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Latinizei | Pagu: militante comunista, escritora e libertária

Escritora e poetisa, Pagu foi libertária para o seu tempo e militante comunista com orgulho

Nascida dia 9 de junho de 1910 e com uma infinidade de pseudônimos (Pat, Zazá, Patse, e outros), Patrícia Rehder Galvão se tornou Pagu muito nova, e em pouco tempo mudou muito no cenário brasileiro.

Pagu foi militante comunista, escritora, libertária e ainda mexeu com a organização interna do Grupo dos Cinco.

Já que o Latinizei já trouxe os nomes de Tarsila do Amaral e Anita Malfatti, por que não falar dela agora?!

Pagu é um ícone revolucionário, e dando orgulho e criando história, caminhou entre estradas de fogo em seus tempos para que pudéssemos andar com mais calma nos dias de hoje.

Adiantamos o aviso de que é completamente difícil definir Pagu, uma mulher rebelde para o seu tempo, militante política, militante artística, poeta, romancista, cartunista, jornalista e muitos outros istas que somos completamente incapazes de nomear. Essa foi Pagu, Patrícia Galvão.

Vida prematura, libertária feminina

Foto: Divulgação

Sempre muito precoce, Pagu se assumiu sexualmente ativa por volta dos 12 anos de idade, e quando engravidou de forma prematura – por volta dos 14 anos -, ela já descobriu algumas amarguras da vida quando, por causas naturais, perdeu o bebê que esperava.

Seu romance precoce com o ator e cineasta Olympio Guilherme é um dos mais lembrados nessa sua primeira fase romântica da vida…

É de se deduzir que, só por isso, Pagu já era uma força da natureza para a liberdade feminina. E era sim! Usava batom vermelho e roupas transparentes, gostava de exibir sua força feminina por meio de seu intelecto apurado e de se impor como uma mulher ativa e forte em qualquer coisa que escolhesse fazer.

Pagu teve, depois dessa primeira experiência traumática, mais dois filhos. Um com o escritor Oswald de Andrade, chamado Rudá, e um chamado Geraldo, com o grande amor da sua vida, Geraldo Ferraz, jornalista e escritor, amigo de Oswald de Andrade e antigo colega da Revista Antropofágica. Aliás, ter decidido ser mãe depois de perder um bebê, em nada mudava os traumas que viriam, já que seu casamento com Oswald de Andrade não parece ter sido calmo.

Primeira presa política (no Brasil)

Foto: Divulgação

Sendo a primeira mulher a ser presa por questões políticas, Pagu também foi uma recordista de prisões. Não bastasse criar esse reconhecimento no cenário do cárcere feminino quando foi detida pela primeira vez, Pagu teve orgulho de continuar suas lutas pessoais, mesmo que isso lhe rendesse ser presa mais 22 vezes depois dessa.

Sua primeira prisão aconteceu no governo de Getúlio Vargas, enquanto ela fazia parte da Greve dos Estivadores.

Tudo começou com seu envolvimento com o comunismo, na época em que Luís Carlos Prestes era um grande líder comunista; e se achando completamente capaz de fazer grandes mudanças no cenário político do mundo, se envolveu de forma intensa com o comunismo.

Considerada inimiga do governo e sendo perseguida, Pagu era um dos nomes femininos mais fortes dentro do movimento, e chegou a abandonar seu primeiro filho com o pai, Oswald de Andrade, para encabeçar lutas políticas ao redor do mundo, já que viver no Brasil era um risco constante.

Foi nessa época que foi responsável por criar o primeiro romance proletário do Brasil escrito por uma mulher. Nomeado Parque Industrial, e usando o pseudônimo Mara Lobo, Pagu criava história comunista na literatura nacional.

Ela chegou a viajar para a Rússia e para o Japão, e relatou tudo isso em seu diário – completamente transtornada e sofrendo pelo que via -, são trechos pesados que o leitor enfrenta ao ler essa escrita.

O cenário artístico de Pagu

Foto: Divulgação

Tendo tido aulas com Mário de Andrade ainda muito nova, Pagu emergiu no cenário artístico brasileiro como uma figura libertária, na escrita e no comportamento.

Seu reconhecimento com o nome Pagu veio do poeta Raul Bopp, que escreveu um poema em sua homenagem. Achando que Patrícia se chamava Patrícia Goulart, Raul Bopp a apelidou de Pagu (mesmo que isso a tenha deixado frustrada por não gostar nem um pouco do apelido).

Em 1922, no auge da Semana de Arte Moderna, Pagu tinha 12 anos de idade, mas isso não a impediu de se unir – artisticamente – ao cenário modernista que fez sucesso na sua juventude. Em 1928, Pagu foi apresentada ao casal Oswald de Andrade e Tarsila do Amaral, pelo próprio Raul Bopp, e então passou a aprender e a aprofundar suas percepções artísticas sobre arte com a ajuda dos membros do Grupo dos Cinco.

Pagu entrou rápido para o círculo de artistas do Movimento Antropofágico e isso a aproximou ainda mais de Oswald de Andrade – na época, marido de Tarsila do Amaral. O que mais a convenceu da ideia, antes de qualquer outra coisa, é que Pagu era uma apaixonada pela cultura do nosso país e fazia do Brasil sua terra de amor eterno, então entender e divulgar o antropofagismo foi seu primeiro grande desejo junto ao grupo.

Responsáveis por forjarem um casamento para Pagu, Oswald e Tarsila ajudaram a jovem a sair da casa de seus pais conservadores, mas foi nesse momento da história que Pagu se tornou um ponto de ruptura no casal, se tornando – oficialmente – o novo par romântico de Oswald de Andrade. O relacionamento dos dois foi responsável por criar o diário (As Horas de Pagu que São Minhas), onde Oswald chegou a fazer um gracejo rude e desnecessário sobre Tarsila do Amaral e Pagu. Bem ao estilo de Diego Rivera

Jornalista da soja

Foto: Divulgação

Responsável por trazer as primeiras sementes de soja ao Brasil, Pagu conheceu um príncipe chinês e entrevistou Freud em uma viagem de navio. Viajou quase o mundo todo, foi amiga de poetas e artistas variados e contribuiu com todos os tipos de arte. Se dedicou ao jornalismo e a tradução em certo momento da vida, quando decidiu viver em família e com sossego na cidade de Santos.

Já usando o nome de batismo e só respondendo por ele, Pagu – agora Patrícia Galvão – se dedicou às artes depois de ruir e quebrar com seus ideais comunistas, após  ser completamente frustrada ao conhecer a URSS.

Foi responsável por fundar o FESTA (Festival Santista de Teatro), que é o festival de teatro mais antigo do Brasil, e também levou o 2º Festival de Teatro de Estudantes para a cidade de Santos, litoral de São Paulo.

Usando seu título de jornalista, Pagu contribuiu para mais de 20 jornais, entre Rio de Janeiro, São Paulo e Santos.

Também foi responsável pela criação do Teatro Municipal de Santos, e teve o espaço batizado de Espaço Cultural Patrícia Galvão.

Pagu também foi responsável por traduzir James Joyce e Eugène Ionesco.

Rita Lee que o diga

Foto: Divulgação

No fim da vida, quando recebeu um diagnóstico de câncer, Pagu trabalhava com teatro, era diretora teatral e já não se envolvia com movimentos políticos de forma direta. Escrever tinha se tornado raro na vida de Pagu nessa época, mas seu histórico tinha deixado frutos eternos em nossa terra e história.

