Diretamente da San Diego Comic Con, Aaron Rahsaan Thomas falou com o Entretetizei sobre o processo de criação de S.W.A.T e curiosidades dos bastidores
Durante a San Diego Comic Con, o Entretetizei teve a oportunidade de entrevistar Aaron Rahsaan Thomas, criador e produtor executivo de uma das maiores séries do canal americano CBS, S.W.A.T. O seriado, uma adaptação da série homônima de 1975, conta a história de Daniel “Hondo” Harrelson, um sargento do Esquadrão de Armas e Táticas Especiais da cidade de Los Angeles, nos Estados Unidos. Ele e sua equipe são uma unidade de policias extremamente bem treinada e agem em situações de alta periculosidade, quando todas as outras opções foram esgotadas.
Atualmente com quatro temporadas e já com a quinta temporada confirmada, a série é uma das mais aclamadas da crítica americana, sendo considerada uma das melhores séries de ação da atualidade, mostrando relacionamentos entre os policiais e os cidadãos, além de situações em que o público pode se identificar. Aaron Thomas fala um pouco sobre como são criadas as histórias que são contadas na série, trazidas de momentos da vida real dos escritores e atores. Criada por Aaron Rahsaan Thomas, ao lado de Shawn Ryan, a série conta com Shemar Moore, como Hondo; Alex Russell, como Jim Street; Lina Esco, como Chris Alonso; Kenny Johnson, como Dominic Luca; Jay Harrington, como Deacon; David Lim, como Victor Tan; e Patrick St. Espirit, como Comandante Hicks.
No último dia 20, Shemar Moore, que interpreta o policial Hondo, confirmou que a quinta temporada terá 20 episódios, com a possibilidade de mais dois após o último. A estreia está prevista para o dia 1 de outubro, nos Estados Unidos. No Brasil, a série é transmitida pelo canal Star Life e, atualmente, está disponível no aplicativo Star +.
https://www.instagram.com/p/CSx5T4KHhvS/
Confira a entrevista exclusiva com Aaron Rahsaan Thomas:
Entretetizei: As últimas duas temporadas nos mostrou que Jim Street e Dominic Luca estavam tentando criar um vínculo com a comunidade em que eles estavam vivendo. Na vida real, nós sabemos que na maioria das vezes, isso não acontece – veja o exemplo de George Floyd (homem negro que foi assassinado asfixiado por um policial branco). Você acha que, ao mostrar o relacionamento entre policiais e comunidade na TV, é possível enviar uma mensagem de que policiais e pessoas precisam ter um relacionamento melhor para evitar cenas como a de Floyd?
Aaron Rahsaan Thomas: Obrigado pela pergunta e muito obrigado, especialmente, a todos do Brasil por assistirem à série. Eu agradeço muito! Nossa base de fãs no Brasil é muito apaixonada, eu agradeço por isso. Respondendo a sua pergunta, certamente nós fomos muito sortudos em S.W.A.T por, durante as quatro temporadas, contar histórias sobre como, idealmente, nós podemos conseguir uma boa comunicação entre grupos, aparentemente, diferentes, ou seja, certos bairros e também policiais e nós fomos sortudos por conseguir olhar para diferentes tipos de bairros, como a comunidade chinesa em Los Angeles ou a comunidade colombiana ou a comunidade afro-americana e no caso dos dois personagens que você mencionou, Jim Street e Dominic Luca, interpretados por Alex Russell e Kenny Johnson, nós pensamos que seria uma grande oportunidade de contar uma parte diferente de onde os policiais realmente moram ou escolhem morar. Nos deparamos com uma fidelidade historicamente e estatisticamente impressionante para a LAPD (Departamento de Polícia de Los Angeles)… Existe uma cultura dentro da LAPD, onde um grande número de policias não necessariamente vivem onde trabalham. Ou seja, eles trabalham na cidade, mas moram longe da cidade e o que descobrimos é que, na maioria das vezes, é uma forma de desvincular, quando falamos de interações entre policiais e pessoas. Nem sempre as pessoas vão conhecer os policiais pelo rosto ou pelos nomes, vão saber quem são suas famílias… Conhecê-los como seres humanos, basicamente, mais do que como pessoas a serem vigiadas, ora seguros, ora temidos.
Então, tem um programa que foi instaurado há um tempo, um programa da vida real, que dá ao policial uma redução nos impostos se ele escolher e morar em algum lugar na cidade e nós achamos que seria uma ótima forma de contar a história dos policiais, não só encontrando um bom imóvel, mas também encontrando uma forma de mostrar na prática, em vez de só falar. O objetivo é aumentar a comunicação e fazer com que os cidadãos tenham uma experiência mais positiva e a melhor forma de fazer isso é viver entre as pessoas próximas do seu trabalho. Então, esse era um dos objetivos e também tentar ter uma noção da própria cidade, o que a gente também considera como um personagem no seriado.
