (Mabel Cadena) nos mostra como era solitário ser mulher naquela época. Em casa e sozinha, ela chega a adotar um filhote de bode para cuidar, como se fosse seu filho – já que seu esposo não lhe daria um.
Acompanhamos então o desenvolvimento dessa personagem, que se casou numa cerimônia fechada, sem poder convidar sua mãe, que era indigena e, ao descobrir que seu marido estava se relacionando com outro homem, se revolta ao descobrir cartas de amor ao marido.
Todas as cenas foram muito bem roteirizadas e interpretadas. A opção de mostrar mais do que falar foi genial e incrivelmente bem transmitida para quem está vendo.
Um final trágico e a importância do filme para a comunidade LGBTQI+
Ao passo que vamos entendendo a história, precisamos falar da cena final, que vai desde o baile, até a tortura daqueles homens – a mais chocante e dolorosa. Após ser descoberto, Ignacio é levado de volta para casa – ainda travestido – e os demais 41 são expostos à público, da mesma forma como foram encontrados: alguns maquiados, outros travestidos e todos direcionados a mostrar que estamos errados.
Ser homossexual, é representado ali como uma aberração, como um exemplo à população do que não pode ser feito. Quando nos deparamos com o estado em que cada um se encontrou, após serem chutados, xingados e torturados, é dolorosa a sensação de desprezo e dor. Uma dor que ficou marcada para sempre na história de cada um e na história da comunidade LGBTQIA+.
O filme termina com Ignacio recebendo a informação que seu amado faleceu, e a única reação que teve, foi uma onda de choro e de profunda tristeza, que nos leva a sentir, lá dentro, o que ele estava sentindo – e, mais uma vez, Alfonso Herrera nos prova que é mais que um ator, é um artista tomado pelos sentimentos e que transborda emoção.
Sobre Alfonso Herrera e seu personagem, o próprio diretor do filme, David Pablos, comentou, em entrevista, sobre o personagem não ser um herói nem um exemplo, mas sim, uma vítima questionável. “Ignacio foi vítima de uma circunstância, mas, ao mesmo tempo, era alguém que buscava poder, era ambicioso, alguém que cometeu muitas ações questionáveis, então, para mim, a aposta principal com o personagem do Alfonso foi fazer alguém, um personagem, que não fosse virtuoso, que é mal sucedido e que, inclusive, o público pode testar o que esse personagem faz”, disse.
De fato, é um filme perturbador. Digo isso porque não é uma produção fácil de se assistir, já que lidamos com sentimentos reais, histórias reais e que incomodam. Incomoda ver a forma como esses homens viviam, escondidos, como se estivessem fazendo algo errado e, depois tratados como se não pertencessem à sociedade.
Apesar disso, é importante ressaltar a importância do longa, que abre nossos olhos para a importância de defender a luta LGBTQIA+, uma luta que carrega consigo muita dor, mortes, torturas e tristezas que nada, nem mesmo um filme como El Baile de los 41 pode explicar, de verdade, o que eles sentiram.
E o que podemos tirar de lição?
Que já avançamos muito, mas que ainda há muito o que lutar. Saber que El Baile de los 41 foi exibido nos cinemas mexicanos e chegou a ganhar outdoors pelas ruas é sim motivo de comemoração, afinal, num país que discrimina e abomina homossexuais até hoje, vê-los enfrentando os agressores nos dá esperança de que podemos sim ajudar nossa sociedade a buscar o diálogo e a inclusão de temas antes ignorados, para formarmos futuros cidadãosconscientes de que, o que aconteceu no dia 20 de novembro de 1901 JAMAIS pode se repetir; e que cada ser humano tem o direito amar e viver da maneira que achar melhor para si mesmo.
Si eres heterosexual, 🏳️🌈, mexicano, no mexicano, de derecha, de izquierda, liberal, conservador, religioso, ateo, prejuicioso, empático… esta película es para ti.@elbailedelos41 por la plataforma de @NetflixLATpic.twitter.com/qaZXSGoxZy
Apesar de ser um filme mexicano-brasileiro, com apoio da Ancine, Telecine e Canal Brasil, o longa não estreou no Brasil, mas isso não quer dizer que não falaremos sobre ele aqui, afinal, por mais triste e doloroso que seja, muitas vezes, a dor precisa ser sentida para que a luta não termine – nunca. O filme conta também com Fernando Becerril, Rodrigo Virago, Sergio Solís e Fernanda Echevarría no elenco, com direção de David Pablos e roteiro de Monika Revilla.
Confira a seguir a entrevista com o diretor David Pablos, sobre a preparação do longa, dos personagens e muito mais:
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A plataforma divulgou um teaser do especial que deixou os fãs com gostinho de quero mais
O tão esperado retorno chegou! Está confirmado o Friends: The Reunion, um especial para comemorar os 25 anos de existência da série. Poderemos matar as saudades a partir de 27 de maio, na plataforma HBO Max. No Brasil, a previsão é de que o serviço de streaming chegue no mês de julho.