Pagu virou inspiração para a música homônima de Rita Lee, que se popularizou na voz de Zélia Duncan e Maria Rita, e já teve covers com as vozes de Gloria Groove, Agnes Nunes e Majur, Pagu tem versos tão fortes quanto sua musa.

“Mexo, remexo na inquisição/Só quem já morreu na fogueira/Sabe o que é ser carvão”, essa é só uma parte do que Pagu foi em vida: uma libertária passível de condenação a bruxaria em tempos ainda mais remotos.

Hoje, o maior arquivo referente a Pagu se encontra na Universidade de Santos, já que foi lá que a escritora viveu muitos de seus anos felizes.

Seus livros também marcam espaço na literatura nacional de forma permanente, não apenas seu romance dos seus tempos no comunismo.

Pagu foi tudo: mulher libertária, ativista política, militante cultural, escritora, cartunista, tradutora e jornalista, e teve uma trajetória de dor e sofrimento, além de carregar títulos infinitos de pseudônimos. E é claro que esse texto não é o suficiente para encapsular sua grandiosidade de forma completa, mas fica aqui nosso tributo pessoal por essa mulher que sofreu por ser quem era.

https://www.youtube.com/watch?v=0wfzUy-Jw5o

Qual versão da Pagu você conhecia? Queremos saber sobre a sua relação com Pagu lá nas nossas redes sociais: Twitter, Insta e Face.

*Crédito da foto de destaque: Divulgação

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Resenha | Bantú Mama: cultura preta, maternidade e força

Bantú Mama faz sua estreia brasileira na 45ª Mostra Internacional de Cinema de São Paulo, e apaixona com narrativa comovente e forte

Filme dirigido por Ivan Herrera, Bantú Mama tem estreia brasileira na 45ª Mostra Internacional de Cinema de São Paulo, e conta a história de Emma (Clarisse Albrecht).

Emma é franco-camaronesa e se envolveu em um esquema de drogas para levar uma mercadoria da França para a República Dominicana, mas acabou sendo pega no aeroporto e por isso foi presa. Enquanto era transportada do aeroporto para a prisão – provavelmente até poder ter um julgamento -, o carro em que estava sofreu um grave acidente.

A protagonista, então, é resgatada por um casal de irmãos que passavam pelo lugar em que ela estava. E é nesse ponto que a história decola, com os duo de irmãos a levando para a própria casa e a adotando como uma figura materna. Não só eles, mas seu irmão caçula também.

Realidade dominicana

Foto: Reprodução/Point Barre

Diferente das belas paisagens que temos o costume de ver em divulgações sobre o Caribe, Bantú Mama nos joga no centro da periferia mais perigosa de Santo Domingo.

Lá, a protagonista vivida por Clarisse Albrecht desvenda suas forças maternais para cuidar dos três irmãos, que são órfãos de mãe e que têm o pai preso. É lindo ver a poesia narrativa da obra, de como os conflitos entre a nova família são mínimos e de como a elegância e a realidade podem se encontrar de forma bela.

A cultura periférica do local se mescla com a nossa cultura periférica aqui no Brasil, e então sentimos o peso da dor e da aflição das crianças marginalizadas. É Emma quem comprova, frente à câmera, que cada criança marginalizada e abandonada por uma sociedade que não as acolhe é uma responsabilidade social e deveria ser importante para todos.

O filme chama atenção para a cultura preta, com destaque para as cenas sobre hap e sobre a força de povos africanos – que foram roubados de suas terras e jogados de forma cruel em realidades que não queriam conhecer -, que se unem para viver e sobreviver a uma sociedade visceral.

Personagens e a estética

Foto: Reprodução/Point Barre

Impossível falar sobre Bantú Mama e não falar sobre seus personagens marcantes, cheios de vida e de experiências, que entregam tudo que têm, e somados aos tons ideias para cada cena e seu respectivo peso narrativo, criam perfeição estética.

Com um elenco que conta com o trio jovem Scarlet Reyes, Euris Javiel e Arturo Pérez, a atuação nos faz chorar e emocionar, especialmente nas cenas de Emma com a filha temporariamente adotiva, Tina.

Bantú Mama foi co-escrito e co-produzido pelo diretor dominicano Ivan Herrera, em parceria com a atriz francesa Clarisse Albrecht, e usa do artifício para mostrar que, com um bom elenco unido, com simplicidade e poesia estética, se pode contar uma bela história. As paisagens contam, junto dos atores, uma imensidão de contos urbanos.

São os personagens os responsáveis por fazer do filme uma poesia ainda maior do que o roteiro propõe.

Maternidade

Foto: Reprodução/Point Barre

Unindo o continente africano com o Caribe, Bantú Mama fala sobre uma maternidade adotiva real, imposta por consequências da vida, mas aceita de bom grado.

Quando Emma aceita ficar escondida na casa dos jovens, comovida por sua solidão e abandono naquela casa humilde, ela se torna uma mãe quase que instantaneamente, e oferece para os três um tipo de segurança emocional.

É Emma quem conta para eles, do seu próprio jeito, sobre ancestralidade, lhes fala sobre Bantú, sua tribo em Camarões, na África. É Emma quem cozinha e dorme com o caçula todas as noites. É Emma quem ensina Tina a usar turbantes e lhe diz que seu cabelo é como uma coroa. É Emma quem incentiva o mais velho em suas rimas no hap.

A maternidade não é só sanguínea, nem mesmo feita de forma pensada como sempre vemos em adoções mais usuais. A maternidade se forma de todas as maneiras e em todos os contextos, e ela nem sempre é bonita e ensaiada. Ser mãe é um constante teste de força e resiliência, de poder, de medos e apegos que parecem tolos a olhos que não os da mãe e da criança (ou das crianças) adotada, e Bantú Mama escancara essas consequências que o destino faz.

No fim das contas

Foto: Reprodução/Point Barre

Bantú Mama também nos destrói por dentro. Não é só de beleza narrativa que essa crônica moderna é construída.

O filme entristece – tal como Crianças ao Sol -, e nem tudo é bonito para o trio de irmãos, e escolhas são feitas. O abandono próprio é agonizante, e as últimas cenas de tela cheia de cada um dos três podem gerar diferentes emoções no público. É chocante, doloroso e triste, mas não por culpa de tragédias, mas sim por impossibilidades e por sonhos que criamos ao assistir ao filme.

A finalização de cada personagem ressoa em nós e torcemos por mais e por belezas, tal como queremos estender a linda paisagem do Senegal para além de sua costa. Queremos abraçar todas as almas do roteiro e fora dele, e queremos um futuro justo e bem escrito para os irmãos.

Bantú Mama é aquele tipo de filme que continua falando conosco, muito depois de todos os créditos terem subido.

E você: já assistiu ao filme? Tem alguma opinião a acrescentar? Estamos esperando por você lá nas nossas redes sociais:  Twitter, Insta e Face.

*Crédito da foto de destaque: Reprodução/Point Barre

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Bienal Internacional do Livro Rio: Míriam Leitão marcará presença

Intrínseca marcará presença na 20ª Bienal Internacional do Livro Rio com uma programação recheada de convidados incríveis

Do dia 3 a 12 de dezembro de 2021, você confere grandes nomes como a premiada jornalista Míriam Leitão, que acaba de lançar A Democracia na Armadilha, e a argentina Mariana Enriquez, autora de Nossa Parte de Noite, As Coisas que Perdemos no Fogo, Este É o Mar, e entre outras obras de sucesso.

Seis autores da Intrínseca já estão confirmados este ano.