E: Muito obrigada pela resposta. Eu tenho mais uma pergunta. Minha pergunta é: vocês têm acesso ao treinamento da S.W.A.T para criar esse ambiente para a série?
ART: Com certeza! S.W.A.T acabou de ser renovada para a 5ª temporada e eu não vou estar à frente da série nesta temporada, estou seguindo em frente, mas eu sei que eles estão contando histórias incríveis e que será maravilhosa. Nós sempre tivemos a sorte de termos grandes profissionais, policiais, como consultores na série. Então, nos primeiros quatro anos, tivemos um policial da LAPD Metro SWAT, junto com um ex-policial da San Diego SWAT. E também tivemos ao lado de escritores e colaboradores que fizeram toda uma pesquisa e, bem antes de eu escrever o episódio piloto, eu fiz várias viagens. Eu fui o primeiro roteirista a fazer viagens com a Metro SWAT, então eu tive que me equipar todo com um colete à prova de balas e um capacete. Eu não estava na linha de frente com eles, mas estava bem lá atrás enquanto eles faziam o trabalho deles, mas me permitiu ter um insight, não só pra mim, mas pra todos os escritores e colaboradores, sobre as gírias, terminologia e, de novo, mais uma forma de humanizar a pessoa por trás do distintivo. Até para entender como são as experiências deles.
E: Obrigada! Foi muito bom te conhecer.
ART: Você também!
E: Tenho mais uma pergunta para o Aaron. Nós sabemos que a série S.W.A.T mistura problemas da vida real, como a bissexualidade da Chris e os sentimentos de Hondo sobre o pai doente, por exemplo, com as forças táticas da polícia. O público pode se conectar com as histórias, por serem histórias tão emotivas. Você pode falar um pouco sobre o processo de gravação desses episódios, por favor?
ART: Claro. Obrigado pela pergunta, Lorraine! Eu acho que esse é o objetivo de qualquer contador de histórias, e só pra constar, eu acho que todos os seres humanos são contadores de histórias de alguma forma. Você tenta contar para a pessoa que você ama sobre seu dia, tenta contar uma piada, tenta mostrar como chegar ao mercado… Você está contando uma história. Com isso em mente, quando reunimos contadores de histórias, certamente há escritores e as melhores histórias geralmente vêm de experiências próprias, então as histórias que têm sido exibidas em S.W.A.T sempre acabam vindo de alguma experiência na vida real. Mesmo no caso da personagem Chris, interpretada pela atriz Lina Esco…
É engraçado porque nós cobrimos uma grande variedade de tópicos controversos, nós falamos sobre imigração, Black Lives Matter, a política de Los Angeles, mas o tópico que ganha, sem dúvidas, uma reação mais polarizada é a bissexualidade da Chris. Existe algo sobre sexualidade e identificação sexual que acende um alerta vermelho, mas o ponto de partida foi que nós tivemos algumas pessoas que tiveram experiências em se assumir bissexuais ou tiveram relacionamentos únicos e nós não vimos, até onde sabemos ou até onde eu sei, essa história sendo retratada em uma série de policiais, mas nós tivemos a oportunidade de mostrar o aspecto pessoal do que é uma pessoa que, no caso dela, teve um relacionamento à três, um relacionamento com um casal. Não era uma aventura, como eu sempre tive que corrigir a minha família. ‘Não é uma aventura!’. É, na verdade, um relacionamento sério entre três pessoas. Como é isso? Quais emoções existem? A gente sempre procura por oportunidades de contar histórias que nunca vimos antes, especialmente em um mundo em que você não espera vê-las. Esse certamente foi o caso.
Então, na outra história, com Hondo (Shemar Moore) e seu pai, eu sempre senti que existe uma poderosa oportunidade de mostrar um homem afro-americano e sua relação com seu pai, e eu não vejo isso sendo mostrado normalmente na TV e eu vejo TV a minha vida inteira. Os pró e contras, as complexidades, os desentendimentos que eles têm e como eles resolvem. O fato é que a ideia central da série é mostrar um policial que salva o mundo – e nem todo mundo sente a mesma coisa sobre os policiais – e o que acontece quando aqueles que estão próximos a você, incluindo seu pai, podem ter uma opinião bem diferente sobre policiais, mesmo ele provavelmente sendo a pessoa que ele mais ama e respeita no mundo. Isso nos permitiu ter uma oportunidade de ter debates, não só assumir que é o bem versus o mal ou mais extremo.
Uma das opiniões que podemos mostrar ao público e que permitem que o público consiga discutir entre si sobre, seja sobre relacionamento entre pai e filho, ou relacionamento entre casais de duas ou três pessoas, ou qualquer outro tópico… Sempre começa com conversas que tivemos sobre nossas próprias vidas.
E: Muito obrigada!
Assista a entrevista completa clicando abaixo:
O que acharam da conversa? Já assistiram SWAT? Entre nas redes sociais do Entretetizei – Insta, Face e Twitter – e conte para a gente.
*Crédito da foto de destaque: Divulgação