Após 17 anos do fim da última temporada, Jennifer Aniston, Courteney Cox, Lisa Kudrow, Matt LeBlanc, Matthew Perry e David Schwimmer se encontram novamente no Estúdio 24, na Warner Bros, local onde os episódios eram gravados nos anos 1990 e 2000. O HBO Max liberou um teaser do especial e deixou aquele gostinho de quero mais:
Surpreendendo ainda mais os fãs, o especial trará a participação de diversos convidados especiais, incluindo Justin Bieber, BTS, Lady Gaga, Elliott Gould, Kit Harington, Reese Witherspoon e Malala Yousafzai. É muita emoção pra um dia só!
27 de maio também é a data de aniversário de um ano do lançamento do HBO Max. Na época, os planos eram de que Friends: The Reunion seria um dos primeiros lançamentos da plataforma, mas a pandemia fez tudo ser adiado.
Friends é uma das séries de comédia mais amadas da história. Com 10 temporadas, transmitidas entre 1994 e 2005, a série continua conquistando fãs mundo afora ainda nos dias de hoje e se consolidando com um grande sucesso do mundo do entretenimento.
E você, ansioso para esse especial? Siga o Entretetizei no Insta, Face e noTwitter para ficar por dentro de todas as novidades do mundo das séries.
Novos episódios de High School Musical: A Série: O Musical; e Star Wars: The Bad Batch são títulos destaque que entram para o catalogo do Disney+ nesta semana
Assim como acontece em todas as sextas-feiras, amanhã (14) novos títulos chegam ao Disney+. Confira agora a lista completa e planeje seu final de semana assistindo aquele filme ou série maravilhosa com a família.
Novos episódios
O primeiro episódio da segunda temporada de High School Musical: A Série: O Musical finalmente chega amanhã no catalogo da Disney+. Nessa temporada, os Wildcats de East High se preparam para apresentar A Bela e a Fera como seu musical de primavera. Desta vez, eles confrontam a escola rival North High para vencer uma prestigiada e voraz competição de teatro estudantil.
Além disso, estará disponível também no Disney+ o terceiro episódio de Star Wars: The Bad Batch. Essa é uma nova série animada sobre os clones de elite experimentais do Lote Estragado (que apareceram pela primeira vez em Star Wars: A Guerra dos Clones), enquanto abrem caminho em uma galáxia que está mudando muito rápido, imediatamente após a Guerra dos Clones.
O quinto episódio de Big Shot: Treinador de Elite, assim como o oitavo de Virando o Jogo dos Campeões também chegam à plataforma. Enquanto Big Shot: Treinador de Elite acompanha Korn (John Stamos), que depois de ser expulso da NCAA (National Collegiate Athletic Association), aceita um emprego em uma escola secundária para mulheres e se vê em constante transformação, influenciado por esse grupo, Virando o Jogo dos Campeões, por sua vez segue Evan Morrow (Brady Noon), de 12 anos de idade. Depois de se separar da equipe poderosa e competitiva Mighty Ducks, Evan e sua mãe se propõem a construir uma própria equipe de ‘desajeitados’ para desafiar a atual e implacável cultura desportiva de vencer a qualquer custo.
Além disso, o sétimo episódio de O Restaurante do Arnoldo também chega à plataforma. Repleto de canções e humor, a nova produção original latino-americana se passa em um restaurante de uma pequena cidade litorânea.
Filmes
O Disney+ também adiciona à partir de amanhã o filme Phineas e Ferb Através da 2ª Dimensão. Na trama Phineas e Ferb finalmente descobrem que seu amado ornitorrinco, Perry, trabalha como agente secreto e luta contra as forças do mal todos os dias. Os irmãos então juntam-se a ele numa aventura que os leva a outra dimensão. Nessa nova dimensão, o malvado Dr. Doofenshmirtz se apoderou de uma área alternativa de Três Estados. A gangue e seus alter-egos devem se unir para detê-lo.
Séries
A primeira e segunda temporada de The Gifted se juntam a lista dos lançamentos na plataforma. Produzido em associação com a Marvel e ambientado no Universo X-Men, a trama conta a história de um casal suburbano cujas vidas são abaladas quando eles descobrem que seus filhos possuem poderes mutantes. Eles então são forçados a fugir de um governo hostil e buscar ajuda de uma rede clandestina de mutantes. Da mesma forma que eles, a família precisa lutar para sobreviver.
Assim como com The Gifted, a primeira e segunda temporada de Super Esquadrão dos Macacos Robôs Híperforça Já! também chega amanhã no Disney+. Se você gosta de ação futurista e desenho animado no estilo anime, então essa série é para você! A trama acompanha Chiro e sua equipe de cinco macacos robôs que defendem sua cidade contra o malvado Rei Esqueleto e seus monstros.