Em virtude da COVID-19, a 20ª edição da Bienal Internacional do Livro Rio ocorrerá de forma híbrida. O evento presencial irá comportar 50% do público usual para que seja possível respeitar o protocolo de distanciamento social. Todas as mesas serão transmitidas ao vivo pela plataforma Bienal 360º, no site do evento.

Foto: Divulgação/Intrínseca

Referência para o jornalismo político, Míriam Leitão coleciona diversos prêmios, dentre eles o Maria Moors Cabot, da Universidade de Columbia, de Nova York. Autora de A Democracia na Armadilha, Tempos Extremos e outras obras, Míriam participará presencialmente da mesa Jornalismo e democracia sob ataque logo no primeiro domingo da Bienal, dia 05 de dezembro. No mesmo dia, Mariana Enriquez estará presente de forma on-line em uma mesa pensada especialmente para os fãs de livros de terror. O público vai poder conferir um instigante bate-papo on-line da escritora argentina com outros dois grandes autores do gênero: Matt Ruff – autor de Território Lovecraft, que virou série da HBO – e Josh Malerman – a mente por trás de Caixa de Pássaros, o livro que inspirou o filme da Netflix, e outros sucessos, como Inspeção e Malorie

E não para por aí: o badalado fotógrafo e cronista Leo Aversa comparecerá à mesa De repente, uma criança na minha vida, na qual vai falar sobre o seu livro de estreia, Crônicas de Pai.

Já as apresentadoras do podcast Modus Operandi, Carol Moreira e Mabê Bonafé, ficarão responsáveis por mediar o debate na mesa Ficção e realidade no crime. A dupla está preparando um guia sobre true crime, que será lançado pela Intrínseca no primeiro semestre de 2022.

Os ingressos já estão à venda e só poderão ser comprados  no site da Bienal. Aqueles que quiserem comparecer ao evento presencialmente deverão apresentar o comprovante de vacinação, se forem maiores de 12 anos, e usar máscaras.

5/dez, domingo

Míriam Leitão (presencial)

11h – Pavilhão Azul | Estação plural

Mesa “Jornalismo e democracia sob ataque”, com Patrícia Campos Mello, da Folha de S.Paulo (on-line), e Bruno Torturra, um dos criadores da Mídia Ninja (presencial)

Mediação: Paula Cesarino Costa (presencial)

Sessão de autógrafos após a mesa

Foto: Divulgação/Intrínseca

Mariana Enriquez (on-line)

Matt Ruff (on-line) 

Josh Malerman (on-line)

15h – Pavilhão Azul | Estação plural

Mesa “Horror nosso de cada dia”  

Mediação: Mariana Jaspe (presencial) e Dennison Ramalho (presencial)

17h – Pavilhão Azul | Estação plural

Mesa “Ficção e realidade no crime”, com Raphael Montes (presencial) e Ivan Mizanzuk (on-line)

Mediação: Carol Moreira (presencial) e Mabê Bonafé (presencial)

Leo Aversa (presencial)

15h – Pavilhão Azul | Estação plural 

Mesa “De repente, uma criança na minha vida”, com Christian Figueiredo (presencial) e Tati Bernardi (presencial)

Mediação: Maíra Oliveira (presencial)

Sessão de autógrafos após a mesaQual dessas mesas mais te causa ansiedade? Conta pra gente nas nossas redes sociais: Twitter, Insta e Face.

*Crédito da foto de destaque: Divulgação

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Vantagens que Encontrei na Morte do meu Pai, novo livro da DarkSide Books

Vantagens que Encontrei na Morte do meu Pai traz obra de Paula Febbe que aborda os traumas causados pela ausência paterna, se tratando de uma relação transgressora com o luto

Vantagens que Encontrei na Morte do meu Pai, novo livro da autora e roteirista Paula Febbe, mostra como Débora, a narradora do romance, acaba por nutrir e perpetuar os abusos cotidianos sofridos.

Foto: Divulgação/DarkSide Books

A DarkSide Books este ano vai contar com uma nova safra de livros de autores brasileiros na editora. Entre eles, este lançamento, que vai mergulhar dentro da mente de uma mulher após o choque da perda do pai ausente e abusivo.

Desamparo paterno, traumas e hiatos. Cortes e marcas que os homens imprimem quando invisibilizam a existência feminina.

Se um pai já se foi, como uma cicatriz pode ainda doer tanto? Será mesmo o fim da história? Onde mora esse luto que não aconteceu como deveria ter sido? Onde reside o alívio que nunca a abraçou?

Débora trabalha como enfermeira, mas os pacientes que passam pelos seus cuidados estão destinados a permanecer bem longe da cura desejada. Como curar o outro quando o maior desejo não é a cura? “A verdade é que certas doenças trazem a paciência que algumas pessoas sempre deveriam ter tido”, pensa Débora cada vez que a porta se abre trazendo um novo rosto. 

A mentira vive quando a verdade parece insuportável. Os abusos provocam distorções e cuidar também pode significar matar. Mata-se a dor, o abuso e o desejo, mata-se a vida ainda não concebida e a possibilidade de vermos tudo por outro ângulo. Mata-se a saudade de um pai que nunca esteve lá, a saudade de um pai que nunca existiu.

Na narrativa de Vantagens que Encontrei na Morte do meu Pai, surge um espelho, uma face mais perversa. Com uma voz única, repleta de verdade e experiência, a escritora Paula Febbe produz uma literatura cruel e ao mesmo tempo necessária, pois todos os indivíduos são as marcas, os delírios e os desejos mais perversos dos pais.

A autora também é roteirista premiada e colaborou com diretores como Fernando Sanches e Heitor Dhalia

Ao longo de nove anos, a DarkSide Books cultivou muitos talentos brasileiros e agora se prepara para levar ao público novas obras viscerais. Paula Febbe é um dos nomes da literatura nacional da editora.

Sua escrita brutal e única explora as perversões e psicoses da consciência humana, em narrativas expositivas que levam seu fiel público a imergir nas mentes patológicas das personagens.

Foto: Divulgação/Twitter (Editora Draco)

Paula já recebeu diversos prêmios com o filme 5 Estrelas, que co-escreveu com o diretor Fernando Sanches. Finalista no Grande Prêmio do Cinema Brasileiro 2021, o filme fez parte da seleção oficial do festival LABRFF, de Los Angeles, e do Festival FANTASPOA, em 2020. Ao lado do diretor Heitor Dhalia, a autora roteirizou a obra Fetiche, inspirada em livro de sua autoria. A parceria promete ser duradoura, uma vez que os direitos audiovisuais de seu novo livro, Vantagens que Encontrei na Morte do meu Pai, foram adquiridos pela Paranoid Films, produtora do diretor.

Você também quer ler este livro? Vamos conversar sobre essa nova publicação da DarkSide Books lá nas nossas redes sociais: Twitter, Insta e Face.

*Crédito da foto de destaque: Divulgação/DarkSide Books

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Resenha | The Rocky Horror Picture Show: um clássico cult

Musical protagonizado por Tim Curry é um clássico da discussão de gênero 

The Rocky Horror Picture Show é um musical de 1975, estrelado por Tim Curry e Susan Sarandon, e fala sobre gênero e sexualidade, além de criticar o puritanismo tradicional e trazer uma trilha sonora cheia de singularidade e força.

O filme começa com o casal Brad (Barry Bostwick) e Janet (Susan Sarandon) saindo de um casamento, e então Brad pede Janet em noivado. Ao aceitar, o casal decide ir visitar um amigo, responsável por uní-los, para contar a novidade.

