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Entrevista | Ivan Parente revela como é conciliar carreira em musicais, novelas e dublagens

Ao Entretetizei, ator destaca como faz para se dividir em tantas áreas

Ivan Parente é um ator versátil. Caso você nunca tenha assistido a uma de suas peças de teatro ou novelas, pode ter ouvido a sua voz, já que ele emprestou o timbre ao personagem Lumière, do live-action A Bela e a Fera, e ao Timão, do live-action O Rei Leão. Nas telinhas, ele deu vida ao Lindomar, na novela As Aventuras de Poliana, do SBT

E a sua atuação não para por aí! Ele também se desdobra nos palcos. No momento, se divide entre uma montagem inédita de O Mágico de Oz – que está em cartaz no Teatro Procópio Ferreira, em São Paulo – a produção Silvio Santos Vem Aí e Ney Matogrosso – Homem com H, que ganharão temporadas em São Paulo e no Rio de Janeiro.

Ao Entretetizei, ele contou tudo sobre como faz para se multiplicar em tantas vertentes. Confira!

Entretetizei: Você dublou personagens icônicos em adaptações de clássicos da Disney, como Lumière em A Bela e a Fera e Timão em O Rei Leão. Como é a sensação de dar vida a personagens tão queridos pelo público?

Ivan Parente: Foi e ainda é uma grande responsabilidade dar voz a personagens da Disney e tantos outros. Eu ainda quando ouço, não acredito que é a minha voz ali. Parece mágica. Eu fico sempre com a sensação do tremor nas pernas quando a gente dubla a primeira vez. Cada vez que ouço eu lembro do processo e me emociono. Eles são muito rigorosos e também nos dão muito material para que a nossa voz conte a história! Parece um sonho. A minha voz vai acompanhar gerações contando essas histórias. Um privilégio.

E: Além de suas participações em produções da Disney, você também é conhecido por seu papel como Lindomar na novela As Aventuras de Poliana. Como você equilibra as demandas da televisão com as dos palcos em musicais?

IP: A minha assessora sempre diz que eu sou muito louco. A questão é que eu gosto de fazer várias coisas diferentes ao mesmo tempo. Eu sou um workaholic assumido. Na época do início das gravações da novela eu ainda estava fazendo Les Misérables e realmente era muito puxado. Quando o ritmo da novela aumentou, eu foquei mais e parei um pouco com os musicais, para entender o cotidiano de gravações. Mas quando eu vi eu tava fazendo tudo de novo ao mesmo tempo.

De qualquer forma, quando eu faço novela, preciso de um stand in no musical, caso eu precise de substituição. Eu amo sair da minha zona de conforto. Não consigo parar. A novela foi muito importante para eu alcançar o público que não me conhecia dos palcos. Hoje eles vão me ver fora de suas telinhas e são muito carinhosos. Eu amo! Foi uma fase muito linda da minha vida lá no SBT. Uma família que eu levo pra toda a vida.

E: Atualmente, você está envolvido em diversas produções, incluindo O Mágico de Oz, Silvio Santos Vem Aí e Ney Matogrosso – Homem com H. Como você administra sua agenda e energia para tantos projetos ao mesmo tempo?

IP: Não tô dizendo que eu sou workaholic ?(Risos). Bom! Antes de entrar no Mágico de Oz, lá no Teatro Procópio Ferreira, eu já tinha aceitado fazer as turnês dos espetáculos da Paris Cultural: Ney e Silvio. As turnês não tinham sido confirmadas, mas eu tenho uma ligação muito forte com a Marília Toledo e a Paris, pois em 2020 estreamos o Silvio Santos e tivemos que parar por causa da Pandemia. Fizemos algumas temporadas depois, mas eu sempre senti que minha história com eles não tinha acabado.

Daí veio o convite para fazer uma temporada do Ney no Teatro Procópio Ferreira. Aceitei. Daí pintou o convite para fazer o Mágico de Oz. Aceitei. Depois as datas da turnê saíram e eu aceitei. Tá sendo muito louco ficar com 3 espetáculos na cabeça, mas tá sendo mais uma experiência incrível. Eu senti que dava pra encarar o desafio se eu tivesse pelo menos uma semana de pausa pra cada início de processo. Deu certo. Mas eu precisei aumentar meus treinos na academia pra aguentar o baque. Estou usando muito os joelhos por causa dos tombos e danças do Espantalho. Já não sou mais um menino.

E: O Mágico de Oz é uma montagem inédita em que você está participando. Pode nos contar um pouco sobre seu papel e como essa adaptação se diferencia de outras versões do clássico?

IP: Sim! É uma versão nova de uma velha história. Contamos ela a partir de uma heroína mais empoderada. Dorothy sabe o que quer e o que não quer, mas ainda tem dificuldade em encontrar, no meio de tanta informação, o que está faltando para que ela encontre o caminho de volta para casa.