Além disso, a primeira e terceira temporada do desenho infantil A Pequena Sereia completam o catalogo da plataforma. Ariel é uma sereia vivendo no fundo do mar com seu pai, o rei Tritão, suas irmãs, o caranguejo Sebastião e o peixe Linguado. Com a ajuda de sua família e amigos, não há problema que Ariel não possa enfrentar, incluindo Úrsula, a malvada bruxa do mar.
Para finalizar as séries, a quarta temporada de Phineas e Ferb faz parte dos lançamentos dessa semana. Nela, os irmãos Phineas e Ferb, juntamente com seus amigos, continuam tendo grandes ideias e criando invenções incríveis. Enquanto isso, o Dr. Doofenshmirtz continua tentando dominar a Área dos Três Estados, e Perry continua frustrando seus planos.
Documentário
Finalmente, a última novidade do Disney+ é o documentário Ártico Ameaçado. Durante séculos, os inuítes na região do Árctico viveram sobre e em torno do oceano congelado. Agora, com a mudança climática derretendo rapidamente o gelo entre o Canadá e a Groenlândia, os acontecimentos ameaçam acabar com o delicado equilíbrio entre suas comunidades, a terra e a vida selvagem.
E então, animados com essas novidades? Conta para a gente lá no Twitter, Insta e Face do Entretetizei qual desses títulos você vai ver primeiro no Disney+.
E nos acompanhe para ficar por dentro do mundo do Entretenimento!
Cartas Para Julieta completa 11 anos nesta sexta-feira (14) e conta uma história sobre ir atrás do amor verdadeiro
Sinopse
Em visita à cidade italiana de Verona com seu noivo ocupado, uma jovem chamada Sophie (Amanda Seyfried) visita um muro onde os desiludidos deixam cartas para a trágica heroína de Shakespeare, Julieta. Ao encontrar uma dessas cartas, de 1957, a jovem decide escrever à autora, Claire (Vanessa Redgrave). Inspirada pela atitude de Sophie, Claire decide procurar por seu antigo amor.
[Contém spoiler]
Uma segunda chance para o amor
Cartas Para Julieta conta a história de Sophie, uma estadunidense que trabalha como checadora de fatos, mas que tem vontade de escrever suas próprias matérias para o local onde trabalha. Ela vai passar as férias com seu noivo Victor (Gael García Bernal) em Verona, mas acontece que seu noivo nãoestá nem aí para ela e só pensa no restaurante que vai abrir.
Diante da desilusão, ela decide se ocupar com outra coisa e acaba encontrando um local turístico interessante: um pátio onde mulheres de coração partido deixam cartas para Julieta e pedem por conselhos amorosos. Ela então descobre que, diariamente, as cartas são recolhidas e respondidas por um grupo de voluntárias.
Sophie entra em contato com as mulheres responsáveis por responder a essas mensagens e resolve ajudá-las, já que seu noivo está preocupado demais com visitas a fornecedores de alimentos para sentir sua falta. No muro das lamentações amorosas, a protagonista encontra uma carta antiga, esquecida há 50 anos, sobre um amor proibido entre dois jovens.
A carta foi escrita por uma inglesa, que se apaixonou por um italiano em sua juventude, mas deixou escapar a oportunidade de ficar com ele. Ela decide que a carta merece ter uma resposta, mesmo que tardia, para a remetente. Dias depois, Claire e seu neto Charlie (Christopher Egan) chegam a Verona para conhecer Sophie.
Agora viúva, Claire encontrou motivação com a carta respondida e está determinada a encontrar o seu amor do passado, para desgosto de seu neto, já que Charlie é um mimado britânico nada cavalheiro que quer impedir a incursão da avó pela Itália. Mesmo contra a vontade do neto, Sophie a acompanha na jornada em busca de Lorenzo (Franco Nero).
Acompanhadas de Charlie, elas saem em direção à Toscana em busca do encontro separado por meio século, com o amado Lorenzo. A viagem, porém, desencadeará mudanças na vida de todos eles. Fica claro a partir daí que um sentimento surgirá entre a protagonista e Charlie. Apesar de trocarem farpas logo no início, ambos passam a se entender e, entre muitas portas batidas à procura de Lorenzo, o amor entre eles acaba surgindo.
Enquanto procuram pelo amor de Claire, Sophie escreve a história dos dois na esperança de ser publicada. Na última noite, Charlie e Sophie acabam se beijando e no caminho de volta, Claire encontra Lorenzo. Certos de que o destino os uniu novamente, quando a protagonista retorna para encontrar seu noivo, Charlie é aconselhado pela avó a ir atrás da jovem, mas acaba sendo tarde demais.