No meio da estrada, com uma chuva torrencial, eles acabam em uma rua sem saída e com os pneus do carro furados.

Buscando por ajuda, Brad e Janet acabam parando na mansão de Dr. Frank-N-Furter (Tim Curry), um excêntrico desconhecido.

Gênero? Quem precisa de gênero?

Foto: Divulgação

Em 1975 as discussões de gênero não eram uma questão do grande público, e a própria comunidade homossexual era uma discussão difícil de engolir para a sociedade da época, que ainda era muito conservadora e tradicional. Fazer um filme sobre o universo queer era ainda mais problemático.

A discussão ao redor do filme foi tanta que a África do Sul censurou a produção logo depois da sua estreia no cinema (não que isso tenha impedido o consumo popular).

The Rocky Horror Picture Show é uma sátira sobre os filmes de terror e ficção científica que foram feitos entre os anos 1930 e 1960, e aí o próprio gênero do filme já se confunde, fazendo uma sátira ainda mais aguda aos padrões sociais da época.

Se você não sabe dizer o que o filme é, como dizer o que seus personagens são? O Dr. Frank-N-Furter tem a resposta: o filme é queer, e é para ser um representante dessa comunidade. Nada além disso.

Se autointitulando uma “doce travesti de Transexual, Transylvania”, Dr. Frank-N-Furter tem muito para oferecer em tempo de tela, e nem é pelo seu apelo sexual que parece pairar ao seu redor, mas sim pela representação que causa. As discussões sobre gênero já estavam ali, na cena musical inglesa.

Marginal e inspirador

Foto: Divulgação

Sendo tão censurável pela visão social de seu tempo, The Rocky Horror Picture Show é, na verdade, nada mais do que um filme considerado marginal em seu tempo, mas completamente cult nos dias de hoje.

A verdade é que a Inglaterra não tem uma história tão conservadora assim na cena musical, vide o caso do clipe (lançado quase 10 anos depois) da música I Want to Break Free, do Queen. Quando Freddie Mercury, Brian May, John Deacon e Roger Taylor  apareceram vestidos de mulher no clipe de uma música que parecia falar sobre liberdade sexual, o público – em especial o estadunidense – se viu contra a imagem de homens vestidos de mulher, quando as artes na terra da rainha já viam isso com mais tranquilidade (mas nem tanta assim).

Apesar da fama por parecer um filme marginal – e por ter sido muito marginalizado -, The Rocky Horror Picture Show teve sua lista de homenagens incontáveis na história da arte atual, mas a mais marcante para as novas gerações, sem dúvidas, é a menção no livro As Vantagens de Ser Invisível. Com a popularização do filme homônimo – estrelado por Logan Lerman, Emma Watson e Ezra Miller -, As Vantagens de Ser Invisível tem, tanto em livro quanto em filme, uma companhia jovem de teatro que faz interpretações do musical.

Para a cultura queer essa é uma referência ainda mais forte, e aos poucos o musical se tornou uma inspiração para toda a comunidade LGBTQIA+, dando espaço para debates em todos os âmbitos sociais possíveis.

“Cultural, histórica e esteticamente significativo”, foi como o filme foi reconhecido pelo National Film Registry, dos Estados Unidos.

Trilha sonora, cenário e personagens

Foto: Divulgação

Como se não bastasse tudo que o filme tem para abordar discussões de grande importância, a produção se tornou um clássico rápido e faz muita diferença não só por isso.

Os cenários são grandiosos e exibem figuras como estátuas de mármore, o que por si só já é uma ótima sátira sobre os ricos e tradicionais que iriam, incessantemente, criticar a existência de tal obra. Com uma permanente sombra por causa dos tons escuros nas cenas de maior tensão, os cenários usam de muito vermelho e preto, com maquiagens pesadas também, trazendo essas cores de forma majoritária para os personagens.

A trilha sonora é inteira feita com instrumentos mais pesados, remetendo ao rock e com elementos do movimento punk, que teve sua explosão e expansão na década de 1970, especialmente na cena inglesa, com a banda Sex Pistols, surpreendentemente formada em 1975.

The Rocky Horror Picture Show é um movimento cultural por si só, com referências de cenários underground e com tom de subversão.

Tudo em The Rocky Horror Picture Show é um chamariz contra estética, padrões morais e culturais e expectativa do público. E dá gosto de ver todas essas referências se mesclando e se transformando em algo inesperado e apaixonante.

O filme acabou ficando tão popular que é um dos trabalhos mais famosos da carreira de Tim Curry. Musical bom é assim: marca!

Agora conta pra gente se você já assistiu essa pérola do cinema e o quanto gosta do filme. Te esperamos lá nas nossas redes sociais: Twitter, Insta e Face.

*Crédito da foto de destaque: Divulgação

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Encanto: 10 curiosidades sobre o novo filme da Disney

Dia 25 de novembro o filme Encanto chega aos cinemas, e temos 10 curiosidades para você fazer um esquenta

A nova história gira em torno dos Madrigal, uma extraordinária família que vive em uma casa mágica escondida nas montanhas, em um lugar maravilhoso conhecido como um Encanto.

A magia de Encanto tem abençoado todas as crianças da família com um dom único, desde a super força até o poder de cura. Todos, exceto Mirabel. Mas quando ela descobre que a magia que envolve Encanto está em perigo, Mirabel decide que ela, a única Madrigal sem poderes mágicos, pode ser a última esperança para sua excepcional família.

Para preparar um esquenta para a tão aguardada estreia, separamos 10 curiosidades sobre Encanto para saber mais sobre a magia por trás deste filme tão especial.

ENCANTO É UM MARCO NA HISTÓRIA DA WALT DISNEY ANIMATION STUDIOS

Foto: Divulgação

A estreia do novo filme registra um aniversário de destaque para a Walt Disney Animation Studios: é o 60º longa-metragem do lendário estúdio de animação, que fez sua estreia nas telonas com Branca de Neve e os Sete Anões (1937).

UM ELENCO DE VOZES EM ESPANHOL 100% COLOMBIANO

Recentemente, foram anunciados os talentos da região que fazem parte do elenco de voz do filme para a versão em espanhol. As vozes confirmadas, que também participam da versão em inglês, são a atriz e apresentadora María Cecilia Botero (Abuela Alma), Mauro Castillo (Félix) e as atrizes Angie Cepeda (Julieta) e Carolina Gaitán (Pepa). A cantora Olga Lucía Vives, por sua vez, dá voz a Mirabel.

COLÔMBIA COMO O CENÁRIO

Encanto é inspirado na cultura, nas tradições, no povo, na geografia, na flora e fauna da Colômbia. Como parte do processo de desenvolvimento do filme, os cineastas viajaram para a Colômbia e visitaram Bogotá, Cartagena, Barichara, Salento, Palenque e o Valle de Cocora.

Lá descobriram a beleza diversa, vibrante e exuberante do país, que foi o ponto de partida para a criação do universo de Encanto. Além disso, a equipe reuniu um grupo de consultores que recebeu o nome de Fundo Cultural Colombiano, que incluía especialistas em antropologia, vestimenta, botânica, música, idioma, arquitetura e outros aspectos do país.

AS CANÇÕES SÃO COMPOSTAS POR LIN-MANUEL MIRANDA

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O compositor, cantor, ator e produtor Lin-Manuel Miranda, criador e protagonista do aclamado musical da Broadway, Hamilton, e criador das canções do filme da Disney Moana: Um Mar de Aventuras, está por trás da música do filme Encanto. O artista compôs oito canções originais para o filme, enquanto participava da viagem de pesquisa que os cineastas fizeram à Colômbia.