Eu estou vivendo dessa vez o Espantalho, um personagem que não sabe que tem um cérebro. Ou como eu digo: lhe disseram tanto como fazer e o que fazer… Que ele foi aceitando o fardo de só obedecer ao invés de intervir em sua própria vida. Se calou durante anos e assumiu a função de espantar os corvos. Eles não fogem obviamente e riem da cara dele. Sinto que milhões de pessoas passam por essa experiência diariamente. Só cumprem ordens. Como se elas não fossem capazes de disseminar pensamentos e histórias e ensinamentos pelo mundo. São calados e aceitam.

Eu comecei a formar minha personagem com esse pensamento. Tem tanta gente que se diz com cérebro e fala cada asneira que não tá no gibi. Não é? Me inspirei nos milhões de pensadores que não foram contemplados com a educação e cultura, mas são sábios e sabem mais da vida do que muitos letrados. A nossa versão contempla a diversidade, luta contra o machismo, preconceito e principalmente o direito de todos em sonhar, ter amizades fortes e uma família unida, seja ela qual for.

E: Fora as adaptações de clássicos, você também faz parte de projetos originais como Silvio Santos Vem Aí e Ney Matogrosso – Homem com H. Qual é a sua abordagem ao trabalhar em produções originais em comparação com adaptações?

IP: Eu sou feliz em todas as modalidades, porque eu sinto que o ator, mesmo trabalhando em uma obra fechada ou com uma bíblia estabelecida, pode ainda contribuir com novas abordagens e possibilidades. No Les Misérables eu tinha marcas diferentes das de todas as outras montagens. Mudavam luzes de lugar por minha causa e por causa da Andrezza Massei. Eu e ela nos envolvemos com a obra e conseguimos colocar a nossa marca lá. Eu amo fazer uma obra do zero.

No Silvio Santos Vem Aí, por exemplo, meu personagem, Pedro de Lara, só estava na primeira cena. Quando a Fernanda e a Marília viram eu estava em todas as cenas. Criei possibilidades. Eu não dou a obra fechada nem quando o pano abre. Deixo meus olhos e corpo abertos para tudo e para todos. Tipo criança, sabe? Que não quer parar de brincar?

Mas espetáculos originais não são para qualquer um. Tem que ter uma preparação de atuação muito maior do que a do canto. Não é só repetir. Tem que estar sempre pronto para criar e criar e criar e sempre terão coisas que serão vetadas, mas não podem delimitar o tamanho da sua criatividade. Ela tem que continuar fluindo. Tem muito ator que não entende isso. Morre de medo de errar! Eu erro com convicção.

E: Sua carreira abrange tanto musicais quanto atuação em novelas. Quais são os desafios únicos de cada forma de arte, e como você se prepara para enfrentá-los?

IP: Eu sou muito observador. Eu nunca entro em nenhum ambiente do meu trabalho com a sensação de que o jogo está ganho somente por causa da minha experiência como artista. Sou uma massa nova de modelar em cada trabalho que eu entro. Eu entro com meu copo sempre vazio e vou enchendo no processo com as indicações da direção, da coreografia, da música, da luz, da parte técnica, dos meus colegas, enfim… São muitas variáveis e possibilidades.

Eu tento, dentro do meu universo capricorniano e perfeccionista, trazer um pouco de serenidade pra absorver tudo que puder para realizar o meu trabalho. Gosto de repetir e repetir. Procuro no meu corpo, na minha voz, no texto, enquanto durmo… Sempre é hora de se conectar com as novas histórias que precisam ser contadas.

E: Silvio Santos Vem Aí e Ney Matogrosso – Homem com H estão ganhando novas temporadas em São Paulo e terão sua estreia no Rio de Janeiro. Como é a sensação de levar essas produções para um novo público e uma nova cidade?

IP: É a realização de um sonho que começou em janeiro de 2020, quando começamos a ensaiar o Silvio Santos Vem Aí, viajar o Brasil como se fosse um show de variedades. Todo mundo precisa ver essa homenagem linda que a Paris Cultural, juntamente com Marília Toledo e Emílio Boechat escreveram para esses dois ícones, em vida. Uma festa.

Vai ser muito emocionante mostrar tudo que a gente vem criando desde antes da pandemia. Uma parte de nós se rompeu depois da pandemia… Estamos aos poucos, juntando os pedaços e reconstruindo nossa história na arte. Precisamos contar mais histórias brasileiras e de personalidades que nos são tão queridas. Temos ótimos dramaturgos e compositores capazes de contar histórias nossas. Vamos mostrar pro Brasil que a arte e a nossa memória não podem morrer.

E: A atuação em musicais exige habilidades vocais, de dança e atuação muito específicas. Como você mantém suas habilidades afiadas e está sempre pronto para os desafios que essas produções trazem?

IP: Sim, o teatro musical abrange uma gama maior de habilidades. Eu estou sempre atento às novas tendências. Não faço aula regular, por exemplo, mas sempre aqueço minha voz e procuro novos espaços para novos desafios. Pra dançar a mesma coisa, estou sempre nos aquecimentos, passando minhas coreografias, melhorando as finalizações. Eu sou um artista inquieto. Se eu não sei fazer eu fico ensaiando até conseguir.