De volta a Nova York, Sophie tem sua matéria publicada e recebe o convite de casamento de Lorenzo e Claire. Nesse momento a jovem está certa que não está no relacionamento que esperava e termina o noivado com Victor. De volta à Toscana para o casamento, Sophie e Charlie se reencontram e percebem que estão apaixonados um pelo outro. O final clássico de um bom clichê romântico.
Cartas Para Julieta é um filme que segue a receita dos clichês de romance, mas trazendo lindas imagens da Itália de fundo. O filme nos faz refletir sobre destino, amor e a felicidade com a pessoa que você acha que é certa para você.
Para nossa alegria, o longa está disponível no Prime Video!
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*Crédito da foto de destaque: Divulgação | Summit Entertainment
Cantora, que lançou o primeiro single do projeto Avisa no último dia 6, lançará novas músicas do próximo álbum inspirado no Falamansa toda quinta-feira
Lucy Alves, ex-participante do The Voice Brasil, cedeu uma entrevista ao Entretetizei para divulgar seu mais novo projeto: um álbum, composto apenas por releituras das músicas do Falamansa e uma faixa inédita, que será lançado em junho deste ano.
O primeiro single foi divulgado na quinta-feira (6) e leva o mesmo nome do álbum, Avisa, e o segundo, Gotas de Amor/Oh Chuva, foi lançado hoje (13).
O novo projeto dará continuidade ao legado da cantora, musicista e atriz paraibana, que tem contribuído para a conexão do povo brasileiro de todas as regiões com a cultura nordestina.
Em suas músicas, Lucy traz elementos do baião e do forró, tendo, na maioria das vezes, um instrumento em suas mãos. Sua mais fiel companheira é a sanfona, a qual impressionou os jurados em sua audição às cegas no The Voice em 2013.
Diante de mais um lançamento que traz suas raízes, a atriz conversou com o Entretetizei sobre a autenticidade e autoconfiança do nordestino e do brasileiro em geral.
Entretetizei: Então, Lucy, primeiro eu queria te perguntar o que a gente pode esperar do que vem por aí, porque vem muita coisa, né? Você vai lançar os singles toda semana, até que vai chegar no álbum. Sobre o que os fãs já podem ir se animando?
Lucy Alves: Ah, é um projeto bem bacana, né? É um projeto brasileiro e sobretudo tem forró e música brasileira porque é um álbum com releituras do Falamansa, de quem eu sou fã e muita gente é fã também, porque os meninos fizeram uma história muito bonita em cima das tradições do forró… E, assim, a história de lançar semanalmente é um lance interessante porque também movimenta as redes, movimenta a nossa curiosidade e a nossa expectativa para cada música que vai chegando, né? As músicas são muito legais, foi um processo bacana de construção. Não foi fácil, porque tem muita música bonita, então para escolher não foi tão fácil assim, mas eu consegui escolher sete canções que me agradam mais e que eu gosto de cantar e uma delas é inédita. Eu acho que essa é muito especial, porque realmente configura a minha parceria com o grupo. Está bem bacana, é um álbum muito especial, eu acho que vocês vão gostar.
E: Poxa, super legal! E por que que você escolheu o Falamansa? Você disse que é o seu grupo favorito, mas por que exatamente? O que te fez pensar “Quero fazer um trabalho relendo as obras deles”?
L: É um dos meus grupos favoritos. Eu acho que a escolha foi principalmente pelas canções que eu gosto muito. Eu acho que o Falamansa foi sim responsável por difundir ainda mais o forró na região sudeste e a minha intenção era unir esses dois sotaques, porque eu sou nordestina e o grupo é do sudeste. É a união mesmo dos dois, em prol do forró, em prol da música brasileira. Então, eu achei tudo muito bonito além de gostar muito das canções do grupo, que eu acho que sim, trazem um outro contexto mais urbano, mas são canções que geralmente falam do amor, que trazem mensagens positivas. O Falamansa tem muito essa característica marcante de trazer mensagens positivas, então é um momento que pede isso, né? Então, juntando essa minha vontade de cantar as músicas deles, com o amor pelo forró, pela época também que está chegando, junina, é uma forma de a gente comemorar, sabe? A gente está morrendo de saudade dos palcos. Eu sou uma artista de palco, eles também, então tem muitas coisas em comum. Eu poderia ter escolhido vários outros grupos que cantam forró, nordestinos inclusive, mas eu acho que o barato é mostrar a união desses sotaques, sabe?
E: E quais outros grupos você escolheria então se você não pudesse escolher o Falamansa?
L: Ah, eu amo o Trio Nordestino, que é clássico e que é muito responsável pela minha formação musical também…Hoje o forró abrange tantos sotaques e sonoridades musicais, assim como os Barões da Pisadinha, que eu também gosto. Eu gosto da Solange Almeida, a própria Elba [Ramalho] com quem eu já fiz coisa também, tem o Wesley [Safadão]… A gente tem muitos artistas interessantes, então gostaria de fazer um cruzamento musical com todos eles.