O FILME REUNIU MAIS UMA VEZ A EQUIPE DE CINEASTAS DE ZOOTOPIA

Por trás de Encanto está a equipe de cineastas que trouxe às telonas Zootopia: Essa Cidade É o Bicho, o filme de animação vencedor do Oscar de 2016. Eles são Byron Howard, Jared Bush e Clark Spencer, diretor, co-diretor e produtor do filme, respectivamente. Desta vez, os diretores Howard e Bush se juntaram à co-diretora Charise Castro Smith, enquanto Yvett Merino uniu forças com Spencer como produtora.

VAMOS CONHECER OS MADRIGALS…

Foto: Divulgação

O coração de Encanto é, sem dúvida, a extraordinária família Madrigal, que vive escondida nas montanhas da Colômbia, em uma casa mágica,  num vilarejo vibrante e em um lugar maravilhoso conhecido como um Encanto. O carisma e – vale a redundância – o encanto deste divertido clã conquistará o público no mundo inteiro. Eles são: Abuela Alma, a matriarca da família e avó de Mirabel; Julieta e Agustín, os pais de Mirabel; Isabela e Luisa, as irmãs de Mirabel; Félix e Pepa, os engraçados e excêntricos tios de Mirabel; Dolores, Camilo e Antonio, os primos de Mirabel; e Bruno, o tio desaparecido de Mirabel, de quem ninguém tem autorização para falar.

 …E POR MEIO DELES VAMOS DESCOBRIR MAIS SOBRE NOSSAS PRÓPRIAS FAMÍLIAS

Encanto é, antes de tudo, uma história sobre as famílias, que explora as relações inspiradoras e às vezes complicadas dentro delas, especialmente aquelas em que várias gerações vivem juntas na mesma casa. Você pode viver com seus pais, irmãos e irmãs, e ainda assim não saber pelo que eles passam. Você não conhece todos os seus fracassos. Você não sabe sobre as coisas das quais eles não falam. Quais são os segredos de família que ninguém conta? Isso foi fascinante para nós”, comenta o diretor Byron Howard.

HAVERÁ MAGIA, MUITA MAGIA

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O legado cultural da Colômbia que serviu de inspiração para o filme também inclui o realismo mágico, um tipo de narrativa em que o mítico ou peculiar é apresentado como cotidiano. Em Encanto, sem dúvida, há magia, muita magia; e ela é expressa de várias maneiras. Por um lado, é evidente por meio de elementos como os dons que os membros da família possuem, como o dom da força de Luisa, a irmã de Mirabel, ou o dom de controlar o clima com as emoções, como faz Pepa, a tia de Mirabel. A magia também se revela nas qualidades fantásticas da Casita, a casa onde vivem os Madrigals, e está, naturalmente, associada aos próprios lugares naturalmente maravilhosos da Colômbia, onde a paisagem está repleta de possibilidades extraordinárias.

CONTA COM A PARTICIPAÇÃO ESPECIAL DE MALUMA COMO A VOZ DE MARIANO

Maluma é a voz em inglês e em espanhol de Mariano, o galã da cidade e o futuro noivo de Isabel, a filha prodígio da família e irmã perfeita de Mirabel. Encanto é um filme tão mágico, disse Maluma. “Sou da Colômbia e a história é sobre uma família colombiana. Estou muito orgulhoso de fazer parte desta linda história. Isso significa muito para mim, porque sou apaixonado por compartilhar valores culturais e histórias sobre meu país em nível global”.

CARLOS VIVES INTERPRETA CANÇÃO ORIGINAL (COLOMBIA, MI ENCANTO) PARA O MUNDO INTEIRO

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A porta de entrada para o maravilhoso universo musical do filme é Colombia, mi encanto, a canção original tocada no trailer, interpretada pelo cantor, compositor e ator colombiano Carlos Vives. “Esta canção é uma celebração da diversidade mágica da Colômbia”, diz Vives. “Mal posso esperar para ver como a música se fundirá com as imagens e os personagens inspirados no encanto dos colombianos”.

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Cinema Entretenimento

Musicais: a força feminina que domina os palcos e dita regras, de Chicago

Chicago é o musical mais forte sobre a força feminina e merece todos os créditos por isso, e como tal, encabeça uma lista de feminismo nos palcos da Broadway

Quando a ideia de escrever sobre musicais surgiu e foi designada a mim, senti que falar sobre Chicago não seria o suficiente para abordar o feminismo nos musicais da Broadway, e como tal, decidi que hoje o impacto seria usar Chicago como a ruptura com o patriarcado e a força das mulheres nos palcos mais famosos do mundo.

As portas da Broadway estão abertas no dia de hoje, e é pela voz do Entretetizei que todas essas personagens fortes vão se apresentar!

Inspirada na clássica cena das confissões, o post de hoje te apresenta seis (e um de bônus) musicais que têm tudo a ver com a força feminina.

Vem ver!

Pop

Foto: Divulgação

A primeira presa a declarar seu crime começa falando sobre hábitos irritantes. Seu parceiro tinha a mania de mascar chiclete e fazer bolas para estourar. Com uma raiva absoluta desse hábito dele, sua esposa, frustrada e cansada depois de um dia de trabalho, pediu afeto e recebeu desprezo.

Fazendo alusão aos casamentos que se desgastam, a personagem diz que atirou duas vezes no homem com quem tinha se casado.

O problema, claro, não era ele mascar e estourar bolas de chiclete, mas sim descartar o afeto e o apego de sua esposa, dando importância para outras coisas que não eram relevantes e que só serviam para ferir o casamento.

Se tem um musical que levanta a crítica do amor feminino sendo descartado de graça, esse filme é La La Land. O musical fala sobre como os homens podem ser insensíveis com suas mulheres quando algo nas suas vidas lhes parece mais interessante, e como isso nos coloca na posição de esposas e nada mais.

Pop é a categoria que levanta o debate: até onde as mulheres são obrigadas a ficar em uma relação onde só o lado do homem importa? La La Land faz a mesma crítica! Parece muito distante, mas a foça da mulher abandonada está ali, em La La Land e em Chicago.

Six

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A segunda começa falando sobre o homem que conheceu, dois anos antes da sua prisão, e de como se apaixonaram instantaneamente. Ele dizia ser solteiro…

Ao descobrir que ela fazia parte de uma relação em que ele se via no direito de ter seis esposas, ela simplesmente envenenou sua bebida, irritada demais para ver ele se safar dessa poligamia desavisada.

Para se vingar por se sentir humilhada, usada e ter seu direito de unidade e singularidade violado, ela usou de desculpa e se livrou do problema que estava tendo, tirando-o da sua vida e do seu comportamento mulherengo.

Outro musical que aborda bem a força feminina referente ao comportamento atirado e despreocupado dos homens é Grease.

Apesar do romance fofo que somos apaixonadas, a verdade é que Danny (John Travolta) era um homem irresponsável e que tinha fama por trocar de parceiras como trocava de roupa, e isso foi impactante o suficiente para que Sandy (Olivia Newton-John) fizesse o possível para ser a única na vida dele a partir de então. Sandy é quase uma protagonista ofendida do musical Chicago.

Squish

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A terceira, uma mulher negra (o que por si só já poderia ser agravante suficiente para a polícia querer sua cabeça), relata que seu marido era abusivo e tinha crises violentas de ciúme.