Como disse, sou bom observador e perfeccionista. Não sou um exímio bailarino, mas tenho muita disciplina e rigor. Odeio trabalho sujo. Mal acabado. Eu não paro de ir à academia para que meu corpo não fique entrevado. Faço exercícios funcionais para que meu corpo esteja pronto para qualquer possibilidade dentro e fora do palco. Porque o corpo envelhece, mas eu cuido dele. Cuido da minha mente. Vou ver meus amigos atuando.

Gosto de ver os novos colegas trabalharem. Me inspiro sempre para que a minha forma de atuar não fique engessada. Nos testes eu tento sempre mostrar o melhor de mim e do artista que eu me tornei através dos tempos, mas é isso, nem sempre estamos no radar dos castings. Tem muita gente boa, mas tento me destacar sendo um bom companheiro de cena e de coxia. Acho que o profissionalismo começa quando a gente escolhe ser artista. Ser bom no que faz não segura ninguém nessa profissão. Não é só glamour.

E: A indústria do entretenimento passou por mudanças significativas nos últimos anos, especialmente devido à pandemia. Como você vê o futuro dos musicais e das artes cênicas de forma mais ampla?

IP: A arte sempre passou por períodos difíceis em toda a sua história. Ditadura, censura, falta de apoio, difamação e agora a pandemia. A arte sempre ressurgiu das cinzas. O teatro musical já caiu no gosto dos brasileiros, visto que em Nova York você sempre esbarra com um brasileiro assistindo um. Mas aqui conseguimos cativar o público com os clássicos que vem de fora e também com as produções originais. As peças têm seus ingressos mais caros, porque também envolvem uma cadeia de profissionais muito mais ampla.

Mas eu vejo um futuro promissor para as artes cênicas no Brasil. O teatro ainda é uma experiência arrebatadora. Capaz de transformar e provocar discussões sadias. O ser humano precisa se questionar sempre e estar aberto a novas histórias e possibilidades. Não somos as mesmas pessoas que éramos a um minuto atrás. Enquanto eu escrevo isso aqui, todos nós já nos transformamos, e esse é o poder das artes.

E: Além dos projetos atuais, quais são seus sonhos e aspirações futuras como ator de musicais? Há algum papel dos sonhos que você ainda deseja interpretar ou algum gênero específico que gostaria de explorar mais?

IP: Ainda tem muita coisa boa pra vir pro Brasil. Tem espetáculos que eu estou esperando voltar, como Priscilla, A Rainha do Deserto. Eu amo esse musical. Amaria estar no elenco. Estou amando essa invasão dos musicais inspirados em filmes. Quero fazer parte de algum deles.

Eu gostaria também de voltar às telinhas, em novelas ou seriados. A experiência foi muito enriquecedora. Tenho muito o que fazer e em tão pouco tempo, né? E eu realmente espero que mais espetáculos brasileiros se espalhem pelos teatros. Não podemos esquecer de contar as nossas histórias. É isso!

 

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*Crédito da foto de destaque: divulgação/Lourival Ribeiro

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O Rei Leão: musical volta aos palcos de São Paulo após 10 anos

Musical da Broadway estreia na capital paulista dia 20 de julho

Sucesso da adaptação do filme da Disney para os palcos, O Rei Leão, está de volta à cidade de São Paulo após uma década ausente dos teatros. O espetáculo, que é um dos mais famosos produzidos em todo o mundo, terá diversas apresentações no Teatro Renault a partir do dia 20 de julho.

Desde sua estreia em 1997, O Rei Leão se tornou um clássico dos musicais, conquistando prêmios e elogios de espectadores de todas as idades. Inspirada na história do filme, a peça traz à vida personagens icônicos como Simba, Nala, Timão, Pumba e Scar.

O musical conta com uma trilha sonora emocionante – cuja adaptação brasileira é composta por Gilberto Gil – e coreografias belíssimas. A produção conta também com impressionantes cenários, que transportam o público para a savana africana.

A última apresentação de O Rei Leão em São Paulo foi de 2013 a 2014 e agora, dez anos depois, os fãs brasileiros terão a oportunidade de reviver essa história emocionante nos palcos mais uma vez. Os ingressos já estão à venda e custam de R$ 160 a R$ 550.

O elenco da produção brasileira tem 51 atores, dez deles da África do Sul e um do México. Thales Cesar interpreta Simba, enquanto Drayson Menezzes dá vida a Mufasa. Já Scar é vivido por Marcel Octávio.

Nós estamos mega animadas para a produção! E você? Não se esqueça de acompanhar o Entretê nas redes sociais (Instagram, Facebook, Twitter), para acompanhar tudo que acontece no mundo do entretenimento!

*Crédito da foto de destaque: divulgação

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