E: Isso que você estava falando sobre os integrantes do Falamansa serem do sudeste, essa mistura… A gente está observando um movimento muito bacana da música brasileira de misturar o pop e a música nordestina e brasileira e de tentar aproximar os dois, porque teve uma época em que a gente se afastou e a gente ficou muito naquela de músicas americanizadas, em inglês e de outros países. Eu queria saber qual é a sua visão desse movimento, o que você pensa dele; artistas como a Pabllo Vittar que conseguiu misturar o pop e a música brasileira. Queria saber o que você acha disso tudo.
L: Perfeita a sua colocação. Pronto: Pabllo é uma artista que eu acho que conseguiu fazer isso muito bem – que também é uma artista com quem eu quero fazer alguma coisa em breve – porque traz as referências dela do nordeste e conseguiu misturar com a batida pop. É o que muita gente vem fazendo, inclusive eu. Eu acho que é o momento que a gente está vivendo de mistura de influências de várias culturas. Mais do que nunca a gente é bombardeado por novidade toda hora. Então eu acho que é natural. Eu acho que quanto mais originalidade a gente conseguir trazer nessa mistura, na nossa bagagem com as batidas, a gente consegue se destacar. Mas eu acho muito massa, sabe? Hoje em dia é até difícil você colocar um artista numa caixa e dizer: “Ah, ele canta este gênero”. Os artistas estão cada vez mais plurais; são cantores, são artistas. Principalmente a gente, brasileiros, que tem forró, tem rock, tem a música do Pará, guitarrada; a gente tem várias referências. Eu acho que a gente é artista brasileiro. Eu tenho essa bagagem forte, mas é o que você falou; eu acho super natural e super legal a mistura, é saudável, sabe? Nós brasileiros temos tantas outras coisas para explorar, como a música da América Latina como um todo. A gente tem muita influência da música americana como você falou, mas a gente nem conhece a música dos nossos vizinhos. É uma coisa que eu venho pensando sobre nessa minha mistura, nesse meu movimento de agregar sons, mas eu acho muito massa, eu acho que só enriquece o som dos artistas.
E: Sim… Felizmente também está havendo um movimento de trazer a música latina pro mundo pop, né? É tudo muito recente.
L: Exatamente. É recente ainda, mas a gente vê que está numa crescente. É um movimento muito natural, que a gente está vendo com mais frequência agora, mas que vem sendo feito.
E: Bom, a gente sabe que a música latina, como você disse, vem crescendo nas paradas, até nos Estados Unidos mesmo, mas eu queria saber qual é a sua opinião, como musicista, de como está sendo a recepção do público ao seu estilo de música que é bem singular, trazendo a cultura nordestina para o sudeste, por exemplo, que é dominado pela música pop e outros estilos musicais.
L: Ah, eu acho massa. Por exemplo, a Rosalía – que a gente fala que faz música latina, que é espanhola – é uma artista que conseguiu trazer toda a bagagem dela e misturar de uma forma muito autêntica e genuína. Então, eu acho muito bacana esse movimento dos outros sotaques, dos outros sons, terem visibilidade, né? Porque realmente a música americana dominou o mundo por muito tempo. É um grande mercado do entretenimento, isso a gente não questiona nunca, porque eles são muito bons no que fazem e têm uma qualidade extraordinária no audiovisual como um todo. Agora, é muito massa poder ver esses outros lugares chegando fortes, tendo grande identificação, porque hoje temos várias plataformas de streaming que proporcionam a chegada do material desses artistas em outros lugares do planeta. É isso, é o século XXI e é o futuro que já está no presente, né, vamos falar assim… A gente já está vivendo isso. Então eu acho que vai ser cada vez mais forte essas minorias – que na verdade são maiorias – tendo identificação e tendo essa janela para divulgar seu trabalho.
E: Está tudo muito interconectado hoje, né? Com a internet a gente tem acesso a coisas que antigamente a gente não teria, sabe? A gente não teria esse contato com a cultura das outras regiões do Brasil, das outras regiões do mundo, né?