Para ela, a última gota foi quando estava cozinhando e seu marido entrou na cozinha transtornado, ameaçador e agressivo, gritando e a acusando de adultério, dizendo que ela tinha um caso com o leiteiro. Com revolta e cansada daquela relação estressante (que sabemos que seria fatal para ela caso fosse sua escolha terminar com ele), ela diz que ele caiu na sua faca dez vezes.

Impossível julgar, vendo pelo lado justo a história, uma mulher que teria sido a vítima e não a criminosa caso as suas decisões tivessem sido outras naquele dia.

Dreamgirls é o escolhido para falar sobre a força feminina e preta, especialmente quando o assunto é trama e desavenças.

Com foco em empoderamento feminino e opressão masculina, o musical Dreamgirls abre as portas para uma discussão de liberdade e força, com muito foco em discussões de inferiorização e injustiças desmedidas.

Uh-hã!

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A única que não tem sua história explicada é a húngara, que provavelmente já era uma imigrante política.

Ela só é capaz de dizer que é inocente, mas quando está finalizando sua versão dos fatos (em seu idioma materno), o ritmo da música muda e o lenço que ela retira do seu bailarino designado é branco, o que quer dizer que ela é inocente de fato. Mas o que houve ao seu marido é impossível descobrir. Deduzimos que talvez fosse uma emboscada política, ou que ele mesmo se matou, mas ela acabou sendo culpabilizada por isso.

Ainda mais trágico imaginar seu fim naquela prisão e sua história sendo interrompida por algo que não fez, a  pobre húngara jamais saberia explicar que não tinha culpa…

A Noviça Rebelde é um clássico dos musicais, e nos deixa felizes instantaneamente. Longe de ser comparável com todo o cenário social de Chicago, o filme se encaixa apenas no papel da húngara.

Maria, a protagonista que queria ser freira, é uma mulher inocente que se torna imigrante por causa de conflitos políticos, justamente porque seu marido estava sendo perseguido. Dona de uma inocência apaixonante e de uma compaixão linda, Maria usa sua sensibilidade para ensinar sobre valorização, família e lealdade, e sentimos nisso no discurso apaixonado da húngara ao falar sobre seu marido. É trágico, mas é real!

Cícero

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Velma (Catherine Zeta-Jones) é a próxima, e conta que era vedete com sua irmã Veronica. Seu marido as acompanhava nas turnês, e uma noite, antes de sua apresentação, os três estavam juntos no hotel Cícero, bebendo.

Ao sair para buscar gelo, Velma os deixou sozinhos, mas quando voltou os flagrou no meio – do que ela chama – de uma acrobacia de número 17: o vôo da águia.

Velma não se lembra de ter matado os dois a tiros, porque sua mente ficou tão agitada com aquela visão, que ela acabou apagando o que fez. Mas Velma não se mostra arrependida, já que estava sendo traída pelo marido e pela própria irmã.

Se é para falar de irmãs e a força da superação e de um homem envolvido entre elas, temos Hamilton.

Lançado recentemente pelo Disney+, o musical também coloca em cena duas irmãs e um homem que poderia ser divido entre ambas, com focos em inteligência e sagacidade feminina, a sororidade e a união do sexo chamado de frágil.

Lipschitz

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A última das seis presas conta que era completamente apaixonada por seu namorado, um artista de sobrenome Lipschitz.

Quando ele saía de noite para procurar alguma coisa sobre si mesmo e criar arte, ele se encontrava com diferentes mulheres (e um homem), que ela mesma nomeia como Ruth, Gladys, Rosemary e Irving.

Em um ato dramático, entendemos que ela provavelmente o enforcou. Sua frustração pela relação foi tanta que não houve remorso sobre o que fazer com alguém que ela amava e que a traía de todas as formas possíveis.

Talvez aqui fosse possível encaixar The Rocky Horror Picture Show, que fala sobre gênero e liberdade sexual, dando protagonismo ao universo queer e abrindo discussão sobre a comunidade LGBTQIA+.

 O filme coloca Tim Curry como um dos principais responsáveis por debater questões de gênero nos anos 1970 e ainda dá espaço para toda uma comunidade que era socialmente calada e marginalizada. A força feminina fica nas mãos de Janet (Susan Sarandon) e mais duas servas de Furter (Tim Curry), e tem uma representação espetacular de como podemos ser libertárias!

Bônus: Liar!

Foto: Divulgação

Roxie (Renée Zellweger) deu três tiros no seu amante, tudo porque ele vivia lhe prometendo que a transformaria em uma vedete, mas em uma noite em que estava prestes a sair pela porta, ele a humilhou e ridicularizou, assumindo que jamais teve intenção de a ajudar – e nem poderia.

Revoltada pela mentira, Roxie o matou e ficou ainda mais furiosa quando descobriu que ele era casado e tinha filhos, o que competia em uma dupla mentira.

Ela tenta alegar que foi merecido, e que apesar de ser mesmo um caso de assassinato, não teve escolha emocional se não a de se livrar de Fred. Afinal, assim é Chicago – segundo os personagens.

My Fair Lady é um clássico inglês sobre a moça pobre que tenta conquistar algo na vida. Não que Eliza (Audrey Hepburn) fosse esperar algo como o estrelato, mas é fato que ela queria mesmo ter algo além do que vender flores por uns trocados enquanto tentava sobreviver.

O musical decorre sobre a força feminina no cenário social e questiona a potência da luta por algo só nosso, e de como um homem esperto pode tentar usar isso a seu favor para conseguir algo da mulher em troca de satisfação própria (seja pela conquista sexual – no caso de Fred e Roxie -, seja pela conquista de ego – como em My Fair Lady).

E aí? Ficou faltando algum musical que você acha que combinaria muito bem nesses discursos tão importantes? Você gosta de Chicago? Conta pra gente lá nas redes sociais: Twitter, Insta e Face.

*Crédito da foto de destaque: Divulgação

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Cinema Entretenimento

Día de los Muertos: dois filmes para mais entender sobre a data

O Día de los Muertos é uma das datas mais famosas do calendário mexicano

O feriado conhecido como Día de los Muertos é comemorado no dia 2 de novembro, e tem essa data específica para casar com o Dia de Finados, que é um feriado cristão.

Día de los Muertos é um feriado pagão dos nativos mexicanos e vem sendo celebrada desde a época dos Maias e Astecas, e consiste, basicamente, em fazer altares e visitar seus entes queridos que já partiram.

Hoje, para celebrar essa festa tão bonita, decidimos te falar sobre dois filmes que explicam muito bem como funciona a comemoração… São duas animações muito boas!

Viva – A Vida é uma Festa (2018)

Foto: Divulgação/Pixar

Miguel sonha com a música e o estrelato, mas sua família de sapateiros despreza esse sonho com todas as forças, porque ficaram traumatizados quando o pai de sua bisavó abandonou a esposa e a filha pela música.

No Día de los Muertos, entre os altares e o cemitério cheio, Miguel acaba indo parar na terra dos mortos e conhece Hector, um falecido que vem tentando ser lembrado por sua família há anos, e por isso, não consegue passar para o mundo dos vivos para as celebrações.

Em Viva – A Vida é uma Festa, a comemoração da data é muito bem celebrada, e ensina como funcionam os altares para os entes queridos, como são feitas as oferendas de comida para os mortos e ainda detalha a visão cultural do país em relação ao mundo dos mortos.

Os mexicanos acreditam que existe vida além da morte, e que lá todos os mortos que forem lembrados por seus familiares e receberem comidas, orações e memórias, estarão sempre vivos e seguros do outro lado.

