A Viagem de Chihiro foi a primeira animação não estadunidense a ganhar um Oscar
Lançado em 2001, A Viagem de Chihiro conquistou o Oscar de Melhor Filme de Animação, e com isso catapultou Hayao Miyazaki para mais perto de todo um público ocidental.
Chihiro é uma garota que está enfrentando a dor de mudar de cidade com seus pais. No caminho para a nova casa, eles se perdem e vão parar na frente de um portal mágico, que leva seus visitantes para um vilarejo cheio de magia e seres sobrenaturais.
Quando seus pais se tornam porcos (no sentido literal da palavra) depois de comerem um banquete que não era para eles, Chihiro se vê sozinha nesse novo lugar assustador.
Com uma trama muito bem elaborada e temas importantes de discussões, A Viagem de Chihiro manifesta o prazer pela simplicidade e pela imaginação infantil, e toca em temas delicados do amadurecimento feminino.
Profundidade emocional
Muito se especula sobre os significados dos filmes de Hayao Miyazaki, mas a verdade é que os filmes dele não precisam de significados ou teorias.
A Viagem de Chihiro não tem nenhum significado oculto, e é para ser assim mesmo. A narrativa funciona como uma história independente sobre imaginação, com situações que servem de metáforas críticas contra o capitalismo, o egoísmo e muitos outros aspectos da complexidade humana, e lógico que a conspiração já tratou de dizer que o filme fala sobre casas de banhos orientais e seu trabalho infantil, mas não.
O filme foca em cobrar o público de sentir emoções, sejam elas raiva, alegria, contentamento, tristeza, seja passividade. A profundidade emocional que Hayao Miyazaki coloca em seus filmes é grandiosa, e com A Viagem de Chihiro não é diferente.
O feminino forte
A imagem feminina nas obras de Hayao Miyazaki são um marco indiscutível, especialmente para o movimento feminista que vem crescendo dentro do cenário da cultura pop atual.
Em A Viagem de Chihiro, Miyazaki usa de personagens majoritariamente femininas, como fez em outros de seus longas. A protagonista, Chihiro, é uma das melhores protagonistas do diretor, e usa de sua inteligência, força emocional e maturidade para conseguir passar por todas as provações que precisa enfrentar.
Nesse filme, talvez mais do que em todos os outros dele, a protagonista usa de sutilezas e pacificidade para ultrapassar barreiras, de delicadeza para conquistar amigos, e de sinceridade e gentileza para contornar as dores da solidão e do amadurecimento, transitando positivamente para um estado mais calmo dentro da sua crise momentânea.
Chihiro salva os próprios pais, ajuda Haku a descobrir sua própria origem e encontra um caminho de afeto para o Sem Rosto. Tudo isso de uma forma orgânica e tranquila, sem crises existenciais ou dramas causados pelo medo.
Lições
A Viagem de Chihiro funciona como uma grande lição de vida para adultos e crianças, mas de formas diferentes para cada público.
Com críticas xintoístas sobre o estilo de vida ocidental, que supervaloriza o capital e o lucro, Hayao Miyazaki satiriza toda uma sociedade colocando os pais da protagonista como porcos, assim como usa do Sem Rosto para dar riqueza para os funcionários da casa de banho, só para comê-los em seguida.
Para as crianças, A Viagem de Chihiro brinca com o imaginário, criando lugares lúdicos e personagens mágicos, enquanto as ensina que amadurecer é um processo doloroso e solitário, mas que é importante enfrentar isso com calma e princípios infantis, como a pureza de coração, por exemplo.
O público adulto, por outro lado, encontra lições diferentes ao assistir ao filme. E isso também tem seu valor especial.
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*Crédito da foto de destaque: divulgação