L: Total. E é muito louco. A gente fica louco, a gente acorda e já quer saber qual é a música que está tocando lá do outro lado do mundo, o que está fazendo sucesso, sabe? Eu acho que aumentou a pesquisa, a gente agora escuta muita música de todo lado. Eu fico imaginando um cara que só teve oportunidade de ouvir música na rádio, que morava lá no interior, para pesquisar, para criar, para escutar músicas de outras pessoas, tinha que viajar, tinha que sair em turnê. Hoje a gente tem acesso assim, acorda e numa clicada a gente já tem muita informação. Às vezes é muito difícil para o artista manter o seu. Você tem muitas influências externas e é muito bacana quando você consegue preservar o que você tem de autêntico, o que é só seu. Eu acho que isso é muito importante também: não se mirar tanto no trabalho dos outros, que é sempre bom pesquisar – eu gosto de pesquisar e escutar -, mas manter o que é só teu, tua característica, seja como cantor, compositor, instrumentista. A gente tem uma Lizzo da vida que toca flauta e hoje é uma grande representante da música pop e todas as causas sociais que ela traz também; então é um case único, sabe? Eu acho que é muito importante a gente preservar o que a gente tem de mais original enquanto artista; na verdade, esse que é o grande tesouro, eu acho que é o grande lance no meio de tanto artista diferente, é muito importante você descobrir o que é só seu.
E: Sim! E sobre essa questão da autenticidade, eu estava vendo os seus vídeos e suas apresentações e fiquei muito admirada com a sua autoconfiança e sua coragem de ser você mesma e trazer sua bagagem, de trazer algo novo para a música, independente do que esteja por aí. Além disso, o seu talento, porque você toca vários instrumentos, canta muito bem e a coragem que você tem que ter para chegar no palco do The Voice Brasil em que todo mundo está cantando aquelas músicas com aqueles beltings e aqueles melismas todos do pop e você chegar lá com uma sanfona e cantar uma música brasileira. Qual é a sua dica para chegar nesse ponto e conseguir essa coragem?
L: Obrigada pelos elogios! Eu acho que é o que a gente está conversando: a nossa maior riqueza é a nossa autenticidade, porque são coisas que só a gente pode ter. Cada indivíduo e cada artista é muito único. E, assim, quando eu cheguei no palco do The Voice Brasil eu não era uma pedra bruta, então, eu saí depois de viver minha vida inteira na Paraíba e ter aprendido tudo que aprendi enquanto musicista lá: eu estudei, frequentei universidade, me formei. Tanto as experiências viajando, tocando em palcos populares quanto na universidade, que também foi muito responsável pela minha educação musical. Então, eu cheguei lá no palco, com tudo que era meu, tudo que eu aprendi muito vivo, muito pulsante: eu sou isso. Eu acho, também, que a minha espontaneidade e o que eu carreguei foram responsáveis por me levar até a final. Eu me destaquei, vai ver se eu tivesse cantado alguma outra coisa parecida com outro participante, talvez eu não teria me destacado. O fato de ser nordestina, de tocar sanfona, de cantar música brasileira, que é a minha escola maior desde sempre, com certeza me abriu muitas portas, então é importante a gente muita vezes dar valor ao que é produzido aqui no país, que é muito rico e que lá fora as pessoas admiram muito a qualidade da música brasileira, da arte que a gente faz aqui, que é muito rica mesmo. Então, é difícil você ir para um programa, um reality assim. As pessoas me perguntam: “Você iria de novo?”. Não, não dá mais! (risos) O que tinha que acontecer aconteceu, foi ótimo, aprendi bastante, mas foi difícil. Eu tive que enfrentar um medo muito grande de palco, de um julgamento, eu acho que foi o maior julgamento que eu enfrentei, obviamente, em frente às câmeras e a tantos brasileiros.
E: Mas você não transpareceu nem um pouco. (risos)
L: Mulher… Por dentro estava morrendo, tremendo, me acabando, mas a música também tem essa coisa: quando a gente entra no palco, é um lugar mágico. Eu me transformo. Geralmente sou uma pessoa muito tímida na vida, mas o palco é um lugar muito abençoado para mim. E ainda ter meus instrumentos ali, que são meus companheiros, então eu nunca estava muito sozinha. Tem a minha fiel escudeira, que é a minha sanfona, isso me ajudou bastante e foi muito especial. E aí, toda vez que você tem a oportunidade de ver um paraibano, uma pessoa da sua região, sendo vocês, defendendo as suas tradições, sua cultura, o seu sotaque, quem você é na TV, como a gente viu agora num outro reality, no BBB (Big Brother Brasil) com a nossa campeã Juliette, que é paraibana, é motivo de orgulho. Eu acho que ela [Juliette] virou esse fenômeno por ser quem ela é mesmo. Ela foi ela o tempo todo, mostrou essa força para se manter sã, sendo quem ela era, sem ter que se render a julgamentos alheios. Então, é muito importante, né? Acho que a gente tem essa força, muitas vezes a gente não sabe, mas todos nós temos. Então é aquela coisa: temos que acreditar na gente.
E: É, a gente nunca sabe o quanto é forte até estar lá naquela situação e precisar ser forte, né?