Pessoas famosas acabam sendo as mais beneficiadas, porque suas carreiras garantem que fãs incansáveis montem oferendas e lembrem delas.

Com a presença de Frida Kahlo, Pedro Infante (que foi responsável por inspirar a figura de Ernesto de la Cruz) e o lutador El Santo, o filme celebra a beleza da festividade pagã e ensina muito sobre a data.

Festa no Céu (2014)

Foto: Divulgação

O filme é como uma lenda folclórica contada por uma guia de museu para crianças em excursão. A guia conta às crianças sobre a lenda de Maria, Manolo e Joaquim, um trio de amigos de infância que formam um triângulo amoroso.

Para tornar a coisa divertida, La Muerte, conhecida como Catrina, aposta com o espírito Xibalba sobre o desfecho do triângulo, e quem ganhar comandará o mundo dos lembrados.

Em Festa no Céu, o roteiro explica a figura Catrina, uma caveira feminina bem vestida, é uma personagem real e popular da cultura mexicana. Geralmente colorida e enfeitada como as caveiras de açúcar, que são tradição do Día de los Muertos, Catrina foi criada em forma  de crítica social para as classes ricas, insinuando que por mais rico e elitista que se seja, ainda irá morrer e acabar como todos os outros.

Xibalba também é uma figura importante! Sendo o nome dado ao lugar onde os mortos esquecidos iriam para definhar e sumir de vez, Xibalba é o nome maia para o submundo. Lá se acumulam doenças e morte, e é governado por espíritos malignos.

Nós, aqui do Entretetizei, achamos que você deveria comemorar o Día de los Muertos aprendendo mais sobre data, e nada melhor do que maratonar esses dois filmes lindos e coloridos. Você vai fazer compra gente e vai curtir o feriado na companhia dessas animações? Nos conta lá nas nossas redes sociais: Twitter, Insta e Face.

*Crédito da foto de destaque: Divulgação/Revista Continente

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Entretenimento Latinizei

Latinizei | Anita Malfatti: pintora, antropofágica e depressiva

Anita Malfatti foi pintora e professora, e fez parte do Movimento Antropofágico 

O Latinizei da semana é sobre a pintora Anita Malfatti, uma das grandes responsáveis por trazer o modernismo ao Brasil e, também, por criticar a cultura europeia. 

Nascida no dia 2 de dezembro de 1889, Anita Malfatti é filha da artista, depois conhecida como Bety Malfatti. Descendente de imigrantes, ela renegou a cultura europeia na sua fase adulta, assim como foi de grande importância para o cenário cultural brasileiro e teve grande destaque na Semana de Arte Moderna de 1922.

Anita Malfatti morreu aos 75 anos, reclusa em sua chácara, e no fim da vida pintava longe dos holofotes.

Filha de imigrantes, artista infantil, pessoa com deficiência e depressiva

Foto: Divulgação

Anita Catarina Malfatti nasceu em São Paulo, filha de mãe estadunidense e pai italiano, ela começou a desenvolver o gosto pela arte muito nova, com o incentivo da mãe, também artista.

Quando tinha 13 anos, por uma sensação de vazio – que hoje podemos entender como sintomas de ansiedade e depressão -, Anita caminhou até a estação de trem da Barra Funda e se deitou sob os dormentes do trem e esperou que a sensação de morte lhe causasse impacto suficiente para descobrir como levar a sua vida. E foi nessa experiência que Anita Malfatti descobriu que pintar lhe traria felicidade e rumo na vida.

“[…] Foi uma coisa horrível, indescritível. O barulho ensurdecedor, a deslocação de ar, a temperatura asfixiante deram-me uma impressão de delírio e de loucura. E eu via cores, cores e cores riscando o espaço, cores que eu desejaria fixar para sempre na retina assombrada. Foi a revelação: voltei decidida a me dedicar à pintura”, afirmou em certo momento.

Anita, além disso, tinha uma atrofia no braço e na mão direita. Ou seja, ela era uma pessoa com deficiência, e pintava e criava suas obras usando apenas a mão esquerda, o que na época era algo exatamente raro de se ver.

Formada educadora, alma de artista

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Aos 19 anos, formada pela Mackenzie College, Anita Malfatti viajou à Berlim (Alemanha) para estudar na Academia Imperial de Belas Artes entre 1910 e 1914; partiu para Nova York em 1915 para estudar na Arts Students League of New York e na Independent School of Art, e lá aprofundou seu conhecimento sobre arte até 1916.

Criou a Exposição de Pintura Moderna Anita Malfatti, em 1917, com 53 de suas obras inspiradas pelo movimento expressionista. Essa exposição reuniu o desgosto de muitos críticos, que não conheciam a arte modernista e, por isso, não a apreciavam.

Foi nessa exposição que Anita ganhou o desafeto do escritor e crítico conservador Monteiro Lobato (sim, do Sítio do Pica-Pau Amarelo). Lobato chegou a escrever uma análise crua e maldosa sobre arte que ele não entendia, e acusou as ilustrações de Anita Malfatti de serem como os desenhos “que ornam as paredes internas dos manicômios”, e os chamou de “uma arte anormal”.

Em 1923, Anita Malfatti ganhou uma bolsa de estudos e se mudou para Paris. Lá, ela aprendeu mais sobre Cubismo e Impressionismo, e conheceu nomes como Henri Matisse.

Monteiro Lobato x Anita Malfatti

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O artigo de Monteiro Lobato, conhecido como Paranoia ou Mistificação, foi publicado no jornal O Estado de São Paulo.

Lobato afirmou que as obras vanguardistas não tinham “nenhuma lógica, sendo mistificação pura”, e que Anita tinha “acentuadíssimas tendências para uma atitude estética forçada no sentido das extravagâncias de Picasso e companhia”. E piorou o ponto de vista ao afirmar que, ao menos nos manicômios, “arte é sincera, produto ilógico de cérebros transtornados pelas mais estranhas psicoses”.

Foi por culpa de Monteiro Lobato que a saúde mental de Anita Malfatti começar a decair e ela desenvolveu um trauma da crítica, que a impediu de pintar por um período de um ano, isso sem contar os compradores que, ao lerem as duras observações de Lobato, devolveram as obras que tinham comprado durante a exposição.

Artista fortalecida

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Sendo enxovalhada em vida, Anita Malfatti conquistou muito prestígio póstumo, mas teve certo impacto que repercutiu ainda na sua vida.

Servindo de inspiração para artistas que usaram suas técnicas modernistas, a Semana de Arte de 1922 foi reconhecida e prestigiada como um novo ar ao impacto cultural e artístico do Brasil.

Foi graças ao artigo de Monteiro Lobato que, apesar da queda na sua criação e devoluções de obras, Anita Malfatti se aproximou de artistas como o poeta Oswald de Andrade e o pintor Pedro Alexandrino Borges. Também foi por essa razão que ela criou uma amizade com a pintora Tarsila do Amaral.

A rivalidade feminina, inclusive, foi incentivada por anos e anos ao mencionar a ideia de Anita Malfatti e Tarsila do Amaral no mesmo ambiente, mas isso não procede. As duas eram amigas próximas e queridas, e foi Anita quem manteve correspondências importantes com Tarsila sobre arte, enquanto a amiga vivia no exterior. Anita também chegou a pintar um retrato de Tarsila e o expôs na Mostra de Anita, no MASP, em 1955.

A Boba e o Grupo dos Cinco

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A tela A Boba (1915 – 1916), de Anita Malfatti, é a mais reconhecida nos dias de hoje, mas foi pintada antes de Anita causar um impacto real na arte brasileira.

Quando foi criticada por Monteiro Lobato, sua aproximação com os artistas Mário de Andrade, Tarsila do Amaral, Oswald de Andrade e Menotti del Picchia a fizeram ingressar no grupo, formando, então, o Grupo dos Cinco.

Com fortes estéticas saídas da arte modernista de Anita, no qual se inclui a pintura A Boba (que não é modernista, mas serviu de alavanca para o estilo esculpido de Anita), e com a inspiração vinda da tela Abaporu, feita por Tarsila do Amaral, o Grupo dos Cinco deu início ao Movimento Antropofágico.

Tal movimento tinha o intuito de deglutir vanguardas europeias, como o futurismo e o surrealismo, e mesclar essa noção metafórica com a arte brasileira.

Tropical, uma arte da contracultura

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Em 1917 o mundo estava um caos. Com revoluções socialistas estourando pelo mundo, a cultura brasileira sendo finalmente vista por nossos próprios artistas e a aproximação do fim da Primeira Guerra Mundial, revelar um diálogo que ia contra o eugenismo pregado no Brasil no fim do século XIX era um ponto de contracultura. E foi exatamente o que Anita Malfatti fez.A tela intitulada Negra Baiana, foi renomeada como Tropical, fez de Anita uma precursora na crítica ao embranquecimento populacional.

Ressaltando a beleza de um país nativo, e logo depois escurecido pela escravidão, Anita Malfatti colocou protagonismo preto e indígena em suas telas, fazendo uma crítica silenciosa ao protagonismo branco que era – e ainda é – exaltado naquela época.

Em Tropical, uma mulher preta usa roupas simples, o que quer dizer que a modelo era, provavelmente, uma empobrecida descendente de escravos. Também é curioso observar que essa é uma das únicas telas de Anita Malfatti que não se encaixa no contexto modernista. Na obra Tropical, Malfatti usa de fontes realistas e naturalistas para exaltar a cultura local, e é sabido que a mesma técnica foi aplicada na obra A Índia, que está desaparecida até os dias de hoje.

Agora é a sua vez de nos falar…  Qual parte da história de Anita Malfatti você mais curtiu descobrir? Estamos esperando a sua resposta lá nas nossas redes sociais: Twitter, Insta e Face.

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Cinema Entretenimento

Resenha | Audrey: documentário fascinante sobre Audrey Hepburn

Audrey Hepburn, uma das últimas estrelas da Era de Ouro de Hollywood, ganhou documentário em 2020

Com o constante fluxo criativo de Hollywood, quase não temos tempo de acompanhar a trajetória que ícones da Era de Ouro de Hollywood ainda trilham nos dias de hoje, mesmo estando todos falecidos. No entanto, Audrey Hepburn não deixa de ser um ícone recente e fresco nas nossas mentes apaixonadas por boas histórias.

Em 2020, o documentário Audrey chegou ao mundo, reunindo relatos de amigos próximos de Audrey Hepburn e de seu filho mais velho, Sean Hepburn Ferrer, e sua neta, Emma Kathelin Ferrer.

O documentário exibe uma Audrey Hepburn que destoa da visão que temos, ou seja, saí da ideia de ícone perfeito e apaixonante de Hollywood, e abre as portas da visão de uma Audrey mais humana e solitária do que poderíamos esperar.

Infância difícil

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Nem só de mulheres latinas com muita força de espírito vive o Entretê. E Audrey Hepburn merecia um post só dela (sem sombra de dúvidas). Se fosse latina, teria um Latinizei especial, mas como não é, nos contentamos em contar um pouco de sua história ; começando por sua infância.

Audrey era descente de holandeses e nasceu na Bélgica, mas sua infância foi aterrorizada pela Segunda Guerra Mundial, por um planeta violento e antissemita. Incluso seu próprio pai, que apoiava os nazistas alemães e se juntou ao grupo extremista apoiador de Adolf Hitler, na Inglaterra.

Usando o ballet para se expressar artisticamente contra o sofrimento da guerra, Audrey teve desnutrição e usou seu talento na dança para divertir as pessoas, enquanto morava em um porão com a mãe.

Moda

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Muito próxima de Hubert de Givenchy, a moda usada por Audrey Hepburn sempre será um marco na história do cinema e do universo fashion, e catapulta a artista como modelo principal da marca até os dias de hoje.

O documentário aborda muito dessa parceria. Explicando sobre as criações dos dois e de como isso influenciou sua imagem perante as câmeras, e até mesmo na vida privada.

É explicado que foi Audrey a principal responsável por secar o vestido clássico de Bonequinha de Luxo, enquanto Givenchy tinha uma vontade absoluta em agregar algo delicado, como um laço, por exemplo.

UNICEF e sua morte

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Girando em torno de todas as dores que Audrey Hepburn ocultava do grande público, o documentário narra as dificuldades emocionais que a atriz passou na vida pessoal, fosse pelo abandono do pai, pela frieza restrita da mãe ou pelos maridos que se afastaram dela gradualmente – o primeiro por um desgaste na relação e o segundo por traições infinitas. Assim como sua gratidão pela ajuda concedida pela UNICEF no fim da Segunda Guerra, quando Audrey passou fome e foi resgatado para a liberdade pelo projeto.

Em eterna dívida com o projeto que lhe proporcionou tanto, e movida pelo seu amor, que era extenso demais para ser dividido apenas com os dois filhos, Audrey se associou ao projeto da UNICEF e passou a viajar o mundo, indo aos lugares mais desfavorecidos, arrecadando dinheiro e promovendo a ajuda para crianças necessitadas.

Quando descobriu seu câncer, Audrey ainda viajava e fazia seu papel de embaixadora, não abdicando dessa tarefa mesmo já sentindo que algo estava errado.

Os relatos e a atuação

Foto: Divulgação

Cada relato usado no documentário nos faz emocionar e repensar toda uma vida. Vendo por uma ótica justa, Audrey Hepburn é sempre lembrada como uma mulher triste por seus entes queridos, mas, sempre como alguém que partiu de sua vida pública para viver a beleza de estar entre quem amava, e quem a amava.

Sua vida é colocada sob uma lente de aumento e notamos que sua grande tristeza vinha de traumas profundos, mas que todos eles foram importantes para fazer de Audrey, uma mulher apaixonada pela humanidade e afetuosa com seus mais queridos familiares e amigos.

Entre os relatos, cortes de entrevistas e cenas de seus filmes, a direção usou cenas de ballet apresentadas pelas bailarinas Francesca Hayward (para a jovem Audrey) e Alessandra Ferri (para uma Audrey madura), ambas solistas da The Royal Ballet.

O mais curioso é que Alessandra Ferri é italiana, e Audrey morou na Itália por alguns anos, durante seu segundo casamento. Assim como Francesca Hayward é de origem do Quênia, um dos principais países a enfrentar problemas socioeconômicos e onde grande parte da população vive abaixo da linha da pobreza. E tudo isso só agrega ainda mais à narrativa da vida pessoal de Audrey.

Todo o documentário é lindo e merece a sua atenção, e para te facilitar, avisamos que ele está disponível até dia 09 de novembro de 2021, no Telecine. Agora é só você nos contar – nas nossas redes sociais: Twitter, Insta e Face – quando que vai assistir essa maravilha de filme.

*Crédito da foto de destaque: Divulgação

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