L: Exatamente! Nem eu sabia. Por mais que eu passe essa mulher destemida, forte, corajosa e que, sim, eu sou, eu sei que eu sou, isso aí eu reconheço, mas eu também tenho muito medo. Eu duvidei de mim muitas vezes: “Poxa, será que com essa sanfona, cantando o meu repertório eu vou conquistar meu espaço? Será que eles vão me respeitar?” Claro que isso passou pela minha cabeça. Tive os meus medos, sou frágil também como qualquer pessoa, tenho minhas dúvidas, mil dúvidas, mas é uma luta diária de preservar o que é meu. Por exemplo, atualmente, eu vivo no Rio de Janeiro e sou bombardeada constantemente com muitas coisas, mas é uma luta diária para manter o que é meu. Quando eu estou me sentindo perdida, tento me lembrar de onde vim. Por isso que eu estou sempre na Paraíba também, sempre bebendo da fonte, que, para mim, é muito importante.
E: E você mencionou que lá fora admiram bastante a cultura brasileira. Realmente, a gente conseguiu chegar lá fora com a bossa nova e o samba e agora a Anitta abrindo várias portas para os brasileiros. Você acha que o forró e o baião também são gêneros que vão conseguir chegar lá fora ou você ainda não está sentindo esse movimento na indústria?
L: Eu acredito, porque eu sou uma pessoa da esperança e da fé, que acredita sempre. Eu acho que agora a gente inicia esse movimento. O forró não é, realmente, conhecido da forma que deveria ser lá fora e é um ritmo e uma tradição muito popular. Assim como o samba, o forró vem dessa raiz do povo, das reuniões, da coisa popular, então eu acredito que agora, com esses meios todos que a gente tem de comunicação, eu sinto isso no ar, que o forró está querendo ser descoberto cada vez mais. Até pelo próprio país, eu vejo o forró tocando por todo lado, novos artistas do forró aparecendo, ingressando em gravadoras e construindo suas carreiras, então eu acho que é um início disso. Eu vejo uns movimentos de forró mais pé de serra na Europa, nos Estados Unidos… São pequenos movimentos. Eu já tive oportunidade de participar de festivais assim. São pequenos movimentos, mas que agora eu vejo possibilidade de crescerem mesmo pela repercussão dos grupos que vêm dominando as plataformas. Então, por isso que eu sinto que a gente está nesse caminho de o pessoal lá fora enxergar e reconhecer esse ritmo como genuinamente brasileiro que é e chegar até um reconhecimento da bossa nova, que é o movimento mais conhecido lá fora ainda. Mas o forró vai chegar, viu? Ah, minha filha, vai sim, tenho certeza! (risos)
E: Talvez o que falte para a gente chegar lá seja o nosso orgulho de ser brasileiros, porque os gringos amam o Brasil. O que falta na gente é esse amor também pelo Brasil, porque a gente tem muito daquela “síndrome de vira-lata”, de ficar só consumindo conteúdo lá de fora e achar que o daqui é ruim ou menor por algum motivo.
L: Você falou uma coisa massa. Eu também acho, sabe? Acho que no momento que a gente acreditar mesmo – estamos falando toda hora de acreditar – o negócio vai, porque, de novo, usando a Juliette como exemplo que está muito preso aqui na memória: toda a equipe dela é paraibana. Então, você vê um trabalho fantástico que foi feito nas redes sociais de um time genuinamente paraibano que se uniu e que está batendo no peito dizendo “Cara, a gente é nordestino com orgulho e é isso”. Houve identificação. Então, eu acho que no momento que a gente acredita no nosso produto, que é tão bom quanto, que não deixa a desejar… A gente vê um monte de artistas que têm interesse em fazer colaboração com a gente, então falta essa crença na gente mesmo, porque somos muito capazes. A gente tem tudo na mão: o produto, os artistas, o mercado… E agora é acreditar.
E: Sim, e o povo brasileiro é um povo muito voltado para o lado da música, da arte, da dança, então a gente tem todo o potencial mesmo. Agora, mudando mais ou menos de assunto, mas ainda sobre a sua carreira e tudo o que você faz: você também é atriz, então eu queria saber o que você acha que trouxe do seu lado de atriz para o lado musical e vice-versa. Você acha que se não fosse uma das duas coisas, a outra seria diferente?
L: Hoje sim, com certeza! Vendo a minha trajetória eu vi o quanto eu aprendi das duas coisas. Houve uma troca muito intensa. Eu não era atriz, me descobri atriz, fui convidada e a música me ajudou muito na hora de decorar texto e de trazer uma entonação para a personagem, sabe? Na hora de interpretar mesmo o que eu estava falando – e foi a musicalidade das palavras que eu já fazia cantando. Também pude trazer uma força cênica e entendimento de movimentos, de controle de emoções que eu aprendi atuando, então teve essa troca intensa sim. Hoje eu já não me enxergo mais sem fazer os dois, embora a música tenha vindo primeiro e eu a amo. Eu amo música, eu amo cantar, eu amo tocar, mas eu gosto muito de atuar também. Eu acho que um complementa o outro. É a história de ser um artista, né? Eu acho que, hoje, os artistas, mesmo os cantantes, têm se entendido como artistas múltiplos e a gente vê cantores que estão no cinema, na dramaturgia. Enfim, eu gosto muito das duas artes.
E: É muito comum atualmente, né? A pessoa não fica mais só restrita a uma coisa só: ela também é dançarina, atriz, modelo.
L: É isso. Eu acho que lá fora essa coisa do artista ser multi já existia um pouco antes. Agora a gente começa a reconhecer cada vez mais; são poucos exemplos que a gente tem de cantores que levam as duas carreiras no Brasil. A gente não tem tantos exemplos. Eu acho que a gente está caminhando para ser artistas num sentido mais amplo, então está sendo mais comum ver um artista que canta, dança e atua.
E: Mas então: você gosta muito dos dois, mas se pudesse escolher um, qual seria? Essa pergunta é maldade, eu sei! (risos).
L: Por que vocês gostam de fazer essa pergunta? Eu não entendo! (risos)
E: A gente gosta de ver o circo pegar fogo!
L: Que isso, gente! Mas para quê? Olha, eu gosto dos dois. Eu ficaria com a música, porque eu acho que eu já consigo ser intérprete na música de outra forma, sabe? Eu sou cantora, compositora e tem essa coisa da intérprete. Então, acho que a atuação está presente também nos palcos e espetáculos. A música me encanta muito, ela é uma coisa louca.
E: Você teve toda uma história com a música, né? Desde a infância você a teve muito presente na sua vida, então faz sentido!
L: Faz sentido, né? É, desde muito criança eu comecei com os instrumentos, sou instrumentista antes de qualquer coisa, depois descobri a voz, vi a força dela, o quanto a gente consegue impactar cantando, porque tem palavra e palavra é um negócio que vai direto no entendimento da gente, do coração. As melodias também, mas a palavra tem uma força muito louca. Então é a música, botando aí na hierarquia.
E: E de todas essas experiências que você teve, qual você acha que te fez entrar nela sendo uma pessoa e sair sendo outra?
L: Eu acho que a primeira novela que eu fiz me mudou, artística e humanamente falando. Eu acho que foi um processo muito intenso e rico porque eu pude cantar e minha personagem tinha instrumento. Termina que todos os meus personagens têm um encontro com a música e isso para mim é incrível, mas a novela me mudou muito. Foi um ano de experiência que pareceu cinco anos, devido a tanta intensidade e tanta informação que a gente teve: encontros com outros artistas, levando minha cultura também. A minha primeira personagem é muito forte, falava de todas as minhas tradições e raízes, aí eu lembrei de todas as mulheres da minha família. Então, carrega uma bagagem bem intensa artisticamente e sentimentalmente também. Eu acho que amadureci muito.
E: Lucy, foi muito interessante essa conversa toda! Então, eu queria encerrá-la te perguntando se você tem uma mensagem para o povo brasileiro para a gente conseguir se abraçar mais e abraçar nossa cultura, a nossa autenticidade.
L: Eu acho que sempre vale a pena acreditar nas pessoas e na bondade, seguir trabalhando e tendo fé. Acho que temos que acreditar muito na gente e nas pessoas, porque, ultimamente, nos distanciamos uns dos outros por preferir enxergar apenas um lado ruim, de que não vai dar certo. Mas eu acho que temos que ser positivos, ter esperança e acreditar na gente, porque vai dar certo. Eu acho que o que a gente planta, de alguma forma o universo vai dar um jeitinho de resolver isso, então, é acreditar na nossa força e potencial e na bondade das pessoas. Acho que a gente está tão distante pelo momento que estamos vivendo, pela pandemia, pela revolução tecnológica… Muita coisa do nosso mundo está na tecnologia, mas a gente está se distanciando e o material humano é muito importante, tudo o que vem da gente. Então, acho que temos que acreditar uns nos outros e, sobretudo, em nós mesmos. Recomendo alguns artistas nordestinos que inspiram e são influenciadores: tem Lina Cordeiro, que é mais que uma chef, mas uma mulher do Rio Grande do Norte que ensina muito sobre ser mulher e nordestina nesse contexto atual e ela sempre traz muita coisa para além da comida, afeto, ensinamentos. Ela traz muito desse novo nordeste que eu acho que é muito importante a gente conhecer agora mais do que nunca – tem muita gente redescobrindo o nordeste. Bráulio Bessa, que é um grande poeta cearense e que tem coisas lindas que falam não só sobre o Nordeste, mas eu acho que sobre ser gente nesse mundo, então ficam aí duas dicas para vocês.
E você, concorda com a Lucy? Como podemos ser mais autênticos? Quais artistas nordestinos, além dela, você nos indicaria? Deixe sua sugestão no Twitter, Insta e Face do Entretetizei.
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